Knight Of Chaos - Capítulo 492
Esse caldo, além da carne, era composto por Poções de Mana Maior, no qual o mana contido estava em alta concentração! Ao se recordar que consumir mais mana do que seu corpo poderia suportar levaria alguém a morte, logo se encheu de medo.
Como se soubesse o que o rapaz estava pensando, a voz de Brakas soou novamente.
Não se preocupe, mestre, as propriedades das Poções de Mana são anuladas pela carne de Delgnor. Consumir demais também não vai exatamente te matar, mas pode fazer com que você não consiga dormir e fique hiperativo por vários dias.
Tendo ouvido isso, o coração do Tenente acalmou-se, pois ele realmente havia se deixado levar por um instante.
Bom, então eu irei comer só mais um pouquin… Não, droga, isso é um pouco perigoso… É muito viciante. pensou, olhando para o prato de sopa em suas mãos. Mesmo agora ele estava lutando contra um intenso desejo de devorar mais disso.
“Err, chefe, eu também posso provar?” Thom perguntou, hesitante.
Após vê-lo comendo de forma tão fervorosa, somado aquele aroma incrível, fez com que seu estomago roncasse. No início estava preocupado com seu líder ingerido tanto mana, mas vendo que nada lhe aconteceu, ficou aliviado, porém, ainda não tinha certeza se era algo que ele poderia comer.
O Tenente sorriu levemente ao ouvir a pergunta.
“Não só pode, como deve… mas deixe que esfrie primeiro.” respondeu, pegando outro prato e o enchendo, então o entregou para o Sargento.
Poucos minutos depois, Thom estava suando, enquanto seu coração batia fortemente.
Fernando, que estava ao lado, o observou atentamente. Ele havia permitido que provasse apenas um prato, mas a reação dele havia sido muito mais intensa que a sua. O rapaz piscava os olhos sem parar e sua respiração parecia instável, ao ponto que o Tenente começou a ficar preocupado, se questionando se realmente não haveria efeitos colaterais.
Mas logo suas preocupações foram resolvidas, quando o Sargento se acalmou alguns momentos depois.
Isso é complicado, é mais potente do que eu imaginava… Fernando pensou, enquanto ele mesmo se autoanalisava. Não tinha certeza do que exatamente, mas sentia um leve comichão em várias partes do corpo e uma sensação de energia sem fim.
Mestre, como um Usuário de Habilidades, seu corpo tem maior tolerância a carne de Delgnor, além de conseguir absorver melhor suas propriedades. Mas uma pessoa normal pode ter uma certa dificuldade. Brakas explicou, ao vê-lo em dúvidas.
Ouvir isso acendeu uma luz na mente de Fernando, entendendo finalmente a razão.
No fim, ele conseguiu mais ou menos destacar os pontos positivos da sopa feita com carne de Delgnor. O primeiro ponto é que era uma espécie de tônico, que lhe daria uma enorme energia. O segundo estava relacionado com o primeiro e isso era o excesso de energia, isso fazia com que o desgaste acumulado do corpo fosse praticamente eliminado, o que melhoraria e muito a recuperação de ferimentos. E o último ponto e o mais importante, é que sentia suas Veias de Mana pulsando, sinal de que isso estava trabalhando na melhoria de seu Físico.
Pelo que havia ouvido falar de Ferman, consumir carne de Delgnor melhoraria o corpo de alguém aos poucos, e não só isso, se a pessoa fosse de fora do Sistema de Habilidades, isso incrementava as chances de criar suas Veias de Mana em 10%. Entretanto, isso era em relação ao preparo comum, ele sentia que o método que Brakas o ensinou parecia ser muito mais efetivo!
“C-chefe, essa coisa é impressionante…” disse, recuperando finalmente o fôlego após experimentar a comida. Mesmo sem entender do que se tratava, sentiu que aquilo fazia seu corpo ficar muito melhor e não só isso, o sabor era simplesmente incrível.
O Sargento até se perguntou onde Fernando havia achado esse tipo de ingrediente.
Talvez tenha sido um presente do General Dimitri? pensou, intrigado.
