Centro de Desenvolvimento Paranormal - Capítulo 0
O alerta soava enquanto todos corriam tentando conter a revolta e um rastro de morte é deixado pelos corredores. Nunca nada parecido tinha acontecido. Vários corpos jogados no chão e não tinha ninguém forte o suficiente para conter essa revolta. Uma revolta causada por uma só pessoa.
Tudo começou algumas horas atrás. É o aniversário do paciente chamado C8. Todos aqui chegaram como bebês e nenhum deles têm realmente um nome, apenas uma identificação.
Ele foi levado para o seu quarto após os testes diários. Todos sabiam da magnitude do poder do paciente C8. Todos sabiam o quão perigoso ele era, mas mesmo assim pareciam ignorar. Talvez achassem que estavam seguros com sua grande armada de seguranças e que nada de ruim aconteceria. Acharam errado.
Com 17 anos, ele já demonstrava sinais de revolta desde que completou 10 anos. Ninguém aqui sabe o dia que nasceu. Não é algo importante, afinal não são feitas festas de nenhum tipo, mas ele sabia.
Ao invadir a sala de arquivos e encontrar dados sobre si, o que apontava outro diferencial, ninguém aqui sabia ler. Não é preciso saber ler se você só serve como rato de laboratório, mas ele sabe, ninguém sabe como, mas ele sabe. Sempre soube, ele já nasceu sabendo.
Quando fez 10 anos decidiu comemorar da maneira dele. Ele estava em seu quarto esperando que levassem sua comida. Quando chegaram, ele os matou e esperou. Minutos depois três seguranças apareceram, ele matou os três.
Quando perceberam que pessoas normais não seriam capazes contra ele, decidiram então chamar os paranormais. Aqueles que assim como ele, sofriam nas garras da organização e obedeciam todas as ordens que recebiam.
Eles foram criados como animais e não há mais nenhum traço de humanidade neles. O paciente C8 sempre foi diferente de todos. Ele ainda é um ser humano. Um ser humano que só tem ódio e desejos de vingança em seu coração, mas ainda é um ser humano.
Quando a ajuda paranormal chegou as coisas se complicaram para o paciente C8. Ele ainda conseguiu resistir bravamente, mas acabou perdendo a luta contra o paciente chamado 10A que tem o poder de controle de mente. Ele entrou na cabeça do C8 e o fez parar antes que algo acontecesse a ele. Por ainda ser muito novo ele não conseguia controlar bem os seus poderes, porque em seu total nem mesmo o paciente 10A seria capaz de pará-lo.
Depois desse episódio, a segurança ao seu redor foi dobrada e os cuidados com ele também.
Agora ele sempre era transportado dentro de uma caixa de aço com apenas uma pequena abertura onde entrava oxigênio de um tanque acoplado atrás da caixa e até mesmo seu quarto foi mudado de lugar.
Antes ele dormia em um quarto com uma cama, uma lâmpada e uma porta de ferro que dava pro corredor. O quarto padrão para todos os pacientes. A única coisa que ainda lembrava que os pacientes também eram seres humanos. Ele foi mudado para um quarto que não tinha nem cama, nem lâmpada. Ele passava o dia todo no escuro deitado no chão e só saia quando era para fazer testes e experimentos. Às vezes para ser torturado quando não era obediente e mesmo assim era dentro da caixa.
Como forma de garantia, eles retiraram seus dois olhos. Se ele não pudesse ver o que estava acontecendo, não poderia fazer nada. Ele não precisava mesmo. Ele passava parte do seu dia no escuro. Só não esperavam que os olhos dele voltariam a nascer e sempre voltavam. O que os obrigavam a retirar gradualmente.
Foi uma péssima escolha a se fazer. Se eles quisessem realmente pará-lo de vez, a única opção era a morte, mas eles mantinham uma esperança de finalmente conseguir retirar toda sua humanidade e transformá-lo em uma máquina de matar assim como todos os outros.
