Devilish - Prólogo
“A crença em uma origem sobrenatural da maldade não é necessária. Homens sozinhos são capazes de qualquer maldade.” – Joseph Conrad.
1955, 13 de Setembro
De um ano para o outro, a trama da história humana tecia uma tapeçaria encharcada de sangue e lágrimas, com as ramificações daquela que seria recordada como uma das mais cruéis batalhas da existência: a Segunda Guerra Mundial.
A tormenta desse caminho havia guiado a Alemanha nazista para um triunfo sombrio, mergulhando o mundo em uma nova era de surpresas e mudanças.
A Segunda Guerra Mundial, que agora ressoava como um eco fantasmagórico, tinha dado lugar a um novo capítulo repleto de sombras e desconfiança. O Terceiro Reich, tendo empregado vitorioso da carnificina, decidiu estender suas garras ambiciosas na direção dos Estados Unidos.
Duas superpotências agora se enfrentavam, cada uma carregada de sua própria ideologia, separadas por um abismo de crenças e ambições.
Foi assim no início da Guerra Fria, como uma sinfonia dissonante de tensão e desespero. As chamas da batalha eram um reflexo das paixões inflamadas que ardiam nos corações dos homens. Mas batalha parecia um termo inadequado; sacrifício capturava mais fielmente a essência daquilo que se desenrolava.
As fronteiras, outrora inquebráveis e imutáveis, estavam expostas como feridas abertas, vulneráveis à fúria da destruição.
No meio dessa tempestade de caos, uma cidade que outrora irradiava vida agora encontrava-se sitiada pela sombra opressiva de um punhado de tropas alemãs.
A bandeira americana, ainda erguida em meio ao cerco, parecia uma chama vacilante contra a iminente escuridão. Era um espetáculo desolador, onde a esperança parecia esvaecer pelas rachaduras das ruas.
Os tiros ecoavam nas paredes dilapidadas como uma recordação cruel do que fora perdido. Os lamentos dos falecidos ecoavam como um coro melancólico, uma ode ao terror inolvidável daqueles dias sombrios.
Nos confins das ruas manchadas de sangue, emergia uma verdade amarga. A linguagem dos horrores perpetrados durante o conflito desafiava qualquer tentativa de definição. Palavras como opressão, tortura e impiedade eram meros reflexos pálidos do verdadeiro abismo de sofrimento.
A guerra, essa voracidade insaciável, tinha o poder de transformar homens em monstros e apagar a humanidade que habitava em seus corações. Cada gota de sangue derramada nas ruas contava uma história cruel de violência e desespero.
Os uniformes das tropas nazistas, maculados pelo toque da morte, personificavam a maldade em sua forma mais sinistra. Cada ato grotesco de crueldade era como um ritual demoníaco, uma dança macabra que celebrava a depravação da alma humana.
Contudo, como um raio de luz na escuridão, o desfecho daquele conflito brutal começava a se insinuar no horizonte.
Apesar dos esforços daqueles que haviam moldado o curso do destino, o exército americano começava a ceder. Os destroços daqueles que haviam sido derrotados jaziam no campo de batalha, uma lembrança macabra da ferocidade do conflito.
O odor da decomposição pairava como uma maldição, mantendo ambos os lados à beira do abismo de um iminente ataque nuclear.
New York, Lower Manhattan, à 01h00am.
Na rua de Grand Street, um soldado percebeu que só restavam três homens, incluindo ele próprio, após a eliminação cruel dos seus companheiros remanescentes. O tanque, que era encarregado de proteger o bloqueio da estrada, jazia agora em pedaços fumegantes.
A situação não era esperançosa, e mais adversários estavam se aproximando. Quando o trio foi atingido por trás, seus corpos foram lançados pelos ares, despedaçados em um horrível espetáculo de destruição e pedaços biológicos.
Sob o uniforme encharcado de suor, ele sentia a tensão incessante de pessoas aterrorizadas tentando romper a barricada da cidade.
As rotas de fuga estavam abarrotadas de centenas delas, em breve seriam milhares.
