Lumen Saga - Prólogo
Para você, o que vem após a morte? Não importa qual crença você siga, essa é uma dúvida que sempre vai percorrer a mente de todos. Afinal, a morte é o fim.
Mas o que vem depois do fim? O céu que muitos almejam, ou o inferno que todos temem? Para Liam Mason, o céu é um conto deixado por velhos para ensinar aos outros o significado de esperança. E para alguém que foi criado para ser o soldado perfeito, o inferno sempre foi sua realidade.
Criado para ser o “homem absoluto”, ele se tornou. Mas como alguém acima de tudo, e todos, morreria?
Era para ser somente mais uma missão de lidar contra invasores. Mas, o mar que separava os dois impérios se tornou o palco de uma da batalha mais sangrenta nos quinhentos anos de rivalidade.
Uma lua de sangue banhava o céu, enquanto o sangue de soldados banhava o chão. Liam não entendeu como, mas estava jogado numa pedra com um buraco em seu corpo. As entranhas eram quase visíveis.
O tal “filme do fim da vida” tomou controle da mente de Liam, mesmo com sua visão falha. A morte de sua mãe, sua ingressão na escola militar, a formação e ascensão como o maior general de seu império.
Era baboseira para ele. Aquilo serviria para quê? Lembrar a ele que deveria se arrepender antes de partir? Não iria funcionar.
Mesmo no leito de morte, só tem um questionamento passando na mente de Liam agora; ele se tornou um dos homens mais fortes do mundo, mas para quê? Para que acumular tanto poder sendo que no final ele cedeu a morte?
A resposta já estava clara. Ele é um humano, e a morte sempre vai ser o fim para essa raça. Não importa o quão perfeitos pensem ser, é um ciclo.
O egoísmo e o questionamento: para que desejar tudo?
Sem perceber, ele se condenou. Entrou novamente no ciclo da vida; nascimento, destino e morte.
Em uma troca equivalente, para um bebê que já nasceria morto, recebera a alma sem consciência de alguém que ainda não concluiu o seu destino nesse mundo.
Ainda sem poder entender nada, sem ao menos enxergar, podendo apenas chorar, um novo nome lhe foi dado.
A oportunidade de escolha.
— Eínai agóri. Écheis skefteí to ónomá sou? — perguntou uma mulher, sua aparência robusta e enrugada a fazia ser subestimada quanto a ser uma mulher gentil, mas nunca julgue um livro pela capa.
— Naí. Tha eínai o Theo! — respondeu Camille, uma jovem mulher de cabelos longos e dourados enquanto ainda segurava seu recém-nascido filho nos braços.
Uma gota de lágrima deslizou por seu rosto fino, pois há somente alguns segundos, seu filho não dava nenhum sinal de vida.
— Kalós írthes mikrí mou. — Foram as primeiras palavras de Camille direcionadas ao seu filho caçula.