O Mistério das Realidades Alternativas - Capítulo 13
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- Capítulo 13 - O colégio de treinamento virtual
Realidade Tecnológica, Terra-2, Sala do Líder
Já era noite. O céu reluzia pontos esbranquiçados através de seu mar ciano-escuro, como verdadeiras estrelas em um cosmos muito além da compreensão humana. Naquele momento, Otávio havia se ajoelhado com a cabeça caída e o olhar totalmente perdido, ele sentia-se impotente por não ter tido a capacidade de salvar a única mulher que ele amava, não demonstrava nenhum semblante a não ser o olhar vazio e sem vida que compunha sua face, pois sua mente havia sido desligada com esse sentimento de impotência.
Freizen por sua vez, não esperava que um evento como aquele fosse acontecer justo naquela hora e lugar. Um frio percorreu sua espinha atiçando as fagulhas daquele mar há pouco tão calmo, agora tão agitado, a respiração tornou-se ofegante, o arfar anunciou a dilatação das pupilas agora atentas para qualquer perigo. Aquilo nunca havia acontecido com ele, durante todos esses milênios de treinamento.
— Otávio, aquele era o homem sobre o qual estávamos discutindo? — Perguntou em um tom de voz tão abalada que outra densa aura se estendeu, dessa vez, por todo aquele andar. Qualquer dúvida que os funcionários possuíam naquele momento sobre o que estava havendo na sala, foi repentinamente trocada por um desespero sem conhecimento.
— Sim, era ele — Respondeu ainda com a mente desligada, como se somente o corpo estivesse agindo sozinho sem o consentimento de seus pensamentos que naquele instante, estava como um barco em uma tempestade de alto mar.
— Entendo. Ele deve ter levado-a para a Terra-51 a fim de realizar algum propósito. Aliás, por que não está demonstrando nenhum tipo de desespero ou reação alarmante? — Retrucou, em incerteza sobre a condição em que o corpo dele estava naquele momento e seus pensamentos longínquos que não eram transmitidos com clareza, e sim com incerteza.
— Antes de Jack nascer, nós éramos como farinha e água, sempre nos demos bem, rimos, choramos, ficamos com raiva um do outro e até fiz ela gostar de animes em um período da sua vida. Mas depois que Jack nasceu, ocorreu esse incidente com esse homem e fomos forçados a abandonar o nosso filho. O desespero dela de morrer era tanto que não fez contato com o filho e nem me deixou fazer durante anos. Ela por algum motivo rejeitou Jack por ter arruinado a sua vida. Mas recentemente, ela começou a sentir compaixão dele, e isso me fez ficar com bastante raiva dela.
— Não estou entendendo direito o que está dizendo. Você não ama a sua mulher? — Perguntou novamente com o rosto tortuoso e braços cruzados, demonstrando que o modo que Otávio estava agindo não era como ele realmente esperava.
— Não é isso que eu estou dizendo. Eu só repreendo ela por só pensar em si mesma e não no nosso filho. Eu poderia sim estar desesperado para ir a socorrê-la, mas diante a tudo o que ela fez e pensou, nada que um pequeno castigo não resolva. Mas não quer dizer que vou abandoná-la, irei resgatá-la! Porém, não tenho a força e nem o conhecimento para como fazer isso.
— Ha, para quem estava todo animado e entusiasmado, até que você muda rápido de expressão!
— Não vou mentir, sempre fui muito fã de animes, mangás e cultura japonesa, entretanto tem horas que eu preciso mudar de máscara, se é que você me entende.
— Nunca imaginei que você seria esse tipo de pessoa, me surpreendeu! Mas, mesmo que a sua mulher mereça algum tipo de castigo, temos que ir salvá-la, ou melhor, você deve ir.
— Eu? Mas eu nem sei para onde eles foram e nem como chegar no lugar, além de que sou fraco contra aquele monstro, não terei chance alguma de vitória.
— Não se preocupe com isso, posso fortalecê-lo. Aqui temos treinamento para todo tipo de pessoa que possua poderes ou magia. Acho que você vai gostar do nosso método aqui na Terra-2.
— Se você diz… Então me surpreenda.
— Isso não será difícil, verá com seus próprios olhos. Mas antes, descanse. Muita coisa aconteceu hoje, sua cabeça deve estar muito pesada com todas as informações que obteve. Depois desse incidente, acho que deve ter esquecido por alguns minutos.
— Não se engane, não esqueci do absurdo que você falou que éramos do mesmo sangue. Ainda vai me explicar direito como isso pode ser possível, até lá, preciso me fortalecer.
— Se você diz, não sou eu que vou me opor. Sinta-se à vontade para pensar e escolher o que melhor lhe convém.
— Entendi…
Realidade Destrutiva, Terra-51, Sala do Líder.
— Agora que temos você em nossas mãos, vamos brincar com seu marido e Freizen. Nossa guerra fria estará prestes a começar!
