Anti-herói Invocado - Capítulo 19
— Ei você! Vai continuar desmaiado aí?
Miguel se senta rapidamente e passa seus olhos por todo o local.
“Que merda, por acaso estou num loop?”.
Outra vez o garoto se encontrava em um pequeno quarto em uma casa de madeira. Pouco a sua frente estava um homem certamente forte, se algo lhe faltava não eram músculos.
Nervoso e confuso, Miguel não pensa duas vezes e tentar se levantar da cama. Colocando uma de suas pernas para fora da cama, de repente todo seu corpo desce junto, levando sua cara diretamente ao chão.
O homem que olhava para algo em sua mesa, virou-se em sal cadeira um pouco assustado com o barulho. Sua primeira visão foi o garoto com sua perna ainda presa na cama e a outra beijando o chão.
— Eu… ainda não limpei o chão.
— O que você fez, por não me mexo.
— Eu que te pergunto. Te encontrei caído no chão e quando te trouxe pra dentro percebi que estava envenenado com algo bem forte.
— Ahhh. Eu vinha da floresta, uns goblins devem ter me seguido até aqui, antes de matá-los fui envenenado.
O homem que já estava novamente de costas para o garoto, agora se volta para ele com uma expressão confusa.
— Haha, que goblin teria um veneno poderoso assim… Me pergunto de onde eles seriam…
O homem para por um minuto, sua face muda novamente e agora seu olhar recaia pesadamente para o garoto.
— Você não vai levantar daí não? Aliás por que seu sotaque é tão estranho, nunca tinha ouvido antes.
O garoto puxou sua perna até então completamente imóvel na cama, para o chão.
Seus ombros e braços estavam roxos provavelmente devido ao esforço extremo, seu rosto pareciam muito cansado e seus olhos ainda cansados. No lugar do ferimentos da faca, havia uma grossa faixa de pano, ela parecia estar enrolando algo por cima da ferida.
De repente, o brutamontes levanta, ele chegava facilmente nos dois metros, sua barba era tão ruiva como seus cabelos que faziam um rabo de cavalo até o começo de suas costas.
Se aproximando do garoto ele estende uma de suas mãos, nela parecia haver um espécie de bengala de madeira.
— Levanta aí rapaz, preciso fazer algumas coisas ainda. Aliás me chamo Brick.
Miguel pegou a bengala com um pouco de hesitação. Ele leva suas mãos ao chão e se força a levantar, por mais que com a ajuda da bengala não parecesse difícil, sua perna ainda recusava a se mover
“Sotaque? Será que tem algo a ver com nossas vozes estarem sendo traduzidas? Não tinha parado pra pensar muito sobre isso”.
Caminhando logo atrás do homem, Miguel atravessa a porta da casa. Como se fosse uma vislumbre de seu antigo mundo, ele se em uma cidade um tanto quanto comum.
— O-o que é esse lugar… ele é.
— Não consigo nem descrever como você foi sortudo, caiu próximo a uma casa da nossa cidade, qualquer outro lugar nas redondezas e você já estaria morto.
Logo na saída da casa já havia uma calçada de pedras, não só ali, nenhuma parte da cidade parecia ter o chão de terra ou sequer casas mal feitas.
As ruas eram repletas de transeuntes, todos pareciam estar simplesmente caminhando, alguns apenas perambulavam, outros pareciam ter um objetivo em comum.
— Por que tem tanta gente indo pra um lado só da cidade?
— É final de semana, estão indo fazer compras.
“Compras? Isso me trás algumas lembranças. É de certa forma bem normal”.
O garoto continua a seguir Brick que passava tranquilamente por aquela rua. pelas pessoas que passavam ao lado sejam crianças ou idosos, todos o cumprimentavam.
Logo mais, os dois se deparam com uma trilha de terra que os leva a dentro de um campo gramado.
“Grama de novo!”.
Abandonando a cidade os dois caminham pela trilha que parecia se afastar bastante de qualquer outras coisa se não algumas árvores.
“Pra onde esse puto tá indo, se fosse me atacar poderia ter feito a algum tempo, mas também não tem ninguém passando por aqui…”.
