Armageddon - A Guerra dos Cavaleiros - Capítulo 23
Armagedon
A Guerra dos Cavaleiros
Capítulo 23: Dilúvio
Em Algum Lugar do Oriente Médio, 2948 A.C:
Era uma manhã como as outras, Noé levantou-se de sua cama totalmente nu e começou a vestir-se com a mesma roupa de sempre.
Ele bocejava de cansaço, após o trabalho cansativo da noite passada. Ele saiu de seu quarto alisando sua barba e andou até a sua sala de jantar. Na sala, estavam seus dois filhos, Cam e Jafé, e sua esposa, Naamá.
Naamá possuí olhos semelhantes a de seu marido junto de seu longo cabelo castanho, sua aparência remetesse a de uma de meia idade. Ela usa uma roupa bem simples feita de couro e tecido de uma cor amarronzada.
Cam possuí os mesmos olhos dos pais e seu cabelo é curto e castanho. Ele usa uma camisa e uma calça de tecido de cores azul e marrom respectivamente.
Jafé possuí os mesmos olhos dos pais e seu cabelo é médio e preto. Ele usa uma camisa e calça esverdeadas com pequenas tonalidades de azul.
— Papai — disseram as duas crianças saindo da mesa de jantar e correndo para os braços de Noé.
— Meus filhos, dormiram bem? — disse ele pegando os seus dois filhos com os seus braços e os abraçando com força.
— Eu dormi incrivelmente bem, pai. Mas, não posso dizer o mesmo do Jafé, ele mijou na cama de novo — disse Cam com um sorriso sarcástico.
— É mentira, pai. Eu dormi muito bem e não fiz isso — disse Jafé dando um soco no braço de Cam.
— Aí, essa doeu.
Cam devolveu o soco no braço de Jafé e ele soltou um leve suspiro de dor, e então, os dois começaram a se bater.
— Ei ei ei, pode parar essa briga — disse Noé separando os dois.
— Crianças, vocês devem comportar-se na presença do pai de vocês. Peçam desculpas agora um para o outro — disse Naamá levantando-se da cadeira e aproximando-se dos dois.
As crianças olharam entre si e viraram os rostos na direções opostas um do outro.
— Vocês são irmãos, não deveriam estar brigando por coisa besta. Peçam desculpas um para o outro, por favor — disse Noé abaixando-se para que ouvissem ele melhor.
Os irmãos olharam entre si e então se abraçaram. Noé os abraçou e beijou a cabeça de cada um deles.
— Cam, não diga mais mentiras sobre o seu irmão. Mentir é ato pecaminoso e horrível. Peça desculpas pro seu irmão.
— Sim, pai. Desculpa, Jafé.
— Está desculpado, irmão.
— Agora, vão lá para fora e vão brincar com as outras crianças — disse Naamá contente.
As crianças correram para fora da casa rindo e gritando.
— Essas crianças, sempre brigando por motivos bestas — disse Noé coçando sua cabeça e sentando na mesa.
— Eu não sei, mas devem ter puxado o pai — disse Naamá.
— Me puxado?! Eu com certeza sou bastante racional — disse Noé comendo algumas frutas e alguns pães.
Noé comeu rapidamente, andou na direção de sua esposa e ficou de frente a ela. Naamá não tirou seus olhos do olhos de seu marido, que estava sorrindo para ela.
Noé pegou em sua cabeça e lhe deu um beijo intenso, Naamá o segurou em seus braços e então o afastou de leve.
— Agora não Noé, as crianças podiam ter visto — disse Naamá com o rosto vermelho e cobrindo seu rosto com o seu cabelo e suas mãos.
— Desculpa, mas sabe que eu não consigo me controlar quando você me olha desse jeito. Além disso, só faz algumas horas que fizemos amor na cama — disse Noé indo para perto da porta e pegando um machado — Nós continuamos quando eu voltar do trabalho, eu te amo.
Noé abriu a porta e saiu da casa. Naamá não conseguia tirar as mãos do rosto.
— Eu também te amo, seu idiota — disse ela totalmente envergonhada.
— Eu sei, por isso você é minha esposa e minha amada — disse Noé abrindo a porta da casa de repente e com um grande sorriso.
Naamá assustou-se e caiu no chão com o rosto mais vermelho que antes. Noé fechou a porta novamente e partiu para trabalhar.
— IDIOTA.
Noé andou tranquilamente na direção da floresta com um grande sorriso.
“Devo coletar o máximo de lenha que eu conseguir para o inverno, assim poderei voltar o mais rápido possível para a minha linda esposa”.
Congresso dos Deuses:
Local onde os deuses discutem sobre decisões que possam afetar a Terra e o Reino dos Deuses. Diversas áreas divididas em crenças e há um holofote sobre o Arcanjo Gabriel bem no centro do congresso.
Todos os deuses estão conversando entre si com um alto tom de voz.
— A todos os senhores deuses, peço silêncio nesse congresso para que possamos discutir os tópicos de hoje — disse Gabriel voando com o bater de suas asas para que todos pudessem o observar.