— Qual é o seu plano, afinal de contas? O que pretende fazer comigo? — Indagou Tereza ainda em estado de choque por ter sido levada à força para aquele lugar, e ainda por cima, pelo homem que causou toda a desgraça em sua vida.
— Eu não lhe havia dito que iria brincar com você? É exatamente isso que eu vou fazer! Mas antes, você precisa descansar. Um corpo ‘relaxado’ consegue processar melhor e mais rápido as informações.
— Você acha mesmo que me fazer dormir vai mudar em algo? Não seja incrédulo em pensar que vou facilmente ficar do seu lado!
— Bom, como eu sei que você não vai fazer nada por bem, terá que fazer por mal. Mas não se preocupe, não irá se lembrar de nada, isto é.… Se você não tiver ninguém que a faça acordar.
— Acordar, como assim?
— Já lhe dei informações demais por hoje. Jeffrey, leve-a para ‘aquele’ prédio. Vamos observá-la como irá reagir há alguns dias lá — Pronunciou em um tom de voz firme e grave, fazendo alguns objetos pequenos ali perto tremerem por alguns segundos. Tereza que ainda estava abalada psicologicamente por todos aqueles eventos um atrás do outro, não conseguia pensar direito nas informações que seu cérebro recebia. Por conta disso, seu corpo não obedecia com eficiência os comandos que lhe eram passados, assim cambaleava com frequência e seus braços não se erguiam como desejava.
“Vamos ver em quantos dias você resolve fugir. ”
Seguindo a ordem do seu líder, Jeffrey a levou para um edifício misterioso, com muitas portas desgastadas pelo tempo, com mofo e teias de aranhas para todos os lados e corredores do prédio, alguns ratos pairavam aqui e ali, o cheiro de podridão era ainda maior lá dentro, o que fazia Tereza querer vomitar a cada instante. E ele a colocou em um quarto no meio do andar. Assim, mesmo que ela quisesse fugir, teria que pensar em como escapar sem ter ferimentos graves ou mortais.
Realidade Destrutiva, Terra-51, Prédio desconhecido. Quarto de Tereza.
Depois de algumas horas de sono perturbador, Tereza despertou ainda com seus pensamentos navegando em águas turbulentas do seu subconsciente. Ela ergueu-se da cama, esfregou seus olhos para focar no que está a sua frente e foi em frente à janela do lado esquerdo do seu leito. Inevitavelmente ela deu alguns passos para trás, começou a transpirar freneticamente com o seu corpo gélido e lábios arroxeados.
‘’ Mas que lugar é esse? A que altura eu estou? Isso não poderia ser um prédio, poderia? Com esse tamanho? ‘’. Perguntou em seu subconsciente ao observar uma intensa extensão de nuvens com aspecto pesado e coloração acinzentada abaixo da sua janela, o quanto demonstrava a distância relativa do seu quarto até o término abaixo daquele edifício.
Quem estava em terra firme podia-se observar uma pequena pessoa depois das nuvens, essa que era Tereza em seu quarto. As pessoas que por ali passavam sem ter conhecimento do que estava acontecendo, admiravam o quão distante ficava o final daquele edifício criado unicamente pelo líder do planeta.
Realidade Tecnológica, Terra-2, hotel do líder.
‘’ Como será que ela está sendo tratada lá onde está? Igual aqui, também deve ter conhecido o líder do planeta. Bom, não estou com pressa de ir resgatá-la, porém não posso deixá-la para sempre. Até porque, temos um filho para ver, não quero reencontrá-lo sem a mãe, seria muito cruel da minha parte. ’’ Pronunciou com seus pensamentos já acalmados em seu quarto, o qual Freizen em si providenciou rapidamente.
Algum tempo antes…
— Não se preocupe com isso, posso fortalecê-lo. Aqui temos treinamento para todo tipo de pessoa que possua poderes ou magia. Acho que você vai gostar do nosso método aqui na Terra-2 — Freizen citou para ele, deixando uma incógnita enquanto recebia as devidas instruções de onde estaria hospedado.
— Que tipo de treinamento ele estava se referindo? Como tudo nesse planeta é futurístico, não duvidaria que possuíssem uma tecnologia igual ao anime SAO – “Sword Art Online”. Se tiver, aí sim eu vou ficar mais animado — Indagou em sua mente demonstrando interesse repentino naquelas palavras ditas pelo líder. Era claro que tudo ali o fazia ficar entusiasmado. Todo seu corpo bem como a mente já estava respondendo positivamente, depois da repentina queda que levou há algumas horas, que o fez desligar completamente.
No dia seguinte…
— Senhor, já fizemos todos os preparativos. A matrícula do senhor Otávio já foi feita e ou materiais, bem como o manual será levado para seu quarto logo após o café da manhã.