Ele podia continuar operando a noite inteira, sem mostrar sinais de cansaço; isso não era um problema.
Apenas o tempo resolveria essa situação.
Por seus supostos irmãos, que também eram seus próprios, eles continuariam. Matar, matar, era a única saída, uma jornada mais sombria do que nunca.
Os soldados alemães, enclausurados em sua própria covardia, não compreendiam a verdade subjacente. Envolvidos em chamas e desespero, ele tentava resistir, mas suas armas logo foram arrancadas, deixando-o vulnerável à justiça tardia que se aproximava.
Em círculo, como abutres, cercaram o soldado, um por vez, sua crueldade manifestada em atos de violência brutal que lhe desfiguraram o corpo e a alma.
Mas o homem se recusou a dobrar-se diante das torturas. Suas palavras frágeis e as tentativas de intimidação caíram em ouvidos surdos, seu espírito resiliente resistindo a um fio tênue. Mesmo com pulsos amarrados, ele continuou a lutar.
Sangue escorria, lágrimas mesclavam-se ao suor, sua visão estava tingida de vermelho e as cicatrizes físicas marcando-o profundamente.
Um jovem soldado alemão emergiu das sombras, seu corpo esguio destacado pela luz tênue que escapava dos postes distantes. Seus olhos, outrora imbuídos de inocência, mostravam um propósito deturpado.
Ele segurava um canivete na mão, um prolongamento de sua crença distorcida que brilhava ameaçadoramente na noite. Em um gesto de cautela, na medida certa, esculpiu a suástica na carne do prisioneiro, utilizando o objeto como se fosse um pincel e o sangue sua tinta.
— Sieg Heil! Sieg Heil!
Com os olhos vazios e o coração endurecido, declarou sua vitória com um grito vil.
Como se as sombras ao redor deles tivessem engolido a esperança, o ar estava denso com uma mistura esmagadora de pavor e revolta. Naquele momento, a humanidade vacilou à beira do abismo, enquanto a escuridão abraçava-os.
Greenpoint, Freeman St, à 01h56am.
Após uma angustiante espera de 50 longos minutos, os soldados americanos finalmente romperam o silêncio com uma retumbante salva de tiros.
As descargas do poderoso M1918 ecoaram, dilacerando a retaguarda do exército alemão. O estrondo dos disparos foi como uma sinfonia mortal que ecoou pelos campos de batalha. A primeira bala que se destacou, maciça e letal, cortou o ar e encontrou seu alvo em um impacto devastador contra o couro rígido da engrenagem alemã.
As balas encontraram seu caminho com precisão letal, perfurando várias articulações da placa de blindagem do tanque inimigo. O estrondo das explosões se misturou ao zunido das balas, enquanto a fumaça começava a se elevar dos orifícios.
Uma segunda explosão irrompeu da entranha do monstro de aço, um rugido ensurdecedor que reverberou pelo campo de batalha; o interior do tanque estava carregado de explosivos, prontos para desencadear o inferno.
O sargento Oliver Thomas, instintivamente, se lançou para trás, buscando cobertura atrás de uma parede que mal havia resistido à carnificina ao seu redor.
Com o coração batendo freneticamente, o soldado Matthew William, um sobrevivente em meio ao caos, ergueu sua arma e retaliou. Cada disparo era como um ato de desafio à escuridão que os envolvia.
As explosões pareciam dançar sobre os destroços de concreto, enquanto as tropas inimigas avançavam.
Naquele momento de coragem, o sargento Oliver avançou.
Seu uniforme esvoaçava ao vento, um testemunho visual de sua resistência, enquanto Matt continuava a disparar contra o inimigo. O estrondo constante do rifle automático era uma nota persistente na cacofonia da batalha.
Movendo-se por instinto, sem hesitar, Oliver se lançou à frente, arremessando uma granada com precisão sobre o avanço alemão. O clarão da explosão pintou o cenário com tons de fogo e fúria. O rugido da explosão ecoou nos ouvidos de todos.
