Bevan - O Divino Império - Capítulo 21
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- Capítulo 21 - Primeiro teste: sobrevivendo na floresta do demônio selado
— Você vai ser um ótimo peão, sr. Piovani.
O homem murmurava contente com o desenrolar de seus planos. O garoto se tornou seu novo brinquedo, na qual era útil de várias formas. Eufórico, foi até sua sala para se reorganizar.
Fernandes estava estressado por sempre ter que fazer o trabalho do seu superior, ele não conseguia pensar em mais nada além de despachá-los.
— Sem mais delongas, é hora de começar!
Ele gritou loucamente e ergueu seus braços, então fez uma reverência para os novos recrutas. Seu rosto estava contorcido num sorriso perverso quando ele disse: — Adeus!
Um brilho empacou que o grupo conseguisse ver a sua frente, e quando voltaram a enxergar, estavam numa densa floresta. A passagem do Sol era bloqueada pelas copas das árvores, que eram gigantes.
Todos estavam aterrorizados, pois o lugar emanava uma aura opressora. Era como se estivessem nas terras demoníacas. Pietro, pelo contrário, sentia-se confortável naquele lugar.
“Isso é estranho, essa floresta… porque parece tão familiar?” questionava-se. Não demorou muito para ter certeza, então entusiasmado murmurou — Será que essa é a mes…
— Ouçam, todos! Eu sou o filho da família Baumer, neto do comandante, Thaylor Baumer!
Com o grito imponente, todos voltaram sua visão para ele. Ao verem o rapaz, tiveram certeza de sua identidade. Pois estava vestido com roupas brancas e o rapaz tinha o cabelo loiro — característica da família Baumer.
A família do garoto não era conhecida somente pela sua devoção à igreja, mas também por seu jeito único de lutar. Tendo a fé como combustível, eles usavam poder divino para aumentar suas habilidades.
— Peço que me sigam e obedeçam minhas ordens, e prometo a vocês que iremos concluir esse teste com perfeição!
As pessoas, daquele grupo, que antes estavam assustados, começaram a gritar de alegria com o que escutaram. Esqueceram até dos avisos já dito…
“Bem, isso não é problema meu”, pensou Pietro, enquanto caminhava na direção contrária a do grupo.
Algumas pessoas notaram sua partida e começaram a cochichar, afinal poucos atrás o jovem era o centro das atenções, e também, sua força era inegável.
Ao perceber ele se afastando, Thaylor provocou: — Ei, amigo, onde está indo? Não pretende se juntar a nós?
— Você já respondeu sua pergunta.
Seu rosto delicado de repente criou rugas, seu cenho estava franzido. Contudo, ele ainda disse sorrindo:
— Tenho certeza que você sabe só de olhar o quão perigosa essa floresta é, ficar sozinho com certeza só te trará a morte.
Pietro, porém, continuou caminhando sem responder ou olhar para trás. Aquilo deixou Thaylor muito irritado, causando cochichos entre os que começaram a segui-lo.
— Ei, seu lixo! Não ouviu o mestre Thaylor? Quem você pensa que é? — Um dos plebeus gritou.
Rangeu os dentes quando percebeu que não receberia resposta. Com o rosto sombrio correu até Pietro e desferiu um soco com a mão imbuída de mana ardente, que explodiu em uma grande chama.
“Esse é um jeito interessante de usar a mana”, contemplou Pietro em pensamentos. “Contudo, ele ainda é um novato nas artes marciais”.
Ergueu sua mão suavemente até alcançar o punho daquele que estava atacando-o. Num único movimento, usando a força do próprio soco, ele jogou o rapaz a metros de distância.
Ficaram todos boquiabertos. O jovem então continuou andando, contudo dessa vez não disseram mais nada para impedi-lo.
Algum tempo depois percebeu que não estava próximo de ninguém. Respirou fundo e usou sua habilidade ‘Imperador do Pecado’ para vasculhar ao redor.
O lugar era um vasto campo florido, com uma diversidade gigantesca de plantas. Sua habilidade começou a enviar diversas notificações, nas quais relatavam que várias daquelas plantas serviam para fins medicinais.
Não entendia a importância daqueles avisos, mas as repetições das mensagens avisando isso, o irritava. Por fim, ele recolheu algumas daquelas plantas que eram tão comentadas nos textos.
Uma hora depois, sentado de frente para uma fogueira, tirou um pedaço de carne do seu anel de armazenamento para assar. Então teve a ideia de comer junto com as ervas medicinais.
“Se são chamadas assim, devem fazer bem”.
Enquanto os estalos da fogueira reverberam por aquela planície, o garoto pensava em como comer aquelas plantas.
