Anti-herói Invocado - Capítulo 8
Saindo da floresta Miguel solta um grande suspiro, ele finalmente havia alcançado o nível seus colegas.
— Puta merda Miguel! Por que tem sangue em você?
— Não importa. Precisamos prestar mais atenção, havia um goblin escondido nas árvores.
— Isso é ruim, vou avisar a professora, vocês veem se acham mais algum.
— Você não tá se achando muito não Heitor?
— Cala boca, eu estou no meu momento, acabei de matar um.
Enquanto Heitor vai em direção a sua professora. Os outros olhavam atentamente aos arredores, as criaturas poderiam estar escondidas em qualquer canto daquele lugar.
Mesmo que fosse um caminho reto e aberto, a floresta estava logo a sua direita e do outro haviam diversos montes.
“Olha pra isso, é um lugar perfeito pra uma emboscada”.
Assim que Jessica ouviu Heitor, respirou fundo, aquela era uma situação de perigo para ela e seus alunos.
— Crianças, eu sei que é inesperado… mas provavelmente estamos em uma armadilha, portanto peço que mantenham a calma.
Mesmo que Jessica pedisse para que os jovens ficassem calmos, a própria parecia estar tremendo, era perceptível.
Ainda assim os jovens não pareceram estar muito preocupados, talvez para que a própria professora se acalmasse ou talvez estivessem tão animados quanto assustados.
— Estão vendo algo crianças?
O grupo se juntam e fazem um círculo, com cada um olhando um para um lado.
— Ali professora parece que tem alguns vindo. — disse Bianca, apontando para um pequeno morro perto aos outros corpos.
Além da Bianca ninguém parecia ter visto algo, ainda que não tivessem provas, a melhor opção era acreditar na garota.
— Também estou vendo, parece ter quatro!
A mesma, simplesmente deu um passo a frente, parecia incrivelmente confiante
A garota direciona sua varinha de madeira com a ponta amarelada para frente e em um piscar de olhos um pequeno feixe de luz vai rapidamente em direção às criaturas.
— Uau, aquela ali é a Angélica certo?
“Anh. Não ouvi falar sobre ela desde que comecei o ano, ela me passou tão despercebida assim?”
— Isso! Vocês viram!? Eu fui incrível certo! Hehe. Fiquei realmente poderosa.
A garota dos cabelos loiros e pele tão clara quanto qualquer outro ali, se exibia, enquanto soltava pequenos risos.
O rosto de Miguel dava uma leve contorcida, fazia sentido ele não ter reparado nela, afinal ela era claramente do tipo exibida, o tipo mais odioso para Miguel.
— Preste atenção idiota! Ainda faltam dois! — gritou alguém, em meio a multidão
Ao lado das criaturas que tremiam, mesmo mortas, os outros dois começaram a correr em direção aos jovens.
As criaturas de pele verde, dentes podres, longas orelhas pontudas e sua saliência na barriga, carregavam uma faca cada um. Pareciam feitas de pedra, mas muito bem feitas.
Com uma leva mudança em suas expressões, de um rosto sério para um sorriso sarcástico, as criaturas mudaram de direção, indo diretamente para as garotas.
Alguns entram em choque , eles estavam literalmente sendo atacados por monstros, enquanto outros pareciam eufóricos com a situação.
“Entendi, eles focam nas mulheres né? Não tem muito o quê eu fazer, então vou só deixar com eles. Além disso, diferente daquele goblin das árvores, esses não correram de nós, eles parecem… mais fortes?”
— Eu acabo com isso! — gritou Cassian.
O garoto levanta seu machado vagarosamente e espera a distância entre ele e as criaturas diminuir, até que com a rápida descida do machado, Cassian da seu golpe.
Mas o jovem não sabia de algo, em toda sua vida nunca havia lutado contra goblins, esses são criaturas de pouca altura, eles podiam muito bem passar por baixo do machado do garoto.
E mesmo com aquele violento e rápido golpe, seu erro era inevitável. O machado passa por cima dos monstros e bate com toda a força no chão, entrando com facilidade.
— Merda, é muito fundo pra puxar.
O garoto puxa o machado com toda a força, até que saísse do chão.
— Relaxa tá tranqui…
Antes que pudessem terminar sua frase ou ao menos se mexer, uma das facas de pedra estava dentro de suas costelas. O garoto cai no chão de joelhos.
Sem tirar o sorriso do rosto, o goblin puxa sua arma para fora, no entanto ela parecia ter prendido em algo. Enquanto Cassian gritava e fazia as piores expressões que podia, o goblin continuava tentado puxar a faca.
— Me-merda, rápido matem os goblins! Eu curo ele!
Assim que Ariel terminou de falar, Bianca, que estava completamente imóvel e boquiaberta, puxa uma de suas flechas e a coloca no arco.
— Agora não posso errar, não posso errar.
Com os olhos vidrados e com suas rápidas respirações, atirou sua flecha. Talvez fosse pela necessidade, mas a flecha foi o suficiente para atingir o goblin na cabeça.
Logo após soltar sua flecha a garota cai de joelhos no chão, enquanto solta longas ofegadas.
— Ainda tem outro! — disse Ariel, enquanto corria na direção de Cassian, que estava caído, com a faca cravada no peito.
— Ce-certo, eu ajudo!
Rita corre em direção a criatura, que parecia ainda mais eufórica.
