Anti-herói Invocado - Capítulo 18
Já era crepúsculo, logo mais o calor do sol cessaria, o frio se tornaria mais poderoso e perigoso, a não ser que se tivesse algum casaco.
Miguel com certeza era um desses, sua pele quase não era visível, estava coberto por couros e roupas da qual carregava consigo. Com seus olhos vidrados no horizonte, o garoto não diminui o passo e continua caminhando em direção ao aparentemente nada. A grama branca do local, cobria qualquer passo do garoto em segundos.
Ainda assim o garoto continuava andando em linha reta, Cada suspirada do garoto logo se transforma em fumaça esbranquiçada assim que entrava em contato com o frio. O ritmo do garoto não demoraram mais que alguns minutos para perderem o ritmo, afinal não era de agora que ele vagava.
“Acho que o pior é não ter nem sequer um caminho que indique onde é a capital”.
As planícies que Miguel caminhava eram extensas, se estendiam até os montes do horizonte. Diferente dos lugares por onde Miguel acabará de passar, os ventos por aquelas áreas nem se comparavam com os que torciam as árvores de Dinori.
Miguel perdia o ritmo a cada passo, seu cansaço se tornava evidente. Após algumas horas, Miguel parecia estar descendo uma escada, ele parecia ficar mais baixo a cada passo, por mais que estivesse andando normalmente.
— Ma-maqui porra é essa?
A neve que era muito alta, de repente sr diminui até não existir mais. Aquela neve aprecia ter alcançado seu limite ali, de um lado completamente branco e do outro apenas um grande campo de gramado. Ainda assim os ventos continuavam soprando para longe.
— Bizarro. Parece que simplesmente há uma barreira aqui.
Embasbacado, Miguel continuou observando aquilo boquiaberta, enquanto caminhava de costas vagarosamente.
— Porra é essa? Não importa, agora tô sem tempo. Me sinto até mais quente.
O garoto continuou caminhando em linha reta, ao contrário de antes seus passos pareciam bem mais firmes e fortes a cada segundo.
“Espera… agora eu consigo correr né!? Já faz um tempo que não faço isso sem prender meu pé debaixo de neve”.
Miguel olhou para os dois lados. Sem ninguém ou alguma construção a quilômetros de distância, ele dá uma leve inclinada para frente antes de pressionar o chão com toda a força de seu pé.
Em um forte chute de impulso, Miguel dispara em alta velocidade para frente. A grama por onde seus pés pisam ficam completamente amassadas, deixando uma clara marca de passo por onde passa.
Quase não havia se passado alguns minutos e Miguel já estava muito distante do ponto de partida. Ele continua pegando velocidade enquanto corre por aquele campo vazio. O garoto já tinha corrido o suficiente para que nem a neve pudesse mais ser vista e agora estava perdendo velocidade muito rápido.
Ficando cada vez mais devagar, ele tropeça em si mesmo e rola por alguns metros antes de parar completamente, de bruços.
Miguel rola para o lado e fecha os olhos enquanto respira rapidamente, ele parecia extremamente cansado a ponto de quase não se mexer.
— E‐eu… Nossa que loucura… acho que vou ter um ataque.
O garoto continuou deitado, com sua respiração rápida e profunda. Ele se senta ainda ofegante e tenta forçar seu levantar.
— Assim não dá, preciso melhorar isso, não posso correr alguns metros e morrer depois.
Já em pé, o garoto continuou caminhando por alguns minutos antes de aumentar um pouco seu ritmo. Iniciando sua caminhada acelerada, Miguel parece se segurar ao máximo para manter a velocidade atual. Naquela altura ele parecia estar apenas fazendo uma caminhada.
— Nunca pensei que pagaria tão caro por ser sedentário. Me sinto, meio… ultrapassado.
Conforme progredia com sua caminhada, um ruído familiar foi se propagando, se originando, aparentemente, das pequenas árvores pouco próximas à si. Aquele ruído parecia ter surtido algo no garoto que parou sua caminhada repentinamente ao lado de grandes pedras.
— É inconfundível. Não posso deixar passar, repugno vocês, seus nojentos!
Nem mais um segundo se passou. Assim que que ele começou a andar em direção ao barulho, diversos monstros saem do trás das árvores. Eram uma dúzia de goblins, todos armados com suas facas de pedras.
Logo eles começaram a correr em direção ao garoto, emitindo seus grunhidos e babando feito loucos. Não demorou muito e eles já estavam próximos ao garoto que olhava fixamente para eles.
“Não tenho sequer uma arma, se me acertarem uma vez fudeu…”.
Antes que os goblins começassem a cercar o garoto, ele corre em linha reta, diretamente para a coisa verde mais próxima. Já é alta velocidade, Miguel chuta os testículos do mostro, levando-o a alguns metros de altura.
— Estupradores de merda, vou estourar cada um!
Após alguns segundos de hesitação, os dois mais próximos de Miguel, começaram seu ataque, um pelas costas e outro pela esquerda.
