Centro de Desenvolvimento Paranormal - Capítulo 4
Eu acordei, estava deitado em uma cama com aparelhos ligados em mim, mas não sentindo dor. Peguei meu celular, olhei meu rosto na câmera e não tinha nada demais, estava tudo bem. Olhei o meu corpo e também estava tudo bem. Me levantei e vi a Mary sentada com a cabeça abaixada na porta do lugar. Ela me viu levantando, mexeu no relógio no braço dela e veio na minha direção.
– Archie você está melhor? – perguntou a Mary me ajudando a tirar os aparelhos de mim.
– Sim estou bem, sinto como se nada tivesse acontecido, me sinto até melhor do que eu estava antes.
– Eu entendo, é o efeito da cura que você recebeu, ela além de curar a queimadura, curou também qualquer machucado ou imperfeições no seu corpo.
Então o John chegou e veio correndo na minha direção.
– Archie, você está bem? Aconteceu alguma coisa grave? – perguntou o John eufórico.
– Não se preocupe, ele já está melhor, não ficou machucado ou sequelas. Ele está bem melhor, graças a você John. Se você não tivesse pulado na hora e teletransportado com ele, talvez ele não estaria aqui agora – respondeu a Mary sorrindo para mim.
– Que bom, porque juro que não vai acontecer de novo, foi apenas um descontrole de um dos que estavam lá para descobrir o poder assim como você. Minha primeira reação foi pular para te salvar e te trazer aqui. Quando eu te vi todo queimado eu não sabia o que fazer, mas aqui é o melhor lugar para ser tratado e eles cuidaram de você direitinho.
Olhei no relógio que tinha na parede e eram 19:00, 30 minutos depois do que aconteceu. Eu não conseguia acreditar no que tinha acontecido. Fui todo queimado e minutos depois eu já estava bem. Eles realmente são muito bons.
– Como vocês fizeram para me curar em tão pouco tempo? Sei que vocês devem ter utilizado algum poder ou coisa parecida, mas do mesmo jeito foi muito rápido.
– Eu sei, foi muito rápido no primeiro dia, você já estava todo curado. De ontem para hoje você só descansou – John respondeu.
– Como assim “primeiro dia” e “de ontem para hoje”? Que dia é hoje? – perguntei nervoso.
– Domingo se passaram dois dias desde o acidente – John respondeu.
– Como assim dois dias? Hoje já é domingo? E meus pais? Eles já devem estar desesperados agora, a polícia toda já deve estar atrás de mim. Como vou explicar isso para eles?
– Não se preocupe com seus pais, sei que você está preocupado, mas a Mary já cuidou de tudo. A Mary era a mais empenhada aqui, ela não descansou até você melhorar e resolver tudo o que tinha que resolver. Ela ficou a noite toda de ontem para hoje sentada ali na cadeira esperando você acordar.
– Mary, muito obrigado por tudo, eu não sei como agradecer por ficar aqui cuidando de mim – agradeci.
A Mary então ficou com o rosto todo vermelho de vergonha e falou.
– Não foi nada, eu só não queria perder meu professor de física.
De repente, depois de alguns segundos de silêncio começou a soar um alarme no local. Estava tudo piscando em vermelho e uma voz falava “Alerta Vermelho”. O John falou.
– Eu acho melhor você ir para sua casa agora, você já passou muito tempo aqui. Sei que eu estava te mostrando tudo, mas isso vai ter que ficar para depois. Pode deixar que vão te levar e quando eu resolver isso aqui, eu te trago de volta para descobrirmos seus poderes paranormais.
– Paranormais? – perguntei.
– É como são chamados os que fazem parte da CDP, mas depois eu falo mais. Você precisa ir. A Mary te leva para a saída.
A Mary me puxou pelo braço. Andamos um monte até chegar na saída, quando passamos pela porta, eu dei de cara com o lado de fora, o normal e nada impressionante lado de fora, a Mary me dá um abraço e fala.
– Vai para casa agora e não se preocupa com seus pais eu já resolvi tudo. Quando puder nós te trazemos de volta, então tchau.
Eu acho que nunca recebi um abraço de ninguém que não seja da minha família, foi uma experiência nova, tentei não parecer idiota e só abracei de volta. Eu me despedi também e fui para casa.
Meus pais sempre foram muito controladores, minha mãe principalmente. Meu pai tem a falsa sensação de que quem manda em casa é ele, mas na prática minha mãe tem uma influência tão grande sobre ele, que tudo que ele faz é consequência da vivência com ela. Sei que se não fosse minha mãe, ele teria uma personalidade bem mais livre. Isso pode parecer de alguma maneira ruim, mas eu conheço bem o meu pai e sei que ele prefere não ter que pensar muito sobre as coisas.
Eu esperava chegar em casa várias viaturas me esperando por causa do meu sumiço, mas tudo parecia calmo demais. Entrei em casa e meus pais não disseram nada sobre eu ter sumido. Aqui em casa o quarto dos meus pais fica no térreo, enquanto o meu fica no primeiro andar. Eu acho bom assim porque me dá uma maior sensação de liberdade. O quarto do lado é o antigo quarto da Isabella. Meus pais deixaram ele intocado como se fosse um santuário. Às vezes até parece que ela morreu e não só mudou de país. Fui para o meu quarto, liguei meu computador e comecei a jogar, mas eu não conseguia parar de pensar no tempo que passei fora. Então decidi perguntar para eles sobre o final de semana tentando não parecer suspeito e bagunçar tudo.
– Você está bem filho? Como assim você não sabe o que aconteceu esse final de semana? – minha mãe perguntou.
– Você esqueceu que você passou o final de semana inteiro estudando? – disse meu pai com uma expressão feliz no rosto.
– Quer dizer que foi isso que fiz esse final de semana todo, eu estudei.
– Sim, é claro – respondeu meu pai.
Não sei o que eles fizeram, mas se meus pais realmente acreditaram que passei tanto tempo estudando eles devem ser muito bons no que fazem.
– E onde foi que passei esse tempo estudando mesmo?
– No seu quarto. Archie você está bem? – perguntou minha mãe preocupada.
– Sim, estou bem, mas vocês me viram fazendo isso?
– Mas é claro que sim. Nós até te ajudamos – disse meu pai também preocupado.
– E hoje? Onde eu estava?
– Você estava na casa da sua colega estudando. Recebemos a ligação da mãe dela – disse minha mãe.
– Que colega? A Mary?
– Sim. Tem certeza que você está bem? – perguntou meu pai.
– Sim, estou bem. Só queria confirmar algumas coisas.
– A culpa é desses joguinhos, estão fritando o cérebro dele. Eu avisei que não era para deixar ele comprar – resmungou minha mãe para o meu pai enquanto ele me defendia.
Voltei para o meu quarto, mas não queria jogar. Deitei na minha cama e fiquei olhando para o teto pensando em tudo que tinha acontecido e imaginando mil e uma coisas que eu poderia fazer até pegar no sono e dormir.