A garota leva sua espada até as costas e puxa novamente em direção a cabeça da criatura, mas a força dela estava longe de ser o bastante para carregar aquilo. A espada escapa das mãos de Rita e vai em direção ao peito do goblin, o acertando.
— Aa, aaaaa!
Seu aterrorizante grito é interrompido por alguém do grupo.
— Rápido Rita, volte para cá!
A garota ainda trêmula, puxa a espada do corpo morto e corre em direção aos seus colegas.
— Todos vocês corram para trás! precisamos ser rápidos, — disse a professora.
Não importava quanto medo ela sentisse, como professora, Jessica tinha o dever de levar todos os seus alunos de volta a segurança.
Ariel e Caio pegam o corpo de Cassian e sua arma, carregado pelas pernas e braços. O garoto, mesmo que pouco; estava perdendo cada vez mais sangue.
— Alguém ajude a carregar ele!
Por mas que não parecesse, o garoto era pesado demais para que apenas seus dois colegas o carregassem até os outros.
— Tudo bem, eu devo conseguir.
Felipe pega Cassian e o coloca no colo, embora pesado, poderia ser carregado até a gruta.
Sem mais distrações, todos correram rapidamente em direção a gruta, o nervosismo e medo estava estampado na cara de todos, nenhum deles poderia imaginar que todos seriam tão facilmente derrotados.
“E agora? Se eles estiverem nos seguindo vão achar a gruta e a paz que tivemos até agora não vai mas existir de forma alguma.”
Finalmente podendo ver a entra, eles já poderiam relaxar e diminuir a velocidade de seus passos.
— Fi-finalmente. Merda, e agora? Tudo que podemos fazer é esperar. — disse Miguel.
Miguel ofegante, senta na porta da gruta, não só ele, mas vários outros que sequer conseguiram aguentar até estarem lá dentro para descansar.
Repentinamente os olhares dos jovens , que estavam para o chão, se voltam rapidamente para o céu. O motivo não era outro se não a grande sombra que havia os privado da luz
“Uau, o que é aquilo? Uma ave? é enorme. Uma harpia seria comido por aquilo com uma mordida. Tão livre, tão linda. Se eu não acabar morto aqui, eu quero isso, quero me tornar assim, tão grande como aquilo.”
Após o grande chamariz simplesmente sumir nos céus, Ariel sai da gruta, com sangue em suas mãos.
— Ge-gente, eu consegui tirar a faca e estancar o ferimento do Cassian, então ele deve ficar bem… Eu espero.
— Isso é bom. Mas o que vemos fazer agora? Se nós formos atacados seremos mortos.
Todos pareciam nervosos, jamais que eles poderiam imaginar que passariam por uma situação como essa em suas vidas.
— Maldito anjo de merda.
— Se acalmem! Nós precisamos pensar. Que tal alguns vigiarem a parte de fora enquanto os outros descansam? Nós trocamos no meio da noite, — disse alguém, em meio ao tumultuo que havia se formado do lado de fora.
— Bem não parece que temos muitas escolhas, né professora? — respondeu Helena, grosseiramente.
— Se acalmi Helena, tu não podi vê qui a fisora só qué o melhor pra nois!?
— Aaa. Tudo bem, que dia de merda, eu quero dormir primeiro.
A garota parecia irritada enquanto entrava na gruta, dando as costas para os demais.
“Certo, eu vou ficar aqui fora agora, nem conseguiria dormir lá dentro mesmo. E se eu ver algum monstro, posso chamá-los”.
— Oi Miguel, você vai ficar aqui né, — disse Ariel.
— Sim, ainda estou muito desperto.
— Então nós quatro ficaremos aqui.
Miguel pareceu finalmente ter criado amizades, mesmo que estivessem preocupados, todos pareciam dar atenção um para os outros.
Sentados na beira da caverna enquanto conversavam, as luas já os iluminava , e nem sequer um barulho podia ser ouvido, além de suas respirações no frio.
— Que qui seis tão fezendu aí? — disse Joesias, enquanto esfregava seus olhos.
— Nós estamos de vigia, e você? — disse Heitor.
— Nada, tá tudo durmino lá, então decidi sair.
— Sei, a propósito qual é sua classe mesmo? — perguntou Felipe.
— Eu so um bardo, mas seila eu que budega é isso.
— A! O bardo é uma classe de suporte, mas não sei quais são suas habilidades, já que normalmente as pessoas só usam bardo em RPGs para tirar sarro. Imagino que seja algo como fortalecer os aliados.
— Tendi.
— Galera que tal chamarmos alguém pra pegar nosso lugar, eu já estou com sono, — disse Heitor.
— Tranquilo, vai chamar alguém nós vamos ficar aqui, enquanto isso, — respondeu Felipe.
O jovem entra na gruta e vai em direção a professora avisá-la sobre a troca de papéis nos turnos.
O silêncio da noite se espalhava por toda a floresta, seu breu não permitia que ninguém pudesse ver quase nada além de cinco metro a frente.
Enquanto esperavam pelos seus substitutos, os garotos permaneciam sentados ao lado da montanha.
“Que desastre, quase morremos só por tentarmos viver aqui, o que faremos agora? Me pergunto se realmente poderemos ficar fortes aqui antes de morrermos. Nós precisamos achar um jeito de ficarmos ao menos bem”.