— Obrigado pelo trabalho. Depois que percebi o jeito que ele se anima com tecnologia, acho que ele vai… Como se fala mesmo? “Pirar” quando ver em que lugar vai treinar.
— Não tenho dúvidas disso senhor. Espero que ele se divirta na máquina.
— De primeira até pode ser divertido, mas com o tempo, não será mais assim. A diversão dele se transformará em ambição, espere e verá!
Mais tarde, na sala de jantar.
Freizen se reuniu com Otávio na sala de jantar para a primeira refeição do dia. O sol que atravessava o vidro refletia moderadamente em todo o cômodo, fazendo desnecessário o uso de lâmpadas. Eles estavam no 50º andar, assim, eles teriam a vista completa da maior parte da cidade, se não toda.
— Otávio, como você espera que seja seu treinamento? Como planeja evoluir? — Questionou com uma expressão investigativa, como se quisesse tirar alguma informação dele, mas não o pressionando.
— Eu espero que seja algo que me desafie. Como esta terra é tecnológica, não acho que irei ficar entediado seja o método qual for — Respondeu positivamente para Freizen, o qual desfez sua expressão e ficou mais relaxado, por saber que as suas intenções não teriam sido opostas depois da noite anterior.
— Essa resposta foi meio inesperada. Bom, irei te levar ao local logo, logo. Mas preciso avisá-lo de algo antes. Ele é bem mais alto e maior do que você pode imaginar.
— Sem problemas. Depois que eu vi a altura desse prédio, foi difícil alguma coisa me surpreender novamente em tamanho. – Respondeu como se já esperasse algo grande vindo daquele homem. Otávio estava bastante relaxado e tranquilo. Não parecia que ele estava em choque por ter perdido temporariamente a sua mulher naquela noite.
“Vamos ver se a sua resposta vai continuar a mesma quando ver o que te aguarda. ”
Depois do café da manhã, Freizen levou Otávio até o local de treinamento. Ele ficou surpreso por ver que o edifício estava literalmente todo fechado. Todas as janelas eram cobertas com uma placa de metal, e as portas eram de vidro. Aquele edifício tinha facilmente mais de 100 andares de altura.
— Otávio, seja bem-vindo ao ATRVTI – Área de treinamento em realidade virtual totalmente imersiva — Apresentou para Otávio, que logo ficou totalmente surpreso. Não pelo tamanho em si, mas pelas características únicas daquele edifício.
— Espera, você disse treinamento em realidade virtual? É sério isso?
— Sim. Nossa terra não possui um local para treinamento adequado para as pessoas. Então pensando nisso, decidi criar um colégio de treinamento em realidade virtual. Mas não se preocupe, tudo o que você conseguir fazer lá, vai conseguir aqui também.
— E como isso pode ser possível?
— Vamos entrar! Lá dentro vou te explicar os detalhes.
Assim que foi apresentado, eles entraram no colégio. O seu interior era algo que dispensava comentários. Tudo era tão bem feito e seu design era algo luxuoso e todos que ali trabalhavam usavam jalecos totalmente brancos e óculos de proteção.
As Salas eram totalmente lacradas, com em torno de 10 câmaras escaneadas imersivas (tipo câmaras de bronzeamento na Terra-1, só que maiores, mais tecnológicas e robustas), cada câmara contava com uma roupa tática de imersão e um capacete. Esse no qual faz a conexão da pessoa com o servidor local.
— Aqui em vez de carteiras vocês têm camas? Isso sim é algo fora do comum.
— Elas são para os alunos usarem enquanto estão imersos. A cama escaneia e controla todos os movimentos do seu corpo, o capacete envia as informações cerebrais do servidor para o usuário instantaneamente ou vice-versa, e a roupa serve como um sensor de calor e tato. Mas tudo isso você vai ver na prática mais tarde.
— Isso tudo me lembra um anime que eu assisti há muitos anos, chamava-se SAO. Ele tinha uma tecnologia parecida, mas era usada somente para jogos de rpg.
— Bom, na nossa terra, não usamos essa tecnologia que temos aqui para jogos, somente treinamento. Existem capacetes e óculos específicos para cada função aqui na Terra-2, você já os viu enquanto estava com a sua mulher na rua.
— Sim, eu me lembro disso. Tereza estava me puxando pela orelha naquele momento. Ela ainda dói inclusive.
— Bom, chegamos na parte mais importante. Esse é o nosso servidor principal, o SUTCCV – Sistema Ultra tecnológico de Treinamento Cérebro-Corporal Virtual.
— Por que isso me lembra um cérebro? — Indagou Otávio desconfiado da forma que lhe foi apresentado tal tecnologia.
— Não é que se parece como um cérebro, ele é um de fato.
— Calma aí, está me dizendo que essa terra criou um mundo virtual através de um servidor que tem a aparência de um cérebro?
— Exatamente! Boa ideia, não acha?
Continua… No próximo arco.
Próximo capítulo no Volume 02 – Treinamento.