— Olha não tem problema em ficar nessa cidade, mas eu vou aproveitar que você parece ser meio fortinho e te botar pra trabalhar, hehe.
— Por que só não me mata logo? — resmunga Miguel, enquanto segue o homem.
— O que disse?
— Nada!
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Perambulando já a algum tempo, o suficiente para que o homem já não passa-se a impressão de saber por onde andava. Aquela caminhada não se passava de nada além de entediante.
De repente aquilo finalmente parecia ter chegado em algum lugar, no meio daquele nada, feito de grama, havia uma pequena cabana feita de troncos nas laterais e tábuas de madeira nas paredes.
— Não saia correndo.
— Engraçadão.
O homem caminha calmamente e entra na casa, para Miguel que estava meio imobilizado aqueles minutos certamente se pareciam horas.
“Certeza que esse bombado vai sair com um machado dali, por que cortar árvores é tão importante?”.
Quase como se estivesse apenas esperando o garoto começar a resmungar, aquele brutamontes sai da casa, não sozinho, mas acompanhado de duas espadas embainhadas.
— Cara pra que tu vai usar isso?
— Acontece que eu sou o guarda, ou melhor, chefe da cidade, e acabado cuidado dos invasores no tempo livre.
— Pera. Você vai me fazer matar monstros com a perna assim?
O homem firma os olhos no garoto enquanto arruma a espada mais grande em sua cintura, ele seguida ele jogar a outra em direção ao garoto.
— Você me parece familiarizado com isso. Não se preocupe, em pouco tempo sua perna vai melhorar.
Por reflexo Miguel pega a espada jogada. Não era nada demais, uma espada de metal comum, media e pouco pesada, ainda assim era a primeira vez que o garoto tocava uma.
— Tem experiência com espadas? — questiona o homem, enquanto retomava a caminhada pelo mesmo sentido.
— Na verdade não. Até no que sou bom eu mal sei usar.
— Isso é bom, enquanto melhora sua perna pode aprender me assistindo, — Brick da um sorriso de canto de boca antes de se virar completamente.
“Cara exibido em”.
O homem se vira e continua a andar, Miguel o segue pela trilha de terra que se torna cada vez mais estreita até não existir mais.
— Tá, chegamos, vamos nos sentar e algum lugar e esperar.
“Finalmente, tô cansadão”.
O garoto anda por mais alguns metros e senta debaixo da uma arvore não tão distante do homem. Agora que ele tinha tempo, poderia dar uma olhada ao redor.
A área na direção frente não era pequena, o que mais chamava atenção sem dúvida era o enorme espaço aberto a sua frente, quase não se haviam árvores pela área, ainda assim eram elas que davam um fim no horizonte daquela planície.
Enquanto Miguel, entediado, se espreguiçava a cada cinco minutos, Brick permanecia sentado com as pernas cruzadas, olhos fechados e suas mãos encostadas no chão gramado.
— Que sono. Ei, você tá esperando o que exatamente?!
— Você é apressado, relaxa aí, é igual pegar um peixe, espere até sentir a fisgada e então ataque… Tente.
“Bombado louco… mas não custa nada né”.
O garoto se ajoelha e leva suas mãos vagarosamente até o chão, seus olhos se fecham e sua respiração se torna cada vez mais espaçada e longa.
“Me sinto meio idiota… Esperar né?”.
O garoto permanece por mais alguns minutos naquela mesma posição, parecia de fato ser tão relaxante quanto uma boa pesca, ou talvez Miguel só estivesse cansado demais.
“Espera, acho que tô sentindo algo, parece um barulho ou… ahh que difícil. Vamos tentar”.
Miguel abre seus olhos, para achar aquilo menos idiota, enquanto seus olhos se adaptam a claridade do dia, um vislumbre do próprio medo vinha ao longe.
A criatura era enorme, cerca de três metros, tudo naquele monstro esguio era grande, braços, pernas, pés, mãos.
Sua pele era negra amarronzada, exceto pelo se rosto que parecia ser branco, contornando seus olhos e boca negras.
Na boca da criatura um sorriso parecia se formar, seus olhos parecia estar pouco fechados, se assemelhava com uma expressão de sarro.
