Demônio da Escuridão - Capítulo 15
Barden estava no campo de treinamento do exército de Tristam. Ele caminhava entre os soldados que treinavam técnicas. Como instrutor, era admirado por sua excelência com as espadas e era respeitado por todos. As manhãs eram rigorosas, e os homens se esforçaram ao máximo para se aproximar dos padrões exigidos.
Naquela manhã o treinamento havia sido árduo. Barden havia colocado os soldados para aprender técnicas avançadas de esgrima, forçando-os a melhorar na velocidade, execução e precisão. Ele observava cada movimento, corrigindo posturas, ajustando golpes e dando instruções com uma voz firme, mas incentivadora.
Após horas e horas de esforço, eles deram uma pausa para o almoço. Os homens, exaustos, se dispersaram, alguns se sentando no chão, outros buscando água para se reidratar. Barden, por sua vez, sentiu a tensão acumulada em seus ombros e decidiu que também precisava de um momento de descanso. Respirando fundo, ele se afastou dos campos de treino e encontrou um lugar tranquilo à sombra de uma árvore.
Ele recostou-se contra a árvore, fechando os olhos por um momento, tentando encontrar alguma paz. Mas a imagem de seu sobrinho, Levi, continuava a invadir seus pensamentos. A lembrança do despertar sombrio de Levi, da aura negra que o cercava, era algo que ele não conseguia esquecer. Era um poder que Barden nunca havia visto antes, e a incerteza sobre o que isso poderia significar o perturbava profundamente. Ele se perguntava o que aquele poder poderia fazer a Levi, e pior, o que poderia fazer às pessoas ao seu redor.
— Barden! — uma voz familiar o chamou, trazendo-o de volta à realidade.
Ele abriu os olhos e viu Tatum, um velho amigo e companheiro de muitas batalhas passadas, se aproximando com um sorriso acolhedor no rosto. Tatum era um mago de grande renome, conhecido por sua vasta sabedoria em assuntos arcanos e sua habilidade em manipular a magia com precisão mortal. Eles haviam lutado lado a lado em diversas ocasiões, compartilhando tanto as glórias quanto as derrotas de batalhas.
— Tatum, é bom ver você — disse Barden, forçando um sorriso que não conseguiu esconder a preocupação em seus olhos.
Tatum, sempre perspicaz, percebeu imediatamente que algo estava errado. Ele se aproximou mais, examinando o rosto do amigo. — Você parece perturbado, velho amigo. O que aconteceu? — perguntou, com um tom de genuína preocupação.
— É sobre meu sobrinho, Levi — começou ele, com a voz grave. — Recentemente, ele despertou um poder assustadoramente forte. Uma escuridão que eu nunca vi antes. Tatum, você conhece algo sobre magia de escuridão?
— Magia de Escuridão? — Ele repetiu, para confirmar se era isso mesmo que ele tinha escutado — Para falar a verdade é a primeira vez que escuto algo sobre isso. O que posso te dizer é: A magia dos demônios é diferente da dos humanos. Ela não segue as mesmas regras que a nossa.
— Pois é. Meu maior medo é que ele seja igual ao pai dele.
— O pai dele? Quem seria o pai do seu sobrinho?
Antes que Barden pudesse responder, um som de passos apressados os interrompeu. Um mensageiro veio correndo em sua direção, seu rosto pálido e suado, claramente perturbado por algo que havia testemunhado.
— HÁ UM DEMÔNIO DESCONTROLADO NA CIDADE! — gritou o mensageiro, seu olhar e tom de voz expressando a urgência da situação.
Os soldados ao redor se endireitaram, suas expressões mudando de exaustão para alarme. O murmúrio de medo começou a se espalhar entre eles, e um dos soldados, com o rosto pálido, murmurou: — Eu sabia que isso um dia ia acontecer…
Barden e Tatum trocaram um olhar grave, e sem perder tempo, começaram a correr em direção à cidade, seguidos pelos soldados. O coração de Barden batia com força em seu peito, uma mistura de adrenalina e pavor tomando conta de seus sentidos. Enquanto corriam, o som de explosões e gritos começou a se intensificar.
Quando finalmente chegaram em meio ao caos, a visão que os aguardava era nada menos que aterrorizante. As ruas, antes movimentadas, estavam agora em ruínas.Construções estavam desmoronando, consumidos por chamas negras que pareciam ter vida própria.
O cheiro de fumaça e carne queimada era nauseante, e os gritos de dor e desespero ainda ecoavam, embora muitos dos habitantes já tivessem caído, mortos ou gravemente feridos. Corpos jaziam no chão, alguns ainda envolvidos nas chamas negras que se recusavam a se apagar, transformando o lugar em um verdadeiro cenário infernal.
E então, no centro de toda aquela devastação, Barden viu o responsável. Levi estava parado, envolto em uma aura de pura escuridão, seus olhos brilhando com uma fúria insana e incontrolável. Aquele não era mais o garoto que Barden conhecia, mas sim uma entidade que parecia ter sido consumida pela própria escuridão que ele havia despertado. A visão fez o coração de Barden apertar, um sentimento de desespero e impotência o atingindo como uma marreta.
— Levi… — murmurou ele, sua voz falhando enquanto seus olhos se enchiam de uma dor esmagadora.
FIM DO FLASHBACK
Com um movimento hesitante, Levi tocou o sino. O som profundo e sinistro ecoou pela escuridão, e, de repente, ao seu lado, Baphomet apareceu, emergindo das sombras como se sempre estivesse ali.
Levi se assustou com a aparição repentina da entidade demoníaca. Baphomet, com seus olhos ardentes e a aura sombria que o cercava, era a personificação de tudo o que Levi temia e desejava ao mesmo tempo.
— Então, já se decidiu? — perguntou Baphomet, cortando o silêncio da noite.
Levi engoliu em seco, seu coração batendo forte. Ele sabia que não havia volta. — Sim — respondeu, com determinação na voz — Eu aceito me juntar a você… em troca de sua tutela.
Baphomet estendeu sua mão, envolta em uma aura sombria. — No momento em que você apertar minha mão, estará sob um acordo: Se algum de nós quebrar o pacto, o coração desse traidor parará subitamente. — A voz de Baphomet era firme, sem deixar margem para dúvidas.
Mesmo com um pouco de receio, Levi apertou a mão de Baphomet, selando o acordo entre eles. A escuridão ao redor parecia vibrar com energia, e Levi sentiu uma onda de poder percorrer seu corpo, como se estivesse se fundindo com a própria essência de Baphomet.
— Será um prazer trabalhar com você, jovem mestre — disse Baphomet, um sorriso sinistro curvado.
Enquanto as palavras de Baphomet ecoavam em sua mente, Levi olhou para o horizonte, onde a cidade de Petrovski se erguia à distância. Ele sabia que, a partir daquele momento, sua vida jamais seria a mesma.
A escuridão estava apenas começando a se erguer.