Crônicas dos Caídos - Capítulo 24
Júlia afundou as roupas na bacia cheia de água, as esfregou, e então espremeu, derramando a água suja na terra, pondo-as em outro balde depois. Ela se inclinou para trás, olhando para cima. Bocejou, enchendo-se de ar pela quinta vez naquele dia. Sentia os braços doloridos, seu peito inflava e se encolhia de forma irregular. Se perguntava quanto tempo levaria para terminar, olhando desanimada para a pilha de roupas ainda sujas ao seu lado.
— Já cansou Jú? — perguntou Leticia com um sorriso.
Júlia corou sem graça.
— Só preciso de um momento para respirar — disse, olhando para a amiga, que esfregava furiosamente uma camisa grossa.
Seus braços pareciam ter dobrado de tamanho.
— Bem que poderíamos ter trazido uma máquina de lavar — lamentou-se.
— Aí amiga, deixa de choro e volta a trabalhar.
Júlia suspirou, tomando outra peça de roupa.
Fazia duas semanas que tinham chegado à aldeia. Theo sugerira que eles deviam viver lá por um tempo para aprender mais sobre aquele mundo. A maioria concordou, embora Caio tenha se mostrado um tanto indisposto a permanecer no lugar. Tendo decidido, eles então pediram por abrigo ao senhor Thierry, que os concedeu, permitindo que vivessem em sua casa.
— O que minha querida mãe e meu honrado pai pensariam de mim se eu, como seguidor de Ellday, negasse ajuda aos necessitados — Ele respondeu com um sorriso.
A resposta os trouxe-lhes alívio. Mas Theo e Eduardo ainda mantiveram outras preocupações. Era bom que eles vivessem sobre um teto, para isso, porém, teriam de se manter primeiramente. Fato esse que não fora ignorado pelo velho homem.
Ele logo encontrara, junto de pessoas do vilarejo, ocupações para todos. Caio e Eduardo se juntaram ao grupo de lenhadores da aldeia, enquanto Theo fora ajudar na lavoura. Carmen fora posta para trabalhar junto a uma costureira. Todos os dias a garota reclamava de machucados e feridas nos dedos. Quanto a Júlia e Leticia, elas tinham recebido a tarefa de lavar dezenas de mudas de roupas todos os dias.
Júlia ouvira Theo dizer no quão bem relacionado o velho Thierry era com todos, para que acolhessem estranhos dessa forma a pedido dele. Era verdade. O homem era generoso, bem-humorado e zeloso. Muito diferente de outro homem com quem crescera.
O sol brilhava dourado no céu azul manchado de nuvens brancas sobre os campos verdes. Como um quadro pintado a óleo.
Ela levantou-se, jogou a água suja fora. Indo, depois, até o poço, pegar mais. Segundo o que ouvira, era mais comum as mulheres irem até o rio para lavar roupas, com poucas utilizando o poço para esse propósito. Mas ela não conseguia mais voltar aquele rio. Ainda que falasse que estava bem, para não preocupar os outros, as memórias daquele dia ainda lhe davam calafrios.
Passara três dias acamada. Thierry disse-lhe que ela tinha tido sorte. Muitas jovens da vila haviam sido levadas pelos monstros enquanto se banhavam no rio no passado, nunca mais sendo vistas depois.
Mas ela estava bem. Graças aos seus amigos. Não imaginava o quanto devia a eles por isso. Apenas podia agradecer o que fizeram. Mas como faria isso? Se perguntava com bastante frequência, sem obter muitas respostas.
Eduardo mesmo não parecia pensar como ela. Parecia na realidade se responsabilizar pelo que ocorrera, sempre lhe mostrando uma face de culpa quando relembravam o assunto.
A isso ela também não tinha respostas sobre o que fazer.
Alguns transeuntes, e outras pessoas que também puxavam água as observavam a certa distância. Na realidade, poucos se aproximavam ou falavam com elas. A maioria dos moradores da vila se limitava a observar de longe, enquanto conversavam entre si. Já não usava mais a farda do interclasse, que chamavam tanta atenção, mas um vestido bege dado por uma conhecida de Thierry. Assim como Letícia, que usava um verde com padrões pretos quadriculados. Ainda assim, sentia os olhares sobre elas.
