Guerra de Deuses - Capítulo 11
Arskan levantou-se pelo desconforto do chão. Jogou o corpo exausto em cima do pelo do Touro morto.
— Tela de Status! — proclamou erguendo a mão.
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[Visualizador de Status]
Nome: Arskan | Raça: Humano
Classe: | Guerreiro C | Assassino C | Mago C | Invocador C | Curandeiro C |
Título: Nenhum
Estatísticas:
Força: 7 | Velocidade: 7 | Vigor: 6
Destreza: 6 | Inteligência: 12 | Mana: 1
Habilidades:
Ativo:
[Olhos dos Atributos]
Passivo:
Nenhum
Especial:
Nenhuma
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Terminou de olhar e fechou-a rapidamente com outro movimento de mão. Os números ainda não lhe agradavam.
Passou a mão por cima do pelo do Touro. Sentiu-se um pouco relaxado e pode respirar profundamente em alívio.
Olhou para o céu e notou que estava para anoitecer. Sem que nem ele notasse, limpou uma lágrima que escorria pelo canto do rosto e seguiu seu caminho.
Levantou-se, deu uns tapinhas nas costas de couro duro do animal e suspirou.
— Você me deu trabalho, hein, amigão.
Assim que deu um passo, quase fraquejou e caiu de joelhos, mas resistiu com firmeza. Uma dor profunda agredia suas costas.
— Aquele último ataque pegou de jeito — comentou.
Ele retirou a blusa, mostrando um corpo magricelo por efeito da Alma Pura. Nas costas, um enorme hematoma havia sido formado.
— Tenho que cuidar disso, mas antes…
Estalou o próprio pescoço e se preparou. Puxou o seu Alfange do Guerreiro e cortou o couro com muita dificuldade até que rasgou a pele.
Buscava por recursos preciosos. Primeiro deixou a carne sangrar um pouco; este era um ótimo recurso.
Em seguida, abriu um buraco no peito do bicho, buscando por uma rara Pedra de Mana, porém não teve sorte.
Elas eram um material incomum, mas havia a chance de aparecer em quaisquer monstros; cerca de 30%.
Eram boas fontes de energia. Armazenagem mana que poderia ser usada para múltiplas coisas; aprimorar itens, realizar feitiços, invocações, entre outros.
Não ficou cabisbaixo por não encontrar. “É algo raro mesmo”, pensou. Partiu para outras áreas.
Quando terminou de sangrar, guardou uma boa quantia de carne na sua grande mochila. Uma das razões, a segunda maior delas, para ter vindo a este lugar era aquela carne.
Ele conseguia se ver desfrutando do suculento sabor e devorar tudo sozinho lhe trazia uma alegria que pensava não ter.
Então finalmente seguiu para o motivo de ter vindo àquele local, o principal motivo. Com um golpe, arrancou ambos os chifres do Touro.
— O melhor material que posso retirar dessa criatura.
Resistentes, facilmente manipuláveis e ainda tinham um pouco do resquício brutal dos Touros. Ótimos para a criação de armas, entretanto Arskan não queria fazer uma arma.
— O Chifre do Berserker. — Aquele era o material para criar um dos ingredientes principais para a criação de um item poderoso.
O Chifre do Berserker era capaz de fazer alguém despertar todo o potencial de um Berserker.
Arskan havia pessoalmente presenciado uma pessoa usando o item. Por causa disso, buscou obter a famigerada classe perfeita para campos de batalha.
Um furioso guerreiro que conforme luta, tornava-se mais forte: Berserker!
Ainda faltava alguns ingredientes para forjá-los; vários na verdade, porém obter a Poção de Fúria era o mais fácil. Ela era feita dos Chifres de um Touro Encouraçado.
Vencendo-o, possuía todos os materiais. Necessitava apenas passar pelo longo processo de manufatura.
Ele coletou mais alguns recursos da carcaça, mas o mais importante já tinha sido obtido. Cuidadosamente partiu de volta à Clareira Branca.
Durante o retorno, usou os Olhos dos Atributos para buscar por algumas ervas.
Já na metade do caminho, os olhos detectaram algo de relevante. Um capim esverdeado que poderia passar despercebido por qualquer um. Ele era apenas um pouco mais claro que o comum.
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[Visualizador de Status]
Nome: Grama Baixa | Tipo: Erva Medicinal
Grau: Comum | Maestria: B
Durabilidade: 5/5
Efeito:
Possui propriedades analgésicas e anti-inflamatórias. Também é usado como tempero.
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Ele abaixou-se e recolheu com cuidado um bocado da erva. A qualidade dela era muito alta, apesar de cair para C depois dele recolher sem cuidado.
O pôr-do-sol chegou, então decidiu se adiantar. Buscou uma pedra lisa e começou a triturar a erva até se tornar uma pasta.
