Deckard - Histórias de outro mundo - Capítulo 23
Deckard sonhou que estava preso. Estava deitado e havia algo sobre seu peito, que ele não podia identificar. Aquilo foi o esmagando, até que ele não conseguisse respirar.
— Hah, hah — ele acordou assustado, procurando algum inimigo, só para ver Fang deitado sobre o seu corpo, todo preguiçoso. — Fang, seu filho da puta, está querendo me matar do coração?
Ele simplesmente olhou para Deckard com aquela cara de tédio dele, bufou e virou pro outro lado.
Ele empurrou o tigre, até que ele se levantasse e o deixasse livre de todo aquele peso.
— Você não é tão leve quanto você acha não, cara — resmungou, irritado.
Ele nem sequer se deu ao trabalho de encarar Deckard, apenas se aninhou onde estava e deitou outra vez.
— Se você já terminou, vamos logo. Não quero mais ficar aqui por horas não.
Deckard recolheu as coisas, deu uma última olhada na ferida, mastigou mais uma das folhas analgésicas e eles seguiram pelo túnel novamente, parando apenas para que Deckard recuperasse sua lança de onde ela havia caído.
Andaram cerca de um quilômetro, sem ver qualquer sinal de inimigos. Parecia haver uma espécie de toca à frente, bem grande. Depois de olhar em volta novamente e não ver mais nenhum inimigo, ele decidiu entrar na toca. Cerca de um metro à frente havia um amontoado de rochas. Por precaução , eles se esconderam atrás delas e Deckard aproveitou para olhar por cima e ver o que havia à frente.
Diferente do que havia esperado, havia uma fêmea, de um tamanho que chegava próximo ao do Argenti, deitada. Depois de olhar com mais atenção, pôde ver quatro filhotes juntos dela.
— Que droga. Tinham que ser filhotes recém nascidos mesmo. Eu te odeio, dungeon maldita.
Ele estava se sentindo péssimo com a ideia de matar aqueles lobos, mesmo sabendo que se não fizesse, a dungeon poderia acabar se rompendo e eles se tornariam inimigos problemáticos no futuro.
Ele sabia que lutar contra aquela loba, enquanto ela protegia seus filhotes, seria um desafio quase tão grande quanto lutar com os seis lobos. Além de proteger seus filhotes, o sistema havia lhe avisado que ela era a líder da alcateia e tinha atributos superiores aos outros lobos.
Enquanto se preparava para a luta, ele observou os atributos dela, piscando acima da sua cabeça.
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Espécie: Líder da matilha dos Presas do Luar (Adulto)
Nível: 6
Rank: Comum
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Atributos:
Força: 38
Destreza: 40
Inteligência: 27
Carisma: 22
Magia: 24
Enquanto ela tinha uma força bem superior aos demais lobos, seus filhotes não representavam nenhum risco, uma vez que eram recém nascidos e seus atributos eram baixos.
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Espécie: Lobo Presa do Luar (Filhote)
Nível: 0
Rank: Comum
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Atributos:
Força: 24
Destreza: 29
Inteligência: 19
Carisma: 14
Magia: 16
— Mesmo com essa força e essa destreza ridículas para recém nascidos, eles não vão ser um problema. Se eu conseguisse chegar bem próximo, poderia atacar ela com alguma habilidade e debilitar ela.
Ele não poderia ficar ali o dia todo esperando que ela adormecesse. Já que não aguentava mais estar naquela dungeon.
Deckard decidiu partir para o tudo ou nada. Não ia tentar conservar poder contra um inimigo claramente perigoso.
— Volte até a entrada Fang, só venha quando eu assoviar — ele ia causar um pandemônio dentro dessa caverna e não podia arriscar debilitar seu único aliado.
Deckard agradeceu à Deus, pois o sistema tornava mais fácil se comunicar com Fang, por ser um pet.
Quando viu que o tigre já havia chegado na entrada da caverna, Deckard começou a colocar seu plano em prática. Sabia que só podia usar três habilidades de uma vez, antes da exaustão, e precisava escolher com sabedoria.
Depois de alguns segundos pensando, finalmente decidiu e traçou seu plano de ação. Ia aproveitar que ela estava deitada, alimentando sua prole e iria usar o elemento surpresa.