Miguel se vira para a esquerda de uma vez, tomando proveito de todo o impulso com um soco diretamente na face do mostro.
Assim que atingido, as costas do mostro batem com toda força no chão, de onde não saiu ou se mexeu mais.
Logo após o golpe, Miguel prontamente se vira com um chute na cabeça do mostro, que já estava próximo de ataca-lo.
Seu pescoço se vira por completo para o lado, seu corpo se torna imóvel por um tempo, antes de cair morto.
— haaa, haaa. Eu não quero gostar disso, — disse Miguel, com a respiração pesada.
Miguel já estava cercado, eram poucas as áreas em que ele poderia fugir. Ele se vira um pouco para esquerda até se encontrar com outro. Após encará-lo, um rápido levantar de perna da início para um avassalador abaixar da mesma.
Assim que sua perna desce e se encontra com a cabeça do goblin, um enorme estalo seguido de um amasso no mesmo formato de seu pé, vem do monstro.
Miguel se agacha rapidamente e pega aquele corpo por um dos braços. Em seguida o lança fortemente em direção a outros três, que estavam atrás de si. Os mesmos caem com força no chão.
Sem esperar, ele se vira para outros três e dá um pulo em sua direção, Miguel chuta os três um por um de cima para baixo.
Assim como uma prensa seus corpos são explodidos um após o outros, pelos chutes agressivos do garoto.
Miguel respirava profundamente, por mais que estivesse muito agressivo, ele parecia mais nervoso que qualquer outra coisa.
Miguel já havia acabado com seis dos doze, ao mesmo tempo em que três vinham em sua direção, outros três que havia derrubado já se levantavam.
Enquanto Miguel anda de costas para os monstros, que pareciam apenas esperar o momento para atacá-lo, uma repentina queda o deixa ainda mais desvantajoso.
— Logo agora?! — Assim que resmunga, ele olha para o culpado de seu tropeço.
Miguel se levanta e se agacha colocando suas mãos em volta a uma enorme pedra. Enquanto o garoto força seus braços para tirar aquilo do chão, mais próximos os monstros ficavam.
Tirando finalmente a pedra do chão, Miguel se prepara para lançá-la na direção daqueles verdes repugnantes.
Miguel aproveitou o impulso de sua veloz meia volta e jogou a pedra aos monstros. Ainda que estivessem quase sendo amassados uma repentina faca voa até uma das pernas de Miguel.
A enorme pedra cai sem deixar rastro dos seis monstros, a não ser pela enorme possa de sangue que não parava de surgir de baixo dela.
Miguel cai sentado, a batalha tinha acabado e uma enorme canseira parecia ter recaído sobre ele, ainda que poderia ser o efeito do veneno da faca em sua coxa.
O garoto pareceu quase dormir sentado, antes de levar rapidamente suas mãos até a faca. Mordendo seus lábios, ele a puxa de uma só vez o objeto.
— Arrrk!!
Quase sem energia, ele levantou-se e rasgou por completo a parte inferior de sua camisa. Com o trapo rasgado ele enfaixa sua perna, amarrando o tecido com força.
— Sempre nas pernas. Agora eu preciso ser rápido, como saio dessa?
Após alguns segundo olhando ao redor, enquanto suava e suspirava horrores, ele se volta ao mesmo caminho em que já estava caminhando antes.
Seguido em frente, sem pausa para descansar ou com diminuição em suas mancadas, Miguel tenta acelera o passo.
Já em certa velocidade, por mais que ainda cambaleasse, o garoto se prepara novamente para correr assim como havia feito antes.
“Não posso me deixar morrer assim”.
E lá estava ele, correndo como se não houvesse amanhã, era bem provável que não teria, levando em conta sua respiração que se assemelhava a de um asmático.
O garoto perde velocidade antes de tropeçar e rolar por algumas vezes sobre a grama. Já imóvel, ele se senta e fatigado, começa a esmurrar sua perna esquerda.
— Anda, definitivamente não vou morrer aqui!
Ele se vira e retoma o caminho dessa vez engatinhando, ainda que tentasse se levantar algumas vezes.
Após diversas tentativas, ele finalmente está de pé, ainda trêmulo e instável. Ele anda na mesma direção, mesmo que sua visão já estivesse turva o suficiente para não identificar mais a estrada.
Ainda caminhado, por algumas vezes o garoto dava leves chutes contra o chão tentando ir mais veloz. Por mas que se distanciasse do ponto de partida, seu esforço já era ineficaz.
Andando lentamente, era provável que o garoto já não conseguisse mais levantar suas pálpebras e logo sua energia restante cessaria.
“De jeito nenhum. Não pode ter sido tudo em vão… Preciso continuar”.
Em um último suspiro, o garoto reúne as forças restantes para dar um último impulso, mas aquilo foi inútil, seu esforço apenas o fez bater sua cabeça contra algo. Sem mais forças, o garoto perde sua consciência.