“Os cogumelos dá pra cozinhar junto da carne e faz algum tipo de caldo, mas e essas flores?”
enquanto pensava em receitas o tempo passou, sua carne estava assada e seu estômago roncando.
Com as mãos pegou a carne e abocanhou um grande pedaço e mastigou algumas vezes antes de comer alguns cogumelos também.
“Parando pra pensar, essa combinação parece uma salada”. O garoto gargalhou percebendo isso.
Continuou comendo e pensando, sua cabeça não parava um instante sequer.
“Júlia ficaria feliz me vendo ter uma refeição saudável assim”, pensou tremendo os lábios. “Ah… Que saudades dela”.
Enquanto comia e lembrava de seus companheiros, sem perceber, a energia das plantas foi se acumulando em seu interior.
PERIGO!
Uma grande quantidade de mana está entrando em conflito em seu interior!
AVISO!
Refine a mana em seu núcleo!
Somente ao receber a mensagem o garoto se deu conta do que estava acontecendo.
— O que diabos…
Antes de conseguir raciocinar o que estava acontecendo, sentiu uma dor excruciante percorrer seu corpo. Era como se mil agulhas estivessem o perfurando.
Ele gritava ao sentir a dor intensificar. Os gritos reverberaram, assustando os pássaros nas árvores. Acompanhado dos grunhidos e gritos várias cusparadas de sangue saiam de sua boca.
“O que diabos eu tenho que fazer?”
A quantidade de sangue que ele cuspia aumentava em sincronia com a dor que sentia. Outro aviso então apareceu em sua frente.
As veias de mana do mestre estão se deteriorando. Caso a mana não seja refinada os danos podem ser irreversíveis.
Assustado com a possibilidade de não conseguir usar seus poderes, entrou em desespero. Se não conseguisse reverter a situação, morreria ali e nunca mais veria aqueles que ama.
“Não! Nunca vou deixar isso acontecer!”
Sentou-se no chão e cruzou as pernas, juntou as mãos e começou a meditar. O primeiro passo seria sentir a mana excedente, em seguida devia fazer a mesma circular por seu corpo.
Sua regeneração era algo para se ter orgulho, portanto as propriedades mágicas da mana seriam o suficiente para impedir que os danos fossem irreversíveis.
A dor estava cada vez mais insuportável, fazendo-o perder a concentração constantemente.
“Faça isso!”, ordenou a si mesmo. “Vamos, sua vida depende disso! A vida dos seus amigos depende disso”.
Motivando a si mesmo, controlou sua respiração e manteve o foco. Então conseguiu sentir o montante de mana em seu interior. O primeiro passo estava concluído.
Usando sua própria mana para circular a nova, deu início ao segundo passo. Além de último, era o mais importante.
Aos poucos sua mana foi se misturando com a que estava destruindo seu corpo. Pouco a pouco estava sendo purificada e restaurando suas veias.
Pietro continuou a cuspir sangue, porém uma gosma preta estava misturada ao mesmo e de seus poros um líquido. Era a impureza da mana que fora purificada.
O processo de assimilação foi demorado e doloroso. Diversas vezes ele pensou em desistir e acabar com seu sofrimento.
A mana em seu corpo nesse momento era diversas vezes maior que seu nível, porém somente isso não era o suficiente para fazê-lo upar.
Como subir de nível era ainda um grande mistério para ele; conseguir uma boa posição no exército era também um de seus focos para conseguir informações que para os outros são senso comum.
“Não sei como as pessoas vão reagir se eu fizer uma pergunta dessa, os riscos são grandes demais…”
Esses riscos, na verdade, eram uma possibilidade daquele mundo não ser a “Terra” que ele conhecia e os seus habitantes naturais não aceitarem aqueles que vieram de outro planeta.
“Como não tenho muitas informações, é melhor não arriscar”, pensou respirando fundo. Suas veias já estavam reparadas o suficiente para o refinamento de mana ser fácil.
Quando terminou já estava escuro, e não podia mais ficar naquele lugar. Recolheu alguns cogumelos e flores e seguiu seu caminho.
“Consigo sentir a intenção assassina daqui. Parece que os monstros se escondem durante o dia e atacam a noite…”
Caminhando em direção a lua, conseguia sentir cada vez mais que monstros o cercava. Na primeira oportunidade com certeza iriam atacar.
“Bem, não é como se isso fosse ruim. Acredito que assim conseguirei subir de nível”
Dando passos lentos para ter tempo de analisar seus inimigos, Pietro chegou a uma clareira iluminada pela Lua e enfim pôde observá-los: porcos gigantes andando sobre duas patas, Orcs.
— Esse mundo realmente é cheio de surpresas. Parece que vou poder comer carne por algum tempo.
Com um sorriso perverso, partiu para o ataque. Contra tantos inimigos, qualquer meio de conseguir a vantagem era válido.