O Mistério das Realidades Alternativas - Capítulo 12
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- Capítulo 12 - Uma ameaça inesperada - O contra-ataque
Realidade Tecnológica, Terra-2, andar principal.
O lugar continuava com uma aura tensa, essa que todos ainda sentiram depois de alguns minutos. Após o tapa que Tereza deferiu sobre Freizen, todos se assustaram e começaram os boatos sobre o que levou a situação até aquele momento.
— O que será que está acontecendo lá dentro? Dá para sentir a tensão deles mesmo estando de longe — Perguntou uma funcionária a duas salas antes do escritório de Freizen.
— Você ouviu o estalo? É o mesmo que aquela mulher deu no segurança — Respondeu outra colega com seu próprio questionamento.
— Será que ela deu o mesmo tapa no rosto do Líder? O que aconteceu?
— Se ela deu, nada deve ter acontecido. Mesmo depois de milhares de anos, ele ainda possui um corpo bem resistente.
— Espero que não tenha acontecido nada grave ali dentro.
— Se aconteceu ou não, teremos que aguardar. Vamos retornar ao trabalho.
— Certo, vamos.
Voltando para o escritório principal, onde Freizen, Otávio e Tereza estavam, o rosto alegre e sorridente de Otávio se transformou em uma expressão tensa, amedrontada e cautelosa, a quantidade de informações que ele recebeu nas últimas horas foi demais para processar. Já Tereza, passou de raiva para desespero.
— Então vou começar — Pronunciou Freizen — Há muitos milhares de anos atrás, dois seres criaram 51 universos paralelos com diferentes realidades. Entretanto, no último que havia sido criado, um casal em específico foi contaminado pelo próprio planeta de seu universo. Esses sofreram diversas mutações, mas ninguém soube dos fatos. Eles começaram a se reproduzir, assim gerando uma raça de criaturas nunca antes vistas, no final, eles foram chamados de Beasts e o homem do casal se tornou Líder de todo aquele universo.
— E o que toda essa história tem a ver com você ter trazido a gente para esse planeta? — Indagou Otávio, com sua feição se tornando ainda mais tensa, gotas de suor escorrendo por seu rosto ao lado Teresa, que se encontrava paralisada com as possibilidades, em silêncio, movendo nem sequer um músculo enquanto ouvia a conversa.
— Esses dois seres… Eram, na verdade, da primeira raça humanóide que existiu, chamados de Deuses Celestiais. Vocês dois, Otávio e Tereza, possuem sangue desses deuses.
— Como assim? Nós somos humanos “normais” como qualquer outro. Todos aqui são humanos também, não é? — Indagou Otávio freneticamente suando frio e apertando fortemente as mãos, ao que parecia, ele estava dando curto nos neurônios.
Tudo o que Otávio mais amava em sua juventude eram as histórias de drama e romance dos animes Isekai, mas, a sua história naquele momento era completamente diferente. O tipo alegre e engraçado que ele imaginava, veio a virar um drama com suspense e terror.
— Bom… Aqui neste planeta, todos são “humanos”, mas existem exceções, eu, por exemplo.
— Então o que é você afinal!? — Demandou num urro, demonstrando o tamanho do desespero que quase lhe fazia chorar, angustiado. A questão toda era que Otávio ao mesmo tempo que sentia um certo receio sua parte mais ‘’ agressiva ‘’ fazia com que ele tomasse a decisão de instigar esse tal líder a força, o que o deixava em uma posição decisiva em relação à situação atual que ele e Tereza se encontravam. Seu propósito era a oportunidade de deixar em águas limpas toda essa confusão de realidades alternativas e afins que o tal de Freizen contava no momento.
— Eu sou um Deus Celestial. Na verdade, um filho deles. Porém, isso não muda esse fato.
— Deixa eu ver se eu estou entendendo bem ou ficando louco. Se você é um Deus Celestial, ou seja lá o que for isso, e você mesmo está dizendo que temos o mesmo sangue? Isso não faz sentido algum, e nós exigimos explicações plausíveis! E quanto ao nosso filho?
