Knight Of Chaos - Capítulo 482
O ataque repentino pegou o jovem Tenente completamente desprevenido. No último instante, assim que o garoto havia movido seu outro braço, revelando uma pequena adaga, seu Disparo Neural ativou-se instintivamente a máxima potência, todo seu ser tentando reagir aquela situação inesperada e bizarra.
“Gah!!” Fernando engasgou-se, quando o fio da lâmina passou numa alta velocidade em seu pescoço.
Rapidamente ele se jogou para trás, enquanto uma enxurrada de sangue espirrava de sua garganta, fazendo-o ficar pálido de medo e cobrir o ferimento com uma das mãos em desespero, caindo com um de seus joelhos no chão. Ele nunca teria imaginado que esse garoto, que parecia inofensivo, na verdade, era um assassino ardiloso!
“Líder!”
“Tenente!”
Kelly e os dois Soldados gritaram ao mesmo tempo, movendo seus pulsos e tirando espadas, prontos para avançar, mas suas expressões mudaram, quando as pessoas da multidão ao redor correram para cima deles.
O que está acontecendo, é uma emboscada?! A arqueira exclamou mentalmente.
O homem gordo, que anteriormente gritou algo sobre Fernando ser um ‘herói’, agora revelava uma expressão cruel em seu rosto, enquanto erguia um enorme machado e corria em direção a um dos Soldados.
Não só ele, mas várias outras pessoas da multidão, homens, mulheres e até mesmo velhos, indivíduos que aparentavam ser civis comuns.
“Que porra tá acontecendo?!” Um dos Soldados gritou, enquanto balançava sua espada.
“Eu sabia, sabia que tinha algo de errado quando falaram tão bem do Tenente!” O outro afirmou, também movendo-se.
Swish! Ting!
Kelly e os dois Soldados aproximaram-se dos assassinos, enquanto desviavam dos ataques.
Perfura!
A Oficial brandiu sua espada curta, se desviando com facilidade da investida de um idoso que estava atacando-a com uma adaga e logo em seguida perfurou seu peito.
“Ah!” O velho homem gritou de dor, caindo para trás.
A expressão do senhor de idade morrendo em suas mãos a fez parar por um segundo, mas foi apenas um momento, pois ela não teve tempo para sequer pensar a respeito, outro inimigo já estava a um metro e meio dela.
Ting!
“Porra!” Um dos Soldados atrás gritou, ao usar sua espada com ambas as mãos para se defender do ataque do homem gordo, o baque foi tão forte que o fez cair de joelhos.
O sujeito corpulento não parou por aí, sorrindo maliciosamente, enquanto agilmente girava o machado.
Bam!
O cabo da arma bateu com ferocidade na face do Soldado, fazendo seus olhos revirarem para trás, enquanto seu rosto se rasgava, com sangue voando para todos os lados. Aproveitando-se de sua queda, várias das pessoas ao redor o golpearam com machadinhas, adagas e espadas curtas.
“Não!” O outro Soldado ao lado gritou, ao ver seu companheiro de longa data sendo morto assim, com as pessoas o agarrando e o apunhalando, sem lhe dar chances de resistir.
Kelly, que havia acabado de derrubar outro agressor, também olhou para essa visão completamente assustada.
Os subordinados que ela havia trazido não eram Soldados comuns, mas alguns dos melhores combatentes do seu Pelotão, não só isso, como eles haviam até mesmo recebido Poções Fauser, então seus status eram equivalentes a pelo menos Cabos.
“Fodam-se todos vocês!” O outro Soldado gritou, empurrando com sua espada para frente, cortando vários homens e mulheres que tentavam chegar perto.
Do outro lado, Fernando, que havia sido pego de surpresa, estava com sua garganta cortada, enquanto tossia sangue. Olhando para o líquido carmesim escorrendo por seu braço a partir da mão, seus olhos frios ergueram-se, observando o ‘garoto’ que tentou assassiná-lo.
Se eu não tivesse me jogado para trás naquele instante… pensou, com suor frio escorrendo por suas costas. Se ele tivesse reagido alguns milésimos de segundo mais devagar, o fio da lâmina, que fez um corte superficial de cerca de 2 cm de profundidade, teria rasgado não só sua garganta, mas separado sua cabeça de seu pescoço.
“Heh, quem diria, ainda tá vivo, Tenente Fernando?” O garoto perguntou, com um olhar aparentemente inocente e gentil, mas com um sorriso levemente diabólico. “Não esperava menos de você, afinal, se fosse um fracote, como teria matado o irmão Kifon? Não é mesmo?” disse, com uma leve risadinha.
O semblante do jovem Tenente era escuro ao ouvir isso. Ele sabia que o tal Kifon estava ligado a uma organização chamada Família Lopes, mas não imaginou que essas pessoas realmente viriam até o fronte de guerra apenas para matar um peixe pequeno como ele.
Kelly, que estava cercada por inimigos, tentou avançar para socorrer seu Líder.
“Não, mocinha, você não vai.” O homem gordo, com o machado, entrou em seu caminho, fazendo um sinal de negativo enquanto sorria. “Nosso assunto é com seu Tenente, se tentar alguma gracinha morrerá primeiro.”
Com um olhar furioso, a mesma defendeu-se de mais ataques das pessoas ao redor, mesmo que já tivesse matado meia duzia, continuavam a vir, sem medo da morte.
O que há com essa gente?! pensou. Eram claramente pessoas comuns, sem grande força, mas atacavam sem nenhum temor. Alguns eram velhos, enquanto outros pareciam desnutridos, mas era nítida a expressão ávida que preenchia seus rostos, enquanto tentavam se aproximar dela e do outro Soldado. Alguns chamavam a atenção, ameaçando atacar, enquanto outros circulavam, tentando emboscá-los por trás, obrigando Kelly e o homem a ficarem de costas um para o outro.