As faces pálidas das vítimas testemunhavam a carnificina que se desdobrava.
Quatro indivíduos severamente enfermos tentaram permanecer vivos diante da perda de sangue, com uma exuberante espuma carmesim transbordando sobre os lábios.
Porém, em meio ao caos, o exército americano persistia, uma chama de resistência que se recusava a ser extinta. Enquanto o batalhão alemão avançava, a raiva e a determinação moldavam suas expressões, palavras de maldição e saliva voando em um coro de fúria:
— Arde no inferno, filhos da puta!
Os rifles alemães rugiram em resposta, suas balas encontrando alvos no modo automático, uma resposta letal ao desafio imposto pelos americanos.
Os mísseis dos tanques, como punhos de vingança, foram lançados em direção ao ditador Erich Schneider, encontrando seu alvo com precisão cirúrgica.
O coração do inimigo tremia ao impacto dos projéteis, uma última tentativa de deter o avanço do seu domínio.
O campo de batalha havia se transformado em um turbilhão de fumaça, chamas e desespero, enquanto ambos os lados lutavam pela vitória.
A fronteira entre a vida e a morte, a coragem e o medo, estava se tornando cada vez mais tênue contra o pano de fundo de uma batalha sem fim. O destino de nações inteiras estava em jogo enquanto heróis sem nome se lançavam ao desconhecido, determinados a pagar o preço máximo pelo triunfo.
South Side, às 02h21am, em um beco.
Adam Hall estava encharcado de suor, suas bochechas tingidas com o líquido vermelho escuro que escorria da ferida em seu rosto. Apoiou-se contra a parede, seus ombros se chocando com a superfície áspera à medida que seu corpo afundava cada vez mais.
Seus olhos piscaram, tentando enxergar além dos limites de sua visão embaçada.
O capacete que usava e algumas das faixas que envolviam suas pernas estavam desgastados, mas era a M1928 que ele carregava que sofrera o maior dano.
Adam avaliou seu próprio estado, examinando a área danificada: fraturas minúsculas marcavam sua pele, enquanto hematomas monstruosos provocavam uma dor lancinante em sua pele. No entanto, para alguém que enfrentara tantos desafios como ele, aquela agonia era apenas um incômodo passageiro.
Lutando para manter-se consciente, no andar superior do edifício, pessoas que também estavam sobrevivendo a esse inferno foram arremessadas da beirada de uma abertura de concreto devido a uma explosão massiva que atingiu os tijolos com um estrondo ensurdecedor.
Três vítimas já ensanguentadas caíram, encontrando a morte instantaneamente no impacto brutal.
O soldado deslizou suas costas na parede até sentar-se. O sangue fluía de suas feridas, manchando sua farda, enquanto a condição deste piorava rapidamente.
Com dificuldade, ele pôs a mão sob a camisa do uniforme e retirou um pingente de prata, segurando-o firmemente.
Um sorriso suave e simpático espalhou-se pelos seus lábios enquanto observava a fotografia da sua mulher. A ansiedade da situação podia ser vista nas suas mãos trêmulas.
Esta era a sua única oportunidade de atuar e a sua última oportunidade de o fazer. Embora já não pudesse lutar pelo seu país, reconhecia o imenso peso de ter que defender a sua família.
— Cassidy… — murmurou, seus olhos fixos na imagem desta. — Isso é totalmente doentio. Eu não queria estar aqui. Ninguém merece passar por isso, né? É medonho.
Sua voz fraquejou quando a tosse sangrenta o interrompeu.
— Quero que isso termine logo para vivermos os momentos em que éramos um só, cuidando um do outro. Mas, mesmo assim…
Adam fez uma pausa por um momento, reunindo forças, antes de continuar
— Se eu não puder viver, se não puder estar ao seu lado nos dias que virão, por favor, continue vivendo. Não deixe o peso deste pesadelo tocar você. Você merece encontrar a felicidade novamente, mesmo que eu não possa estar presente para compartilhá-la contigo.
Repentinamente, uma outra voz ressoou.
