Leviatã - Capítulo 16
Os disparos fizeram com que os soldados de meu irmão se espalhassem. Na frente da mansão, meus guardas combatiam os guardas de meu irmão, e Jack e Thomaz foram para longe do campo de batalha em sua investida contra Feng.
— Matem ele!!
Quatro soldados vieram em minha direção como feras em busca de carne. Mas não hesitei, eu era o caçador! O primeiro investiu com um corte na diagonal ao seu lado um segundo vinha, buscando penetrar diretamente em meu corpo.
Os dois logo atrás se preparam para reagir ao menor sinal. Não tinha escapatória, manobrei minha espada e a usei para desviar o ataque para a esquerda e reagir rapidamente, movendo minha lâmina em um corte horizontal, cortei seu estômago!
O sangue quente de meu inimigo caído não me fez parar, o ataque que vinha pelo meu lado direito, pronto para me atravessar, estava a centímetros de minhas costelas. Movi a espada em minha mão para desviar o ataque,o choque de aço contra aço fez o soldado ir para o chão atrás de mim.
Depois de bloquear seu ataque, não hesitei. Levantei minha espada e cortei suas costas. O terceiro soldado atacou-me através de um corte horizontal.
Escapei por um fio de seu ataque, dei dois passos para trás e também o ataquei com uma invertida antes que ele pudesse levantar sua espada. Mas seu companheiro à esquerda o salvou ao refletir minha espada utilizando a sua lâmina.
Antes que eles me atacassem, recuei para trás. Mas meus inimigos não eram simples, eles correram em minha direção e ambos atacaram com um corte horizontal, um de esquerda e o outro de direita.
— Você perdeu irmãozinho!
Sorri para a expressão de vitória de meu irmão: — Será?
Levantei minha mão esquerda e gritei a todos os pulmões: — Brilhooo!
Em quatro segundos eles chegaram a centímetros de mim, mas foi nesse momento que a energia espiritual percorreu meu braço e se ergueu no ar, como um mini Sol, se levantou sobre o ar e brilhou.
Os soldados não souberam como reagir, naquele momento suas espadas foram abaixadas e eu os ataquei. O brilho esvaeceu em seguida, mas não lhes dei tempo e cortei suas gargantas com apenas um movimento.
Olhei para o meu irmão logo atrás, dos agora cadáveres, e passei por cima de seus corpos em direção a ele. Segurei mais firme do que nunca minha espada, mesmo com todo o sangue em seu corpo e até mesmo em meu próprio corpo.
Parei a um metro de meu irmão, que não demonstrou reação e olhei em seus olhos, mas algo não estava certo. Percebi a confiança em sua vitória: — Não sei o que lhe faz pensar que vai vencer, mesmo que Feng vença aqueles dois, ainda não lhe deixarei sobreviver para ver o nascer do Sol.
Meu irmão bateu com a mão direita em seu próprio rosto, e riu. Ele riu amplamente e até pôs a cabeça para trás: — Hahahahahaha, sempre engraçado, irmãozinho. Você lembra quando olhava para nosso pai e Akizumi? A confiança em seus olhos em superar Akizumi sempre me aborreceu, quando ele voltava das viagens com nosso pai e você sonhava acordado em conquistar o mundo?! Um sapo no fundo do poço, é isso que você é irmãozinho. Akizumi é um monstro e o que ele viu lá fora é algo que ultrapassa nossa imaginação, por isso eles nos chamam de…
— Caipiras do interior! Eles nos chamam de caipiras do Interior. Nunca aceitarei servir a vocês, nunca! Você se dispôs a ser um mero soldado sobre os pés do nosso irmão. E o nosso pai?! Acho que o velho já morreu a essa altura, mas nunca aceitarei sua definição para o meu destino. Nem que eu mate para isso, um sapo no fundo do poço?! Eu posso sangrar, mas escalarei o poço e você cairá, irmão.
Sotaro apontou para mim e sorriu: — Deixe-me contar algo que você não sabe, irmão. Algo que até mesmo nosso pai não sabe, Akizumi me contou a muitos anos que ele nunca herdaria a posição de governante, tão pouco levaria nossa família ao nível de Barão, ao derrotar as outras duas famílias como nosso pai propôs. Nós seríamos…
— Senhores feudais?! Era isso que nosso pai queria para seus filhos?! Um barão e dois senhores feudais?! Trazendo nossa família para o grande cenário?! Bobagem! Um devaneio de um velho à beira da morte, nunca ficarei abaixo de vocês, nunca!
