O Mistério das Realidades Alternativas - Capítulo 3
Naquela noite turbulenta, sabino chegou na casa de Jack e deu a notícia sobre seus pais. O garoto, sem querer acreditar tentou o refutar, mas falhou. Todos ali ficaram em silencio. Os amigos de Jack o olhavam por trás com tristeza, pois sabiam no que aquilo tudo iria gerar, e a sua avó também preocupada, por que também não esperava aquela noticia repentina.
— Quer saber, esqueça! — Jack respondeu com um forte grito e continuou a fala — Se eles estavam vindo ou não para mim não faz diferença nenhuma, eu nem estava os esperando mesmo. E também, eles me abandonaram por todos esses anos, por que essa mudança repentina? Eu estou bem melhor com a minha avó e meus amigos, eles que se lasquem onde estiverem. Se desapareceram mesmo foi bem merecido, pelo menos não irei ver os rostos deles. Como o velho ditado: o que os olhos não veem o coração não sente, e nesse momento, não tem mais espaço para eles em minha vida.
Sabino, tocado com as palavras pesadas no garoto, tirou as mãos de trás das costas e as levou para a frente, com um embrulho médio. Jack ficou com semblante neutro na hora sem entender o motivo daquilo, mas estava revoltado com raiva pela conversa que não gostaria de ter logo com um amigo de anos da família.
— Esse foi o presente que eles deixaram quando desapareceram. Acho que era para você — Apresentou para o garoto, com cara de tristeza quase chorando com os olhos vermelhos e rosto inchado.
— Pode jogar fora rasgar ou queimar. Nada o que vier deles será bem-vindo aqui!
“Ele já está traumatizado demais para aceitar qualquer coisa deles. Isso é muito triste. Otávio e Tereza parece que não tiveram consciência quando fizeram isso com ele. ”
— Jack, eles não fizeram nada, mas trouxeram esse presente para você, não deveria aceitar mesmo assim?
— Que se lasque todos vocês! — gritou Jack revoltado com toda a sua raiva e tristeza aflorando de uma vez só. Chorando horrores e soluçando com mais frequência, ele partiu para o seu quarto, fechou a porta e começou a derrubar e quebrar tudo o que conseguia, fazendo uma grande bagunça.
Jhenefer e Michel, que se sentiram pressionados também por Sabino, olharam de cara feia para ele e foram em direção ao quarto de Jack, para tentar aliviá-lo do sofrimento. Todos os convidados da festa se retiraram com grande desprezo do rapaz e pena do garoto, pois sabiam da sua história e como ele se sentia.
— Jack, tente se acalmar! Ele não falou aquilo para te fazer mal — disse Jhenefer abraçando Jack fortemente e balançando o corpo levemente para fazê-lo acalmar dos transtornos.
— Por quê? Por que logo hoje, tudo isso acontece?
— Não pense mais nisso, apenas relaxe, tente ficar tranquilo.
— Vamos ficar aqui junto com você até amanhã — Michel pronunciou em tom de seriedade, em prol do amigo. — Não podemos te deixar aqui sozinho, ainda mais nessa noite fria.
— Obrigado Michel, Obrigado Jhenefer. Vocês sim eu posso chamar de família.
O tempo passou, Michel dormiu em uma das poltronas no quarto, chegando até a roncar não muito alto, já Jhenefer continuava a mimar o amigo, que estava no ponto de pegar no sono.
— Como está se sentindo Jack? — Ela perguntou com certa desconfiança de seu estado emocional e mental.
— Acho que estou melhor — Afirmou Jack, aliviando a preocupação de sua amiga.
— Que bom! Não precisa ficar mais triste, eu estou aqui para te ajudar no que precisar! — Ela o acalmou, passando a sua mão delicadamente sobre o rosto dele, fazendo-o aliviar do estresse.
Jack disse para Jhenefer com um pequeno sorriso disfarçado:
— A sua mão parece uma pena, é leve e gentil. Isso é muito bom! — Nisso a menina ficou com o seu rosto meio rosado.
Jhenefer ficou ali naquela posição por mais alguns minutos, até que também pegou no sono, seguindo por Jack. O quarto estava um silêncio. O ronco de Michel havia desaparecido, e somente se ouvia o som do vento balançando os galhos das árvores na varanda de frente da casa.
De repente, já na madrugada, o vento frio soprou forte as cortinas, fazendo os três se encolherem do frio. Em seguida, um círculo começou a ser desenhado em todo o chão do quarto. A luz que emanava era um branco meio azulado bem brilhante, formando símbolos estranhos.
