O Mistério das Realidades Alternativas - Capítulo 28
CAPÍTULO 28 — Erro de Sistema
No terraço do prédio, Otávio estava com sua turma, e o professor Kibitor o havia lançado para fora, com um travesseiro nos braços. O vento forte batia contra seu corpo, e ele não conseguia pensar com clareza. Seu semblante de desespero o impedia de agir como gostaria. Faltavam apenas segundos para que ele se espatifasse no chão, mas um pensamento rápido cruzou sua mente.
— Que os deuses me ajudem! — exclamou, com os olhos fechados, ainda despencando sem parar.
Com essa súplica, ele concentrou-se em um objeto que pudesse salvá-lo. Seu desejo e pensamento foram tão intensos que, de repente, ele parou de cair. Sentiu o corpo mais leve, como se estivesse flutuando. Ao abrir os olhos, percebeu que não havia se chocado com o solo. Estava flutuando no ar, no meio do céu. Aliviado por estar vivo, uma dúvida o atormentava: Como consegui realizar algo desse nível? — perguntou-se, ainda em estado de choque.
— Otávio, você conseguiu! Parabéns! — gritou o professor Kibitor, satisfeito com o feito de seu aluno.
O restante da turma também suspirou de alívio, temendo que Otávio pudesse ter morrido pela atitude de Kibitor. O travesseiro que ele segurava havia se transformado em um paraquedas pequeno, suficiente para desacelerar sua queda, sem fazê-lo despencar novamente.
— Acho que descobri como ativar esse poder. Espero não passar por outra dessas! — disse Otávio, dando risada, aliviado pela ativação de seu poder no último segundo. Keelser e Magnólia quase desmaiaram de susto durante a queda, mas se mantiveram firmes, confiando que Otávio sobreviveria.
Alguns minutos depois, Otávio pousou em segurança. Tanto seu corpo no mundo virtual quanto no real havia reagido intensamente às consequências da queda. Seus batimentos aceleraram, os músculos se contraíram, mas, no fim, tudo voltou ao normal. No mundo real, a equipe descobriu qual parte do cérebro havia ativado o poder de Otávio: o sistema límbico, responsável por processar emoções fortes e fazer o corpo reagir de forma imediata.
— Senhor Kibitor, descobrimos que o sistema límbico é a parte do cérebro que ativa os poderes de Otávio. Suas emoções fortes parecem ser a chave para a ativação — explicou um funcionário da instituição, monitorando o aluno no mundo real.
— Entendido. Continuem com o monitoramento — ordenou Kibitor.
— Sim, senhor!
Kibitor, com as informações em mãos, voltou-se para Otávio para explicar o que havia acontecido.
— Otávio, todos nós possuímos um sistema que reage quando somos atingidos por uma carga emocional forte. Esse sistema, que se chama sistema límbico, é o responsável por processar nossas emoções e fazer o corpo reagir. Quando você sente medo, raiva, alegria, ou amor, essa parte do seu cérebro age conforme a emoção. No seu caso, é esse sistema que ativa seus poderes. Quanto maior a carga emocional, mais poderoso será o efeito. — Concluiu o professor.
— Acho que entendi… um pouco — respondeu ainda confuso, mas começando a compreender. — Quando cheguei no planeta, fiquei em choque. Acho que foi isso que fez o meu poder despertar.
— Exatamente. A grande carga emocional fez seu poder se manifestar de forma intensa. Quanto maior a emoção, maior a escala do poder — explicou o professor, com um olhar que revelava seu conhecimento sobre o desastre causado por Otávio quando chegou à Terra.
Após a explicação, Kibitor voltou seu olhar para Keelser, já antecipando algo completamente diferente do que havia ocorrido anteriormente.
— Keelser, agora é a sua vez! Venha à frente.
Inquieto, ele sabia o que havia acontecido antes, mas estava mais confiante após os treinos com Otávio e Magnólia. Ele caminhou com passos firmes, embora com a cabeça baixa, ainda envergonhado pelo fracasso anterior.
— Hoje, em vez de tentar ativar seu poder com seu próprio sangue, trouxe várias bolsas de sangue de diferentes categorias. Quero que tente manipulá-las e veremos quais reações terá desta vez — explicou o professor, colocando as bolsas no chão, a uma distância de um metro e meio uma da outra.
— Mas será que vai fazer diferença manipular sangues de tipos diferentes? — perguntou Keelser, ainda inseguro.
— Veremos agora. Concentre-se e ative seu poder — instruiu Kibitor.
Ele fechou os olhos, respirou fundo e tentou relaxar o corpo. Alguns segundos depois, abriu os olhos, focou na primeira bolsa de sangue e ativou seu poder. Suas veias saltaram, mostrando a força que ele estava usando. Ele se concentrou e fez a primeira bolsa explodir, deixando apenas o sangue intacto, flutuando no ar.
