Anti-herói Invocado - Capítulo 7
“Merda eu realmente tentei dormir, mas não consigo. Pensar que vou tentar fazer aquilo amanha… me deixa mal e nervoso. Talvez seja melhor que eu de uma volta.
Em um vagaroso levantar, o garoto se esgueira até a saída da gruta. Com todo o cuidado para não pisar em ninguém e tentando enxergar na escura noite, até que o garoto finalmente vê o luar.
— E eu pensando que teria ar fresco aqui, aquele cheiro horrível ainda está no ar, mesmo que eles tenham lavado com sua magia.
O garoto se afasta cada vez mais dos outros jovens e mesmo que já estivesse de noite as duas luas daquele mundo iluminavam muito mais que apenas uma.
O silêncio era interrompido apenas pelos ventos fracos e frescos, o que era diferente do comum para uma floresta como aquela.
— Então, acho que vou seguir na direção oeste. Não parece ter nada perigoso, vou entrar no meio dessas árvores aqui, parece ser bem aberto então devo conseguir voltar com facilidade.
Quanto mais Miguel adentra na floresta, mais o frio penetrava sua pele, ainda assim não havia motivo para voltar. A calma e o silêncio eram quase tranquilizantes, por mais que cada vez menos a luz das luas adentravam as folhas.
Quando tudo pareciam flores o garoto é surpreendido pelos estranhos grunhidos no meio das árvores.
— “Parece ter algo pela esquerda, vou tentar ir bem devagar. Ali, parece ter algo se mexendo, ainda está bem longe além de escuro mas parece ser um goblin. Levando em consideração o que aconteceu com a Clotilde aquele dia, eles parecem razoavelmente fracos, talvez eu consiga atacar um”
Miguel nervoso, começa a suspirar, tentando manter a máxima calma para não alertar o inimigo. — É isso. Agora é questão de sobrevivência.
Ainda hesitante, o garoto saca uma de suas adagas e a segura logo a frente se sua barriga.
Tentando fazer o mínimo de barulho possível Para não provocar alerta e passando de árvore em árvore, mais visível ficava a criatura.
O goblin estava curvado e parecia comer fervorosamente alguma coisa, o barulho de suas mastigadas abafavam os barulhos dos passos de Miguel, que estava cada vez mais próximo.
“Certo só preciso chegar um pouco mais perto — Traaack — merda.”
A concentração de Miguel sobre a criatura o privou de ver o ambiente, ele avia acabado de pisar sobre um galho de árvore.
O garoto rapidamente coloca seus braços sobre a cabeça fechando seus olhos. Logos segundo são aguardados pelo garoto que acreditava que iria morrer ali mesmo.
Para a surpresa de Miguel a criatura não havia sequer percebido, o alívio toma conta do garoto que agora já conseguia se mexer.
“Uau. Que adrenalina, achei mesmo que iria morrer. Mas agora não é hora para isso”.
O garoto em pé atrás da criatura, em uma rápida investida, Miguel ainda trêmulo e hesitante, fecha seus olhos e crava a lâmina nas costas do monstro.
O sangue verde e nojento escorre daquele corpo, e logo em seguida vem os mais arrepiantes gritos e grunhidos que Miguel já ouviu.
— Aaa! Aaaaaaaa! Mer-unggg. — Antes que Miguel conseguisse terminar qualquer frase, seu estômago embrulha como jamais fez, o garoto não conseguia evitar o vômito.
— Droga, não pensei que seria tão ruim, eu fiz isso de novo, eu sou um lixo, inútil.
— Não fique assim, você fez o que pôde, se você não fizesse você morreria.
— São vocês?
— Claro, não poderíamos incentivar você recuperar o atraso e deixar você morrer sozinho.
Miguel é surpreendido pela mão que é estendida até ele. Eram os três nerds que o haviam seguido.
— Mas está tudo bem agora né, todos nós passamos pelo mesmo.
— De qualquer forma, venha vamos voltar e relaxar por enquanto. Tá frio aqui. — disse Heitor, esfregando suas mãos umas nas outras.
— Certo, tudo bem; vamos lá.
Os quatro garotos agora abandonam o corpo e caminham para fora da floresta, mesmo Miguel ainda mal, consegue acompanhar os outro até a entrada da caverna.
— Acho que vou dormir.
— Nós também vamos, boa noite Miguel. — disse Ariel.
Miguel se deita no seu canto da caverna e encosta sua cabeça no chão afofado com a própria terra dali.
“Eu fico feliz que se preocuparam comigo. Mas agora suspeito mais ainda dele, porque o Willian não está aqui, é como naquela vez com o corpo torrado. Mas agora só preciso dormir.”
Já de tarde, a luz do sol agora já podia se espalhar pela gruta, o leve e aconchegante calor batia na pele dos jovens.
— Ah! Que belo dia.
Miguel já estava acordado o que era estranho já que havia dormido menos do que qualquer um. Ainda assim parecia revigorado e pronto para mais um dia.
Para sua tristeza o cheiro nojento do sangue seco ainda estava impregnado na grama da entrada, mesmo que já estivesse menos forte.
“Pelo que parece, hoje iremos caçar, todos parecem estar se organizando e se preparando para algo, até mesmo tem aqueles com as armas na mão”.
Todos aí estavam visivelmente calmos depois de tanto tempo. Ainda assim era impensável esquecer das palavras do tal anjo, foi confirmado que haviam monstros por ali.
— Certo gente se juntem aqui ó!
— O que exatamente nos iremos fazer professora? — perguntou um dos jovens.
