Dark Moon - Capítulo 01
A canção dos passarinhos e o farfalhar das folhas, causado pela brisa, trazia um sentimento de serenidade durante a manhã desse dia.
Os trabalhadores matinais aproveitavam o bom tempo se esforçando para o dia ser produtivo. Camponeses tentavam vender seus produtos, caçadores entravam e saíam da cidade, aventureiros buscavam novas oportunidades e comerciantes cruzavam ela, em direção a outras nações.
Essa era a movimentação vista em uma cidade-estado localizada ao Norte de Middleline. A Comunidade De Catandros fazia fronteira com o Império Denominas, a Terra Sem Lei e o país liderado por bruxos, conhecido como Arkânticos.
A nação, lembrada pela agricultura, união dos habitantes e a habilidade dos caçadores, preservava uma cultura muito forte em arquearia, pois, as famílias passavam essa cultura adiante; assim, detinha os melhores arqueiros de Middleline.
Dentro da área de influência da cidade-estado havia diversas vilas, formadas por pequenas famílias. Elas eram populadas por camponeses e caçadores, um reflexo da natureza dos Cidadãos.
Ao Norte de Catandros e próximo à Terra Sem Lei estava uma pequena vila, populada por pessoas simples e acolhedoras.
Crimis foi murada pelos aldeãos e tinha uma comunidade unida para combater qualquer mal que a espreitava.
Assim como Catandros, os aldeãos desfrutavam da boa manhã. Os camponeses trabalhavam em suas colheitas, os caçadores saíam para a floresta e, raramente, era visto um comerciante passageiro.
Por estar muito isolada, não havia uma guilda de aventureiro em Crimis, portanto, os aldeões defendiam suas casas e famílias de qualquer malfeitor.
A pequena comunidade mostrava uma constante atividade no momento. As tavernas sempre tinham alguns clientes presentes, a ferraria local ardia com o calor emitido das forjas e uma pequena feira vendia produtos de interesse dos locais.
Em uma das ruas dessa aldeia uma menina caminhava descontraidamente até o portão do assentamento.
Ela olhou além dele e viu um homem usando roupas verdes e pretas surgir da floresta, com luvas manchadas de sangue e um capuz cobrindo sua feição. Ele avançou em direção a entrada da vila.
— Pai! — A garota correu pelo portão até alcançar o caçador, que estava próximo à floresta. A jovem saltou e abraçou seu pai, quase os dois caíram no chão devido ao impulso do salto.
— Ohw, cuidado menina! Desse jeito você vai derrubar seu pai no chão, e nós já estamos exaustos da nossa caçada hoje. — O rosto do caçador ficou à vista devido ao impacto.
O pai da garota tinha uma pele clara, olhos negros, pescoço limpo de pelos e cabelos escuros que fluíam como um rio.
— Depois de um tempão você voltou, como foi sua caça hoje?
Atrás deles o som das folhas denunciou o movimento nos arbustos. Então, uma figura surgiu carregando um cervo no ombro e se juntou à conversa dos dois.
— Boa tarde, Yuna. Nossa caçada demorou, mas deu frutos, veja! — Ele apontou para o animal abatido. — Eu e Brendon caçamos um cervo para o jantar, podemos vender sua pele e galhada depois.
— Caramba! Você e meu pai são incríveis, conseguiram caçar um servo. eu só pego lebres quando vou para a floresta — disse Yuna, um pouco desanimada com as últimas palavras.
Brendon tentou acariciar a cabeça de sua filha, mas ela desviou a mão da direção de sua cabeça.
— Não se preocupe, filha. Seu aniversário está próximo, não demorará muito para caçar seu primeiro cervo — respondeu em um tom consolador.
A menina assentiu alegremente as afirmações de seu pai.
— Tio Andrew, vocês encontraram ursos, lobos ou outras feras na floresta?
— Desviamos de qualquer sinal de uma criatura perigosa na floresta. Encontramos até rastros de um urso, mas seria necessário pelo menos mais um caçador que é capaz de usar a força vital — respondeu Andrew.
Com um sorriso travesso, Brendon continuou insistente em suas tentativas de acariciar a cabeça de Yuna. Ela desviou da mão dele diversas vezes até a paciência chegar no limite.
— Pai, não toque no meu cabelo com suas mãos sujas de sangue!
Andrew ria com a dinâmica de um pai com sua filha, mas eles ainda estavam fora da aldeia e tinham deveres a fazer.
— Vamos, Brendon, temos que esfolar esse cervo.
— Certo, Andrew, estamos indo. Yuna, diga para sua mãe que eu cheguei e cacei um cervo para o jantar.
Assim, as três figuras caminharam para dentro de Crimis e seguiram por caminhos diferentes. Os homens foram para a casa de Andrew e Yuna relembrou da tarefa dada pela sua mãe.
O caminho levou à feira, onde tinham várias lojas a vista. A jovem caminhou até uma barraca conhecida, nela um senhor de idade se sentou em seu banco e aguardou os clientes.
— Bom dia, Senhor Conor. Vim comprar alguns vegetais.
