Guerra de Deuses - Capítulo 18
Arskan continuou o seu caminhar. A terra molhada sobre os pés e o sol no horizonte.
— Eu odeio esse lugar.
O Tutorial não passava de um lugar falso. O sol no céu, o chão de terra molhada, os monstros e itens. Eram todos réplicas dos originais.
O Anel de Keiran na sua mão era a prova mais absoluta disso. Itens realmente feitos pelo artesão estavam na mão de pessoas poderosas.
Aquele era um réplica, apesar de ter as mesmas qualidades do original.
— Hm. Acho que é por aqui.
Continuou pisoteando tudo pelo caminho até que encontrou o que desejava.
— Perfeita.
Na frente dele, cobrindo o sol com seus galhos e indo além ao céu. Majestosa, poderosa e digna. Um carvalho tão gigante quanto um titã.
Sem tardar, Arskan pôs-se a escalar a árvore inacreditavelmente alta. Pulou de galho em galho como um animal ágil.
Os galhos eram firmes e tinham aspectos de resistência. Conseguiam aguentar facilmente o peso de três homens adultos sem esforço.
Um vento forte assoviou no ouvido esquerdo dele. Imediatamente sentiu um arrepio percorrer o corpo da sola dos pés a ponta da cabeça.
Quase que na mesma velocidade, deixou o corpo cair para frente e agarrou-se no galho debaixo.
Lascas de madeira voaram junto do som estridente de quebra. Folhas balançaram e despencaram sobre a cabeça de Arskan.
Ele observava o lugar onde estava antes. Havia agora uma cratera e um animal com metade do seu tamanho encontrava-se lhe observando.
Arskan puxou seu Alfange do Guerreiro. Baixou o corpo um pouco e viu a tela de status da criatura.
— Olhos Mágicos.
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[Visualizador de Status]
Nome: Nenhum | Raça: Esquilo de Pedra
Grau: Comum | Maestria: E
Título: Nenhum
Estatísticas:
Força: 7 | Velocidade: 6 | Vigor: 12
Destreza: 9 | Inteligência: 3 | Mana: 5
Habilidades:
Ativo: [Cauda de Rocha]
Passiva: [Pele de Pedra]
Especial: Nenhuma
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A aparência do animal era digna do “bizarro”. Era um roedor peludo de cor marrom que se agarrava ao tronco com garras longas e dentes afiados.
Possuía metade do tamanho de um humano. O rabo, porém, se estendia até se tornar maior que um e, no final, havia uma esfera que usava para atacar.
— Preciso ter cuidado com aquilo — comentou.
A criatura desceu na direção dele e atacou com um salto cheio de vontade de matar. Pulou diretamente na garganta com garras para fora.
Arskan abaixou-se e rolou para trás, terminando com um empurrão de ambos pernas e braços contra o monstro.
Jogou-o na outra direção e ergueu-se de novo. Estavam frente a frente. A criatura babava uma espuma como se estivesse com raiva.
— Pode vir, bicho feio.
Arskan provocou a criatura e entrou de novo em forma. O ser rasgou seu impulso, avançando para frente como um trem sem controle.
Em pleno ar, porém, rodou meia-volta e atacou com a cauda para baixo.
Ela brilhou em uma cor marrom pesada.
Arskan imediatamente saltou para outro galho. Lascas de madeira voaram enquanto o intrépido monstro ficava frustrado com o adversário.
O impacto ainda havia causado danos em Arskan.
— Cauda de Rocha é um problema… — A habilidade tornava a cauda do Esquilo de Pedra tão pesada e dura quanto uma rocha com dezenas de quilos.
Ser acertado por aquilo, era destruidor. Os resistentes galhos pareciam gravetos sobre os ataques.
— A pele de pedra o torna tão robusto quanto os Touros Encouraçados, mesmo suas estatísticas sendo menores.
Lidar com o Esquilo era ainda mais difícil. Eles eram mais ágeis, inteligentes e possuíam aquele avassalador ataque.
O ambiente também não era propenso. Um passo em falso e Arskan cairia uma dúzia de metros chocando-se contra vários galhos no processo.
O Esquilo de Pedra pulou de galho em galho. Tomou uma estratégia diferente para eliminar seu alvo.
Arskan o seguiu com os olhos.
“Direita, Esquerda, Direita, Direita, Esquerda…”, analisava os rápidos saltos até que..