Jack ainda chegou a abrir um pouco os olhos, pois estava incomodado pela a luz, mas o sono era maior que a curiosidade, e o fez voltar a dormir profundamente em seguida. Depois do desenho finalizado em formato de círculo com algumas formas desconhecidas, ele começou a pulsar, com o brilho diminuindo e aumentando constantemente.
Um minuto se passou nesse estado de pulsação, e logo após, um brilho com partículas se manifestou fortemente em todo o quarto, fazendo-os desaparecer, junto com a forma circular desenhada no chão. Eles desapareceram em instantes, sem deixar quaisquer rastros visíveis.
Algumas horas se passaram, e os três continuavam dormindo, até que o sol começou a nascer no horizonte e o vento a soprar uma brisa leve que levantava os cabelos desgrenhados e amenizava o calor corporal. O sono começou a diminuir e eles a despertarem lentamente.
— … que dor de cabeça! — Jack exclamou com as duas mãos acima da cabeça com os olhos fechados, sinalizando o incomodo inoportuno. Os outros dois que estavam ao seu lado também acordaram com uma dor de cabeça, sinalizando com as mãos apertando-as.
— Nossa, onde estamos? — indagou Michel olhando ao seu redor sem entender direito a situação.
— Com certeza não estamos no meu quarto — Jack respondeu sarcasticamente para seu amigo, enquanto também estranhava o local onde estavam.
Eles estavam em uma planície, cheia de pequenos capins em seu solo com a sombra enorme de uma macieira atrás deles. No horizonte, percebia-se várias montanhas sobre as nuvens, que andavam lentamente feito tartarugas. Atrás deles, uma floresta enorme com várias árvores maiores que aquela que eles estavam abaixo da sombra com pássaros e animais em seu topo e dentro dela.
— Não estamos em casa. Onde estamos?! — Jack gritou em começo de desespero, suando friamente e rosto pálido pois a cada minuto, caía a ficha que não estavam mais em casa.
— Pode ser muito improvável, mas acho que essa é um tipo de terra diferente, pelo menos assim eu acho — respondeu Michel em seguida, tentando aliviar o estresse de Jack, mas o seu era pior ainda. Seu psicológico estava focado em ajudar o seu amigo e lidar com aquela situação ao mesmo tempo.
— Mas por que caralhos viemos parar em uma terra diferente? Não faz sentido nenhum! — Também gritou Jhenefer em seguida na mesma condição de Jack mentalmente e fisicamente. — Nossas casas, nossos pais, nossa família, tudo desapareceu. E agora?!
Depois de alguns minutos, Jack se acalmou um pouco e começou a pensar em todas as circunstancias que os levaram até aquele momento. Foi então que uma ideia surgiu em sua cabeça:
— Pelo o que eu me lembro vagamente, havia algo brilhando no quarto, mas estava com sono e preguiça demais para olhar com precisão.
— Espera aí, luz… quarto… outra terra? Estranho. Como não conseguimos perceber essa luz? — perguntou Michel retoricamente para os outros dois, que também estavam pensativos naquele momento.
— Estávamos cansados demais para acordar e perceber algo. Eu mesmo dormi como uma pedra — Jhenefer respondeu primeiro, alegando não ter visto nada durante a noite.
— Eu também dormi feito pedra em uma poltrona, mas não posso deixar de dizer que era bastante confortável — respondeu Michel a si próprio em seguida.
Depois de analisarem o local, perceberam que o céu era rosa e não azul, a lua era quadrada e não redonda e o sol era vermelho. Aquela terra era algo fora do comum para qualquer pessoa acreditar sem ver, ouvir ou sentir a brisa do vento. Enquanto observavam o lugar, uma tontura atrás do pescoço começou a se manifestar até atingir toda a cabeça, parando todo o funcionamento do corpo imediatamente os fazendo desmaiar em seguida.
— Fique calmo garoto, nem tudo é o que parece — disse uma voz duvidosa ecoando num vazio escuro — Sabemos que foi repentino, mas pedimos para ficarem tranquilos, não iremos fazer mal algum.
No subconsciente de Jack, uma pequena projeção dele apareceu no lugar completamente nu com a parte da cintura para baixo invisível, como se fosse uma alma vagante pelo espaço.
Ele começou a acordar parado em um lugar branco, cheio de partículas vagando lentamente pelo espaço. Nessa hora, um calor começou a surgir, ficando cada vez mais forte, mas por incrível que pareça, não o queimava, porém, o fazia se acalmar e ficar mais leve, como um peso sendo tirado das costas.