A criatura continuasse aproximando dos dois, quanto mais perto estava mais nítido se tornava, aquilo parecia ser formado por um amontoado de raízes de árvores.
Seu andar era estranho e confuso. Parecia ser instável demais para manter a parte superior de seu corpo ereta, quanto mais rápido ele andava, mais desconfortável eram os movimentos de sua coluna.
— Ei Brick, tem um boneco de posto do capeta ali!
Por mais que os gritos alcançassem Brick, o mesmo não parecia dar a mínima.
“Por que esse cara não me ouve. Merda, desse jeito não vou conseguir lutar… eu conseguiria lutar com isso?”.
Miguel não consegue desviar seus olhos da criatura que se aproxima a cada segundo.
Com os passos pesados do monstro se tornando mais próximos, as mãos do garoto começam a tremer.
Por mais que Miguel continuasse a tentar chamar pelo homem bem ao seu lado, nem mesmo seus olhos desfocavam da criatura, imagine tentar fazer sua voz sair.
— Bri-Bri-Bri…
Alguns minutos já haviam se passado com os dois ainda imóveis. O monstro estava quase tão próximo de Miguel quanto Brick, sua voz era roca, se pareciam como de uma pessoa sendo sufocada, — haa, hiii, kuuc.
A respiração do garoto se torna ainda mais pesada, seus olhos permanecem saltados e focados na criatura a sua frente, era como se estivesse em transe.
Enquanto o monstro tenta ficar ereto, o mesmo estica suas longas mãos para frente.
Quando está próximo a alcançar os dois, um de seus braços repentinamente cai no chão.
Assim que ele olha para baixo onde seu braço caiu, sua face parece simplesmente mudar, o negro que sobressalta o branco formando seus olhos e boca, parece se transformar e mudar, agora ele tinha uma expressão de desprezo.
— Garoto você precisa relaxar mais. Eu disse que era para só observar.
Assim que terminar de falar, logo ele parte para cima da criatura. Com um passar de espada por cima de sua cabeça, ele mira diretamente no pescoço da criatura.
Por mais que o golpe fosse rápido e preciso, a criatura que se parece com uma mola, não exerce esforço para esquivar de golpes.
Mais uma vez, agora com um giro completo de seu corpo, a lamina da espada atravessa uma das pernas do monstro, que não parecia nada mais do que um galho de árvore quando separado do corpo.
Sem apoio a criatura cai, mudando imediatamente seus grunhidos desconfortáveis para um ainda mais agonizante, que agora era exageradamente agudo e constante.
A criatura ainda no chão, olha enfurecidamente para o homem, que pareceu um pouco espantado.
Ao mesmo tempo em que Brick pula na tentativa de decapitada, a criatura bate seu braço restante no chão.
Convicto da vitória, Brick é surpreendido por uma repentina raiz que emerge do chão o atingindo no estômago, lançando-o a vários metros de distância.
Assim que a criatura levanta seu braço, a raiz cai com força no chão. Repentinamente, uma árvore cai próxima ao Miguel, as raízes da mesma parecem caminhar até o monstro, se fundindo.
Agora completamente renovado, a criatura se levanta e caminha na direção de Miguel.
“Que porra é essa ele se regenerou, olhando melhor ele parece ser feito de madeira… Preciso me mover!”.
— Não quer outra?!
De repente, de trás do garoto, uma árvore inteira voa em direção a criatura a derrubando novamente.
O enorme tronco empala o mostro, o prendendo completamente no chão.
— Que porra foi essa, toma cuidado aí!
Brick pula alguns metros caindo em cima do tronco. Ele desce até a criatura que não parava de gritar e empurrar a árvore contra si.
O homem ergue sua espada e sem hesitação corta o pescoço do monstro, cessando seus gritos agonizantes.
— Que estranho.
— O que exatamente?!
— Raízes podres normalmente não se curam tão rápido muito menos atacam dessa forma…
Miguel se levanta e caminha até o homem, que permanece com um olhar pensador enquanto coça seu queixo.
— Rapaz me responda, de onde veio?
— E-eu, eu vim daquela floresta, acho que se chama Dinori.
O homem se vira para o garoto surpreso, seu rosto denunciava toda a confusão que sentia.
— Acho… que preciso fazer umas perguntas.