Anti-herói Invocado - Capítulo 22
Já com algumas horas de caminhada, os dois se encontraram a alguns quilômetros da entrada da cidade, por mais que Ainda desse para vê-la, o clima ali já era bem diferente, o frio era quase o suficiente para fazer com que seus dentes começassem a tremer.
“Conversamos pouco mas pelo menos agora eu sei que Brick é um meio humano e eles eram soldados do reino, parece que eles se aposentaram a alguns anos, e vieram para cá, me pergunto do por que”.
— Miguel, imagino que deva ser complicado para você, saiu do seu mundo e veio para num lugar come esse, não posso te dizer para não ligar, só posso responder suas perguntas, então não se contenha garoto.
Lúcio interrompeu a caminhada se agachando naquele campo. Um lugar razoavelmente plano a sua esquerda, por mas que a sua direita já houvesse uma pequena floresta. Enquanto o vento batia em suas peles, Lúcio retirou dois coletes de couro da bolsa.
— Aqui coloque isso.
Miguel pegou o grosso colete e o vestiu por cima de suas roupas, logo Lúcio estendeu sua mão, agora com um par de luvas grossas, o garoto as colocou finalmente podendo sentir as pontas dos dedos novamente.
“São confortáveis, as luva nem tanto mas agora não vou morrer pra esse frio fudido”.
Lúcio terminou de se vestir, e ao se erguer ele se vira para Miguel e levantou suas duas mãos, — Que tal nos aquecermos antes de treinar? De uns socos… Depois será minha vez, hehe.
— Olha não tenho muita confiança nisso não, nunca tive que socar alguém, — Enquanto falava, levantará as mãos e desfere um soco de direita em Lúcio.
Seu soco pareceu ser forte, tanto que empurrou a mão daquele homem para trás, ainda assim foi tão mal feito que quase acertou o ar. Ao menos Lúcio parecia minimamente surpreso com ele.
— É realmente ruim, você pode ter força mas não tem técnica. Me deixe te mostrar como fazer do jeito certo.
Miguel mal pode ver o sorriso malicioso no rosto do homem, de repente havia uma mão encostando na sua, e mais rápido ainda foi seu braço que pareceu ter sido lançado para trás.
Sem nem ter tido tempo para defender-se, Miguel agora só sentia seu braço formigar como se todo o sangue nele tivesse se esvaído.
Um único soco, e o barulho foi suficiente para deixar Miguel perplexo, — puuun! — Que porra foi essa cara maluco? Eu espero que você não tenha quebrado meu braço!
— Desculpa ai, só queria testar seus reflexos, acho que coloquei força demais. É estranho, com o soco que você deu, deveria ao menos ter força para conseguir segurar isso um pouco.
A reação do garoto não poderia ser outra um rosto Indignado buscando sentido no que acabou de acontecer. Passando sua mão pelo braço ainda dormente, Miguel volta a movê-lo mesmo que lentamente.
— De qualquer forma, acontece de ficarmos sem armas no meio de uma batalha, quando isso acontece você sabe o quê fazer? — disse Lúcio, enquanto encarava o garoto.
— Deixa eu adivinhar, devo usar minhas mãos?
— Errado! — Um leve sorriso aparece no canto de sua boca, ele já esperava essa reposta do garoto, ainda assim fingia desapontamento com seu balançar de cabeça.
— Você corre! O mais rápido que conseguir. É claro pessoas como Brick podem usar a força bruta para jogar alguém pelos ares… mas você não.
O garoto estava calado mas sua expressão quase falava. Enfurecido ele range seus dentes com raiva e diz, — Então, porque preciso saber lutar?
— Simples, não é sempre que se pode correr né, você já deveria saber disso.
O homem que parecia estar adorando provocar o garoto se virou para o lado, colocando um pé na frente do outro, ambos virados para frente. Com os punhos levantados na altura do queixo, ele dá um soco, quase tão forte quanto o que deu no garoto.
Miguel repetiu seus movimentos, não era nada complicado, apenas se posicionar e socar, algo que o garoto com certeza já havia visto em algum filme, — Isso não é parecido com Box?
De repente Lúcio girou um pouco o quadril e inclinou um pouco o tronco para trás, um chute, tão rápido e poderoso que parecia ser fatal se acertado com precisão em algumas partes de um corpo
— Você só precisa fazer algumas vezes pelo dia e deve ser o suficiente para você. Lembre de jogar o ombro para frente antes do punho, como se seu braço fosse um chicote e também mova seu quadril.
