Carnaval no Abismo - Capítulo 17
Era uma vez, um orfanato abandonado no fim do mundo.
Lá, doze pessoas, um adulto e onze crianças, viviam dias difíceis. As doações eram escassas, e muitas vezes tinham que virar a noite com os estômagos vazios. Por falta de pagamento, a água havia sido cortada e, muito em breve, a energia também seria.
Com o falecimento da antiga administradora do local, os bens dela foram parar nas mãos do seu único filho de sangue, ●●●, obrigando-o a abandonar todos os seus planos futuros e ambições para trabalhar exaustivamente a fim de manter o orfanato. Por conta disso, em pouco tempo, a pressão de ter seus sonhos escapando por entre os dedos o corroeu por dentro. Tornou-se frio e depressivo.
Ao mesmo tempo, a missão das crianças abandonadas era achar maneiras de esquecer a fome. E foi nas brincadeiras e aventuras corriqueiras que encontraram isso.
“Um pouco de alegria neste lugar frio. Uma fuga do luto.”
Em um desses momentos de brincadeira, o pequeno Antony encontrou a câmera de ●●●, um objeto antigo e esquecido em uma gaveta. Inocentemente, a pegou e reuniu seus amigos para tirarem fotos e registrar memórias, um pequeno momento doce em meio à rotineira amargura da escuridão.
“Só preciso devolver antes que ele apareça.”
Porém, o tempo passou correndo nesse dia, e eles acabaram sendo pegos em flagrante pelo cuidador que tinha chegado mais cedo do trabalho.
Encabulado, Antony foi o primeiro a dar um passo à frente e pedir desculpas. Até mesmo o convidou para participar da brincadeira, mas sua única recompensa foi receber um tapa violento que o deixou entorpecido no chão.
“Ah, ele quebrou…”
Antes da sua mãe falecer, ●●● sonhava em ser um grande repórter. Aquela câmera tinha sido um presente dela, comprado com muito esforço e suor, um símbolo único de amor. E agora, essa lembrança importante estava nas mãos sujas de um bando de crianças malcriadas. Devido a isso, todas as trevas que tinham se acumulado no interior dele, transbordaram.
Foi uma tarde inteira de lágrimas, gritos e horror. As trevas de ●●● encontraram um pouco de luz através do ódio e violência.
“Por que não descontar todas as minhas frustrações naqueles que roubaram tudo de mim?! Não é justiça sendo feita?! Eles apenas estão tendo o que merecem!”
Um duradouro pesadelo começou.
Bem, não era como se todos os vizinhos fossem surdos. Eles apenas não se importavam o suficiente para desligar a televisão e intervir. Na verdade, aumentavam o volume um pouco mais para não perderem uma fala sequer da novela da tarde.
“A falta de carinho, machuca…”
Sem nenhuma razão em especial, Antony era o maior alvo das torturas. Quando o seu nome ricocheteava pelas paredes, ele tinha que se mover e ir ao encontro do cuidador rapidamente para manter os seus amigos seguros. Caso não fosse, era certeza que todos apanhariam.
“Isso… Um pedaço do Paraíso.”
Da mesma forma que não precisava de um grande motivo para agredir, ●●● também não era exigente com suas armas de tortura. Qualquer coisa que estivesse ao alcance das suas mãos, servia.
“Eu… não suporto mais. Isso precisa acabar.”
Os gritos estridentes do pequeno garoto de cabelos brancos era, basicamente, o som mais frequente naquele lugar, e o silêncio só retornava quando a meta de misturar uma boa quantidade de sangue com lágrimas fosse alcançada.
“Já chega!”
Foi em uma dessas seções de crueldade que tudo mudou de vez.
Hillary correu e abraçou o seu irmão com força, entrando na frente de um dos golpes. Seu coração batia forte e, mesmo ciente de que também seria ferida, não demonstrou medo. Assim como todo o resto, ela também tomaria para si metade do sofrimento dele.