— Ainda pode sentir emoções tão fortes mesmo estando cercado por tanta crueldade, isso é admirável.
Adam desviou seu olhar para a direita, seus olhos fixando-se em algo que surgia à vista, algo que desafiava todas as leis da natureza.
Sua fisiologia peculiar sugeria que ele havia sobrevivido nas condições mais adversas. Com uma altura de 1,90, o recém-chegado estava vestido com um longo sobretudo preto aberto, revelando uma camisa e calças da mesma cor. Luvas brancas envolviam suas mãos e um chapéu de feltro cinza repousava em sua cabeça.
Adam poderia ter gritado para indagar suas intenções, mas em vez disso, agiu por instinto, sacando a pistola HP-35 de seu coldre na cintura e apontando-a para a figura enigmática.
O som de sete disparos ecoou pelo beco, cada bala cortando o ar em direção ao oponente.
Entretanto, o que ele enfrentava estava longe do comum.
Conforme as balas atingiam sua figura, cada ferida se regenerava, cada rasgo em sua vestimenta se reparava. A transformação era incrível, quase sobrenatural.
— Só pode ser brincadeira…
Seus olhos fixaram na figura misteriosa, cujo sorriso hediondo era a única característica visível sob a sombra do chapéu.
— Se você não conseguir controlar suas emoções, terei que matá-lo. — declarou ele, enviando um arrepio pela espinha ao homem. — De todos aqui, você ainda nutre um sentimento valioso.
Na escuridão crescente, os olhos do estranho brilhavam como raios de luz vermelha e sangue, cortando a escuridão com uma intensidade assustadora.
— As balas…— sussurrou, aturdido e incrédulo diante do que via.
— O dano físico já não me afeta. Disparar mais uma bala seria um desperdício da sua parte.
O mundo de Adam girava em confusão.
“Essa coisa… Que merda é essa?”
Perguntava-se ele, atônito
A realidade parecia distorcida, um pesadelo que ele não podia acordar.
No entanto, se recusava a aceitar a derrota, a submissão a um inimigo aparentemente invulnerável.
— Enfim, apesar de tudo, você é apenas um ser humano normal que sente algo.
Adam não reagiu ao que a criatura dizia e desviou o olhar para ignorá-lo. Assim, a mesma se espantou com o homem, um ato que ninguém jamais havia feito antes, senão horrorizar-se e sucumbir a si próprio.
— As emoções humanas me fascinam. São algo que eu já não tenho mais. Embora o tempo mude e envelheça, o que se sente permanecerá para sempre nesse mundo quebrado.
Este via o mundo com olhos que tinham testemunhado a passagem de milênios.
Reparando nos três cadáveres, ele parecia aborrecido, como se estivesse a lamentar a perda de um luxo há muito desaparecido.
— Contemplar a paixão e a dor, o ódio e o amor, é como apreciar uma pintura, onde cada emoção é uma pincelada única de cor na vastidão cinzenta da vida.
Um breve momento de silêncio, então Adam o respondeu:
— Não tenho a menor ideia de quem você é e como acabou aqui, mas é exatamente por isso que é tão… — Desviou o olhar à esquerda. — … esquisito.
Seu olhar fitou-o.
— Só estou aqui para observar a situação desse lugar por mero interesse, e parece que minha curiosidade me levou a alguém que está à beira da morte.
— Isso é um péss…
Surgiu uma forte dor que percorreu o corpo inteiro deste. Ele tentou supri-lo apertando o tecido do uniforme.
Um vislumbre ocupou o rosto do visitante, arqueando a sobrancelha.
— Você é uma pessoa corajosa. Lidar com a ideia de sua própria morte é o que faz de você quem você é.
— Não consigo acreditar nisso ainda…
— Há segredos que nem mesmo eu entendo, mas parece que o destino nos uniu de alguma forma.
A figura misteriosa inclinou a cabeça, e seu sorriso ganhou um toque de ironia.
— Se não fosse por essa miséria, talvez não estaríamos aqui.
Adam engoliu o seco.
