Guerra de Deuses - Capítulo 6
De repente, o tempo voltou ao normal. As pessoas, todas, tinham expressões similares em seus rostos. Estavam mais calmas e pareciam absorver melhor a situação.
“Ele deve ter explicado, assim como fez comigo. Mas essa calma é passageira”, pensou.
Alguns segundos depois, as expressões dos rostos deles divergiram outra vez. Compreensão, desespero, desistência, negação, loucura… Um verdadeiro pandemônio se alastrava, pois todos sabiam o que faziam ali.
Voltar não era uma opção.
Arskan permaneceu com a sua expressão fria e se escondeu na multidão. Aguardava. Notou então que havia esquecido da maior parte da conversa.
Conhecia, de fato, o seu conteúdo, porém a aparência do homem e o que ele disse exatamente lhe fugiu. Acreditou se tratar de outro feitiço.
Graças a sua vida anterior, onde encontrou-se uma dúzia de vezes com o Príncipe, ele ainda sabia sua aparência e personalidade, mas todos ali esqueceram-se disso.
— Uma forma de esconder sua identidade? — murmurou.
Ele realmente era poderoso. Além de parar o tempo por dias, ainda conseguia apagar as memórias de bilhões.
Um brilho passou pelos olhos de Arskan; aquele era o poder que desejava. O poder acima de um Deus. O homem com que conversara não fugiu da sua mente; o Príncipe Glacial, uma força ameaçadora.
Apertou os punhos com força revendo os seus objetivos e continuou esperando até que, subitamente, uma tela surgiu na frente de todos.
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Escolha uma Arma
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Uma lista enorme surgiu. As pessoas deram um passo para trás assustadas, mas agora que tinham algumas informações estavam mais calmas e pensativas.
A lista era como uma tela azul semitransparente. Cada pessoa tinha uma e não poderiam ver as telas dos outros.
Nela estavam uma centena de armas. Após passar o olho rapidamente por ela, escolheu uma arma que lhe serviria.
Uma arma prateada comum, com um pequeno circulo no cabo. Era uma espada curta, parecida com um sabre com a lâmina curvada na ponta, parecia um pouco velha e não estava nas melhores condições.
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[Visualizador de Status]
Nome: Alfange do Guerreiro | Tipo: Espada Curta
Grau: Comum | Maestria: F
Durabilidade: 40/40
Efeito:
Força +1
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Algumas pessoas escolheram suas armas. Um jovem até mesmo pegou uma katana. Aqueles que não foram rápidos o suficiente, perderam o direito de escolha e receberam espadas medievais comuns.
Após as armas serem entregas, outra mensagem soou nos céus. Desta vez, essa mensagem podia ser vista por todos.
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O Tutorial Começará!
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Durante o período de 25 dias, toda vez que o sol atingir a rocha no centro deste campo, uma onda de monstros atacará
Sobreviva aos 25 dias e passará pelo Tutorial
Existem 1000 pessoas nesse campo
Matar monstros lhe dará recompensas maiores
Em Atenas, o mérito é recompensado e, com maiores recompensas, maior a sua chance de sobrevivência
Sejam todos bem-vindos ao Mundo Divino
Espero que todos consigam se tornar Deuses!
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1° Onda irá começar…
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Sons começaram a sair da floresta escura. Grunhidos e passos ressoavam. Movimentos podiam ser vistos nos galhos e folhas de cada árvore.
Logo, uma pequena criatura saiu. Um corpo pequeno, do tamanho de uma criança no jardim de infância, barrigudo, careca e com uma pele verde. As unhas e dentes eram grandes e salientes.
As roupas do pequeno ser se baseavam em apenas uma tanga, que cobria as partes íntimas, e o único equipamento que possuía era uma pequena adaga. Esse era um dos monstros mais fracos que existiam naquele mundo.
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1° Onda: Bando de Goblins
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Detrás do Goblin, mais uma centena surgiu. Um grupo comparativamente pequeno aos humanos, que tinham uma vantagem numérica absoluta, porém os humanos não encararam bem a situação.
Após séculos de conforto, armas de fogo, tecnologias para tornar a vida mais fácil, entre outras coisas, os seres humanos tornaram-se uma espécie “descansada”. Eles perderam o instinto animal e viraram medrosos, conformados com a segurança de um lar.
Esse foi um dos maiores motivos para a sua futura extinção; eles mesmos se sabotaram.
— O que é aquilo?! Tenham cuidado! — gritou um homem alto.
— Que loucura é essa! Deixe-me ir embora!
— Isso é uma brincadeira, não é? Foi minha esposa que mandou vocês fazerem isso. Prometo que vou arrumar um emprego. Agora podem trazer as câmeras…!
As pessoas começaram a enlouquecer!