Miguel permaneceu fazendo os mesmos movimentos, não era nada difícil, ainda assim exigia esforço para copiar Lúcio perfeitamente. Enquanto o garoto se ocupava, Lúcio se distanciava para as árvores logo atrás deles.
— Miguel! Você precisa treinar até poder fazer isso.
Após ter chamado a tenção do garoto, Lúcio fez novamente a mesma formação de frente para a árvore. Um soco, somente um soco e o tronco da árvore havia sido completamente amassada pela mão de Lúcio.
Boquiaberto Miguel continuou observando enquanto Lúcio empurrava a árvore até que se partisse ao meio e cai-se, após um suspiro de derrota, Miguel desiste, caminhando até seu parceiro.
“Sério qual o problema com essas pessoas, sei da magia e tudo mais, mas isso é absurdo né? Não, espera, agora pode ser um bom momento”.
Lúcio rolou o tronco próximo a sua bolsa e voltou para recolher galhos que encontrava pelo chão, coisa que não faltava por ali. Enquanto isso Miguel continuava se aproximando.
— Então Lúcio… não acho que tenha algum problema em perguntar qual é sua classe né?
Lúcio interrompeu sua tarefa, um silêncio perpetuou os dois fazendo segundos parecerem minutos antes dele se virar para Miguel, — quer dizer… classe social?
Outra vez o silêncio voltou e agora os dois permaneciam se encarando. Se passou mais algum tempo para que a cara de confusão dos dois saísse e Miguel finalmente se tocasse.
— Não, não, digo a outra classe, a sua.
— Olha eu tinha te dito que eu e Brick éramos soldados na capital, então trouxemos bastante dinheiro pra cá.
Miguel coçou a cabeça e engoliu seco, as perguntas o rondavam, eram tantas que ele nem conseguia pensar na sua situação atual, — De-deixa pra lá, foi só uma piada que fazemos de onde eu venho, hahaha! — O garoto se afasta, enquanto lúcio continua o encarando confuso.
“Ele não parecia estar mentindo, será que eles não sabem das classes, ou será que eles não tem? Não, eu tinha certeza que Brick era um bárbaro. Que confuso”.
Enquanto Miguel se perdia em pensamentos, Lúcio recolhia as últimas galhas, — Miguel, se quiser pode sentar aqui, vou tentar acender uma fogueira.
O garoto se aproximou e sentou no tronco. A bolsa parecia estar cheia, não faltava árvores e muito menos comida, aquele lugar parecia ser o melhor para se ficar por enquanto.
Conforme as horas iam se passando o frio parecia penetrar mais fundo na pele, agora nem mesmo a mais quente roupa poderia impedir o frio de fazer alguém tremer, ao menos o fogo de Lúcio os deixariam salvos por algum tempo.
Enquanto se segurava para não dormir, Miguel terminava de comer uma fruta roxeada que mais se parecia com uma pera com espinhos na casca, embora o gosto não parecesse ser tão bom.
— Lúcio, por que Brick parecia tão assustado com esse dragão da geada?
O homem apertou os lábios, ao mesmo em que pareceu pensar em uma resposta, a noite parecia chegar cada vez mais rápido, até que então ele desembuchou.
— O Brick tinha uma família sabe. Naquela época ele foi enviado como comandante de guerra para atrasar as ondas de monstros que a neve trazia consigo, e eu estava entre um de seus mil companheiros.
A cada palavra que saia da boca dele, mais difícil se tornava sua compreensão, ele não parecia estar reagindo ao frio, ele estava tremendo de nervosismo.
— Nós operamos nessa cidade pelos próximos messes, tentando ajudar na recuperação dos quarenta que viveram. Por mais que a neve não houvesse parado, os monstros sumiram, nos declaramos vitoriosos, Brick pareceu ter sido cansado e só decidiu morar por aqui com sua família. Foi só depois de um ano de neve que a última horda veio, Era apenas eu e ele contra vinte Jarrarias.
— O que é isso?
— Um dos eres diabólicos que se pode encontrar naquela floresta desgraçada, são como répteis velozes com uma pele de metal. Fazem um barulho horrível… Eu não posso abandoná-lo.
Lúcio parecia cada vez mais amedrontado com cada lembrança que vinha a sua mente, ao invés de terminar sua história, ele simplesmente se deitou de costa para o garoto como se anunciasse seu cansaço.
“Acho que falei demais… Merda eu sou tão inútil que nem me querem lutando, será posso ajudá-los com essa minha força ridícula e todo esse meu medo!?”
Miguel se levantou vagarosamente e saiu de a ponta de seus pés pela escuridão da noite, ele não fazia sons enquanto caminhava até as árvores próximas.
— Eu preciso de mais.