Fazia algum tempo que o General demonstrava abertamente seu apreço pelo Tenente e Batalhão Zero, então não seria estranho se recebesse algo de valor como presente ou até recompensa pelo desempenho que tiveram na conquista de Garância.
“Hm, realmente.” Fernando respondeu, pensativo.
“O que pretende fazer com isso?” Thom questionou, hesitante. A verdade é que ele gostaria de pedir um pouco mais dessa sopa, mas estava muito envergonhado de fazer isso abertamente. Contudo, após prová-la uma vez, seria difícil esquecer a sensação.
Vendo isso, o jovem pálido riu consigo mesmo.
“A partir de hoje a noite, iremos servir para as tropas uma vez por semana. Aqueles que tiverem um bom desempenho, poderão receber um pouco mais.” afirmou, após pensar um pouco.
Essas palavras surpreenderam o Sargento.
Ele realmente vai dar isso para os Soldados? pensou, incrédulo.
Mesmo que não soubesse a procedência daquela estranha carne ou seu valor, apenas o gasto em Poções para fazer esse caldeirão de sopa já era absurdo! Se isso fosse feito uma vez por semana, os gastos seriam assustadores!
Fernando também estava ciente desse ponto e não sabia exatamente como resolver isso, mesmo que estivesse com bastante dinheiro guardado, ainda seria uma despesa enorme.
Além disso, sabia que era arriscado distribuir carne de Delgnor tão abertamente, se isso fosse descoberto, ele estaria acabado. No entanto, depois que sofreu uma emboscada da Família Lopes, percebeu que a qualquer momento poderia ser morto se baixasse a guarda, caso quisesse sobreviver e aumentar suas forças, precisava assumir alguns riscos.
Mestre, no atual nível de concentração da sopa de Delgnor, ela é imprópria para dar as suas tropas normais, seria demais para Humanos mais fracos lidarem com isso sem causar problemas. Por que não a dilui um pouco mais? Isso deve reduzir seus custos e ainda traria os resultados desejados. Brakas sugeriu.
Ouvindo isso, Fernando ficou surpreso, se ele pudesse diluí-la em Poções de Mana Intermediária ou até mesmo Menor, seus gastos seriam extremamente reduzidos!
O valor de mercado de uma Poção de Mana Maior, que havia sido usado no cozimento, custava em torno de 6 moedas de prata, uma de nível Intermediário custava apenas 3 moedas e uma de nível Menor 1 moeda.
Independente do nível da Poção de Mana, os frascos tinham um tamanho médio de cerca de 200ml, com apenas algumas exceções, que dependiam do Alquimista que as produziu e de suas Guildas Comerciais.
Eles haviam feito um caldeirão com quase 30L de sopa, se usassem algumas poções mais baratas para diluir, poderia fazer isso render muito mais.
Isso é mesmo possível? indagou.
Claro, mestre, só precisamos fazer alguns ajustes na proporção.
Tendo recebido uma resposta positiva do Baiholder, o jovem apressou-se para começar.
No fim, após cerca de duas horas de testes, com o auxílio de Thom, ele havia conseguido chegar a uma proporção de diluição adequada usando Poções de Mana Menor que fossem provavelmente ideais para os Soldados. Para cada 1L de sopa pura, poderiam diluir em cerca de mais de 4L de Poções de Mana Menor, fazendo com que rendesse cinco vezes mais, enquanto o gasto era de apenas 20 moedas de prata a mais.
Tendo finalmente chegado a esse resultado, Fernando assentiu satisfeito, sentindo-se quase como um Alquimista de verdade. Portanto, isso o fez lembrar-se de Karius, o Catador, com quem havia feito um contrato em Vento Amarelo
Isso o fez suspirar, se tivesse aquela pessoa ao seu lado, lidar com esse tipo de trabalho seria muito mais fácil. Mas infelizmente, se ele, ou qualquer outro dos residentes de Vento Amarelo, ainda estava vivo, era algo que o rapaz não sabia.
“Bem, a partir de agora vou deixar isso em suas mãos.” Fernando disse.
“Nas minhas?” perguntou, surpreso.
“É claro, algum problema com isso, Thomas?”
“N-não, nenhum, chefe, irei cuidar disso!” respondeu, com confiança.