— Vejo que já está se adaptando ao seu elemento já de primeira, surpreendente.
— O quê? Quem é você? — indagou o garoto para a voz estranha.
Depois da pergunta, dois seres ainda sem forma definida apareceram para Jack, que fez o garoto ficar perplexo e sem o que dizer por alguns segundos.
— Muito prazer, sou uma criatura mística, chamado de elemental do fogo.
— Prazer em finalmente conhecê-lo garoto, também sou uma criatura mística, denominada de elemental do metal.
Quando Jack tentou focar sua visão, realmente não conseguia vê-los fisicamente, somente as vozes pairavam no local. O garoto conseguiu sentir-se mais calmo com o calor de seu corpo, o que era estranho em seus pensamentos. Já relaxado física e mentalmente, resolveu começar com as suas dúvidas de toda aquela situação.
— Entendi… elemental de fogo e metal certo? Então me deixe perguntar, onde estamos?
— Tanto você quanto seus dois amigos foram invocados de um outro universo, para uma Terra diferente da sua original — respondeu o elemental de fogo.
— Espera aí, existe mais Terras além da nossa?
— Sim, meu jovem! Ao todo, são cinquenta e um universos com Terras e realidades alternativas coexistindo simultaneamente.
— Porra, cinquenta e um? É mais do que eu imaginava. Na realidade, nem parece real.
— Muita gente não acredita logo de cara, mas vocês ainda terão muito tempo até conhecer todas.
— Então a próxima. Quem nos invocou para essa Terra?
— Você parece mais calmo garoto, isso é bom — disse a elemental de metal, continuando em seguida. — Vocês foram invocados pelo o Líder dessa Terra. Recomendo primeiramente irem até a cidade para conhecê-lo e trocarem informações. Nós, os elementais invocamos vocês três a pedido dele, essa é a verdade.
— Entendi. Líder né? Então aqui não tem presidente?
— A sua Terra é a única com essas leis. Fora o seu, todos os outros possuem um Líder de todo o universo junto com alguns conselheiros que os auxiliam — respondeu a elemental de metal, salientando a dúvida do garoto.
— Não temos mais tempo para conversar. Atenção garoto! vocês três irão receber todos os seis elementares em seus corpos, serão dois em cada um. Nós seremos a fonte da força e do poder de vocês. Por favor, só aceite — disse o elemental de fogo apressadamente, pois o seu tempo limite para dialogar na primeira vez estava perto do fim.
— O quê? Como assim receber vocês? Vão nos dominar por dentro? — perguntou Jack freneticamente sem entender novamente a situação.
— Nos veremos muito em breve, Jack. Proteja os seus amigos nas futuras jornadas que estarão por vim.
Depois do rápido diálogo, o corpo de Jack começou a reagir de forma estranha. Seus olhos brilhavam fortemente e seus corpo pulsava bem forte, como se algo estivesse se movimentando dentro dele. Sem ele saber, os símbolos que estavam em sua barriga desde o nascimento, que estavam quase transparentes até então, começaram a crescer e ficar mais relevante em cor preta.
Logo após de toda a dor, ele acordou novamente, com Jhenefer em seu lado esquerdo e Michel no lado direito, ambos deitados, até que despertaram ainda com algumas poucas dores no corpo e cabeças doloridas. Quando Jack também despertou com os mesmos sintomas e abriu os olhos para focar a sua visão, algo surreal aconteceu, com Jhenefer e Michel.
— Vocês dois…. Seus olhos…. Estão coloridos! — Exclamou desesperado para os dois amigos, que não entenderam direito no momento.
— Seus olhos também Jack, e o seu Michel! O que está acontecendo aqui? — Jhenefer indagou ainda mais desesperada com tudo aquilo.
— Parece que foram os elementares que causaram isso. Quando entraram em nossos corpos, uma reação aconteceu e nossos olhos mudaram de cor — Jack respondeu a dúvida de sua amiga, analisando os fatos até então — Temos que ir até o Líder desse lugar, parece que foi ele que ordenou para aqueles seres nos invocarem.
Todos os dois ficaram sem entender direito logo de cara, mas foram raciocinando com o decorrer dos minutos. Ainda sem nenhum plano, Jack já estava decidido a encarar o líder daquela Terra e tirar dele o máximo de resposta que conseguisse. Mas o maior problema é como chegariam até ele, ou até a cidade onde se encontrava.
Continua…