Destino da Quimera - Capítulo 0
No vasto jardim de aparência imponente, uma vasta quantidade de plantas mágicas e não mágicas mostravam o brilho de sua beleza, ganhos após o maior cuidado durante seu cultivo. E esse brilho é mais destacado através do brilho solar, das dez horas matutinas.
Arrodeado pelo jardim uma praça de piso composto por cubos de bela polida, servia como um grande palco para um orador especial.
Uma túnica branca limpíssima cobria sua cabeça até os calcanhares, quase chegando quem lhe olhasse tão diretamente pela forte iluminação naquele pequeno campo aberto.
Lendo um documento, tentava expressar alguma reação em seu rosto que pudesse condizer com sua leitura, mas estava claramente emitindo feições tão artificiais que não precisam ser detalhadas.
Não se considerava o melhor ator, mas cumpria ordens e por isso prosseguia com o pequeno show.
— De maneira orgulhosa saudamos nossas duas crianças, formadas com grande honra na academia, desde suas classificações individuais até suas conquistas coletivas, não deixamos de observar e tomar nota de seus feitos. — uma pausa para respirar, também para olhar os seus ouvintes. — O conselheiro imperial e academia Ludos concedem a vossa mercê, Bella, a liberdade para servir temporariamente ao conjunto militar imperial caso seja sua vontade como também, uma vez dentro, retira-se ao próprio livre arbítrio. — Somente ao ler aquela última frase que esboçou uma legítima expressão de surpresa em sua face, mas logo sumiu.
O garoto Monet batia palmas de maneira lenta, imitando algum vilão de algum romance clichê antigo e enaltecido pela massa leitora. Tão brilhoso quanto as plantas ao redor estava seu cabelo.
— E com todos os méritos, desejamos estabelecer uma ligação especial com o futuro mestre curandeiro, Monet, uma vez que suas capacidades atuais encontrem-se tão avançadas mesmo para um adulto… — Alguns segundos de silêncio enquanto tornava a pegar a segunda parte da carta, também considerando a caligrafia um pouco maior do que o necessário. — concedemos acessos especiais a livros para suas pesquisas e mesmo permissão para adentrar acampamentos militares e alas médicas de baixa restrição do império, caso algum dia aja a necessidade de treinar sua destreza salvando a vida das pessoas deste reino na frente de batalha ou não.
Buscou maiores detalhes ao fim de sua leitura, mas não conseguia ver nada além da assinatura de algum membro inferior do conselho. O mensageiro continuou revirando a folha mais algumas vezes para ter certeza que leu tudo, enquanto isso as duas crianças prestes a entrarem em sua adolescência continuaram observando em silêncio a cena cômica.
— Bom… Acredito que nossos conselheiros estavam ocupados demais para escreverem uma boa despedida, apesar de tudo… — Disse o mensageiro, um pouco constrangido por aquilo.
Geralmente precisava ler diversas linhas, bajulações de diversas formas os alunos de Ludos, isso sem contar presentes nenhum pouco discretos dos conselheiros. Não sabia se era devido a falta de título de nobreza das crianças, ou simplesmente alguma intriga dos conselheiros, mas ainda sentia o quão incomum aquele momento se mostrava.
— Peço desculpas por essa ação tão… Leviana de meus superiores.
— Não se preocupe com isso, não é algo que seja realmente grande. — Falou o garoto, sorrindo para o mensageiro que ainda estava tenso.
Quando abaixou-se para voltar a mexer na terra, lembrou de seus modos: — Aliás, obrigado pelo esforço de viajar até aqui.
— Obrigado, senhor. — Disse a garota, que diferente de Monet estava sentada num banco de madeira presente na praça.
— Apenas cumprir com minha função, eu agradeço pela recepção. Irei me retirar agora… E até algum dia.
O mensageiro saiu e no lugar dele uma outra pessoa se aproximou, observando de perto a distração que ambos mostravam naquela situação.
Conversando de maneira calma, não lhe deram muita atenção no instante que chegou e mesmo ouvindo a aproximação, permaneceram focados em seu diálogo.
— Eu estava pensando sobre o que a Mama falou, sobre ir para o continente oeste e encontrar nossa família. — o garoto estava mexendo na terra com suas próprias mãos enquanto falava.
— Talvez nem estejam vivos, o lugar tá cheio de chacinas, guerras e tudo mais… Mas eu ainda quero ir. Você vai ficar?
— Não, na verdade isso me deixa meio curioso, é bem estranho só nos deixarem aqui ao invés de virem também… Só me diz que não vai tentar sair do barco?
— Eu? Se eu sair você acaba afundando no mar, com esse corpo fraco vai ter câimbra no mesmo momento que começar a remar.
— É um detalhe que pode ser relevado, eu posso simplesmente sair boiando nas ondas.
— Vai ficar sem comida e… Vai comer a própria perna?
— Hm… Acho que não tenho um gosto tão bom assim.
— Por que você parou pra pensar logo sobre isso?!
— É bom ver tanto ânimo agora depois de tudo… — ressoando em tranquilidade a voz da pessoa chegou até ambos como um silvo melodioso, levando ambos a interromperem aquela conversa. — Espero que não percam essa vontade toda durante o exílio.