Vendo isso, Fernando assentiu satisfeito. Como o sujeito era o único do Batalhão Zero que sabia usar Mana Elemental de Fogo, o mais lógico era deixar a distribuição e produções futuras em suas mãos. Além disso, algo tão valioso assim só poderia ser feito por alguém de sua extrema confiança.
No fim, Fernando recolheu cerca de 10L da sopa pura para o seu uso pessoal, então orientou o Sargento a retirar mais 5L para distribuir para os membros de alto nível, enquanto os quinze restantes foram diluídos em Poções de Mana Menor, rendendo em torno de 75L. Ele também entregou mais 50kg de carne de Delgnor para que o rapaz continuasse a produzir mais.
Naquela noite, Fernando entrou em contato com Damon pelo Cubo Comunicador, solicitando que ele reunisse cinco voluntários da Unidade de Logística para testar algo.
O velho Sargento ficou um pouco confuso, mas fez rapidamente o que lhe foi ordenado, escolhendo cinco pessoas de sua confiança e os conduzindo até aquela seção da cozinha.
“Aqui está, senhor.” disse, ao apontar para cinco indivíduos. Eram dois homens, um mais velho e um mais jovem, que tinha uma prótese de perna, enquanto havia outras três mulheres.
Fernando reconheceu os cinco, alguns deles eram os principais responsáveis pela distribuição de alimentos na Unidade de Logística.
“Quero que vocês provem uma comida especial que consegui comprar, é um alimento que negociei com um certo comerciante. O mesmo falou que é uma iguaria, mas preciso testar antes de distribuir para os outros. Antes de provarem, precisam saber que há algum risco envolvido, se não quiserem seguir em frente, não vou obrigá-los.” explicou, deixando claro que nenhum deles precisava se obrigar a isso.
As cinco pessoas ficaram surpresas com isso, mas nenhum deles parecia assustado.
“Faremos isso, Tenente!” disseram, ao mesmo tempo.
Dentre todas as tropas do Batalhão Zero, com exceção dos membros centrais, a Unidade de Logística poderia ser considerada a mais leal a Fernando.
Quando estavam em Belai, sem poder ir para o Sul, para descobrir se seus familiares ainda estavam vivos, apenas o jovem Tenente havia estendido a mão a eles. Não só ele havia aceitado pessoas comuns, não-combatentes, como alguns eram aleijados, que não poderiam sequer contribuir muito para o Batalhão.
Apesar disso, Fernando não só havia permitido que se juntassem, como os contratou, dando-lhes um salário digno e até mesmo fornecendo próteses e equipamentos para todos. Além disso, ele correu riscos, desviando-se da rota que deveria seguir para checar se havia sobreviventes nas pequenas vilas no caminho até Garância.
Todas essas ações fizeram com que cada um deles se sentissem em grande dívida com o rapaz. Muito mais que provar alguma comida aleatória, alguns estavam dispostos a darem suas vidas se fosse necessário.
Vendo-os aceitar sem hesitação, o jovem Tenente sentiu-se mal por usá-los de cobaia, mas não queria correr riscos desnecessários.
Mesmo que ele próprio e Thom já tivessem provado a sopa e Brakas garantisse que não haveria efeitos colaterais, antes de distribuir em massa para todo o Batalhão, precisava ter certeza da segurança disso. Seria muito melhor se apenas cinco pessoas fossem afetadas do que centenas.
Alguns minutos depois, após consumirem a versão diluída da sopa de Delgnor os cinco pareciam eufóricos. Enquanto desfrutavam de uma pequena quantidade do alimento, houve tanta animação e elogios, ao ponto que o próprio Damon não se conteve, pedindo para também provar um pouco.
“Isso é simplesmente incrível e delicioso, Tenente!” Damon elogiou. Mesmo provando a versão mais fraca, o velho Sargento, outrora aposentado, sentiu-se cheio de energia. Até a dor em suas costas, que o incomodava com frequência, parecia ter diminuído consideravelmente.
Recebendo a aprovação de todos ali e sem observar nenhum efeito colateral, Fernando assentiu satisfeito, pronto para distribuir em massa para todo o Batalhão Zero!