Carmen e os garotos relatavam a mesma coisa. Os únicos que se aproximavam deles eram seus companheiros de trabalho, e apenas alguns. A grande parte se mantinha mais reservada.
Mesmo que recebessem tal tratamento, ela não percebia hostilidade vinda deles. Na verdade, isso a lembrava de suas vizinhas que se reuniam no final da tarde para fofocar sobre o resto do bairro.
Apôs encher o balde, ela o carregou com dificuldade até Letícia. Que falava com uma mulher em pé ao seu lado, segurando uma bacia de roupas.
— Júlia, que graça lhe encontrar — A mulher cumprimentou com um sorriso.
— Olá senhora Jane, como está? — Júlia a saudou, devolvendo o cumprimento.
— Estou bem, ainda melhor se tiver a sua companhia, se é claro permitirem que eu me junte a vós.
— É claro, pode ficar.
Jane era uma das poucas lavadeiras que utilizavam o poço. Dizia que não tinha disposição de ir até o rio mais devido a idade. Muito embora não aparentasse ter passado dos quarenta. Algumas vezes ela ajudava Júlia com as mudas de roupas apôs terminar de lavar as suas. Ela apreciava tal gesto, ainda mais naquele dia em que tudo o que queria era se deitar nas roupas ao invés de lavá-las.
— O dia está lindo, não? — A mulher comentou.
Júlia concordou com a cabeça.
— É bom sentir o sol esquentando o corpo, mas as vezes me sinto enfadada do calor.
— Não está tão quente assim — Letícia observou.
Na realidade Júlia sentia um certo frio causado pela brisa leve soprando em seu rosto. O calor a que a mulher se referia nem se comparava com o de sua cidade.
— Ah, bom para você minha jovem — Jane limpou o suor da testa com as costas da mão. — Sinto como se cada verão fosse mais quente que o anterior. Mas não devemos reclamar do calor. O frio logo chegará.
“E com ele a neve”, Júlia pensou.
Desde que ouvira de Thierry que nevava no inverno, não conseguia pensar em outra coisa que não fosse ver a neve cair.
Ela e Jonas passavam horas falando sobre fotos de lugares e paisagens repletas de neve, sonhando em viajar para eles algum dia. Ela sonhava com alpes suíços, ou a Nova York congelada que via na televisão. Jonas tagarelava por horas sobre documentários feitos na Antártida ou qualquer lugar que tenha neve. Júlia não prestara muita atenção neles. Lembrava apenas que as paisagens eram bonitas.
— Espero que tenhamos lenha o suficiente esse ano. Duas famílias dormiram o sono do frio no último inverno.
— O sono do frio? — Júlia perguntou.
A mulher assentiu com a cabeça.
— Eles ficaram sem lenha enquanto a neve se amontoava no lado de fora.
Júlia engoliu seco.
— Entendo — sussurrou.
— Que bom terem chegado até aqui antes que as folhas mudassem não? — Jane perguntou batendo em uma roupa extremamente grossa contra uma pedra.
— Tivemos sorte — Letícia respondeu, passando as roupas de um balde para o outro.
Júlia se perguntava se ela deveria estar fazendo aquilo também.
— Oh sim, imagino o quão terrível seria estar na estrada sem destino com a neve a cair. Deve ser horrível.
Júlia assentiu com a cabeça.
— Mas não precisarão se preocupar com ela minhas queridas. Foi dito pelos lenhadores que temos o bastante para esse inverno. E por falar neles, como anda o seu noivo? — A mulher perguntou olhando para Júlia.
— Noivo? — Júlia falou surpresa.
A mulher arqueou uma sobrancelha, mas continuou com o seu sorriso.
— Sim, aquele belo jovem que se juntou aos homens do Paul.
Júlia sentiu um calor em seu rosto quando percebeu que ela falava de Eduardo.
