Arthur: O Cavaleiro de Tsarita - Capítulo 1
— Merda, eu preciso arrumar algum dinheiro.
Estou viajando a dias sem nenhum tostão no bolso e sem ter onde ficar, apenas sobrevivendo de pequenos furtos,eu preciso conseguir algum dinheiro.
Enquanto andava pela cidade, me deparei com uma loja de itens e armas. Rapidamente entro na loja e começo a olhar os preços.
— Ei garoto, o que veio fazer aqui? Se não veio comprar nada, apenas suma. — Resmunga o velho senhor dona da loja de itens.
— Tá de mal humor hoje hein, estou apenas dando uma olhada no que tem aqui, mas me parece que não tem nada que preste. — Digo com tom irônico.
Olhando na sessão de armas,havia uma espada chama minha atenção e não deixo de reparar seus detalhes, sua lâmina preta dava certo charme e suas gravuras traziam ar de um produto de qualidade e em seu guarda-mão havia a forma de um grifo, porém o detalhe que mais se destacava era seu preço.
— 100.000 Tsar? Esse é o preço de uma casa! você rouba mais que eu velho.
O dono da loja apenas me ignora e eu sigo meu rumo saindo da loja, mas não antes sem furtar algum dos itens que achava ter algum valor.
O item em questão era uma poção de cor verde claro que brilhava com uma luz fraca, porém ao sair da loja sinto que tinha algo estranho, o peso era muito leve. Ao abrir para averiguar melhor percebo que se tratava de uma garrafa vazia, o vidro verde e sua estrutura fazia a ilusão de uma garrafa cheia quando exposta a luz do sol.
— Merda, aquele velho me enganou! — Digo furioso prestes a quebrar a garrafa no chão. — Bem, não era como se pudesse exigir algo dele por um produto roubado, é melhor guardar na minha mochila, talvez mais tarde seja útil.
O Próximo passo era achar alguma outra loja para vender aquela garrafa vazia, pela sua aparência deveria pelo menos valer o dinheiro para uma noite na pior das pousadas. Enquanto pensava sobre o objeto para arranjar algum dinheiro, a figura de uma garota de cabelos vermelhos carmesim passa ao meu lado acompanhada de um homem velho, porém com o porte físico de um jovem, ambos andavam bem vestidos e não pude deixar de reparar no que conversavam.
— Hoje a noite nós partiremos até um pequeno vilarejo ao nordeste. — Comenta a garota.
Como se o mundo conspirasse a meu favor, a oportunidade perfeita me perseguia. A garota por sua vez, se distanciava cada vez mais me forçando a tomar uma decisão, eu então a sigo sem que fosse visto.
Chegando ao local e como havia pensado, uma grande mansão e diversos seguranças, porém nada que não pudesse ultrapassar. A garota e seu mordomo entram dentro da mansão então me afasto para que não chegasse a ser visto por algum guarda, ela havia dito que a noite iria para uma vila no noroeste, então eu tinha apenas 3 horas até ela sair.
Decido então passar meu tempo analisando o ambiente, subindo numa árvore ali por perto consigo visualizar uma possível entrada, vinda de uma janela quebrada no segundo andar da mansão, o maior problemas são os guardas que se mostravam numerosos, não era possível dizer com exatidão, mas cerca de 12 a 15 guardas bem equipados com uma espada e armadura leve além de todos terem Algo que comum, que era um símbolo de uma fênix em suas costas, provavelmente são algum tipo de agência de segurança paga, e aquele seria seu uniforme. Se passaram 3 horas, finalmente o momento de agir chega.
Os guardas estavam todos em seus postos, me preparei e pulo o muro da casa, nenhum guarda nota minha presença e quando se distraem escalo a parede até a janela quebrada.
“É assustador o quão fácil foi de invadir, essa empresa de segurança deveria ser processada por tamanha incompetência..”
Agora dentro da mansão, entro em uma das portas e encontro o tesouro que precisava, uma adaga banhada a ouro que estava presa a parede, com cerca de 30 centímetros de comprimento sua lâmina dobrada para dentro formava uma imagem semelhante a de um bumerangue.
“Com essa quantidade de ouro poderia ficar um bom tempo sem roubar,além de que tenho certeza que esses nobres não irão à falência por apenas uma adaga.”
Rapidamente retirou a adaga da moldura da parede e me preparei para me retirar quando de repente sou recebido por um golpe de um porrete nas pernas.
Sou jogado numa estante de livros e a figura humanóide com cabeça de pato surge em minha frente, com 2 metros de altura e um corpo musculoso, nunca havia visto um ser semelhante a esse, porém já tinha ouvido falar de sua raça.