— Bom, eu não posso falar muito sobre tudo, não agora. Parece que agora vocês estão ligando os pontos, mesmo com muitas dúvidas ainda o importante é que a mensagem foi captada. Não consigo entender o sentimento de vocês, fui criado de uma forma diferente, nunca pude explorar meu lado mais ‘’ humano ‘’ e sinceramente nunca tive vontade, eu ainda não entendo com clareza as emoções e sensações pertencentes a vocês durante suas vidas pacatas e simples, é só olhar ao meu redor. Não tenho tempo para sentir, sejam eles comoções positivas ou negativas — Freizen parecia muito robótico ao recitar esse monólogo, era quase como se não se importasse com os dois em sua frente, mesmo que no fundo houvesse algo, não era perceptível a empatia em seu tom de voz, e isso incomodava ambos, Tereza e Otávio.
— Você só pode estar de brincadeira, isso não faz sentido algum! Nós pertencemos ao mesmo sangue? Isso existe em qual planeta? E aliás você mais parece um alienígena do que um Deus Celestial! — Disse com tom de deboche para quebrar a atmosfera tensa do local.
— Nesse mesmo, e na Terra-3 também! Há três jovens que possuem também sangue de deuses, porém, são reencarnações. Ambos irão conhecê-los no futuro, em seu tempo certo.
— Espero que eles tenham em mente no que você os meteu.
— Fique tranquilo! Diferente de vocês dois, aqueles três jovens são bem ativos e cheios de sentimentos que ainda estão a aflorar, eu e meu irmão estamos nos certificando de fazer isso acontecer o mais rápido possível.
— Então, o que você quer com a gente? Ainda não explicou o seu objetivo — Indagou Otávio, agora mais controlado, porém, nem um pouco calmo. Estava mais para cauteloso do que para medroso.
— Meu objetivo é nobre. Como vocês possuem sangue de deuses e poderes incríveis, quero pedir a sua ajuda e cooperação para a segunda e última batalha contra o inimigo da Terra-51.
— E por quê você acha que nós poderíamos ajudar você?
— Pois eu também posso ajudá-los a reencontrar seu filho e fazer as pazes com ele.
— O que? Nosso filho? – Otávio falou, incrédulo. Sinceramente ele achava que uma hora ou outra acordaria desse pesadelo e voltaria direto para seu filho junto com sua esposa, era isso que ele desejava com todas as forças de sua fé, de seu coração — Como assim? O que você sabe sobre ele?
— Eu sei que vocês o largaram por um certo incidente, um “homem”, não estou certo? — Tereza já pensava que este homem tinha algo haver com a separação de sua família, ela estava pronta para brigar com ele seja lá o que ele dissesse. E ainda mais após essa frase suspeita dele, que a fez colocar um ponto de interrogação em sua mente.
— Como você sabe disso? Ninguém nunca soube sobre essa questão. Era sigilo total… – Disse Otávio em um fio de voz, quase como se todas as suas forças se finalizassem pouco a pouco.
— Bom… Vamos dizer que eu tenho o conhecimento de como “parar” esse tal homem — Respondeu o líder simplista.
— Mas “aquele homem” não é uma pessoa que poderia ser parada tão facilmente. Ele tem algum tipo de poder monstruoso e amedrontador. Conseguimos nos livrar dele, mas o preço foi muito alto. O nosso objetivo era de conseguirmos pagar esse preço alto, mas você interferiu.
— E por acaso esse preço foi seu filho? – Freizen parecia mais decepcionado do que frio agora, era um misto de decepção com um choque, mesmo sendo leve e quase imperceptível. A questão toda é que ninguém esperaria isso de uma família, não é?
Otávio ficou chocado demais para processar aquela resposta repentina. Seu corpo inteiro parou de responder, sua cabeça perdeu o equilíbrio e caiu também, deixando algumas lágrimas escaparem de seus olhos. Era horrível, doloroso ser julgado por esse tipo de atrocidade por outra pessoa. Quem em sã consciência seria tão egoísta com seu próprio filho, que tipo de pai ele é?
Tereza, que estava ouvindo tudo, mas sem responder, percebeu a situação psicológica na qual seu marido estava e tentou consolá-lo, conseguiu por alguns poucos segundos, mas logo em seguida ele se ergueu e olhou profundamente para Freizen, determinado à situação de fazer certo dessa vez.