“Não vou mais permitir que continue com isso!”
Invocado por esse forte desabafo, o tempo parou e « aquilo » apareceu para a garota de cabelos brancos.
Era uma espécie de fantasma pálido com mais de dois metros de altura e buracos negros no lugar dos olhos. Uma existência horrenda com um corpo fétido em estado de decomposição e uma única asa de penas pretas no lado esquerdo das costas.
A « entidade » abriu a boca, mostrando seus dentes completamente podres.
“**Estática** **Estática** **Estática**”
Gargalhou alto, arrancou sua única asa com força e, assim como havia se mostrado, desapareceu. Então, o tempo voltou a correr.
Nesse momento, algo brotou feito uma flor nas costas da menina de cabelos brancos. Cena que congelou não apenas o terrível agressor, como também todas as outras crianças. Um anjo brilhante estava bem na frente deles, algo simplesmente impossível de explicar.
“Isso… Isso não…”
Um sorriso torto e nojento apareceu no rosto de ●●●.
“Não pode ser possível…”
Ninguém mais se feriu nesse dia, mas todas as crianças tiveram o mesmo pressentimento: de que algo ainda pior estava por vir.
“A partir de agora, tudo mudará.”
Passaram-se alguns dias até um velho misterioso de terno e gravata, obviamente, muito rico, passar pela porta da frente. Tinha olhos castanhos cansados com olheiras grossas, expressão vazia e muitas rugas.
●●● chamou por Hillary, que se negou a ir ao encontro deles. Recebeu uma ordem na segunda vez e não viu outra alternativa além de obedecê-lo.
“Serei adotada?”
Não existia outra explicação. Porém, apesar da ideia de ganhar uma nova família parecer boa à princípio, a garota sentia em seu âmago que um inferno ainda pior a aguardava.
“Mostre a sua asa.”
Ela não obedeceu.
“Mostre agora!”
“Não…”
Numa onda de frenesi, ●●● puxou Antony pelo braço e deu-lhe um soco violento no estômago, jogando-o de costas no chão enquanto cuspia suco gástrico. Imediatamente, Hillary fez o que tinha que fazer para não piorar ainda mais a situação.
“Ela é linda, não é?”
Mesmo diante dessa cena bela e cruel, a expressão fria do homem de terno não mudou. Apenas puxou um talão de cheques, preencheu um deles e o entregou para o administrador do orfanato.
A pequena criança foi vendida feito um animal.
“Não posso permitir que ela se vá.”
Apavorado por estar sendo separado da sua outra metade, Antony correu e se prostrou na frente daquele velho desconhecido. Ele sabia muito bem o que tinha que fazer para não ser deixado para trás. E, chorando em silêncio, também mostrou sua pequena asa cintilante.
“Por favor, leve-me também.”
O homem de terno e gravata mostrou um leve sorriso pela primeira vez.
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O ginásio do Isana Ágora se encontra bem iluminado, mas talvez este momento combinasse mais com a melancolia da escuridão.
— Hump… Você narrou tudo isso como se fosse um lindo conto de fadas, mas onde está o final feliz? Toda boa história precisa de um, não é? — Antony, que tinha permanecido todo esse tempo escutando em silêncio, finalmente se pronunciou.
— Ué? Eu podia jurar que vocês já estavam curtindo o final feliz. — Enquanto estou sentada na beirada da piscina, molhando os pés, meu aluno se encontra escorado em uma parede com os braços cruzados. — Então? Errei em alguma parte da historinha?
— Não. Na verdade, parece que você estava lá, vendo tudo de perto. — Deu um suspiro. — Como descobriu? É impossível que tenha conseguido tantas informações apenas visitando uma casa vazia. Fora todos os detalhes que apenas eu e minha irmã deveríamos conhecer.
— Promete guardar segredo? — Comecei a balançar os meus pés, criando ondas na água cintilante. — Acredito que este seja o meu dom. Assim como você possui essa asa misteriosa, eu tenho certa facilidade para entrar na vida das pessoas. Com poucas pistas, consigo fazer suposições precisas como se enxergasse o passado delas com os meus próprios olhos.
