Demônio da Escuridão - Capítulo 14
Era uma manhã fresca com direito a céu azul sem uma única nuvem. Barden acompanhava Levi até a escola, pelo fato de Rosane estar acamada por uma febre terrível. O incidente do dia anterior ainda estava fresco na memória de ambos.
Com uma expressão séria, Barden se virou para seu sobrinho antes de deixá-lo no portão da escola e ajoelhou-se para ficar na mesma altura que ele.
— Levi, antes de você ir quero que me prometa uma coisa — disse Barden, colocando sua mão firmemente sobre o ombro de seu sobrinho — Não use os seus poderes dentro da escola. Ele é muito perigoso, e você ainda não tem absolutamente nenhum controle sobre ele.
Levi assentiu, sentindo o peso da responsabilidade em suas palavras. Ele sabia que seu tio estava certo, mas ele queria mostrar para seu professor e seus colegas que ele também possuía um dom.
— Pode deixar, tio. Prometo não usar meus poderes — respondeu Levi, tentando passar confiança.
Barden deu um sorriso de canto, mas seu olhar ainda era de preocupação. Ele observou Levi se misturando na multidão de alunos, até sumir da vista dele. Em seguida, virou as costas e seguiu seu próprio caminho.
Ao entrar na sala de aula, Levi foi imediatamente cumprimentado por Brandr, seu único amigo. Ele, sempre animado e cheio de energia, parecia estar em um humor particularmente bom.
— Bom dia, Levi. Tranquilo?
— Mais ou menos. Ontem eu descobri que tenho um poder forte, mas como eu não consigo controlar direito, meu tio me proibiu de usar.
— Sério? Eu achei que você já tinha despertado já que é um aluno de uma escola de magia, Mas então… Me conta o que rolou.
Levi, ainda confuso e apreensivo sobre o que havia ocorrido, tentou explicar. Falou sobre a névoa negra, a voz em sua cabeça e a sensação avassaladora de poder que quase o dominou. Brandr ouvia com uma mistura de dúvida e surpresa.
— Entendo. É uma habilidade bem diferente, como a minha. Você pode me mostrar?
Antes que Levi pudesse responder, o professor Richard entrou na sala, interrompendo a conversa. Ele cumprimentou os alunos com seu habitual sorriso formal, mas havia algo de frio em seus olhos.
— Bom dia, classe. Hoje teremos uma atividade especial — anunciou Richard, com um tom autoritário. — Sigam-me até a mini-arena.
A mini-arena era uma estrutura circular com uma plataforma quadrada no centro, cercada por arquibancadas onde os alunos podiam assistir. Era um local usado para treinos e avaliações práticas.
— A cada seis meses, realizamos batalhas simuladas para avaliar o progresso de cada um de vocês — explicou Richard, enquanto os alunos tomavam seus lugares. — E
hoje, quero começar com uma luta especial. Quem serão os voluntários?
Antes que qualquer um pudesse se oferecer, Richard olhou diretamente para Levi, com um olhar predatório.
— Levi, que tal você começar? — disse ele, com um tom que não permitia recusa.
Levi sentiu um nó se formar em seu estômago. Ele sabia que não tinha escolha. Com passos hesitantes, subiu na plataforma, sentindo os olhares de todos sobre si.
— E seu oponente será… Brandr — anunciou Richard, com um sorriso sutil. Brandr, que sempre se destacou em combates, subiu com confiança. Ele lançou um olhar preocupado para Levi, mas parecia determinado a seguir as regras.
Os dois amigos se posicionaram frente a frente, enquanto os outros alunos observavam em silêncio. Richard, com um brilho quase cruel nos olhos, deu o sinal para começar.
— Muito bem, as regras são as seguintes: Evitem golpes mortais ou que possam causar danos irreversíveis. A simulação só acaba quando um de vocês estiver incapacitado ou desistir. Fora isso, deem o máximo de si, ok? — Os dois amigos assentiram com a cabeça. — Comecem!
Uma aura amarela começou a ser emanada por Brandr, seu corpo esquentava ao mesmo tempo que seus músculos enrijeceram.
“Então esse é o tal KI? Aquela energia rara e de difícil manipulação? Não me parece muito diferente da magia. Enfim, veremos na prática como ela funciona. Além de ensinar uma lição para aquele tolo do Levi.”
— Não leve isso para o pessoal, Levi. Mas eu sempre levo minhas lutas muito a sério. — Como uma flecha, Brandr disparou na direção de Levi.
Ele não teve tempo de reagir. Seu amigo acertou um cruzado de direita em seu rosto, o fazendo capotar no chão. Sua visão ficou turva e por alguns segundos sua mente ficou confusa. Ao sentir um gosto metálico de sangue na boca, ele voltou à realidade.
Assim que sua visão se clareou, Brandr já estava em cima dele golpeando-o sem parar enquanto ele podia apenas bloquear usando os braços para evitar ser acertado na cabeça. Como Levi não estava usando nenhum tipo de energia para aprimorar o seu corpo, cada soco trincava os seus ossos o fazendo sentir uma dor aguda e latejante.
Richard observava com um sorriso satisfeito, claramente aproveitando o espetáculo. Mesmo quando ficou evidente que Levi estava ferido e em desvantagem, ele não interrompeu a luta.
— Vamos Levi. Use sua habilidade! — disse Brandr, tentando incentivar o seu amigo que claramente estava se segurando.
— Já não te falei, eu não posso — murmurou Levi.
— Por que!?
— E-eu… Eu não posso! É muito perigoso! — respondeu Levi, enquanto se levantava com os dois braços inchados e cheios de edemas.
*Brandr suspirou.*
“Será que ele acha que eu sou fraco demais para suportar o poder dele?”, refletiu Brandr, cerrando os punhos. Ele odiava se sentir subestimado.
— BRANDR, POR QUE ESTÁ PARADO? ELE AINDA NÃO DESISTIU! — disse Richard, incentivando seu aluno.
Finalmente, após um golpe particularmente forte, Levi caiu no chão, ofegante e sangrando. Brandr, com uma expressão de remorso, deu um passo para trás. Richard então se aproximou, levantando uma mão para indicar o fim da luta.
— Tudo bem, já chega. Brandr é o vencedor dessa simulação — declarou Richard, com uma frieza perturbadora.
Richard se inclinou sobre Levi, que ainda estava no chão, e sussurrou em seu ouvido.
— Chega disso, Levi. É melhor desistir antes que se machuque ainda mais — disse ele, com um tom venenoso.
Foi nesse momento que algo mudou. Uma aura negra começou a emanar de Levi, crescendo em intensidade. Ele se levantou lentamente, seus olhos brilhando com uma fúria fria e implacável. O semblante de Levi estava diferente, como se uma parte sombria de si mesmo tivesse tomado o controle.
Antes que Richard pudesse reagir, Levi avançou, movido por uma força desconhecida. Com um golpe rápido e mortal, ele atravessou o peito do professor com o seu braço, o matando de forma instantânea. Os alunos ao redor entraram em pânico, gritando e tentando fugir.
Brandr, vendo o que havia acontecido, ficou paralisado por um momento, o choque estampado em seu rosto. Nesse instante, ele lembrou que Levi havia falado que o tio dele havia o proibido de usar seu poder e que era perigoso, agora ele entendeu o motivo de tal precaução.
O olhar de Levi agora estava em Brandr. Que sem hesitar, liberou o seu KI e entrou em posição de combate.