— Bom… Por toda a história que você nos disse, somos do mesmo sangue, além de você nos conhecer, ao nosso filho e aquele homem. Saiba que o nosso objetivo é voltar para o nosso garoto e dar um fim a pessoa que causou a nossa desgraça. O que você poderia fazer sabendo disso tudo? — Otávio respirou profundamente, tomando cuidado com toda e qualquer palavra que falaria a partir de agora sabendo do momento delicado em que se encontravam.
— Simples, eu faço o garoto saber de toda a história desde o dia que nasceu em poucos segundos, é um sistema dos meus poderes muito útil, em milésimos de segundos seu filho saberá de toda a história. Depois disso eu me certificarei de que este homem seja capturado e o queimarei na frente de vocês. Sua morte será lenta e dolorosa, vejam isso como uma vingança por todos esses anos longe de seu filho. O que acham? — Pelo olhar de Tereza este não era um dos melhores métodos, muito simples e objetivo, podendo até mesmo prejudicar a saúde mental de seu filho, e ela se importava com isso, não querendo prejudicar seu grandioso menino. Ela estava deixando Otávio lidar com essa situação pois se fosse ela em seu lugar já estaria praticamente voando em direção a este tal de líder, com unhas e dentes para defender sua família.
— Então esse é o seu melhor método? Não sabia que você era desse tipo de gente fria, sem coração e sanguinário — Otávio já não tinha uma das melhores impressões de Freizen, agora piorava sua situação.
— Fique ciente de uma coisa Otávio, eu não tenho uma personalidade dominante, muito menos sentimentos fortes. Sempre fui neutro e continuarei sendo. Eu não fui criado assim… Eu já nasci com esse aspecto, como eu mesmo já havia dito para vocês! — Freizen achava que estava sentindo demais na presença desses dois, eram tantos sentimentos em pouco tempo que o fazia até mesmo ficar enjoado, dificultando sua visão neutra. Isso também o irritava bastante.
— O que você acha, Tereza? Devemos aceitar a condição dele ou ignorá-lo? — Indagou para a sua esposa, a qual estava pensando seriamente em aceitar a proposta sugerida do Líder, mas uma dúvida retórica passou pela sua cabeça naquele momento, visando também suas desconfianças sobre este homem (ou alienígena) misterioso. Ela estava pensativa demais, muita coisa passava por sua cabeça.
“Se nós recusarmos, aquele homem poderá nos matar depois, mas, se aceitarmos, vamos vê-lo queimar até a morte. É realmente muito tentador…’’
‘’ Mas acho que já tenho a resposta. ”
Naquele minuto, ela se levantou, esticou as suas roupas, que consequentemente ficaram amassadas de ter ficado sentada no chão durante todo esse tempo, tirou o cabelo do rosto, os jogando para trás lentamente, fixou seu olhar em Freizen e se preparou para responder a maçante pergunta feita pelo mesmo.
— Sua oferta é tentadora, tenho que admitir. Você foi o primeiro em nossas vidas a falar algo tão pesado, mas de grande seriedade e significado para nós. Pensando nessa forma e o modo que meu marido reagiu, minha resposta é…
Tereza parou de falar instantaneamente rápido. Só que a razão para esse feito foi algo que ninguém esperava naquele momento. Um portal circular de média 1,5 metros e coloração roxa bem densa se abriu exatamente às suas costas, seguido por um braço musculoso cheio de veias espalhadas e unhas pretas grandes e pontudas.
— Vejo que já estão planejando me eliminar, mas não pensem vocês dois que vão se livrar de mim tão rápido. Temos que brincar ainda — Disse o homem colocando a cabeça para fora do portal com um sorriso medonho de quem cobiçava a vida de ambos.
— O que? Você? Como conseguiu nos achar, seu merda? Por que ainda está atrás da gente? — Urrou Tereza desesperada. Freizen ficou estático, demorando demais para processar o ocorrido em segundos, ele havia paralisado. Ninguém ali conseguiu reagir tão rapidamente, já que a aura densa de medo foi instantaneamente substituída por outra, uma sanguinária e repulsiva.
— Vamos, Tereza? Meu senhor… Ou melhor, meu Líder está a sua espera! — Pronunciou o homem olhando fixamente nos olhos dela e apertando-a fortemente no pescoço com o seu braço enorme.