Em meio aos jovens o garota se destacou, com sua pele morena e seus cabelos negros e ondulados.
— A sim, Rita. O sol ainda está em Leste, então vamos na direção contrária, e se acabarmos voltando muito tarde ainda teremos luz.
— Certo acho que todos entenderam então se preparem e com cuidado equipem suas armas.
Enquanto todos caminhavam em linha reta, alguns entendidos e outros animados, Miguel vai vagarosamente se aproximando de seus novos amigos.
— Ei, algum de vocês sabe mais sobre as classes deles?
— Oi Miguel, de quem exatamente?
— Para falar a verdade eu só sei a de vocês e do Cassian, que é bárbaro, a Clotilde que é uma maga de terra e o Joesias que é um bardo, aquelas piranhas ali são uma maga de ar, uma guerreira e uma paladina.
Com uma expressão de surpresa, Ariel se volta para Miguel rapidamente.
— “piranhas”?
Miguel continua com uma cara de desentendido, como se nem tivesse percebido o que acabou de falar.
— Vamos começar com aquela que falou agora a pouco, a Rita é uma espadachim, o Caio aquele Merda implicante, tem a classe de lança e a professora é uma maga de gelo.
— Eu tinha lido sobre isso no Informarium, se você tiver dominância de mais de uma magia pode misturá-las e fazer uma sub-magia, mas não acho que funciona com todas. No caso do gelo seria água e vento.
Heitor se escora rapidamente no ombro de Ariel intrometendo-se na conversa.
— Sim está certo, uma vez misturei a minha magia com a da Clotilde, e só teve uma pequena explosão.
— Unh, entendo. Gostaria de aprender a usar magias, mas pelo o que li, você só consegue se for classe de mago ou se achar um grimório.
— Sim, Eu acho que todos adorariam achar um, mas nem sequer achamos uma dungeon.
Felipe parecia tão descontente quanto Miguel, ao tocarem no assunto de magias.
— Aliás, vocês três acham que vamos conseguir sair daqui tão rápido assim?
— Haha, eu particularmente duvido muito e também não quero. Afinal recebemos a missão de ficarmos fortes aqui né?
— Sim, falando nisso já subiu de nível Miguel? Miguel!?
Felipe parecia extremamente surpreso, a pessoa com quem estava conversando até agora não estava mais ali.
“Acabamos passando por perto de onde eu matei aquele monstro ontem e eu fiquei curioso.
Atravessando vagarosamente de árvore em árvore, o garoto finalmente acha o lugar.
— É como eu imaginei, o corpo dele não está aqui, continuo suspeitando disso.
— A, olha ele ali, oi Miguel!
Heitor balançava sua mão para direita e esquerda chamando atenção.
— Aonde você foi?
— Só ver o corpo daquele goblin.
— A, sim, tudo bem com você?
— Bem, eu vou melhorar. Aliás vocês sabem a classe do Willian?
— Do Willian? Acho que não ouvi falar sobre, os amigos dele devem saber, mas você sabe como eles são né.
— Sim.
— Gente, se preparem! Tem alguns monstros por perto! — Exclamou a professora.
A maioria dos jovens equiparam suas armas fervorosamente. Já outros pareciam extremamente assustados, até mesmo derrubando-as no chão.
— Só esses, deixa que eu cuido disso!
Como se fosse arremessar uma bola de basebol, Caio joga sua lança desleixadamente. Batendo no chão e quicando para o lado.
A criatura parecia tirar sarro da carta do garoto com seu sorriso que ia de orelha a orelha, mostrando seus dentes sujos e tortos.
— Bela jogada bonzão. — disse Willian.
— Cala boca.
Heitor entrou pelo meio dos dois e como se fosse arremessar sua varinha, lançou uma bola de chamas, que ia muito mais rápido do que antes, queimando um dos goblins rapidamente, que gritava em desespero.
— Haha, consegui.
Enquanto grita, Cassian pula mais do que sua própria altura, e crava seu Machado no crânio de uma das criaturas, que morre instantaneamente.
— Eu finalizo. — gritou Bianca
A garota puxa uma flecha de suas costas, as quais pareciam extremamente mal feitas. Ela atira em direção ao ultimo inimigo.
Mesmo que a flecha tenha pegado uma alta velocidade, a única coisa que acertara era a perna do goblin.
Rita corre desesperadamente em direção do goblin ferido e o decapitar com um único corte de espada.
— Te-terminou, foi bem rápido né, — disse Bianca, com uma mão sobre a boca.
“Uau, eles tiveram alguns erros mas conseguiram ter sucesso. Diferente de mim, eles parecem lidar melhor fazendo isso”
Como um pequeno zumbido Miguel ouve algo em direção das árvores. E com uma rápida passada de olhos Miguel vê outros dos monstros verdes.
“Ce-certo, vamos lá”.
Miguel corre em direção às árvores, caçando o goblin que estava fugindo. O garoto saca sua adaga e pula o alcançando e o cortando pelas costas.
“Merda eu errei. Mas parece que foi um corte profundo”.
O goblin da poucos passos, antes de cair gritando, enquanto tentava alcançar a ferida com seus dedos.
— Ung. “Não eu não posso, é só segurar”, — O garoto suspira relaxando levemente, o impedindo o vômito.
Mais uma vez o retângulo subitamente apareceu em sua frente, mas a aba onde antes estava escrito como menu agora era Aviso.
— Pe-pelo menos parece que valeu um pouco a pena. Vou voltar logo não quero me perder aqui de jeito nenhum, se tinha um escondido pode ter outros também.
Miguel se levanta e bate na sua roupa suja, enquanto da meia volta.