Talvez eles achassem que todos os testes e experimentos levariam eles a conseguir encontrar uma maneira de controlá-lo. Talvez eles achassem que depois de tantas torturas ele se renderia aos pés da organização. Talvez eles achassem que depois de tantas tentativas de lavagem cerebral alguma hora ele ia se tornar o brinquedinho deles. Eles estavam completamente enganados.
Com o passar dos anos o ódio e a sede de vingança do paciente C8 somente aumentaram e também passou a controlar muito mais seus poderes.
No dia que ele fez 15 anos houve mais uma tentativa de revolta. Enquanto ele estava passando por mais um teste onde tinham que deixá-lo preso somente a quatro correntes, onde duas prendiam os braços e duas as pernas, relativamente solto se comparado a como ele ficava sempre.
Com a perda da visão ele conseguiu melhorar sua audição consideravelmente e mesmo sem enxergar nada só com o ouvir das vozes ao seu redor ele conseguiu matar todos que estavam na sala sem nenhuma dificuldade. Também matava todos que chegavam para tentar detê-lo. Ele só foi realmente parado com a chegada do paciente 10A que o deteve facilmente novamente.
A matança dessa vez foi muito maior, mas morreram somente pessoas normais.
Por precaução, perfuraram seus tímpanos. Para que assim ele não pudesse nem ouvir e nem ver. Mas como esperado, sua adição sempre voltava e sempre repetiam o processo.
Novamente essa foi uma péssima escolha. Deveriam ter matado ele. Era a única opção viável. Eles confiaram demais em sua segurança enquanto o paciente C8 aumentava cada dia mais seu ódio e sua sede de vingança.
Agora ele está com 17 anos. Ele já sabe controlar seus poderes com maestria. Não tinham nada que podiam fazer para detê-lo. Ele estava no ápice do seu ódio e no ápice de sua inteligência. Ele só começaria um plano se ele tivesse total certeza que daria certo. E assim ele fez, um plano que destruiria tudo e todos.
Como acontecia todos os dias, foi levado a janta dele. Fazia apenas 3 dias que tinham arrancado seus olhos e destruído seus tímpanos. Para eles não havia nenhum risco.
Mas agora ele sabe controlar bem os seus poderes e consegue regenerar as partes que ele quiser na hora que quiser. Claro que a organização não sabia disso. Ele não podia deixar que eles soubessem. Então quando a janta dele chegou, ele estava vendo e ouvindo tudo.
Aqueles que vieram primeiro foi fácil matar. Logo depois ele já saiu e matou os seguranças que o aguardavam do lado de fora.
O quarto dele não foi feito para ser um quarto. Ele foi colocado lá porque não tinha mais onde colocar. Ficava distante de onde tudo. Até descobrirem que algo estava errado já era tarde.
Seu primeiro passo foi matar o paciente 10A. No nível em que seus poderes estavam, numa luta direta contra ele, o paciente C8 venceria facilmente. Mas seu plano não tinha falhas então não dava para correr riscos. Para chegar até o quarto do paciente 10A ele passou por vários guardas e cientistas que estavam no caminho. Matou todos facilmente. Depois de matar o paciente 10A, ele também matou todos os outros paranormais com mais de 3 anos. Não por medo, mas por saber que para eles não tinham mais volta. Eles se tornaram animais irracionais e deixá-los viver seria crueldade.
Era um corredor bem grande então o alerta foi acionado, mas ele em um golpe de misericórdia conseguiu matar todos mesmo com a segurança fazendo de tudo para detê-lo.
Ele sabia exatamente onde ficava cada lugar na base por ter visto o mapa da base quando invadiu a sala de arquivos quando criança.
A correria começou. Foi acionado força total contra ele. Só que não adiantava. Se restava alguma chance para eles eram os paranormais e agora estão todos mortos.
Ele avançou em seu caminho e começou sua matança desenfreada. Talvez na mente deles, na hora eles se arrependeram de não matá-lo quando havia chances. Mas agora não adiantava mais.