— Não… não estamos noivos. Somos apenas namor…
— Senhora Jane, pode ir pegar mais água? — perguntou Letícia, interrompendo Júlia.
— Mas, eu peguei água agorinha — observou Júlia, confusa.
Letícia bateu com o braço no balde, derrubando-o.
— Ops… derrubei sem querer… — Letícia disse, fingindo uma cara inocente. — E então, a senhora pode nos fazer esse favor?
Com uma carranca, a mulher pegou balde do chão e caminhou com passos pesados até o poço.
— Por que fez isso? — Júlia perguntou a amiga.
Letícia revirou os olhos, e cochichou em voz baixa:
— Tu tem que ficar mais esperta gata. Não estamos mais na esquina da escola falando do penteado ridículo do diretor. Não ouviu o que o sabe tudo falou naquela vez?
Júlia estreitou os olhos tentando se lembrar do que ela falava. Fora na noite em que tivera um pesadelo com sua casa. Eles tinham se reunido logo após para decidir o que fazer. Theo dissera que era melhor não mencionar que eram de outro mundo.
— Sim, mas o que tem haver? — perguntou.
— O que tem haver é que aqui as pessoas não namoram como a gente, entendeu. Eles noivam e se casam logo depois.
Júlia se remexeu embaraçada.
— Eu sei disso, mas não estamos namorando a mais do que um mês. Não sei como podemos ser considerados noivos — disse sentindo o seu rosto arder. Se perguntava o quão vermelha ela estava.
— Sim, vocês podem não pensar em se casar, mas aqui o normal é isso.
— E como você sabe dessas coisas?
— Porque o sabe tudo disse — Letícia respondeu espremendo a água de uma camisa.
Júlia olhou confusa para a amiga, até que Jane se reaproximou com o balde de água e as três voltaram a conversar enquanto trabalhavam. Dessa vez Júlia tentou o máximo possível evitar falar de si mesma. Pelo visto as pessoas daquele mundo tinham mais a ver com os seus vizinhos do que ela pensava.
Quando terminaram, elas recolheram as roupas e se despediram de Jane, caminhando com as trouxas nos ombros pelo caminho de terra ao lado dos campos. A casa de Thierry ficava a quinze minutos de caminhada do vilarejo. Ou fora isso que Theo dissera. Não podiam ver as horas, só conseguindo perceber a passagem do tempo pela posição do sol no céu acima. E mesmo assim, Júlia não poderia dizer o quanto faltava para anoitecer. Sabia apenas que devia estar tarde pela lenta descida do astro amarelo.
Elas viam as longas linhas de campos sendo arados, preparados e semeados pelas dezenas de trabalhadores espalhados pela planície, Theo devia estar entre eles.
Theo poderia dizer que horas seriam naquele momento, é claro. Ele sabia de muita coisa. Júlia se perguntava se isso o ajudava com o trabalho no campo. Os meninos não reclamavam tanto do trabalho no campo quanto Carmen e até Letícia. Eles pareciam gostar na verdade.
Ela pensava onde Eduardo estaria agora. Talvez enfiado em algum bosque, batendo com um machado rústico contra uma enorme árvore, até que apenas uma fina ponta separasse o tronco do toco abaixo dele. O pensamento a fez rir. De repente se pegou perguntando se ele estava pensando nela naquele momento. Esperava que estivesse.
Ela bocejou novamente.
— Não tem dormido bem amiga — Letícia comentou —, dá para ver por essas olheiras. Você tá legal?
— Eu tô bem, só tenho tido uns sonhos estranhos.
“Estranhos” era o mínimo.
Noite após noite, sonhava com coisas que aconteceram em seu passado. Passeios que fizera quando criança, brigas e discussões de seus pais, momentos de descontração com suas amigas, ou até incômodas reuniões de família. Memórias de seus dias antes da quadra, sem muita relação entre si. Exceto pelo fim de cada uma. Toda vez, não importando o lugar em que estava, ou como reagisse, um espesso nevoeiro surgia e a cercava. Então uma silhueta obscura se aproximava em meio as névoas, sussurrando palavras confusas, e então ela acordava, sem lembrança do que eram.