— Não! Socorro! Otávio, me ajude! — Otávio prontamente respondeu tentando fazer com que o homem monstruoso largasse Tereza rapidamente, mas de nada adiantava.
— Pare agora! Largue a minha mulher, seu monstro imundo — Disse-lhe em uma tentativa falha de lutar contra aquele esquisito ser.
— Até logo, Otávio. E Freizen, isso foi um recado mandado pelo meu Líder, ele não consegue mais esperar pela revanche triunfal. Até o futuro, Deus Celestial de merda — O homem misterioso sentia-se superior á situação atual, ele tinha certeza que ninguém conseguiria pará-lo, não naquele momento.
O misterioso conseguiu puxar Tereza para o portal, fazendo ambos sumirem dali rapidamente. Só que, em vez de teleportar novamente, ele voou através de todos os universos. Tereza, que estava praticamente paralisada de medo, conseguiu vislumbrar, mesmo por poucos segundos, todos os 49 universos por onde cruzava.
— Bom, como você possui sangue daqueles deuses imundos, não é de se surpreender que consiga enxergar todos os universos… Mas a nossa parada é bem mais longe. Vamos ver se você aguenta a mesma dor de dezesseis anos atrás, minha jovem.
Na viagem, tanto Tereza quanto o homem, perceberam que havia dois universos à beira do colapso, esses eram a 12ª e a 27ª realidade, mas eles não se importaram já que não era o objetivo principal. Chegando perto da Terra-51, Tereza nota que o planeta mais parecia com o inferno, literalmente.
A sua superfície era de coloração amarronzada e avermelhada de tons escuros. Jorrava ácido, lava e água fervente por todos os lados, tudo ali pegava fogo, as casas, as ruas, as árvores, as “pessoas”… Mas nada queimava por completo, o cheiro podre de ferrugem infestava as narinas de Tereza, causando uma sensação de abafamento forçado, enquanto seus pulmões lutavam e pediam socorro.
— Chegamos ao seu novo castelo, Tereza. De hoje em diante, é aqui que viverá, mas, dependendo do temperamento do Líder, vamos ver o quanto de dor você aguenta dessa vez. Espero que você ainda tenha a mesma resistência de antigamente.
Tereza, ao ouvir as palavras sujas daquele homem, cuspiu em sua cara com o rosto sujo, cabelos desgrenhados, roupas rasgadas e semblante enraivado. O homem, depois do feito, simplesmente riu sem parar em um tom de voz exageradamente grave e de tom alto.
— Ah… Que legal. O Líder não perde por esperar! Esse vai conseguir “brincar” muito com você, aguarde ansiosamente.
Realidade Destrutiva, Terra-51, palácio Central.
Depois de alguns minutos, Tereza é levada à força para a sala do Líder daquela Terra. Assim que o viu, não só o coração, mas a mente e todo o resto do corpo paralisaram e desligaram, porém não desmaiou. Só por sentir a presença dele de longe, já era amedrontador, mas ela nunca em sã consciência esperava algo daquele calibre.
— Bem vinda Tereza, esse é o meu castelo, o meu planeta… O meu universo! — Saudou ele com um sorriso desleixado que ia de uma orelha a outra do rosto.
— O que você quer de mim de novo? Já não bastou a desgraça que me fez, com meu filho? — Pronunciou com o psicológico extremamente abalado, quase ao ponto de surtar completamente.
— Não se preocupe, minha jovem querida. Nossa brincadeira será mais divertida que daquela vez, aposto que vai gostar!
— Brincar? Que tipo de brincadeira você quer, seu monstro?
— A brincadeira da mente, do psicológico. A brincadeira do corpo!
— O que você quer dizer com isso?
— Você vai descobrir da melhor forma possível, se prepare minha cara — E assim começava a tão famosa tortura de Tereza, onde a partir daquele momento todas as coisas, lembranças e vivências de sua alma mudariam completamente, sua alma sofreria extremas consequências, e seu corpo também. A tal brincadeira só começava.
— Não… Não… Nãoo! — E assim Tereza sofria com diversas dores, gritando, implorando pela ajuda dos deuses em seu âmago ser. Ela pedia que logo estivesse com seu filho, antes de apagar completamente.
Continua…