O homem, que havia gritado anteriormente, era o mais próximo da mata e foi o primeiro a ser almejado. Ele era alto e forte, parecia um fisiculturista, mas tinha uma expressão amedrontada.
Ele virou de costas e tentou fugir, mas, uma das pequenas criaturas, pulou em suas costas e começou a lhe perfurar diversas vezes.
O homem só conseguiu correr de um lado para o outro; a dor lhe atacava junto ao desespero. O sangue escorria pelo corpo e as lágrimas desciam pelos olhos.
As pessoas encaravam a cena em transe, quase hipnotizadas pelo terrível assassinato. O medo já lhes assombravam e a confusão estourou por completo.
Eles corriam enlouquecidos, buscavam uma maneira de fugir dali, mas não havia escapatória.
“O Príncipe não contou para ninguém, mas durante as ondas é impossível escapar da Clareira…”, pensou Arskan caminhando na direção do homem ferido.
Todos ali perceberam uma coisa; as suas vidas realmente estavam em risco.
Rindo alto, o pequeno monstro continuou perfurando o homem que tropeçou e caiu no chão. Ele caiu a apenas alguns metros de Arskan e estendeu a mão em busca de ajuda.
— P-por favor… me salve! — exclamou em brandos.
Assim que terminou de falar, o goblin cortou um dos seus dedos e dançou na frente dele, pisando na ferida. Ele então agarrou o homem pela cabeça e lentamente cortou sua garganta, encarando a sua face desesperada.
Vendo aquilo, as pessoas começaram a se reunir, tentando ficar no centro da multidão o máximo possível. Eles há muito já haviam abandonado as suas armas.
Caos. Não havia outra palavra para descrever tanta brutalidade.
Arskan encarou a criatura e moveu-se. Com um rápido golpe de seu Alfange, cortou o pescoço do goblin, que se distraia dançando em cima do cadáver. Por zombar do homem, ele acabou morrendo com um sorriso no rosto.
Ao ver o corpo da criatura bater no chão, limpou o sangue de sua lâmina e encarou os demais com um semblante frio. Ele lembrou-se da última vez em que enfrentou um goblin, em sua vida anterior havia até mesmo lutado contra o Deus deles.
Arskan pegou a espada longa do homem morto e também a faca do goblin. Ele guardou a faca na cintura e segurou as outras duas lâminas. Em guarda, ele correu na direção dos demais adversários.
— Olhem! Aquele homem está louco! — gritou um homem de meia idade na multidão.
Ele viu um jovem ir na direção do enorme grupo, sozinho e com apenas as armas em mãos. No entanto, a visão que se sucedeu surpreendeu a todos que observavam.
O jovem lutava de igual para igual contra dúzias dos monstros.
Isso fez com que alguns tivessem um mesmo pensamento: “Talvez eles não sejam tão fortes…”
Buscando vingança pelo caído, os demais monstros correram em direção a Arskan. Toda vez que um deles se aproximava, acabava por tomar um golpe preciso de sua espada, perdendo um membro ou dois, alguns azarados eram mortos em um único ataque.
Claro, Arskan também sofreu alguns danos, feridas leves. Tudo estava de acordo com seu plano, apesar de parecer uma ação tola, mostrar para todos a sua força, ele precisava ser ativo nos primeiros dias.
Uma recompensa muito boa seria dada para aquele que tivesse mais contribuições durante o Tutorial e Arskan desejava muito isso.
Continuava atravessando os Goblins. Sua espada parecia como faca quente atravessando a manteiga, cada ataque resultava em uma morte.
Alguns Goblins perceberam que lidar com aquele inimigo não seria fácil, então decidiram atacar os demais humanos. Contudo, após verem às ações de Arskan, eles perceberam que não era tão difícil revidar. O contra ataque começou.
Com um último ataque, Arskan arrancou o braço de um goblin. O monstro rolou no chão com dor; os cadáveres dos seus companheiros pintavam o chão branco de vermelho. Arskan moveu-se devagar e o goblin lhe viu como a própria imagem do diabo.
A cabeça do pequeno rolou pelo chão.
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1° Onda acabou!
Seguindo o desejo de Athenas, todos receberão a capacidade de ver a própria tela de estatísticas
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O corpo do monstros começaram a brilhar em azul. Arskan se afastou do cadáver e encarou a cena. Eles se tornaram pequenas partículas de luz que começaram a voar na direção de todos que ali estavam.
Assim que o brilho desapareceu, Arskan moveu a mão para cima com um leve movimento do dedo indicador.
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[Visualizador de Status]
Nome: Arskan | Raça: Humano
Classe: | Guerreiro | Assassino | Mago | Invocador | Curandeiro |
Títulos: Nenhum
Estatísticas:
Força: 6 | Velocidade: 4 | Vigor: 5
Destreza: 6 | Inteligência: 11 | Mana: 1
Habilidades: Nenhuma
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