Mesmo com o impacto consigo me levantar, e ao perceber isso o pato bombado avança e tenta me acertar outro golpe nas pernas, já preparado uso a força dos meus braços para subir na estante e evitar o golpe.
“Esse pato parece querer me imobilizar, então está mirando apenas em minhas pernas e provavelmente nos braços, esta estante está cheia de objetos, então devo usar isso ao meu favor.”
Comecei a jogar vasos de plantas e pequenas facas de arremesso que estavam presas na parede como decoração.
Os objetos se mostram eficazes tendo em vista que o pato dá um passo para trás atordoado, as facas não perfuraram sua pele, porém fizeram cortes em todos os lugares que acertou.
“Essa é a minha chance de finalizar!..”
Avanço em sua direção e dou um pulo e usando peso a meu favor, acerto a cabeça do pato com o cabo da adaga usando toda minha força, e contrariando minhas expectativas, o pato se mostra resistente ao meu golpe.
O pato então prepara seu contra-ataque e balança seu porrete, com apenas um golpe em meu braço sou jogando contra a parede e após um grande impacto com a mesma eu perco a consciência.
— Vamos, acorde!
Sou despertado com um balde d’água em meu rosto pela mesma nobre de cabelos carmesim, acompanhada do pato bombado. O ambiente era escuro e havia apenas uma porta em minha frente, ao tentar mover meus braços percebo que é inútil pois foram restringidos por algemas.
— Comece a falar, para quem você trabalha? Se não estiver disposto a nos contar, temos diversos metodos de tortura. — Diz a garota estendendo sua mão. — Aliás, eu consigo detectar qualquer mentira, então nem adianta tentar. — Diz a garota enquanto acomodava-se em uma cadeira.
O Pato então que segurava uma bolsa, revela diversos pequenos aparelhos de tortura. Mentir ali não era viável, a não ser que quisesse um objeto de metal em minhas partes baixas.
“Por que eu fui roubar a casa de um nobre, eu sou retardado por acaso? Eu devia estar muito louco pra decidir roubar uma casa após ouvir uma conversa na rua.”
— Meu nome é Arthur e tenho 17 anos, sou apenas um ladrão que por azar, vim roubar sua propriedade para poder me alimentar, não tenho nenhum emprego, o que torna difícil até mesmo poder me sustentar.
A garota me analisa por alguns segundos, como um juiz julgando um criminoso.
“Se Deus quiser se comove com isso e eu saio impune, a esperança é a última que morre.”
— Mais uma pergunta, foi notaria sua habilidade enquanto lutava, por acaso treinou alguma espécie de arte marcial?
— Nunca pratiquei qualquer tipo de artes marciais, talvez eu tenha algum talento nato.
— Entendo… — A garota se levanta da cadeira, e faz uma expressão pensativa. — Atualmente nós mais do que nunca precisamos de pessoas dispostas a lutar em batalhas, lhe pagaria uma humilde quantia de 7.000 Tsar por mês, gerando um emprego e lhe tirando do mundo do crime, o que acha? Se recusar você simplesmente será preso por tentativa de furto.
“As coisas estão se encaminhando de uma forma muito rápida, essa garota tem algum problema? eu estava roubando a casa e agora ela me oferece um emprego num exército? Quando a esmola é demais o santo desconfia, alguma coisa ruim pode acontecer, porém recusar a proposta nessa situação é burrice.”
— Tudo bem contanto que eu não seja preso. — Respondo sem muitas opções.
O pato bombado então surge e me liberta das algemas que antes me prendiam e me conduz até algum lugar, passeando pelos corredores, o caminho é marcado por ninguém de ambos os lados conduzirem uma palavra, mesmo com algumas dúvidas pairando na minha cabeça.
— Chegamos. — Diz a garota enquanto abria a porta.
O local em que paramos era familiar, o mesmo ponto onde eu e o pato bombado lutamos. O ambiente estava um caos e tudo estava quebrado, a luta contra o pato bombado deixou estragos piores do que lembro.
— Seu primeiro trabalho será limpar toda a bagunça que produziu enquanto lutava contra o Howard, os instrumentos para limpar estão no canto a direita. — Dizia a garota que segura o Pato pelo ombro. — Você também não vai escapar, ajude-o a limpar os destroços. — Dizia a garota impedindo o Pato de sair.
Então o pato fica comigo encarregado de me ajudar, ele por sua vez não parecia nem um pouco satisfeito e de forma bruta jogava os móveis destruídos pela janela quebrada.
— Ei pato, mais cuidado enquanto joga esses móveis pela janela, você pode acertar alguém.