— Eu só estou aqui porque preciso estar. Mais pessoas estão agora filiadas ao Partido Nazista. Eles estão invadindo o… — Tossiu antes de prosseguir. — O país. Por isso a gente tem que evitar essa bagunça.
Ouviu-se apenas uma risada satírica desta.
— Você deveria saber o quão libertador é agir assim. Não é como se fosse algo incomum. Na verdade, é cansativo. É repetitivo.
Seus olhos hediondos fixaram-se nele.
— Eu estou cansado disso tudo.
— De qual lado você está? Você também faz parte deles?
— Lado? — Franziu a testa, confuso. — Do que você está falando? Não me confunda com um cachorro domesticado do exército.
Apenas esse fato intrigou muito mais o pútrido soldado. Além de características desconhecidas, não está incluído em nenhum grupo.
— E o que faz aqui, afinal?
— Se estou aqui é porque toda essa compaixão, que vive em toda a natureza, foi aniquilada, deixando apenas sentimentos negativos. Por isso…
Ele virou-se para o lado. O seu olhar prendeu-se à lua, que, apesar do tumulto, ainda brilhava no céu estrelado.
— Deve ocorrer o Mundo Carmesim.
O termo mencionado não demonstrava sentido à Adam.
— Huh?
— Não vai ser importante pra você. — A criatura olhou-lhe de cima para baixo, analisando sua condição problemática. — Não desse jeito.
Então deixou passar um suspiro por entre seus lábios. Cada batida do coração soava como um eco distante, o último suspiro de uma existência que se esvai.
— Bom…
A escuridão iminente era como um manto silencioso e acolhedor, uma via de escape da angústia e da tristeza.
— … proteja os Estados Unidos.
Ele estava pronto para perguntar o motivo, mas mordeu a língua e engoliu as palavras.
Era uma pergunta estúpida. Os adversários não demonstravam misericórdia, nem mesmo com as crianças. A explicação era óbvia: eles eram adversários alemães declarados que detestavam a equipe de Schneider. Eles não tinham intenção de capturar os nazistas, mesmo que eles se rendessem.
Como resultado, eles estavam condenados a lutar até a morte.
A criatura foi persuadida de que Adam estava disposto a morrer por seu país. No entanto, com um sorriso sórdido no rosto, ele declarou:
— Não vale a pena viver nesse mundo, por isso, encontre um lugar melhor.
Ele se virou e pôs-se a andar, desaparecendo na escuridão.
Aqueles que caracterizam o conflito como um reflexo intrínseco da natureza humana estão quase certamente corretos. A única barreira capaz de conter a propagação dessa chama furiosa é a insanidade, que muitos consideram uma bênção maravilhosa, um presente de Deus.
A fama e a humilhação são mais valiosas do que o ouro e a prata. O bem mais desvalorizado, entretanto, ainda é a vida humana. Todos se levantam para defender sua vida, que é uma resolução inegociável.
Quais são os objetivos dessas almas infelizes? Eles não desistirão. Mesmo que a próxima batalha lhes custe a vida, o destino do conflito já estava definido.
Ninguém, nem mesmo o povo, tinham a capacidade de mudar esse destino.
As ramificações desse fracasso foram sentidas por sua nação e linhagem. Um final um tanto insatisfatório para um indivíduo que prometeu lealdade total até seu último suspiro.
No entanto, esse é o fato mais cruel. A ameaça da guerra sobrava sobre eles.
Eles perecem na ignorância, como insetos comuns; não há lugar para heróis, ninguém virá em seu auxílio e nenhum milagre é possível. Quando esse destino se tornava inevitável, quer suas mentes estejam ocupadas pela fúria ou pelo desespero, restavam apenas os dentes afiados da morte.
— O medo, a miséria, o sofrimento estão afundando esse mundo. Estamos a um passo do surgimento de uma nova era.
Essa era a alegação do visitante.
À medida que a noite avançava, o mundo era engolfado pela obscuridade e uma nova época de angústia se desenrolava diante de cada um, forçados a confrontar a verdade inevitável de sua própria fragilidade.