— Tão simples assim?
— Bem, os efeitos colaterais de fazer isso são difíceis de lidar… E convenhamos que não é algo tão incrível quanto a habilidade de sair voando por aí. Além do mais, tudo o que faço é supor. Não posso provar nada do que “vejo”. — Dei uma risada fraca. — Na verdade, considero ser bem mais útil a minha habilidade de ouvir os outros. Adoro uma boa história.
— Foi por isso que me ligou? Para que eu contasse uma velha história?
— Não, não. Nada tão entediante assim. Vim até aqui para escutar a sua confissão. Como não temos um padre no momento, estou disposta a fazer o papel dele. Aquela coisa, sabe? Escutar sem julgar e, quem sabe, perdoá-lo. — Pude ouvi-lo respirar fundo. — É pesado, não é? Toda essa culpa nas suas costas?
Antony soltou o ar preso em seus pulmões lentamente, desistindo de manter sua postura séria.
Uah… Adoraria ver a expressão que está no rosto dele agora. Imagino que seja angustia da melhor qualidade. A face de alguém que se encontra afundando em nostalgia, engolindo uma grande quantidade de lembranças dolorosas.
A certeza de que o meu aluno está cansado de manter tudo apenas para si foi o principal motivo para eu ter marcado essa reunião.
— O que aconteceu após serem vendidos?
Vários segundos de silêncio.
— Aquele cara era completamente vazio. Na sua idade avançada, tinha estagnado no topo da sociedade, vivendo dia após dia sem mais um grande objetivo para atingir. Ele já tinha experimentado um pouco de tudo, ganhado o máximo que podia, provado do pior ódio e do melhor amor. Porém, nunca encontrou a verdadeira felicidade em todas essas experiências. — Riu fraquinho. — Acho que foi no meio dessa busca incansável pela chama da vida que ele nos encontrou naquele fim de mundo. Deve ter ficado entusiasmado por descobrir que ainda não conhecia tudo que o nosso universo tinha para oferecer. Basicamente, ele era um homem mau na sua essência, e estava disposto a qualquer coisa para agarrar a verdadeira felicidade e ter a morte que sempre desejou.
— Mau em que sentido?
— Nós éramos apenas gado para aquele cara. — Cerrou os punhos. — Apesar de termos ganhado um sobrenome bonito, vivíamos trancafiados no nosso quarto. Mesmo que fosse um lugar confortável e recebêssemos várias refeições de ótima qualidade por dia, não passávamos de simples mascotes. Não podíamos brincar no lado de fora, muito menos frequentar a escola. Durante muito tempo, vivi sem receber um pingo sequer de amor daquele cara, e passei a depender inteiramente da minha irmã para não sucumbir à loucura. O mesmo valia pra ela.
Olhei para o teto e tentei me imaginar na pele dos dois. Uma vida mais fria que a água molhando os meus pés.
— Nas piores situações, descobrimos as nossas melhores qualidades, estou certa? — Dei um chute forte, arremessando incontáveis gotas para longe na esperança de criar um arco-íris. — Foi nesse enclausuramento que vocês aprenderam uma outra habilidade, não é?
Antony deu uma risadinha tensa.
— Essa sua “dedução” é surreal, senhora. Algo de dar medo, sabia disso? — Sentindo-se um pouco inquieto, meu aluno começou a caminhar pelo ambiente. — Após sei lá quantos meses dentro daquela jaula, eu e minha irmã decidimos fugir. Sequer pensamos nas dificuldades de morar na rua, tampouco se encontraríamos um banco frio para podermos dormir. Apenas desejávamos correr para o mais longe possível daquele cara e conhecer o mundo pela primeira vez. Juntamos o pouco que tínhamos em uma sacola, esperamos a porta ser destrancada durante a hora do almoço e colocamos nosso simples plano de fuga em prática. — Socou o ar com toda sua força. — Lembro que peguei um abajur e acertei aquele cara bem na nuca, derrubando-o. Em seguida, nós corremos com tudo, mas como não tive força suficiente para nocauteá-lo, fomos perseguidos. Aah, aquele desgraçado era bem velho, mas ainda corria feito um louco. Entrou na nossa frente e bloqueou a saída.