Eduardo dizia que eram apenas sonhos causados pela saudade de seu mundo. Theo falava que era estresse pós-traumático, ou algo assim. Mas ela sentia que tinha algo mais. Se apenas pudesse se lembrar das palavras.
Passaram por carroças puxadas por mulas, vacas sendo conduzidas por homens a cavalo, e crianças brincando próximas a estrada. Júlia ainda não se acostumara com essa vida. Visitara muitas vezes seus parentes distantes em cidades do interior, porém não ficava por mais do que três dias, e nem tinha de trabalhar no campo. Agora, tinha que viver cercada pelo odor de estrume toda vez que passava pelas plantações, ou quando se aproximava de Theo. Era atacada dia e noite por legiões de mosquitos, os quais deixavam rastros de destruição em sua pele. Além de sabonetes e perfumes lhe parecerem naquele momento tão críveis quanto as fabulas que a sua avó lhe contava quando era criança.
Apesar de tudo isso, as pessoas a sua volta não aparentavam se importar com todos esses problemas que tanto a incomodavam. Até Eduardo e os outros pareciam estar se acostumando aquela vida. Ainda que Carmen reclamasse ao menos uma vez por dia de alguma coisa, quando estavam as três sozinhas.
Elas chegaram na frente da casa de Thierry. Uma grande cabana de madeira, parecida com algum chalé que vira em uma das inúmeras series que assistira. Outra coisa que sentia falta, não podia ver televisão. Um pequeno muro de pedra, que chegava até a altura do peito de Júlia, a contornava.
O dono estava em frente a cabana, cortando toras de madeira com um grande machado. Um som reverberou pelo ar quando a tora foi cortada em duas pelo golpe súbito da lâmina.
Um rapaz franzino da idade de Júlia as recolheu de imediato, pondo-as em um cesto.
— Senhor Thierry, voltamos — Letícia anunciou.
O homem olhou para elas, sorrindo de forma gentil.
— Olá, Júlia, Letízia, foram as primeiras a retornar.
— Lavamos todas as roupas, a senhora Aimée pode vir recolhê-las amanhã — disse Júlia com um misto de cansaço e satisfação na voz.
— Ótimo, ela ficará feliz em saber disso. Agora entrem, ordenei a Roque que lhes preparasse o banho de antemão.
A isso, Júlia respondeu com um acenar de cabeça, acompanhado de um suspiro de alívio. Letícia reagiu mais energicamente, erguendo o polegar em aprovação enquanto sorria. O homem, no entanto, não pareceu compreender o gesto, inclinando a cabeça e inclinando uma sobrancelha.
— Certo, obrigada — Júlia respondeu por fim, e Thierry assentiu.
Apôs deixarem as trouxas de roupas em cima de uma mesa, ambas se dirigiram até o banheiro, onde compartilhariam do banho. Prepara-lo parecia trabalhoso, a julgar pelas condições precárias do lugar. Mas mesmo para Júlia que não fazia questão de se importar com detalhes, a casa de Thierry se distinguia das demais. E um dos maiores motivos disso era a cisterna que ele fizera para armazenar água. Ninguém mais possuía tal coisa no vilarejo, o que a fazia se perguntar o porquê disso.
Mas isso significava que ela não teria de ir até o poço, ou o rio, para pegar água. O que já a fazia se sentir abençoada.
Antes que Júlia se desse conta, Letícia começou a se despir, revelando-lhe seu corpo. Apesar do embaraço inicial, Júlia aos poucos estava se acostumando a dividir o banheiro. Não poderia reclamar do que já era considerado um luxo naquele lugar. E então começou a fazer o mesmo.
Havia uma banheira de madeira, grande o bastante para duas pessoas, escovões, e, apesar de não existirem sabonetes, havia algo semelhante a sabão. Isso já lhe era positivo.
