Como Sobreviver no Apocalipse Coronado - Capítulo 4
28 de Agosto de 2023 – 14:02 PM
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“Três por trás e dois pela frente.”
Kay se esqueceu de defender, ignorando se pudesse ou não levar algum dano, ele focou sua mente no ataque, o desespero de estar cercado enfraqueceu com a adrenalina que subia sem limites em seu corpo, esperando que com isso ele pudesse levar ao menos metade desses filhos da puta com ele.
Se concentrando, ele primeiro chutou o joelho do zumbi mais próximo descendo da escada, fazendo com que o zumbi caísse ao perder o equilíbrio, ele apenas deixou o espeto parado, e a gravidade fez o resto, a cabeça do zumbi estava pronta para o churrasco. De olho no outro zumbi ao lado desse, ele inclinou o seu corpo, e puxou o zumbi preso no espeto como o seu escudo de carne, a mordida que teria acertado em seu corpo foi desviada.
Kay sentiu a mochila ser puxada, e sem pensar ele girou 180º, puxando o zumbi que agarrou sua mochila para uma posição de desequilíbrio, usando a faca livre, ele cortou o pescoço do zumbi, o sangue espirrava, sua calça e tênis foram coloridos de vermelho escarlate.
Seus olhos estavam vermelhos, e sua febre havia voltado, sentindo uma tontura, Kay pausou por um segundo, até que seus olhos voltaram a ficar nítidos, ele só pensava numa coisa: “Matar.”
Puxando o espeto de volta, ele olhou para o segundo zumbi que descia as escadas ao lado do assado de zumbi, e acertou sua cara com a parte da bainha da faca, que havia sido retirada diretamente do pescoço do zumbi que puxou sua mochila, fazendo um movimento em linha reta como uma bala.
Pancada
Os olhos do zumbi quase escapam de sua órbita ocular, com a pressão do golpe no nariz, se esse fosse um humano normal, ele teria desmaiado e estaria gravemente ferido, porém o zumbi agiu como se estivesse saindo de um spa.
Todavia, Kay não se importava se ele sentiu ou não dor, tudo em sua mente era se seria o cérebro do zumbi a ser estraçalhado, ou o seu.
HUAARRRR!
Ouvindo um grito de um dos dois zumbis restantes atrás de si, ele sabia que esse provavelmente seria um ataque suicida, e ele levaria o zumbi de cima antes de ser comido pelos restantes.
Kay atirou seu espeto como um dardo, a parábola se conectou com o olho do zumbi que havia caído de bunda do golpe com a faca, penetrando fundo e atravessando pelo crânio do zumbi. Ele sentiu uma mordida no ombro, olhando para trás ele viu uma cena que o abismou, um zumbi o atacava; e o outro tentava arrancar a cabeça do zumbi o mordendo.
— Que porra é -??
Não terminando sua frase ele viu o zumbi caindo no chão com o pescoço pendendo, meio comido, e o zumbi com sangue em sua boca ainda querendo atacar o já morto no chão, Kay sem pensar cortou o pescoço do zumbi, empunhando a faca como uma guilhotina.
A cabeça voando despertou Kay de seu devaneio, ele havia conseguido, quanto a por que o zumbi de repente praticou canibalismo, ou seja lá o que tenha feito, ele não se importava o suficiente, ele viveu, enquanto seus inimigos jaziam no chão frio.
Hufff, ahh, ahhh.
A respiração ofegante, o coração pulsando, a sensação do suor escorrendo de seus cabelos pelo rosto, suas roupas apertadas, os músculos doloridos da ação, tudo isso o dizia que ainda estava vivo. Sua mente estava em êxtase, ele se sentou exausto, não conseguia se mover nem um passo mais, “Porra, você é o fodendo Chuck Norris, seu filho da puta fodão”.
Recuperando seu fôlego, Kay olhou escada acima e decidiu sair desse andar, “Vai que o rato sai do AP e me alcança?”
Tendo decidido, se levantou escorando na parede e nas barras da escada, recuperou suas armas, e subiu, lenta, mas seguramente, foi só nesse momento que ele lembrou que foi mordido, tocando o ombro ele sentiu a alça da mochila arrebentando, segurando a mochila em sua mão, ele percebeu que só sentiu a pressão, e não foi mordido diretamente.
“Ufa.”
Aliviado, ele seguiu até o sexto andar, vendo todas as quatro portas fechadas, ele notou que deviam estar vazios, pois a comoção deveria ter atiçado os zumbis se eles estivessem presos dentro do AP, porém não havia nenhum som.
Olhando a porta, ele respirou fundo, posicionou suas armas agora cobertas de sangue, e girou a maçaneta.
Giro, giro, giro.
“Trancada…” Kay pensou e então recuperou a chave de seu bolso, colocando a chave no trinco ele a girou, e apertou a maçaneta, porém ela começou a abrir sozinha, assustado Kay deu três passos atrás e arregalou o olhos ao ver alguém que conhecia.
— Ayslan?
O homem olhou de volta e proferiu muito surpreso: — Kay? Oh meu Deus, eu escutei uma agitação e pensei que alguém estava sendo devorado, porém o barulho desapareceu e quando eu menos esperei, você tentou abrir a porta, me assustei pensando que fosse um zumbi, até que tentasse abrir a porta com a chave. Por um momento eu pensei que fosse o meu amigo que voltou para casa.
Pele morena, cabelos compridos e uma barba falhada, o homem que falava era seu conhecido, mais do que conhecido na verdade.
— O que você está fazendo na cidade? — perguntou Kay.
— Eu tinha vindo a trabalho, mas não fale daí, entre logo. — Ayslan puxou a porta em sua direção e deu um passo para o lado, abrindo o caminho.
— Ok. — Entrando Kay vislumbrou o interior do AP e logo sentou-se à mesa com Ayslan.
Kay olhou para Ayslan, que parecia meio pálido, tendo sentido seu olhar, Ayslan ofereceu um copo de água que ele bebeu rapidamente, sua febre ainda não havia baixado, e seu rosto continuava corado, agradecendo, ele devolveu o copo.
— Eu… eu pensei que fosse morrer, não tem comida tem três dias, felizmente há água mineral, então eu ainda não estava perto de morrer, mas a morte me assustava e assombrava a cada instante, e sempre que eu tentava criar coragem para sair do quarto, eu os escutava.
— Rondando atrás da porta, então eu me sentia ainda mais assustado, eliminando qualquer ideia de sair que eu tivesse.
Pegando sua bolsa, Kay tirou uma bolacha e falou: — Coma devagar e beba água acompanhando.
Sentindo as lágrimas rolarem, Ayslan assentiu, só agora notou que Kay parecia doente, ele proferiu: — Eu tenho remédios aqui, vá se deitar na cama e tire essa roupa suja, você tem outra muda?
— Uhum — acenou Kay pensativo, ele decidiu tomar banho primeiro e lavar o sangue no corpo. Tirou seus tênis, depois a calça, puxou a camisa, e jogou no chão ao lado da porta do banheiro, seus olhos se voltaram para Ayslan e então disse: — É bom saber que alguém que eu conheço está vivo.