Guerra de Deuses - Capítulo 10
Arskan deu um salto para o lado, viu a grama voar, a terra tremer e os chifres passando voando do seu lado.
O touro estava extremamente furioso. Atacava na direção de Arskan e, apesar dos seus ferimentos, ainda tinha muito vigor.
Destruiria o invasor. Não conseguia acreditar na ousadia daquele humano. Invadindo o seu território e utilizando de métodos trapaceiros para matá-lo.
Correu com os chifres para frente. Mirava diretamente no corpo do inimigo em um ataque simples e direto. Ele não acertou nada, no entanto.
O inimigo outra vez desviou.
Arskan respirava pesado. Percebeu um rasgo enorme na sua camisa. Havia escapado por pouco do último ataque.
Caso tivesse o recebido diretamente, teria sido arremessado longe, ou pior; perfurado de um lado ao outro.
Além disso, estava demorando demais para acabar com a luta. Precisava terminar logo.
Arskan se irritou com a situação. Começou a pensar em uma forma de eliminar o animal de uma vez por todas!
Cuidadosamente continuou a desviar dos ataques. Sua mente buscava alguma oportunidade de contra atacar, porém os chifres, extremamente perigosos, passavam cada vez mais perto.
Em um momento, abaixou-se com rapidez e viu os chifres afiados passarem por cima da sua cabeça. Usou a oportunidade para perfurar o animal, mas como havia especulado, a sua pele era muito resistente.
A lâmina mal conseguia arranhar o couro duro e suas ações apenas enfureciam ainda mais a criatura.
— Você não vai cansar, não? — resmungou, desviando outra vez de um ataque.
Desta vez, o touro mirou com a cabeça para baixo, permitindo que Arskan saltasse em suas costas.
Agarrado no pelo do Touro Encouraçado, o jovem segurou-se firmemente. Tentava continuar em cima, mas a criatura usava de todo o seu poder para derrubá-lo.
Arskan olhou direto nos olhos do touro. Viu o ódio que tinha neles, mas não se intimidou. Viu o seu olhar como um desafio.
— Vamos ver quem se cansa primeiro!?
Prendeu suas pernas com firmeza no lombo da criatura, apertou ainda mais os braços, envolvendo-os na besta e, com uma confiança enorme, assegurou-se de não soltar de jeito nenhum.
Arskan lhe mostraria para o que veio.
A fera saltou de um lado para o outro. Debatia o seu corpo e provocava golpes poderosos no solo. Arskan, que se segurava nas suas costas, quase não conseguia resistir.
No entanto não desistia.
O touro bufava, quase como se estivesse tendo um ataque. Lutava pela sua vida, desesperado, agarrando-se a cada oportunidade.
Sabia que, se fraquejasse, o humano preso em suas costas, como um parasita, acabaria terminando com ela.
Bateu, arremessou, debateu-se, mas o homem atrás dele não soltava. Ergueu as patas dianteiras e chocou contra o solo e continuou, incessantemente.
Colocou cada vez mais pressão em Arskan. Ele, por sua vez, esperava uma oportunidade que nunca surgia.
“Cansa logo”, suplicava em silêncio, porém o touro não caia.
Arskan surpreendeu-se com tanta fibra. Caso tivesse sua classe de invocador, não mediria esforços em criar um contrato entre os dois, mas ele não tinha…
— A brincadeira acabou!
Assim que terminou de falar, a besta ergueu suas patas outra vez, tentando se livrar do parasita. Neste instante, Arskan viu uma oportunidade.
Escalou as suas costas, puxou sua faca, encarou o rosto do touro, olho no olho, e viu; uma força de vontade imensurável, misturada com uma fúria destruidora.
O animal não desistiria, não se renderia, não abandonaria sua vida; lutaria até o último suspiro. Vendo isso, Arskan, com um movimento rápido, perfurou.
O sangue pulsante vazou pela ferida. Uma quantia absurda pintava o chão de vermelho, caindo do globo ocular destruído da fera.
A besta berrou em dor e, quando ele voltou a bater contra o solo, acabou pisando torto e caindo de joelhos.
Arskan viu uma outra oportunidade.
Agarrou o longo chifre do animal, usando-o para reposicionar o seu corpo e — como uma cobra, movendo-se para o pescoço dele — empurrou a faca contra a pata ferida.
