Arthur: O Cavaleiro de Tsarita - Capítulo 2
— Todos estão prontos? Partiremos imediatamente.
Todos se prepararam e entraram dentro das carroças, 15 soldados, sendo que pelo menos 10 não tinham nenhuma experiência em combate.
Dizia Akane que aqueles eram demônios inferiores, e que não representavam nenhum perigo real.
Dentro daquelas carroças havia diversos caixotes cheios de suprimento, então optaram por se sentarem escorados aos caixotes.
Quando todos já estavam dentro, começaram a se movimentar em grande velocidade.
Por ser velha, a cada metro que andava gerava turbulência, com isso objetos se partiram no chão.
Uma pequena folha de papel saiu voando pelo ar e acabou parando em minhas mãos.
Ninguém percebeu o papel, e logo que a peguei decidi verificar seu conteúdo.
Lendo tudo que nele estava escrito, havia apenas informações sobre transportes de carga, inclusive de Anthros.
— Ei você, qual o seu nome?
O silêncio é quebrado quando o homem em frente perguntava olhando fixamente em minha direção.
Sua aparência se destaca da maioria, aquele não é um novato, nítido por sua armadura destacada, tudo parecia ter mais prestígio.
Sua aparência física também não é comum, curtos cabelos loiros e olhos azulados, uma pele muito branca e um físico um tanto quanto robusto.
— Meu nome é Arthur, qual seria o seu?
Acabo revelando meu nome, não é como se fosse um segredo, mas é como se minha intuição gritasse para não confiar em nada que esse cara diz.
— Joel Reenie Silver, mas pode me chamar apenas de Joel. Eu ainda não lhe conhecia, a quanto tempo você entrou para a nossa organização?
— Nesse momento, irá completar um dia completo.
Joel olha em um tom desconfiado, compartilho do mesmo olhar sobre sua pessoa, mas quando analiso a situação vejo que sua desconfiança tem fundamentos.
Joel demonstrava querer fazer um interrogatório, mas volta sua atenção a alguns outros novatos.
Não quero voltar a conversar com ele, então apenas espero que possa ficar em silêncio por todo o caminho.
Se passaram cerca de 40 minutos até chegarmos a casa dos Alberich, logo na entrada já é possível perceber que o ambiente havia sido violado há pouco tempo.
Todos saem e se preparam com suas respectivas armas, em todos os cantos havia destroços de madeira e objetos quebrados.
— Todos em formação! — Diz Akane.
Todos ficaram juntos sem encostar, logo que todos elevaram sua guarda estavam prontos para avançar.
Mais na frente foi possível encontrar a casa, também destruída e com objetos espalhados por todos os lados.
Com muita cautela, entramos dentro da casa, no interior havia indícios de um combate direto, com marcas de luta corporal e combate com espadas.
Joel foi direto analisar os mínimos detalhes, dois grupos foram separados, um se juntou a Joel em sua análise do ambiente, enquanto o outro ficou acompanhado de Akane.
— Arthur, venha comigo. — Diz Akane enquanto fazia um sinal com a cabeça.
Acabei ficando do lado de Akane, o primeiro passo agora era investigar o segundo andar da casa.
Começamos a subir as escadas, novamente vimos diversos destroços, no entanto ao subir completamente se destaca uma marca de sangue na parede, que formava um rastro até o quarto logo ao lado.
Todos se preparam e avançam ao cômodo, o ambiente era tenso, talvez fosse um delírio, mas uma névoa preta passava entre as pessoas, como o chamado da morte.
Ao abrir a porta, os novatos gelaram, e Akane não pode esconder sua expressão de choque.
Em nossa frente, estava o corpo de Bernard, líder da família Alberich.
O que antes era apenas uma simples missão se tornou algo muito mais sério, não fazia sentido um demônio racional fazer algo assim.
Aliás, as informações ditas é que foram sequestrados, demônios podem ser inferiores aos humanos quando o assunto é inteligência, porém eles não são estúpidos.
Akane começa a analisar o corpo e o ambiente, o corpo estava quase irreconhecível, não pude ficar observando nem um segundo a mais, porém quem fez aquilo tinha força o suficiente para no mínimo, lutar contra 10 homens com as mãos nuas.
Ficamos do lado de fora, esperando Akane terminar com o resto, e após 10 minutos, ela saiu do quarto enquanto segurava uma espécie de unha em suas mãos.
Sangue escorre e um pedaço de carne está cravado, com certeza aquilo fazia parte do agressor.
Todos foram divididos, procurando por toda a casa em busca de possíveis vítimas e pistas sobre os agressores.
— Arthur, me acompanhe. — Diz Joel enquanto faz um gesto com as mãos.
Novamente seguindo ordens, dessa vez ao lado de Joel.