— Foi fim de jogo, ou pelo menos era o que vocês pensavam.
— Aquele cara tirou o cinto e o levantou bem alto. — Imitou o gesto. — Ele realmente nos via como vira-latas, agindo da mesma maneira que o desgraçado filho da Lisa. — Chicoteou o ar. — Quando ele começou a bater na minha irmã usando a fivela do cinto, de novo e de novo até arrancar sangue, senti algo como um cadeado destrancando dentro do meu peito. Me senti muito forte, superior. Olhei bem nos olhos daquele cara e ordenei que parasse. Para a minha surpresa, ele realmente parou.
Ah, ótimo… Essa história está ficando cada vez mais fascinante.
— Você escravizou o próprio pai? Tirou a alma dele, sua vontade de viver? O transformou em um mero fantoche? — Não consegui conter a minha vontade de rir. — Não acha que foi um pouquinho cruel com ele?
— Cruel?! Eu tirei um monstro das ruas! — O sempre contido e reservado Antony Vasconcelos finalmente perdeu a paciência. — Ele nunca mais feriu ninguém após isso! Nunca mais destruiu a vida de ninguém! Fora que a sua existência já era vazia e sem sentido de qualquer maneira. Então, também o livrei de um longo sofrimento! Fui bondoso!
— Bondoso, eh? — Calcei novamente os meus tênis e fiquei de pé. — Você realmente espera me enganar com toda essa conversa fajuta?
Apesar de conseguir cuspir palavras tão duras sem hesitar, senti que existe algo de errado na confissão dele.
— Como assim…?
Dei alguns passos e parei bem na frente de Antony, obviamente, tomando os devidos cuidados para não olhar nos olhos dele.
— Falo da mentira que me contou. Não foi você quem hipnotizou aquele cara, não é? Na verdade, foi Hillary, seu lado sombrio.
Meu aluno recuou um passo, pego de surpresa. Pelo jeito, acertei bem na mosca.
— Não. Fui eu, apenas eu.
— Pare de insistir. Eu consigo captar toda a gentileza no seu tom de voz. Por mais que esteja roubando todas essas vidas em nome de “uma boa causa”, o seu coração grita insistentemente que está fazendo algo ruim. Você não é mal, mas a sua irmã é, com certeza. — Suspirei. — Foi ela quem mais reuniu amargura em todos esses anos de agressões e traumas. Foi ela quem mais aprendeu a odiar a humanidade que insistia em magoá-la. Foi ela quem mais sentiu a necessidade de se vingar quando a oportunidade surgiu.
O que explica o fato de o pai usar a mesma combinação de roupas todos os dias, a falta de móveis no quarto e a inexistência de… vida. Obviamente, aquele velho vazio merecia mais do que qualquer outro ser humano, um final vazio.
— O que diabos você é…? — Antony sussurrou, atordoado.
— Apenas um simples padre, lembra? Agora, continue.
Mais algum tempo de silêncio.