—Ali! — Arremessou uma das adagas que roubara dos goblins anteriormente.
Ela voou em uma trajetória retilínea e bateu contra a pele do enorme esqueço de pedra. Ele soltou um grito inconformado, mas o ataque nem surtiu efeito.
O brilho na cauda ocorreu outra vez, mas desta; ele jogou-a contra a árvore e impulsionou o corpo para frente.
Arskan arqueou o braços e usou ambas as mãos para bater contra a cabeça do monstro. O choque de ambos os ataques fez tremer o carvalho.
Folhas voaram e sangue vazou pelas costas marcadas por seis garras de Arskan. O monstro recebeu um ataque firme na cabeça e ainda cambaleava desnorteado.
Ignorando a dor, Arskan viu sua chance. Agarrou com firmeza o cabo e deu-lhe outro ataque, cortando a face dele de um lado a outro.
Recuou para trás, pois viu outro brilho na cauda do monstro. Em seguida, abriu um gigantesco sorriso
— Ficou sem mana, não é? — Três ataques eram o limite do Esquilo de Pedra.
Sem perder a chance, o homem acertou outro e outro e outro ataque. Vários cortes e perfurações rápidas e precisas.
Saltou por cima do monstro ferido, prendeu-se contra suas costas e chutou-o contra o chão. Mostrou-lhe a crueldade de um verdadeiro anjo da morte.
Como um golpe final, prendeu o Alfange do Guerreiro contra o pescoço do enorme Esquilo de Pedra. A curvatura da lâmina cabia feito uma luva.
Um único puxão rápido e o sangue vazou. O corpo do monstro despencou por uma dúzia de metros, batendo brutalmente contra os galhos, até alcançar o chão.
Lá de cima, cuspiu sobre o cadáver e sentou para descansar um pouco.
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Você derrotou o Esquilo de Pedra
Você recebeu o item [Impacto de Pedra]
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— Hm. Melhor que nada.
Aproveitou que teria que descansar e parou para olhar os dois itens que ainda tinha.
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[Visualizador de Status]
Nome: Bomba de Pedra | Tipo: Consumível
Grau: Comum | Maestria: D
Durabilidade: 1/1
Efeito:
Pequena Bomba de Pedra. Explode ao ser acionada.
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Arskan sabia que o item não era grande coisa, mas ainda poderia usar ele como armadilha. Guardou cuidadosamente dentro da mochila.
O próximo item foi o que recebeu na Onda.
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[Visualizador de Status]
Nome: Poção Revitalizadora | Tipo: Poção
Grau: Incomum | Maestria: A
Durabilidade: 5/5
Efeito:
Instantaneamente cura ferimentos que não sejam graves e recupera a energia perdida
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— Essa é muito boa. — Sorriu.
Descansado, levantou e voltou a escalar.
O vento forte batia, tentando derrubá-lo, mas ele continuava pouco a pouco. Por sorte, não foi atacado por mais nenhuma criatura.
Finalmente, no final da tarde, alcançou o topo e teve uma vista privilegiada da floresta muito acima das outras árvores.
Sentou-se no topo e começou a criar um mapa mental da região. Primeiramente o ponto onde ele estava e o definiu como referência.
Não havia como saber onde era norte, sul, leste e oeste. O sol que flutuava no céu não passava de algo falso, então ele poderia nascer de qualquer direção.
Usando como referência a árvore, montou o mapa. Sabia onde estava o Campo dos Touros e descobriu os dois outros lugares onde precisava ir.
A Montanha de Pedra para obter o Ovo da Fênix e a Caverna Atemporal para obter a Bolsa Dimensional. Salvou também para caso tivesse tempo, algumas outras localizações.
Terminando, começou a descer da árvore.
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Sato estava de pé, a lâmina em mãos, e encarava um inimigo invisível. A katana cortou para baixo em um movimento retilíneo. Depois, com um gesto sútil do pulso, virou a espada e cortou com o fio para cima.
Prendeu o ar no pulmão e soltou lentamente com o suor escorrendo pela testa.
— Ainda não é o bastante — murmurou.
De repente, Sato sentiu um calafrio e se virou para encarar a figura atrás dele.
— O que você quer?!
— Calma, amigo. — Era o delinquente que atacou o velho no primeiro dia. — Eu tenho uma proposta para você. Um acordo.
Sato levantou uma sobrancelha e abaixou a espada levemente, mas manteve a guarda.
— Que tipo de acordo?