Fomos andando, direto ao porão da casa, um dos lugares mais suspeitos, diga-se de passagem.
Descíamos as escadas do porão, o ambiente mofado e aquela madeira podre torna tudo possível a desabar em nossas cabeças.
Logo ao descermos fomos surpreendidos por um ataque surpresa, de algo que se esgueirava pelas sombras.
Mal pude vê-lo, e o mesmo já estava com seu braço decepado. Joel com seus reflexos rápidos impede que algo pior possa acontecer.
Iluminando o local utilizando de um candeeiro antigo, revela a face do pequeno demônio agonizando de dor.
Seu rosto é completamente deformado, sua respiração polui o ar, e sua presença é deplorável.
Aquilo não podia nem ao menos formar uma sentença, apenas emitir grunhidos, logo foi finalizado por Joel com um corte certeiro em seu pescoço.
Agora era possível trabalhar em maior paz, com toda certeza aquilo não havia sido o responsável pelos ataques, é questionável se ao menos pode fazer alguma coisa.
Olhando melhor, nas paredes haviam algumas algemas presas a correntes, o ambiente estava ensanguentado, mas não é nada recente, aquilo tem pelo menos alguns dias.
Não se deve fazer especulações antes de ter qualquer prova, mas faz sentido pensar que esse demônio estava preso por aquelas algemas.
Não haviam marcas em seus braços, pernas ou qualquer membro de seu corpo, afastando as hipóteses de que ele estava preso.
Olhando agora para o porão em si, não havia mais além de caixas, e seu conteúdo era formado apenas de sucata e coisa velha.
A investigação continuava, levantando caixas e afastando os pedaços de sucata a fim de encontrar algo.
Tudo parecia normal, até um pequeno pedaço de papel escorrer nas arestas de uma das cartas e cair sobre o chão.
Era um pequeno envelope, bem chique, com um papel de alta qualidade, carimbado com um selo desconhecido.
Joel não havia percebido, decido averiguar seu conteúdo, antes de entregar a Joel.
Por mais que o papel estivesse em bom estado, as letras estavam quase ilegíveis, com manchas de tinta escorrendo.
Por mais que as condições estivessem ruins, ainda era possível arriscar uma leitura. A parte inicial da carta estava menos afetada, e quanto mais se lia, pior se tornava, na carta estava escrito:
“Admiro a sua inteligência senhor Bernard, não bastará muito tempo até que seja possível aplicar suas invenções numa escala maior. Infelizmente a produção de todos os materiais foram afetadas, devido a esse grande período de chuva que andamos tendo, espero que possa compreender, que irá atrasar um pouco.”
A partir desse ponto, se tornava impossível ler o que estava escrito, o que havia ali é deveras importante, sendo assim deve imediatamente informar Joel ou Akane.
Sem ter muito o que fazer, nós subimos, e encontramos Akane reunida com os outros soldados, todos informando qualquer coisa que houvessem descoberto. Joel conta sobre o porão e o demônio estranho que enfrentamos, e eu mostro a carta que encontrei.
Akane lê rapidamente, não revelando a ninguém o que nele estava escrito.
Após reunir tudo, Akane forma o grupo e se prepara para partir em busca dos outros membros da família, que segundo o que indicava estavam ali por perto.
Em um lugar um pouco mais afastado da casa, havia indícios de destruição em uma trilha que adentrava uma floresta próxima.
— Novamente iremos nos separar, alguns de nós ainda tem de permanecer aqui na casa, então encarregarei Joel de seguir a trilha junto de alguns novatos. — Diz Akane, novamente separando dois grupos distintos.
Fiquei encarregado de seguir juntamente a Joel, já fui salvo por ele uma vez, agora sinto que posso confiar um pouco mais nele.
O começo dos rastros vem de um pequeno armazém destruído, o local armazenava ferramentas e alguns materiais, analisando mais de perto, algumas ferramentas haviam sido retiradas do lugar, enquanto outras estavam espalhadas no chão.
Havia uma mesinha destruída, próxima as ferramentas, a madeira estava marcada com sangue, junto de um pequeno serrote.
Aquilo tudo é no mínimo suspeito, as pistas encontradas no porão denunciam que esse cara é uma pessoa de caráter duvidoso.
Seguimos rapidamente a trilha dessa vez sem distrações, o caminho era demarcado pela deformação na geografia do ambiente, com galhos de árvores quebrados e plantas pisoteadas, era notável desde antes que o demônio que fez isso tem uma força sobre humana, no entanto esse ambiente revela também o seu grande porte físico, capaz de deixar uma marca por onde passa.
Restava agora seguir em frente, o nervosismo predominava, aquela floresta úmida transmite uma sensação terrível, toda a destruição já era um prenúncio do que está por vir.