Como Sobreviver no Apocalipse Coronado - Prólogo
Diário – Dia ????
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Eu estava no meio de minha vida acadêmica, concluindo meu segundo curso superior. A Pandemia havia praticamente acabado e a vida já tinha voltado ao normal, casos de corona ainda ocorriam porque a vacinação era lenta em comparação à quantidade de pessoas a serem vacinadas, porém quase nunca se ouvia falar de pessoas conhecidas morrendo pelo vírus.
Felizmente eu não cheguei a contrair o vírus, pois passei quase 2 anos em lockdown no sítio de minha família, morava com meus avós lá. Hoje eles decidiram continuar a viver no campo, e eu voltei à cidade e moro sozinho na casa que pertence aos dois, pois o auxílio emergencial, que ora caia, ora era cancelado, não foi suficiente para nos manter alimentados e pagar as contas, além de que eu fui demitido do emprego que tive por quase 10 anos.
Com alguma sorte eu fui para a cidade já com um emprego em uma academia próxima à minha casa, que podia me ajudar a custear a alimentação; quanto à energia e outras contas, minha família pagava, e eu ia economizando no possível, pois o que muitos previram aconteceu — o mundo inteiro caiu em uma grande crise econômica, e talvez não consiga sair dela nem tão cedo.
Enquanto estava trabalhando, cuidando da casa e cursando os últimos meses do meu curso superior, não tinha tempo para nada além do meu TCC. Meu estudo era sobre como os afetados pelo vírus reagiam à exercícios de força e aeróbicos — com um grupo para força, outro para aeróbico e um contendo ambos — verificando se haveria melhoria cardiorrespiratória e diferenças fundamentais no ganho de massa e perda de gordura.
A pior parte foi encontrar amostras que não contraíram o corona, pois o maldito governo ineficiente do nosso país demorou a iniciar a vacinação e algum acidente ocorreu desperdiçando a maioria das vacinas num incêndio que varreu o maior depositório do instituto Butantan à apenas alguns dias do inicio oficial da vacinação.
Falei oficial porque muitos pagaram para obter a vacina antecipadamente pelo mercado negro, afinal onde há dinheiro, há um meio… sorte que antes do acidente já haviam distribuído grandes lotes entre os maiores estados e começaram a vacinar mesmo assim. Claro, nada disso me afetou, pois estava vivendo no interior da Paraíba, e foi só com 1 ano e meio de pandemia que se iniciou as vacinações na capital, muito menos no alto sertão da Paraíba.
Bem, graças a essa série de acontecimentos o Brasil experimentou o que foi chamado de super onda, e muita gente pegou o vírus, embora a quantidade de mortos não tenha aumentado tanto em comparação com o que já era, manteve-se estável em 1000 mortos diários.
Até que após 3 anos do início da pandemia, a vacina já havia sido amplamente distribuída, porém, como eu já disse antes, a vacina simplesmente demorou muito, e várias mutações ocorreram no vírus primário nesse meio tempo, necessitando serem projetadas novas vacinas.
E quando pensamos que a poeira havia assentado e poderíamos retomar a vida normal outra pandemia se iniciou, como se zombando dos nossos esforços anteriores, uma nova doença que reagia nos genes do COVID deixados no corpo após a infecção apareceu.
O outro agente patológico ocasionou um comportamento agressivo das vítimas, que ou se mutilavam, infectando os outros com seus fluídos corporais, ou matavam outras pessoas, as devorando, toda essa merda começou na Itália, onde aparentemente houve um surto em que mil pessoas morreram instantaneamente e sabe-se lá quantas foram infectadas pelo ar.
Os malditos aeroportos enviaram bombas figurativas à todo o globo, quando percebemos o que ocorreu era muito tarde, pois as entidades públicas não querendo alarmar a população, foram lentas em conter a nova infecção, e 90% do mundo caiu em chamas, o apocalipse começara.
E eu, que fui vacinado com a terceira versão da vacina há apenas meio ano, sou um dos poucos a ser vacinado que não havia contraído o vírus, sorte ou azar, chame do que quiser, recebi a chave para sobreviver nessa merda toda.
ATENÇÃO,
O capítulo 0 é um prólogo ao mesmo tempo que situa o leitor na história, também é uma parte do diário que o protagonista escreve em seu tempo livre e é por isto que está em primeira pessoa.
A partir do Capítulo 1 a história será narrada em terceira pessoa, por um narrador onisciente.