— A primeira coisa que fizemos quando conseguirmos nossa liberdade, foi retornar ao Lar das Crianças Felizes. — Respirou fundo. — Minha… irmã, foi até o administrador e também o controlou. Depois, decidimos trancá-lo em um quarto qualquer e ordenamos que nunca mais gritasse, nunca mais levantasse a mão contra outra criança, e, principalmente, nunca mais sofresse pela morte de Lisa… Deveria definhar em uma cama, saindo apenas para as suas necessidades fisiológicas, tornando-se um homem morto por dentro igual aquilo que pensava ser antes de começar a descontar sua fúria em nós. — De repente, o tom de voz dele relaxou, preparando-se para contar o final feliz do seu conto de fadas. — De resto, como tínhamos dinheiro, muito dinheiro, mandávamos todo mês uma grande quantia para os nossos amigos no orfanato. Eles finalmente ganharam uma vida boa de verdade e não precisavam dos adultos mentirosos para mais nada. Quanto a nós, viajamos para vários cantos do mundo, conhecemos todos os tipos de cultura, comidas e paisagens. E quando saciamos essa vontade, nos matriculamos neste colégio para podermos viver como qualquer outro adolescente. Finalmente, tínhamos um caminho sem espinhos para seguir.
Cruel é pouco, não?
Esses dois são pequenos monstros com uma quantidade insignificante de empatia. Mas quem sou eu para julgá-los quando fiz coisas igualmente terríveis no passado?
Só que por conhecer o gosto amargo que vem depois da doce vingança, sou obrigada a jogar espinhos no caminho deles.
— Você pode estar pensando que não entendo o que passaram, mas vou logo avisando que entendo sim. Agora, se pensa que apoiarei o que estão fazendo, achou errado. Garoto, eu verdadeiramente admiro a força de vocês por terem derrotado aqueles monstros, porém, não posso permitir que avancem além dessa linha. Existem muitas pessoas boas naquela sala de aula, sabe? Amor, felicidade, carinho… Vários deles adoram abraçar e compartilhar esses sentimentos. Nem tudo é trevas, nem tudo é apenas tempestade. — Toquei o rosto de Antony carinhosamente. Ele ficou petrificado, sem saber como reagir. — O mundo vazio que vocês ambicionam será o pior dos infernos, acredite. Se não existe vida, não existe maldade, é verdade. Entretanto, também não existe felicidade. Se planejam nos fazer caminhar pela terra feito máquinas, prefiro que deem logo a ordem para todos nós pularmos de um penhasco, sinceramente. Essa é a única maneira de alcançar a verdadeira… paz.
Antony se afastou, parecendo estar verdadeiramente chocado. Em seguida, colocou a mão direita sobre o rosto e, subitamente, começou a gargalhar. Uma risada chorosa.
— Ah, entendo. Foi por isso que você ligou para mim e não para a minha irmã. Por que sabe que sou o lado mais fraco, não é? Porque sou o mais propício a ser manipulado. — Em seguida, retornou com sua postura séria e calma, disposto a não mostrar o seu lado fraco novamente. — Saiba que isso não vai acontecer, senhora. De maneira alguma, trairei a minha irmã. Não importa o que fale, não importa o quanto force esse idealismo inútil em mim.
— A trairá sim, criança. Posso te garantir.
— Não! Eu sou diferente de todos os outros! Nunca a machuquei, nunca a magoei, e não será agora que farei isso!
Alarguei o meu sorriso.
— Fará tudo isso porque a ama de verdade. A trairá para poder salvá-la. — Dei as costas e comecei a caminhar na direção da saída. — Muito bem, agora entrarei de cabeça nessa briga. Espero que você e sua irmã cruel estejam preparados para a minha retaliação. Afinal, se já não curto a ideia de perder uma coisa tão insignificante quanto a minha vida, imagina uma boa guerra.
— Acha mesmo que a deixarei fugir? Logo agora que posso te capturar facilmente e dar um fim a essa sua resistência inútil?
— Ah, permitirá sim. E sabe o porquê? Neste momento, sou um simples padre que ouviu as suas confissões. — Girei a maçaneta e abri a porta da quadra. — E quer saber mais? Eu perdoo todos os pecados que vocês cometeram no passado, mas não perdoarei o que estão cometendo agora. — Resolvi finalizar essa frase com o tom de voz mais cruel do meu arsenal. — Infelizmente, não sou tão misericordiosa quanto Deus.
Fechei a porta, deixando-o no mais completo silêncio.
Como eu previ, ele não me seguiu e mais um novo dia nasceu.