Apesar de não cortar a pele, o golpe criou grande pressão que fez o Touro Encouraçado seguir naquela direção. A dor penetrante o obrigava a ir.
Arskan então desviou de uma investida louca onde o animal tentava morder seu braço. Porém já estava bem preso ao seu pescoço e continuava a pressionar incessantemente a sua cabeça para baixo.
O sangue continuou fluindo. Criou um rio vermelho que escorria pela área aberta.
A imagem era de um jovem agarrado no pescoço do touro e que parecia tentar jogá-lo ao chão.
Arskan continuou empurrando para baixo e firmando cada vez mais fundo a lâmina no olho da besta. Ele ficou completamente sujo de carmesim, mas continuava a persistir.
Continuava em seu repetitivo ciclo de se segurar ao pescoço, puxar para baixo e empurrar a faca contra o crânio.
Isso continuou até que… a faca se quebrou!
Por usar muita força, a lâmina acabou quebrando e o som de metal ressoou. A lâmina partiu-se em duas.
O cabo ficou em suas mãos, ainda com um pouco do metal, e o restante continuava preso no, agora destruído, olho do animal.
Arskan foi arremessado para longe e rolou pelo chão com algumas feridas leves. O touro se levantou. Não havia mais nenhuma pressão lhe empurrando para baixo.
Ele chegava a babar e bufar de exaustão, mas não se rendia. Ergueu o corpo outra vez e bateu contra o chão. Correu na direção de Arskan e o jovem teve tempo apenas para se abaixar.
Por um instante, os dois se viram. Arskan embaixo do corpo enorme; o touro o olhando de cima.
Arskan observou a criatura e viu o estado lastimável dela. Ela rugia, tremia, sangrava. Decidiu se aproveitar disso para acabar de uma vez por todas com o combate.
A criatura ficou de pé apenas nas patas traseiras e estava decidida a acabar com o humano abaixo. Abriu a boca para soltar outro rugido poderoso e desceu para o abate.
Foi neste instante que Arskan se moveu.
Segurou a lâmina quebrada com força e, quando estava prestes a morrer, enfiou a mão inteira dentro da boca da criatura.
A faca quebrada rasgou por toda a garganta do animal e, antes que pudesse reagir, puxou o braço com rapidez, rasgando a sua saída caminho afora.
Arskan torceu para ser rápido, senão perderia o braço.
O sangue fluiu em cascatas e o touro rugiu em sofrimento. No meio do caminho de volta, Arskan soltou a lâmina e rapidamente tirou o braço que estava pintado de vermelho.
Logo em seguida, a criatura fechou a boca com uma força destruidora.
— Foi por pouco! — exclamou. — Mais um segundo e já era.
O sangue fluiu por entre os dentes do touro encouraçado.
Arskan se afastou dele com rapidez e observou. Seu ataque criou uma hemorragia poderosa e a besta engasgava no próprio sangue.
Apesar disso tudo, ainda o encarou e entrou em posição de ataque.
Arskan não acreditava nos próprios olhos. Uma pata ferida, sem um dos olhos, com a garganta rasgada por dentro e ainda estava envenenado com dióxido de carbono.
Ficou realmente surpreso com tanta determinação vinda do monstro. Contudo a luta já estava acabada. Tudo o que o mantinha de pé era a sua força de vontade.
Os olhos que queimavam como fogo tornaram-se nebulosos e, após uma leve tremedeira que pareceu atravessar seu corpo inteiro, e, após vomitar quantia absurda de sangue junto da lâmina quebrada, ele cedeu.
Caiu no chão com um baque suave.
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Você derrotou o Touro Encouraçado com muita dificuldade. Você recebeu o item [Malha Encouraçada]
O corpo dos monstros mortos tem muitos recursos escondidos, então o seu papel é descobrir se de aproveitar deles
Por exercer um baixa maestria na luta contra o Touro Encouraçado, receberá um aumento na força e vigor
+1 Ponto Força
+1 Ponto Vigor
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Jogando-se contra o chão, Arskan suspirou aliviado após a luta. Estava decepcionado com as recompensas, pois havia derrotado um monstro várias vezes mais forte.
No entanto aquilo ainda era algo muito baixo para a medida do sistema.
— Minhas costas doem… — Apesar de tudo, estava feliz pela vitória.