O pato por sua vez apenas me ignora e continua a jogar os móveis para baixo sem nenhuma preocupação.
— Pato, eu sei que começamos com o pé esquerdo, mas gostaria que pudéssemos fazer as pazes. — Digo enquanto estendo a mão a ele.
O pato por sua vez segura meu braço e revela o prego oculto em minha mão, a partir daí outra briga se inicia, dessa vez apenas no soco.
— Por acaso já arrumaram as coisas. — A garota abre a porta e flagra nós dois brigando.
Após isso, tivemos que trabalhar dobrado em total harmonia, até o fim da tarde e o inicio da noite, quando finalmente terminamos de limpar aquela bagunça e organizar os objetos a garota de cabelos vermelhos surge.
— Bom trabalho vocês dois, fizeram o mínimo. Arthur, por hoje está dispensado. Howard, me acompanhe, tem algo que quero discutir. — Diz a garota enquanto dava as costas a minha pessoa.
— Com licença, teria então como me arranjar algum dinheiro para passar essa noite, não me resta nada e eu cheguei na cidade recentemente.
A garota olhou para trás e me encarou por poucos segundos, até que com um simples gesto de bater palmas chama uma empregada que vem até ela.
— O guie até um quarto vazio nos dormitórios.
Com poucas palavras a garota ordena a empregada, que apenas faz um gesto para que eu a siga, antes de ir até os dormitórios eu tinha uma pergunta muito importante a fazer.
— Eu já me apresentei a você, porém tem algo que eu ainda não estou sabendo, qual o seu nome?
A garota olha para mim, com seus olhos vermelhos e me responde com breves palavras.
— Meu nome é Akane Chevalier, porém pode me chamar apenas de Akane, sou filha de Dragomir, líder dos cavaleiros. qualquer outra pergunta que tenha será respondida amanhã.
Akane então segue seu caminho com o pato sem mais interrupções, enquanto a empregada me guiava por aquela mansão sem dizer nenhuma palavra.
— Então, eu percebi que vocês não gostam de falar muito, mas poderia ao menos dizer seu nome? — Digo enquanto seguia a empregada.
A empregada permanece em silêncio, minha tentativa de dialogar foi um fracasso, parece que ninguém aqui gosta de falar, então o caminho até o quarto foi marcado por um silêncio. Finalmente após caminhar por tantos corredores chegamos ao quarto, a empregada então abre a porta do quarto e a primeira vista que tenho é de um quarto totalmente vazio, não havia nem sequer um lençol ou travesseiro. A empregada me entrega as chaves da porta e se retira, me deixa ali sem dizer nada.
— Pelo menos o quarto tem um teto. — Digo sozinho enquanto deitava no chão. — Espero que amanhã o dia seja melhor.
A noite é tranquila, porém sou despertado logo cedo por alguém que batia em minha porta e ao abrir a mesma, o pato se revela como aquele que batia na porta.
— Eai Pato, como vai.
O pato me olha com desdém, e me ignora. Eu o acompanhei até chegarmos até uma espécie de campo de treinamento, onde soldados treinavam suas habilidades com a espada, arco e artes marciais. Akane estava lá duelando contra um dos soldados, quando Akane parece notar minha presença, ela rapidamente desarma o soldado usando de sua espada e o domina e vem falar comigo.
— Como havia lhe dito, hoje irei lhe responder suas dúvidas. — Diz Akane enquanto limpava o suor em sua testa.
— Direto ao ponto, por que a sua empregada não fala nada? E por que você me contratou pra ser um cavaleiro
— A Stephanie não diz nada pois é muda, e apenas lhe contratei pois reconheci suas habilidades.
“Então era por isso que ela não me respondeu quando perguntei seu nome, eu com certeza tinha algo a mais para perguntar, porém nem me recordo mais o que era.”
— Se não tem mais nada a perguntar, vamos parar de perder tempo e começar a treinar. — Diz Akane enquanto aponta a espada.
Não havia muito que pudesse fazer, minha memória é fraca e não tinha mais ideia do que ia perguntar. O treinamento começa e Akane já demonstra suas habilidades na arte da espada, treinamos a manhã toda até chegar a hora do almoço. Eu vou almoçar junto dos outros cavaleiros e enquanto almoçava, Akane surge e chama a atenção de todos.
— Todos vocês se preparem, os nobres da família Alberich foram sequestrados por demônios, todos vocês tem 10 minutos para se prepararem.
Todos imediatamente terminam suas refeições e preparam suas armas como se já estivessem preparados para qualquer situação. Agora não tinha como fugir, aquela seria minha primeira tarefa após me tornar um cavaleiro.