Menos 9999K Pontos de Vida - Capítulo 29
Enquanto o caos estava acontecendo, todos os jogadores estavam sendo alvejados por ataques dos inúmeros monstros, sem ter tempo de reação. Despina observava do segundo andar com um olhar frio, tanto para os monstros quanto para os jogadores que estavam gritando e pedindo ajuda para o único ser que parecia ser humano.
— Não me olhe desse jeito é nojento.
Despina saltou do segundo andar, pousando no meio do caos, sentindo a mana do local se esvair. Ela olhava os monstros um a um, voltarem para dentro de suas armas.
— Não importa a resposta que eu queria de vocês, eu já tenho.
Despina estava no meio de inúmeros corpos mortos, com diversas armas jogadas por todo o salão, e nenhum dos monstros continuou acordado.
— Ele vai ficar decepcionado assim.
De dentro da parede, Bina sairia, olhando para Despina com um olhar desapontado.
— Desculpe, senhorita, o mestre saiu antes de mim.
— Está tudo bem, eu já cuidei dos fugitivos, agora só falta fazer a limpeza, e sério, esse garoto me dá muita trabalho.
Despina sentiu seu corpo enfraquecer, um sinal de que a mana de Jun Saie está perto de acabar.
— Deixe-me te ajudar com isso.
Bina deu um sorriso e estalou seus dedos, fazendo Despina sumir e aparecer no meio do ar, a duzentos metros de onde Jun Saie está esperando por ela.
— Agora, deixa-me ver quem foram os idiotas de mexer com ele.
Bina fez todos os corpos mortos começarem a flutuar, todos foram envolvidos por bolhas de água, enquanto o sangue e todo o restante da sujeira sumiam.
Bina sentou-se no meio do ar, olhando para uma janela azul flutuando à sua frente. Como se fosse na tela, mostrava o que estava acontecendo nesse exato momento, sendo basicamente uma câmera ao vivo desse salão.
— Estava um pouco ocupada e não consegui ver tudo, vamos voltar um pouco.
Bina tocou no canto esquerdo da tela, fazendo-a começar a retroceder a imagem que estava mostrando, parando somente no momento em que todos os monstros surgiram, protegendo Jun Saie.
— Oh, isso é bastante interessante.
Bina olhava todas as armas flutuando em pequenas bolhas de água.
— Parece que o dono de vocês os esqueceu.
Enquanto Bina terminava de ver o que não conseguiu ver, como foi o final de cada um dos jogadores que estavam dentro das bolhas, Despina pousava na frente de Jun Saie, pensando em como ele vai reagir ao ouvir a resposta de todos os monstros.
— Mestre, nunca mais fique tão longe de mim.
Despina olhava para Jun Saie, percebendo que a respiração dele estava um pouco mais pesada que o normal, e o suor seco descendo pelo seu rosto
Manter Despina materializada de um longa distância deve ter forçado mais ele do que ela mesmo
— Mestre, o senhor está bem?
Jun Saie olhava para Despina sem entender o motivo da sua pergunta até que ele pensou em algo: o peso da culpa.
“Ela não deve estar pensando nisso, estaria?” pensou Jun Saie.
— Despina, não precisa se preocupar com nada, eu estou bem.
“Será que ele não está percebendo o peso do uso contínuo da pouca mana que ele tem?” pensou Despina.
— De qualquer forma, parece que nenhum dos mobs resolveu vir comigo e é uma pena.
— Senhor, sobre isso, o motivo da recusa deles é o medo que sentiram do senhor.
Essa era a informação que estava deixando Despina nervosa. Se até mesmo os mobs estão com medo dele, ele poderia pensar muito nisso, como por exemplo qual seria a reação de sua irmã quando o visse novamente. Ela não é uma player, então diferente da Selins, um caos poderia acontecer.
— Oh, então é isso? Mas por algum motivo, isso me incomoda um pouco.
A frase de Jun surpreendeu Despina.
— Incomoda o senhor? Como assim?
Um sorriso surgiu no rosto de Jun, mas esse sorriso era diferente, ele parecia estar zombando de todos que falaram isso.
— É claro que incomoda. Se os Mobs ficarem com medo, as fases daqui para frente serão muito fáceis.
“A máscara, será que ela está influenciando ele? Essa não parece algo que ele falaria”, pensou Despina.
— Mas pensando agora, tem algo que me deixa confuso.
— O que seria, senhor?
— Se eles têm medo de mim, por que iriam me proteger?
“Não estou pensando demais. Se não me engano, a senhorita Selins me falou que ele tinha esse lado todo errado mesmo”, pensou Despina.
— Sobre isso, é que o senhor dependeu dele, fazendo o fator obrigação que eles tinham desaparecer e, então, sobrou apenas o medo.
Jun está ajoelhado socando o chão. O lugar em que eles estavam era uma floresta, a trezentos metros de distância de onde havia acontecido a festa do machado dourado.
— Novamente, eu perdi servos por burrices.
— Bem, o senhor não tinha escolha. Se não acabasse com o fator obrigação, eles iriam te seguir, deixando todos os players fugirem.
Jun se senta, questionando-se sobre algo.
— É a segunda vez que fala sobre obrigação. O que seria isso? Na primeira vez, eu pensava que não era nada importante.
— Resumindo, é como um contrato. Você os acordou, então você era basicamente o mestre deles.
Jun se lembrou do que tinha falado na hora que estava saindo do salão.
— Foi uma péssima escolha de palavras.
Jun se lembrou de quando acordou a Despina
— Então quer dizer que você me protegeu contra o xiava por causa desse fator obrigação?
Despina começou a rir sem parar, se jogou no chão e continuou rindo enquanto Jun olhava para ela sem expressão.
— Qual é a graça disso?
Despina levantou-se flutuando sobre Jun.
— Você realmente não sabe a sorte que teve em me conseguir somente por comprar um machado.
Jun percebeu o tom de deboche de Despina, suspirou e falou com expressão de desgosto:
— Você é algum tipo de Mob super raro?
— Super raro? Não existe isso, mas se existisse precisaria de mais uns quinze “S”. Afinal, estou no pico da evolução de um Mob, só não posso usar todo o meu poder.
Despina afundava seu dedo indicador na bochecha de Jun.
— Totalmente por sua culpa. Como você pode ter tão pouca mana? É um milagre que eu tenha conseguido me manter linda desse jeito sem precisar que você gaste mana, se não, eu seria uma mosca no seu ombro.
— Eu com certeza iria te matar se fosse uma.
Jun parecia estar um pouco irritado com toda essa situação.
— Você devia ser grato, se eu fosse uma mosca, você ainda não conseguiria me matar, e nem é porque você não pode morrer.
Alguns segundos se passaram, e Despina flutuava, deitando a cabeça nas coxas de Jun.
— De qualquer forma, você não tem mais nada para perguntar?
— Desde quando você ficou tão abusada?
Despina sorriu.
— Acho que estou passando tempo demais com você.