De repente, os deuses pararam de conversar e começaram a prestar atenção nas palavras do Arcanjo.
— Pois bem, teremos hoje: novamente a discussão entre os deuses gregos e nórdicos sobre qual a melhor bebida do reino dos deuses — disse Gabriel, enquanto os deuses Dionísio e Frey se olhavam fazendo sinais de morte e insulto um para o outro — Mas antes, o deus Aegir, senhor dos mares, deseja fazer um pronunciamento.
Uma das poltronas começou a flutuar e ir na direção do meio do congresso e dos holofotes. Todos os deuses olharam com atenção e viram Aegir ficando em pé na poltrona.
Ele possuí um longo cabelo e barba dourada. Sua pele azulada como o mar e seus olhos dourados e emanando pequenos fragmentos de fogo, como o sol. De suas costas, saiam seis tentáculos que se mexiam se forma ondular.
— Deuses e Deusas, vim lhes trazer uma proposta que pode mudar nossas vidas totalmente — disse Aegir fazendo gestos com suas mãos — eu lhes trago a solução para os nossos problemas. Como muitos sabem, a centenas de anos atrás tivemos o incidente conhecido por todos como Ragnarok, causado por aquele humano que trouxe a ruína dos deuses e trouxe uma totalidade de pelo menos 1000 deuses mortos.
Todos os deuses começaram a lembrar daquele evento terrível e em suas cabeças aparecia a imagem de um humano no topo de uma pilha de corpos comendo uma maçã e cuspindo nos cadáveres abaixo dele.
— E depois daquilo, o que aconteceu? Os humanos foram exterminados como forma de vingar as vítimas? Mas é claro que não, o Supremo os deixou viver com uma pequena punição.
Enquanto ele falava, alguns deuses choraram e outros apertaram com força os seus punhos. Contudo, um dos deuses levantou de sua poltrona.
— E o que você propõe, Aegir? Propõe que nós devemos destruir os humanos e contrariar as leis do Supremo? — disse Zeus, que parecia furioso.
— Olá, Zeus. Percebo que estais do lado dos humanos, mesmo sabendo da destruição que eles nos causaram — disse Aegir com um leve tom sarcástico.
— Não estou do lado deles, mas não irei descumprir a uma ordem do Supremo. Ele nos deixou cuidar das leis, por que ele acha justo que nós mesmo saibamos nos governar e governar a humanidade.
Os deuses começaram a conversar entre si, pois estavam confusos com o que deveriam fazer.
— Eu proponho um desafio para a humanidade — disse Aegir sorrindo para Zeus — Vamos testar a humanidade com um teste de perseverança, assim poderemos determinar se são dignos de viver.
— Qual teste você propõe? — disse Zeus desconfiado.
— Iremos inundar a terra com um grande dilúvio por 40 dias e 40 noites, para determinar se diante de uma catástrofe eles são capazes de largar seus pecados e sobreviver. Eu mesmo farei isso com as minhas mãos e caso a humanidade falhe, nós devemos os destruir e caso sobrevivam, eles merecem viver.
— Mas isso é loucura. Como eles serão capazes de sobreviver por todo esse tempo? — indagou Zeus
— Mas Zeus, eles são a criação do Supremo, aqueles criados a sua imagem e semelhança, então devem ser capazes de sobreviver a isso.
Os deuses estavam falando sobre isso entre eles e a maioria parecia concordar com a ideia.
— Mas você sabe que eles não são os mesmo desde o tempo daquele humano — disse Zeus seriamente — Contudo, eu estou vendo que é o desejo da maioria que seja realizado esse teste. Eu proponho, que seja emitido um aviso para os humanos para que eles tenham tempo para se preparar, assim o teste será justo.
— E quanto tempo você propõe, Zeus? — perguntou Aegir.
— Lhes daremos 1 ano, acho tempo suficiente.
— Tudo bem, contudo eu quero adicionar uma cláusula especial. A humanidade deve garantir a sobrevivência de pelo menos um par de cada animal conhecido para que seja provado a perda do pecado deles, pois você deve ter um sábio conhecimento dos danos que eles causaram na natureza, não é Zeus?! Então, essa será também a prova de que os humanos possam coexistir com as outras criações do Supremo.
Diversos deuses levantaram-se e começaram a bater palmas de aprovação. Zeus tentou falar, mas foi impedido pelo barulho. Aegir estava com um olhar confiante e sorria para todos.
Zeus retirou-se do congresso e Gabriel observou a frustração do deus grego e então o seguiu.
No corredor, Zeus murmurava palavras de ódio e então sentiu uma mão no seu ombro. Ele olhou e percebeu que era Gabriel.
— O que você quer, Arcanjo?
— Eu prestei bastante atenção na sua fala, senhor Zeus, e vim lhe dizer que o senhor terá o apoio dos arcanjos.
— Mas o que vocês podem fazer? Os arcanjos não possuem qualquer autoridade no congresso. Vocês não serão de ajuda para mim — disse Zeus tirando a mão do arcanjo do seu ombro.
— O senhor está enganado — disse Gabriel segurando o braço do deus — eu tenho o arcanjo perfeito para essa situação, por favor me acompanhe para que possamos ajeitar essa situação e impedir o pior.