“Quando os cães da Família Lopes são soltos, eles não param até estraçalhar sua presa.” O sujeito robusto falou novamente, com entusiasmo e confiança. “Vejam, até avalonianos comuns podem matar um errante poderoso se tiverem o incentivo certo.” disse, chutando o corpo do Soldado caído, fazendo Kelly e o outro Soldado se irritarem, por não poderem fazer nada.
Swish! Ting!
Os dois continuavam a derrubar um atacante após o outro, mas seus números ainda eram grandes, ainda haviam pelo menos quarenta indivíduos ao redor. Entretanto, Kelly não parecia preocupada com as pessoas comuns ou mesmo com o sujeito gordo, que no máximo tinha uma força de nível Oficial, com a devida oportunidade ela poderia lidar com ele, o que realmente estava tinindo seus sentidos de alerta era outra pessoa.
Devido aos treinamentos intensivos de Theodora, principalmente ligados a encontrar aqueles que estavam tentando se esconder, e as suas próprias técnicas, para diminuir sua presença, ela notou algo. Uma garota negra, com mechas de cabelos prateados, que estava entre a multidão.
Sempre que via seu rosto, ela desaparecia em seguida, como uma enguia escorregadia, aparecendo em outro ponto da multidão, enquanto a observava com olhos calmos e compostos, completamente diferentes das outras pessoas.
Eu não posso perdê-la de vista! Kelly pensou, alarmada, sentindo que se a perdesse por um segundo sequer, provavelmente sua cabeça estaria no chão no momento seguinte!
A garota negra, que se movia como uma sombra, passando entre as pessoas em alta velocidade, ficou levemente surpresa ao perceber que um dos alvos continuava seguindo-a com os olhos.
Ela consegue me acompanhar? Interessante.
“Oficial Kelly, o que devemos fazer? Tentei entrar em contato com o pessoal do Batalhão, mas não consigo!” O Soldado gritou, alarmado, em busca de orientação.
“Apenas continue lutando!” A mulher gritou de volta, rangendo os dentes, ela também já havia tentado se comunicar por seu Cubo Comunicador, mas não conseguia nenhum resultado!
“Acham que somos amadores? Não é a primeira vez que matamos alguns bastardos que mexem com nossa Família. Bloqueamos toda a comunicação nessa rua e isolamos todo o local circundante, quando a Guarda da cidade notar algo estranho, só vão encontrar seus corpos. Hahahaha!” O sujeito gordo disse, rindo.
Do lado de Fernando, enquanto observava o garoto, sabia que precisava tomar uma atitude, ele tinha ouvido um grito do lado de Kelly e dos outros e sabia que provavelmente alguém havia sido morto, se ele quisesse tirar a si e os outros dessa, precisava reagir!
Enquanto o garoto com a adaga se aproximava, com um sorriso, Fernando, que estava ajoelhado, levantou-se. Mesmo engasgando-se com o próprio sangue, ao tentar respirar, manteve a calma, apertando sua garganta com a mão esquerda para estancar o sangramento, enquanto movia o pulso com a direita, sacando sua espada Formek.
“Hoh, vai lutar de volta?” O garotinho disse, de forma zombeteira. “Eu queria acabar com isso com um único ataque, mas quem imaginaria que seus reflexos fossem tão bons?”
Tziiii!
De repente, um zumbido agudo soou e raios elétricos espalharam-se no ar, quando Fernando notou o garoto estava quase na frente dele!
Magia de Eletricidade! exclamou mentalmente, quando um sentimento sufocante o dominou. Da última vez que ele tinha enfrentado um oponente que dominava esse tipo de magia, ele havia sido completamente oprimido, e foi justamente contra Kifon, o Líder da Guilda Fúria, uma das Guildas Marionetes da Família Lopes.
Sem pestanejar, o jovem Tenente ativou seu Disparo Neural ao máximo, quando tudo ao seu redor desacelerou por muitas vezes, ao mesmo tempo, ativou seus Passos Tirânicos, enquanto recuava, não se atrevendo a defender-se do golpe eletrizante. No entanto, para sua surpresa, o garoto o seguiu logo atrás como uma sombra, com um sorriso ameaçador.
Swish! Tziii!
O garoto cortou com sua adaga, num movimento perfurante, obrigando Fernando a levantar sua guarda, usando sua espada Formek para defender-se.
Bam!
O jovem pálido foi atingido violentamente, sendo jogado no chão após o chocar das lâminas, enquanto uma descarga de eletricidade invadia seu corpo, fazendo-o ficar levemente dormente.
O garotinho, com suas roupas maltrapilhas e uma adaga, aproximou-se, ainda mais com um sorriso zombador.
Como? Fernando perguntou-se, espantado.
“Como um menino como eu te derrubou tão facilmente, é isso que deve estar pensando, certo?” O garoto disse, ainda sorrindo. “Pode não parecer, mas eu tenho vinte e oito. É bem conveniente parecer mais jovem, é mais fácil de me aproximar de pessoas desleixadas como você.”
O jovem pálido, no chão, com seu corpo tremendo, em espasmos, ainda segurando sua garganta, tinha uma expressão incrédula.
Colocando o pé sobre o peito de Fernando, o garoto tinha um rosto confiante e sem medo.
“Sabe, quando soube que o irmão Kifon foi morto, eu pessoalmente solicitei esse trabalho. Afinal, fui eu que o treinei.”