Os colegas aplaudiram o feito. Keelser, agora mais confiante, moldou o sangue em sua mente, transformando-o em um pequeno objeto: um celular digital. O objeto solidificou-se em sua mão, idêntico a um aparelho real.
— Muito bem! Você parece ter mais facilidade em manipular sangue externo do que o seu próprio. Mas, no futuro, terá que aperfeiçoar o controle sobre o seu próprio sangue — disse Kibitor, elogiando o progresso de seu aluno.
Motivado pelo sucesso, Keelser concentrou-se nas outras bolsas. Ele explodiu duas ao mesmo tempo e, com esforço, moldou duas novas formas: uma bola e um caderno. A turma ficou impressionada, aplaudindo mais uma vez.
— Incrível! Agora, quero que tente algo maior. Junte as últimas bolsas e crie um objeto do tamanho do seu corpo — desafiou o professor.
— Mas não é pouco sangue para isso? — questionou Keelser.
— Sei que você consegue. Apenas imagine — incentivou-o.
Ainda incerto, suspirou e levantou os braços. As veias de seus braços incharam, e ele conseguiu unir o conteúdo das bolsas. Com esforço, ele visualizou o objeto que queria criar: uma bicicleta simples. Aos poucos, o sangue tomou forma e, quando ele abriu os olhos, a bicicleta solidificou-se e caiu no chão.
— Consegui! — exclamou Keelser, aliviado.
— Uhuuu! — A turma explodiu em gritos de alegria, comemorando o feito.
— Nunca imaginei que você faria uma bicicleta! Meus parabéns! Se continuar assim, não ficará muito tempo aqui — elogiou Kibitor.
— Obrigado, professor! E obrigado a todos por acreditarem em mim! — disse sorrindo.
Com a demonstração concluída, Keelser voltou para o fundo da turma, recebendo elogios de Otávio e Magnólia.
— Você foi incrível! — disse Otávio, com um sorriso largo.
— Você também se saiu bem, só a explicação do seu poder que foi um pouco confusa — comentou Keelser.
— Achei bem estranho… Nem nos animes tem algo assim. Vou pesquisar sobre esse tal sistema límbico depois — respondeu Otávio, rindo.
— Boa sorte com isso! — brincou Keelser, rindo junto.
— Próxima! Magnólia, venha à frente! — chamou Kibitor, atraindo a atenção de todos.
— Eita, tô lascada… — murmurou Magnólia, nervosa.
— O que houve? — perguntou Otávio, preocupado.
— Tenho um pressentimento ruim. Acho que o professor vai aprontar alguma coisa comigo.
— Ele vai te jogar do prédio? — brincou Keelser, tirando sarro da situação.
— Muito engraçado… mas não duvido que ele faça algo assim — respondeu Magnólia, nervosa.
— Não se preocupe, Magnólia. Ele deve ter um plano para cada aluno. Tenho certeza de que ele sabe o que está fazendo — disse Otávio, tentando acalmá-la.
— Querendo ou não, lá vou eu — disse Magnólia, caminhando em direção a Kibitor, com os colegas assobiando e torcendo por ela.
— Magnólia, na última vez, você conseguiu criar uma única ramificação de planta. Hoje, será diferente. Tenho aqui uma semente de uma árvore especial. Com a quantidade certa de energia, ela pode crescer tão rápido que cobrirá todo este prédio. Seu objetivo é fazer essa semente crescer e cobrir o edifício — explicou Kibitor.
— O quê?! Mas essa é só a minha segunda tentativa! — exclamou Magnólia, incrédula.
— Exatamente por isso que estou pedindo isso. Quanto mais cedo aprender a controlar seu poder, melhor. Esse poder, se bem treinado, pode salvar milhões de vidas — disse Kibitor, com um sorriso.
— Certo… vou tentar — respondeu Magnólia, resignada.
Ela fechou os olhos, relaxou o corpo e começou a se concentrar. Suas veias começaram a brilhar, como se a energia estivesse circulando por elas, até chegar às mãos. Um brilho intenso irradiou de suas mãos, e a semente começou a crescer, formando ramificações que rapidamente cobriram o prédio.
No entanto, um tremor forte sacudiu o edifício, fazendo todos caírem no chão.
— O que está acontecendo?! — gritou Magnólia, preocupada.
De repente, uma explosão ocorreu no prédio ao lado, destruindo parte da estrutura. A explosão atingiu os andares superiores, e a construção começou a desmoronar. Os alunos ficaram em pânico, mas as ramificações que Magnólia havia criado sustentaram o prédio, impedindo que ele colapsasse completamente.
— Meu Deus, o que aconteceu?! Quem fez isso?! — exclamou Kibitor, desesperado, com o coração acelerado.
A situação era crítica. Ninguém sabia o que fazer. Todos tinham uma única pergunta em mente: Quantos sobreviveram?
Continua…