Ele sacou a adaga e se preparou.
— Muralha de aço! Armadura de Raios! — Aproveitando a explosão de velocidade temporária ele se lançou em direção à ela como uma flecha, mirando sua garganta.
— Tempestade de raios! — Ele invocou seu trunfo final no último segundo, para garantir a chance de atordoar ela e impedir que fosse atacado.
Com um golpe certeiro, abriu a garganta da loba com apenas um movimento. Enquanto o sangue jorrava e ele tentava se manter de pé, chamou Fang com um assovio. Não demorou nem mesmo um segundo para que ele chegasse e terminasse o serviço, dando fim aos filhotes.
– PARABÉNS! VOCÊ CONCLUIU UMA DUNGEON –
– NOVA CONQUISTA: PIONEIRO –
– NOVA CONQUISTA: PREDADOR –
Ele se permitiu cair no chão, devido ao cansaço e ao leve formigamento que sentia em seus braços e pernas. Chamou Fang e se apoiou nele, para se levantar.Foi até o corpo da loba e, apesar do cansaço, retirou as presas e as garras dela. Sentou e começou a retirar sua pele com muito cuidado.
Depois de um trabalho demorado, se levantou e foi em direção à entrada da enorme toca.
— Pode comer Fang, vou te esperar ali fora – ele não tinha estômago para ver aquela cena e já estava se sentindo péssimo por serem os culpados pelas mortes dos filhotes.
Apesar de ter uma presa maior do que os outros lobos, Fang não demorou tanto dessa vez e logo puderam tomar o caminho de volta para fora da dungeon.Enquanto faziam todo o caminho em direção à saída, Deckard pôde ler tranquilamente a notificação de conclusão da dungeon. Junto com a conquista de pioneiro, que ganhou ao entrar na dungeon, recebeu dois pontos em cada atributo e dois pontos de atributos aleatórios. Já a outra, se tratava de uma conquista por matar a líder da alcatéia e o recompensou com mais dois pontos de atributos aleatórios. Com isso, ele estava com um total de cinco pontos, esperando para serem atribuídos.
Decidiu aproveitar e já resolver tudo de uma vez, porém levou um tempo olhando para a tela de Status, antes de decidir como usar eles.
Nome: Deckard Crowford
Idade: 20
Nível: 5
Status (Saúde): Saudável
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Título: “Caçador fora do comum” (+1)
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Profissão: Não atribuído
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Atributos:
Força: 33 (+2) (+8)
Destreza: 32 (+9)
Inteligência: 32
Carisma: 32
Magia: 32
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PONTOS NÃO DISTRIBUÍDOS: 0
Por fim, decidiu distribuir eles entre força, inteligência, carisma e magia. Assim, seus status estavam novamente balanceados. Mas, pensando melhor sobre sua maneira de lutar, percebeu que teria que deixar essa ideia de lado e focar em força, destreza, magia ou inteligência. Como ele já recebia um bônus em força e destreza toda vez que Fang subia de nível, restava cuidar de magia e inteligência.
Depois de quase uma hora andando, finalmente pôde ver a entrada da caverna outra vez e finalmente pôde entender o motivo dos guerreiros formarem grupos para lidarem com dungeons nas histórias que lia.
— Isso foi meio trabalhoso, mesmo não tendo inimigos poderosos. Graças a Deus, eu tinha você para me ajudar Fang — Deckard disse para ele, enquanto acariciava seu pelo escarlate.
A surpresa veio quando chegou ao lado de fora e pôde perceber que já era tarde.
— Olha só quem finalmente apareceu, Argenti. — Diane estava sentada no alto de uma árvore frondosa que havia próxima à entrada.
Deckard tentou olhar para cima, mas a iluminação quase o cegou. Depois de horas naquela penumbra, seus olhos estavam desacostumados ao brilho do sol.
— Quanto tempo eu passei lá dentro?
— Não muito, só umas três ou quatro horas. Vamos, Argenti já caçou o almoço.
Ela desceu da árvore com apenas um pulo e pousou graciosamente no chão, antes de sair andando na direção de onde vieram.
— Nem sequer perguntou como foi.
Diane só deu uma olhada por cima do ombro, enquanto sorria.
— Bem, você está vivo. Então, deu tudo certo.