O homem idoso se ajeitou no banco e percebeu a menina branca, com cabelos escuros na altura dos ombros, estava à frente de sua loja. Então ele olhou para o rosto dela e viu a feição de uma pessoa calma, seguido por olhos negros que o lembrou a escuridão da noite.
— Bom dia, Yuna! Sua mãe te mandou?
— Ela mandou vim comprar alguns vegetais para mais tarde e meu pai caçou um cervo hoje — respondeu. — Não dá para ter um jantar só com carne.
— Haha! Nada melhor que um assado de cervo depois de um dia dando duro. Escolha os legumes, que eu separo para você.
O vendedor separou os legumes e ela colocou na cesta.
— Obrigado, Senhor Conor, aqui está o pagamento.
— De nada, querida, aproveite e leve isso. — O homem entregou uma sacola contendo pães, colocando-a na cesta, junto com os vegetais.
— Esse é um agradecimento para seus pais que sempre compartilham o que caçam com a gente, até mesmo o guisado de carne.
— Obrigado, Seu Conor! Eu, meu pai e minha mãe ficamos agradecidos — Yuna agradeceu o vendedor da feira e saiu após acenar em despedida.
A garota falou com diversos amigos e vizinho no caminho para casa.
As ruas desordenadas de Crimis careciam de um planejamento adequado. Porém, a união da comunidade era forte e garantia que todos os moradores estavam dentro do muro da aldeia.
Yuna chegou ao seu destino e se deparou com a simples casa de madeira.
Na frente dela havia um jardim, uma porta e duas janelas. No quintal crescia uma macieira alta o suficiente para fazer sombra acima do telhado.
A jovem entrou na casa e não viu sua mãe na sala.
— Mãe, chegue em casa! Onde você está?! — ela gritou, intencionada a descobrir onde estava a mãe.
— Filha, estou no quintal lavando as roupas! Coloque as compras na dispensa e venha me ajudar.
Como dito, Yuna seguiu as instruções dela.
No quintal, uma mulher magra, de pele branca, cabelos loiros e em um vestido laranja, lavava as roupas e as estendia no varal.
Ela caminhou até onde sua mãe estava e seguiu com o exemplo.
Não demorou muito para a tarefa ser concluída. Graças ao Sol e as brisas suaves, as roupas secariam antes do anoitecer.
— Eu vi meu pai hoje quando ele estava chegando, ele e meu Tio Andrew caçaram um cervo — Yuna informou a sua mãe sobre os feitos do pai.
— Isso é excelente, vamos ter um jantar farto então — declarou com um pequeno sorriso no rosto
Mãe e filha continuavam a exercer as tarefas pendentes dentro da casa até a chegada do crepúsculo, que anunciou o início da noite e o fim do dia.
O som da porta abrindo ecoou pela casa e anunciou a chegada de um indivíduo. A figura vestia roupas verdes e pretas, cores usadas por um caçador de Catandros.
— Isabelle, cheguei em casa!
— Bem-vindo de volta, Brendon.
Ela caminhou até a sala para receber seu marido após ele ter voltado da floresta.
Brendon carregava duas sacolas, o arco, a aljava de flechas e um forte odor que saturava toda a sala.
— Credo! Que fedor é esse vindo de você?! Não fique aí parado e vá tomar um banho agora! — reclamou Isabelle, tampando o nariz com a mão.
— Mas, Isabelle, eu trouxe carne de cervo e comprei pães na padaria para essa noite — o caçador questionou sua esposa.
— Estou ciente que você caçou um cervo hoje, Yuna me contou. Já os pães não eram necessários, o Seu Conor cedeu alguns pães para a gente hoje — disse em um tom impaciente. — Então não perca mais um segundo e vá tomar um banho agora!
Recuado sobre o olhar feroz de sua esposa, Brendon se sentiu pressionado a tomar um banho e correu para o quintal.
Enquanto arrumavam a mesa de jantar, um novo homem entrou na sala, incomparável com a calamidade de antes.
— Então, meu bem, gosta do que ver? — ele perguntou enquanto posava somente com uma toalha na cintura.
— Sim, bem melhor. Vá vestir suas roupas — disse rispidamente.
Com Brendon devidamente vestido, todos sentaram-se na mesa, a janta estava pronta graças aos esforços combinados de Yuna e Isabelle. Eles jantavam tranquilamente e compartilhavam as experiencias do dia, assim, o tempo fluiu.
Após o jantar, não demorou muito para a chegada do horário de dormir. Seus pais foram para cama primeiro, Yuna iria dormir após fechar as janelas.
Mas, antes disso, ela gostava de observar o céu noturno e repleto de pontos brilhantes. Na escuridão da noite, uma luz prateada destacava-se.
A Lua marcava sua presença e emitia um brilho incomparável com as estrelas, um guia para aqueles que viajavam durante a noite.
Inspirada pela linda visão a sua frente, Yuna refletiu sobre seus sonhos, desejos e todas as coisas boas presentes na vida. A garota fechou a janela e foi em direção à cama que ela compartilha com os pais, adormecendo ao deitar-se.