Zeus percebeu a determinação no olhar do arcanjo e fez um sinal de positivo com a cabeça. Gabriel sorriu e o guiou para uma sala com um símbolo de asas na porta.
Quando eles entraram, estava havendo uma grande comoção entre os arcanjos.
— Eu sei que foi um de vocês que comeram os meus salgadinhos — disse Azaquiel irritado e apontando o dedo pros seus irmãos — eu sei que o Anael, Uriel e o Rafael estão livres das acusações, pois eles não seriam loucos o suficiente para fazer isso.
Rafael estava dormindo no sofá, Anael estava no canto chorando e Uriel estava tentando o acalmar.
— Só sobram o Azaziel, Gabriel e o Camael — disse Azaquiel olhando pro lado e percebendo que Gabriel entrou na sala — foi você, Gabriel?
— Estou livre de culpa. Além do mais, se fosse eu, teria um aviso ou algo parecido para te irritar — disse Gabriel com uma cara neutra.
— É verdade, isso é tipo de você — disse Azaquiel coçando a cabeça — então só pode ter sido aquelas duas pestes. Quando eu encontrar aqueles dois, vou lhes dar uma bela lição.
Azaquiel saiu correndo da sala gritando os nomes de Camael e Azaziel e lhes proferindo diversas ameaças e xingamentos.
— Então é assim que os arcanjos normalmente agem? — disse Zeus perplexo com a situação — Você realmente acha que vocês podem me ajudar?
— Não julgue um livro pela capa, senhor Zeus. Sei que podemos ser bastante excêntricos, mas somos bem práticos e focados quando nos dão uma tarefa.
Gabriel foi até uma parede e deu sete batidas na parede. Então, a parede começou a se mover pro lado e nela havia um esconderijo secreto. Enquanto ela abria, era perceptível o som de risadas de duas pessoas.
Quando a porta terminou de abrir, as risadas terminaram e somente o olhar de desespero perpetuou no esconderijo, sendo eles de dois arcanjos: Azaziel e Camael. Gabriel soltou um grande sorriso de superioridade.
Camael possuí olhos com tonalidade dourada e seu cabelo curto e dourado assemelhasse a ouro puro. Sua pele branca destaca-se junto de seu terno branco com uma gravata borboleta com bolinhas roxas e laranjas.
No esconderijo há diversas revistas de comédia e histórias em quadrinho dos deuses. O chão repleto de sujeira e salgadinhos que estavam escritos: Não Toquem, pertence ao AZAQUIEL.
— Ora ora ora, peguei os dois no flagra — disse Gabriel sorrindo e entrando no local.
— Gabriel, seu maldito, como você sabia desse esconderijo? Perguntou Azaziel.
— Quem você acha que construiu esse lugar? Fico surpreso do Azaquiel ter esquecido.
— O que você quer, Gabriel? Perguntou Azaziel.
— Que bom que perguntou, Azaziel. Vou lhes fazer uma proposta, eu preciso do Camael para um serviço e prometo ficar de boca calada pro Azaquiel.
— Mas nem ferrando que eu vou deixar — disse Azaziel.
— Não se preocupe, irmão — disse Camael com sua voz doce e suave — O irmãozão não ia me mandar para uma tarefa impossível ou perigosa para mim, e ele deve realmente estar precisando da minha ajuda.
Camael saiu do esconderijo e ficou de frente pro Gabriel.
— Qual o serviço, irmão?
— Que bom que você perguntou. Acompanhe eu e o senhor Zeus até um lugar e então lhe direi o serviço.
— Tudo bem, irmão — disse Camael com um sorriso puro e andando na direção de Zeus — Olá, senhor Zeus, me chamo Camael e espero que eu possa ser útil para o senhor.
Zeus fez um sinal de positivo e fez um sinal com seus olhos para Gabriel, para que eles saíssem da sala. Gabriel concordou e quando saiu, sentiu seu braço sendo puxado por Azaziel. O arcanjo aproximou-se do ouvido do outro e disse baixinho:
— Tome conta do Camael, por favor. Ele pode ser bem proativo, mas você sabe como ele pode se machucar tão facilmente.
— Não se preocupe, a missão não tem risco e ele ficará somente por um tempo fora. Logo, ele estará de volta — disse Gabriel sussurrando.
— Tudo bem. Só traga ele de volta e em segurança, sabes que ele é importante demais para mim.
— Eu sei, Azaziel. Ele é importante para todos nós, afinal ele é nosso irmão e damos a vida por nossos irmãos.
Gabriel tirou a mão de Azaziel de seu braço e andou ao lado de Zeus e Camael para fora da sala. Azaziel apertou com força o seu peito de preocupação.
“Essa não é a primeira vez que ele sai em missão e sei do que ele capaz, mas por que eu sinto essa sensação de inquietação no peito?”, pensou Azaziel.
Azaziel estava certo naquele momento e sua preocupação era verdadeira. Pois depois daquele dia, ele nunca mais viu Camael ou o seu sorriso contagiante de novo.
Continua…..