— Acho que está bom assim.
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[Visualizador de Status]
Nome: Grama Baixa | Tipo: Pomada Medicinal
Grau: Comum | Maestria: D
Durabilidade: 1/5
Efeito:
Possui propriedades analgésicas e anti-inflamatórias. Também é usado como tempero.
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O rosto de Arskan ficou todo vermelho quando percebeu que a qualidade diminuiu mais uma vez. Pelo menos o sistema aceitou aquilo como uma pomada.
— Mais um pouco e a durabilidade acabava e eu teria que recomeçar… — comentou aliviado.
Ele pegou dois dedos da pasta e começou a lentamente passar em suas feridas. Nunca havia passado por situação parecida, então ele era todo desajeitado.
Antes de ficar poderoso, era um covarde que fugia de lutas. Depois disso, tornou-se tão poderoso que ervas desse tipo não surtiam mais efeito.
— Espero obter algumas habilidades de suporte. Criação de Poções é uma boa.
Os devaneios se foram e ele terminou de passar a Grama Baixa. Guardou o restante em um saquinho que fez com folhas e puxou um item que recebeu.
Vestiu-se rapidamente com uma malha de couro sem muitas decorações. Instantaneamente sentiu o aumento no seu vigor dado pelo item.
Não usara a armadura antes, porque pressionaria o ferimento. Agora se sentia mais confortável. Ele não sabia se era um efeito placebo, ou simplesmente os analgésicos fazendo efeito.
Mochila nas costas, partiu para a Clareira. Ficar na floresta à noite era pedir para perder a cabeça. Aquilo ao anoitecer era perigoso demais até para Arskan.
Durante o período noturno, os monstros se tornavam mais ativos, mais brutais, mais enlouquecidos. Atacavam em bandos e buscavam presas sozinhas.
Arskan daria uma ótimo banquete para eles.
A noite, porém, escondia em si grandes recompensas, embora a dificuldade ainda fosse a mesma; devastadora.
Arskan planejava sair à noite apenas uma única vez. Uma escuridão sem fim e um ambiente hostil, além da floresta que também pregava peças nos desavisados.
Com a lua no céu, Arskan retornou para a Clareira Branca e para a sua surpresa, as pessoas haviam montado fogueiras e comiam alguma quantia de carne.
Cada um tinha apenas um pouco, mas ainda era algo.
— Agnus deve ter trabalhado duro.
Assim que colocou os pés, uma dúzia de olhares se voltaram para ele. Sentia-se conhecendo alguém importante; olhavam-no da cabeça aos pés e lhe mediam os bens.
Arskan passou por isso muitas vezes em vida. Recebia após isso sempre um olhar de desprezo, contudo desta vez recebeu apenas inveja.
Vestia uma armadura de couro que parecia resistente e a mochila nas costas estava lotada ao ponto de parecer prestes a estourar.
Ele decidiu ignorar tudo, no entanto. Prosseguiu com passos lentos, despreocupado, pela multidão, recebendo os ditos olhares sem temor.
Chegou perto do centro do grande campo branco e sentou-se na rocha que por conta da Dríade, ninguém ousava se aproximar.
Separou tudo que obteve: ervas, chifres, duas espadas, as botas, a chave, a pasta, a armadura de couro e finalmente a carne. Estes eram todos os seus bens.
Olhou então para o chão de pedra branca e puxou a espada que retirou do homem morto. Pós ambas as mãos e bateu contra o chão com força.
Uma faísca voou com o impacto e a espada quase fugiu das mãos. Sentiu o corpo inteiro tremer.
Olhando a espada, notou que o seu fio foi danificado; o chão, porém, estava intacto.
— Como pensei… — Ele passou a mão levemente por cima da pedra.
Aquele material era de alto nível; tinha certeza. Obter ele que era algo que achava impossível.
— Gostaria de levar um pedaço comigo.
Guardou outra vez os seus itens mais importantes e foi na floresta recolher alguns galhos e pedaços de madeira. Desejava montar uma fogueira.
Voltou para o centro, organizou tudo em um pequeno castelo e outra vez bateu com a espada contra o chão; faíscas voaram.
Logo a centelha se tornou uma chama que incendiou os galhos. Arskan pegou os chifres, colocou-os no fogo e deixou lá.
Era o primeiro passo do longo processo para criar os Chifres do Berserker.
Em seguida, tirou um grande pedaço de carne, pós em um galho e começou a assar na fogueira com um pouco de Grama Baixa para adicionar sabor.
— Finalmente posso relaxar um pouco.
Ele achava isso, embora logo um presença lhe atrapalhasse. Ele viu um jovem se agachar feito um gangster na sua frente e encarar a carne.
Arskan puxou a espada da cintura e colocou no pescoço dele.
— Quem é você?