Ele chegou aos laboratórios onde ele era testado todos os dias e matou todos que ali se encontravam.
Um dos cientistas pediu misericórdia para ele, dizendo ter esposa e filhos para cuidar. Esposa e filhos esses que não sobreviveriam sem ele. Mas seu ódio era grande e mesmo vendo o homem ajoelhado chorando implorando por sua vida, não pensou duas vezes e o matou.
Ele tinha uma memória boa, boa até demais, talvez consequência dos seus poderes. Mas ele lembrava de todos os rostos e nomes. O C8 sabia exatamente quem eram todos que ele estava matando e aquele cientista, o Bob, ele não merecia viver depois de tudo que fez para ele.
Depois de acabar com todos no laboratório, ele foi até a sala de arquivos. A sala onde quando bem pequeno invadiu após uma fuga e descobriu coisas sobre ele.
Descobriu quem são seus pais, que dia ele nasceu, onde ele nasceu, coisas que ele considera importante. Talvez ele só tenha aguentado tanto tempo por causa dessas informações sobre ele.
No arquivo não tinha ninguém. Apenas vários papéis espalhados. O alerta deve ter expulsado todos dali, fazendo com que saíssem com pressa.
O refeitório também estava vazio. Sobraram apenas vários pratos com comida e ninguém comendo.
Nos dormitórios dos funcionários havia apenas várias camas bagunçadas. Era noite, muitos deveriam já estar dormindo e se assustaram com o alerta.
A partir desse momento, em todos os lugares que ele ia, em nenhum deles havia pessoas. Todos tinham fugido, mas não podiam estar longe.
Ele saiu à procura até que chegou na sala onde o mapa mostrava como última sala.
O mapa deveria estar errado, porque a sala tinha uma porta, uma porta que ele não sabia para onde levava.
Como ele tinha certeza que não tinha ninguém vivo para trás, ele passou pela porta. E a porta dava num grande saguão que ele nunca tinha visto antes.
Estavam todos reunidos no local. Tinham dois elevadores que subiam e desciam cheio de gente brigando tentando escapar. Eles não planejaram uma boa rota de fuga caso alguma coisa desse errado.
Novamente eles confiaram demais em seu exército. Confiaram errado. Ali havia mais de mil pessoas e sem grande esforço ele matou todos os presentes.
Ao subir o elevador, ele saiu em uma casa de madeira velha bem pequena onde só tinha um quarto e um banheiro. Um esconderijo perfeito para uma grande organização.
Ele matou os que estavam dentro da casa tentando fugir. Saiu da casa, se encontrou no meio do deserto e matou todos que estavam do lado de fora tentando fugir, assim terminando sua matança.
Talvez alguns tenham fugido, ele não sabe, mas sabe que ninguém vai ter coragem de voltar.
Ele desceu o elevador. A partir de agora ele tomaria conta do lugar. Limpou tudo e fez uma grande fogueira com todos os corpos. Não foi uma tarefa fácil, pois tinham muitos corpos. Ele cortou a comunicação com o exterior, destruiu a casinha de madeira, fechou a saída pelos elevadores e construiu a sua própria em um lugar que ninguém de fora encontraria.
Agora todos os paranormais com menos de 3 anos que ele deixou viver seriam criados por ele como seres humanos. Diferente de como ele foi criado.
Quando ele terminou de fazer todas as reformas ele lembrou de um papel guardado em seu bolso. Era um papel velho com vários nomes nele. Ele guardava esse papel há muitos anos desde que invadiu a sala de arquivos.
Tomando muito cuidado para que nunca achassem. Nele estava o nome daqueles que ele mais odiava. Era sua lista de quem teria que morrer de qualquer jeito. Nele tinha trinta e dois nomes e desses trinta e dois ele conseguiu matar trinta e um.
Só faltou um nome. Que estava no topo da lista. Aquele que ele mais odiava e que conseguiu escapar: John Smith.