— Era isso que nosso pai queria, justamente isso. Mas você já perguntou o quê o nosso irmão quer?
Arqueei as sobrancelhas e realmente pensei sobre as palavras de Sotaro: — Não, nunca me perguntei. Mas como isso importa, passei vinte e três anos vendo Akizumi nos vendo como nada além de insetos!
Sotaro suspirou e eu me surpreendi com sua ação, mas suas palavras que vieram me abalaram ainda mais : — Ele não era assim. Você percebeu que nunca viu ele sorrir? Quando Akizumi foi levado para o Continente pela primeira vez, meses antes de você nascer, ele mudou. Daquele momento em diante ele se focou em treinar arduamente e anos depois ele me disse que não iria herdar a posição de nosso pai, tão pouco realizar seus sonhos. Quando no Continente,nosso irmão secretamente se juntou a um grupo e o seu grande talento o fez alcançar uma importante posição, ele disse que os continentais estão tão avançados, que possuem máquinas que voam nos céus, outras máquinas que percorrem a terra tão rápido quando os Leviatãs que admiramos tanto. E aqui onde os guerreiros de nível Mestre e Grande Mestre são respeitados como semi deuses que tudo podem, lá eles são apenas a ponta do iceberg.
— Hahaha, Então você é quem vai herdar a posição de nosso pai e Akizumi irá para o Continente fazer parte de um cenário maior?! Foi assim que ele te convenceu?! Mas o que isso importa?! Hoje você morre e eu serei aquele que subirá grandes alturas.
— Há, você não entende. Mas deixe-me mostrar a você um dos poucos instrumentos que Akizumi trouxe, algo que faria aqueles rebeldes desistirem se soubessem que os continentais têm esse tipo de arma.
Senti um frio percorrer minha espinha quando avancei para cima de Sotaro, mas ele não pegou sua espada. Ele puxou de suas costas um tipo de arma de fogo de cano curto prateado, mas não estava com medo, pois conhecia o poder limitado dessas armas.
Ainda sim a pólvora e o chumbo me matariam de tão perto, para sobreviver ativei minha habilidade mágica natural. “Endurecimento” Naquele momento minha pele, músculos e ossos se tornaram tão duros quanto um Nível Mestre, infelizmente só podia durar 10 minutos e ficaria incapaz de usá-la pelas próximas cinco horas. Mas era o bastante para matar meu irmão….
— Boooom!
Antes que eu pudesse reagir, senti um calor em meu ombro direito, naquele momento a dor da carne dilacerada fez eu caí de joelhos sobre os pés de Sotaro.
“Como?!”
— Hahahaha, surpreso, irmão?!
Segurei meu ombro ensanguentado e olhei para o sorriso amplo de Sotaro, mas não era tão impactante quanto a arma em sua mão direita. Uma fumaça saía do cano, não pude acreditar que o poder daquela coisa era tão grande a ponto de penetrar tão facilmente o corpo de um Mestre!
— Essa coisinha tão pequena e simples pode quebrar facilmente com a força de um profissional ou até menos. Eu nem acreditei quando Sotaro a trouxe anos atrás para mim, e sabe o que ele disse? Que essa arma nem chegava a ser um produto dos mais poderosos, aqueles barões do continente teriam armas que até os Grão Mestres temem e só os Leviatãs do Segundo Estado possuem algum respeito em um meio tão cruel.
Sotaro girou o que parecia ser um cilindro no corpo da arma e suspirou ao olhar para mim com pena. Cerrei os dentes e não pude suportar, mesmo com toda aquela dor, o olhar, o sorriso e o desprezo deles!
Me levantei sobre meu joelho e fiquei de pé com toda a minha força. Mas Sotaro não teve piedade, apontou novamente a arma e um booomm foi ouvido quando outro pedaço de carne era arrancado de meu ombro esquerdo.
Caí novamente sobre meus joelhos enquanto sentia o sangue quente escorrer sobre o meu peito.
— Lembre-se do nome dessa arma, irmão. Você morreu pela Colt…!
Antes que Sotaro pudesse puxar o gatilho, uma espada atravessou sua garganta. E a última coisa que eu vi antes de desmaiar foi o olhar de descrença e resignação de meu irmão. ” Você perdeu irmão!”