Ambas entraram na banheira e começaram a se lavar. A sensação da água fria, e o cheiro da pedra lisa que usavam como sabão eram refrescantes. Era o momento mais relaxante do dia de Júlia. Um dos poucos que conseguia fazê-la esquecer de suas preocupações.
— Uh, esquecemos as escovas antes de entrar — Letícia murmurou se levantando.
Júlia encarou a amiga se levantar e caminhar despida até o outro lado do cômodo.
— O que foi? — Letícia perguntou percebendo seu olhar.
— Não, é que, continua aí. Nas suas costas — respondeu, apontando no próprio corpo.
Letícia na mesma hora se virou, levando a mão até o lugar apontado, tentando olhar para as próprias costas, sem sucesso.
— Sério, quando fez isso? Seus pais não iriam tolerar esse tipo de coisa, você sabe — comentou Júlia em tom repreensivo.
— Eu não fiz tatuagem nenhuma Jú — Letícia protestou, pondo a mão na cintura e retornando com passos bruscos até a banheira.
O que ambas se referiam era um desenho no ombro esquerdo de Letícia. Retratava o que pareciam ser dois gatos, muito bem detalhados, perseguindo a calda um do outro, lembrando-lhe vagamente do símbolo de yin yang. Já a tinha notado antes, no rio.
— Mas ela tá aí — insistiu Júlia.
— Eu não sei o que é que tá aqui, mas não é tatuagem amiga — Letícia negou firmemente. — Meu pai disse que só me deixaria fazer com dezoito. E eu faria o símbolo do Guns, não um desenho estranho. Agora me faz um favor e esfregar as minhas costas. — disse, lhe oferecendo a escova.
Ao saírem do banho minutos depois, sentiram um fedor permeando a casa. Ao entrarem na sala da lareira encontraram-se com Carmen e Theo, a fonte do fedor.
— Ótimo, elas saíram — disse Carmen com um brilho no olhar.
— Beleza então — Theo falou começando a se mover.
— Ei, aonde vai? — Carmen protestou.
— Tomar banho ora — respondeu ele dando de ombros.
— Calma aí, nunca ouviu “damas primeiro”?
Theo revirou os olhos.
— Claro que já.
— Se sim, então me deixe passar — Ela acelerou o paço em direção ao banheiro, quando Theo pôs um braço na sua frente.
— Deixaria se você fosse uma dama.
Carmen bufou injuriada.
— Hora vamos nos acalmar — disse Thierry entrando no cômodo —, Roque nem vos preparou a água do banho ainda.
— Não precisa, eu posso fazer isso — declarou Theo.
Thierry negou com a cabeça.
— Já disse uma centena de vezes, vós sois meus convidados, e como tais, não devem se preocupar com esse tipo de coisas enquanto estiverem sobre o meu teto.
Júlia, que tinha se sentado próxima a lareira, sentiu-se tocada pelas palavras do homem, ao mesmo tempo que uma confusão remexeu sua cabeça. De fato, ele tinha feito muito por eles. Mas por quê?
Um rangido pode ser ouvido da entrada, acompanhado pelo som de passos que anunciando a chegada de alguém. Meio segundo depois Caio e Eduardo surgiram na sala.
— Chegamos — anunciou Caio.
Ele carregava o machado no ombro mesmo dentro da casa. Parecia gostar de fazer essa pose.
— Ótimo — Thierry sorriu. — Como foi o dia?
— Exaustivo, precisámos urgentemente de um banho — respondeu Eduardo.
Roque surgiu ao lado de Thierry, o cutucando.
— Ah, não antes de mim, cheguei primeiro — Carmen declarou.
— Não está tão suja quanto a gente, você trabalha com agulhas e linhas embaixo de um teto — Caio contestou.
— Não significa que não seja cansativo.
Letícia começou a rir. Júlia, que observava divertida a cena a sua frente, encarou a amiga.
— Que foi Lê? — perguntou.
Os outros olharam para elas.
— O Theo entrou no banheiro enquanto vocês brigavam — Letícia respondeu, antes de voltar a rir.