Naruto Renegado - Capítulo 12
Capítulo 12: Poder e lealdade.
Konohamaru mastigava o dango com a boca cheia enquanto pensava na Floresta da Morte. Naruto estava lá, e isso o deixava ansioso, pois o garoto loiro diversas vezes o ensinava — do jeito dele — como era ser um ninja.
Na frente de Konohamaru, na mesma mesa, estavam sentados seus amigos, Moegi e Ise. Ambos comiam seus dangos e conversavam aleatoriedades, depois de uma frase a menina se voltou para Konohamaru.
— Você não acha, Konohamaru?
— O quê? — Ele percebeu o aborrecimento da amiga, mas ignorou. — Eu estava pensando sobre o Exame Chunin.
— Mas… nós nem somos genins ainda — respondeu Moegi, depois de perceber que o assunto de antes já havia sido enterrado.
— Exatamente. O Naruto com certeza vai ser um Chunin no final do exame, enquanto a gente ainda está aqui, comendo dango e brincando de ninja na escola.
— Brincando de ninja? — repetiu Ise, um tanto decepcionado, já que com certeza ele não via dessa maneira.
— Não foi o Naruto que te disse isso? Você vive repetindo o que ele fala. — Moegi começou a comer o segundo dango de seu palito.
Ise, sugando o catarro que ameaçava tocar na sua comida de volta para o nariz, apenas observava seus dois amigos e se perguntava aonde essa conversa iria levar.
— O que eu estou dizendo é que devemos treinar de verdade. — Konohamaru já havia desistido de comer, deixando o dango de lado, quase inteiro. — Eu quero me tornar um genin logo e depois Chunin, pra finalmente superar o Naruto!
Ise parou para pensar no assunto. Ele imaginou a Floresta da Morte e os perigos que estavam lá. Se lembrava de quando estava do outro lado da cerca, e ainda ali sentia medo.
Pensar que teria de entrar ali cedo ou tarde o fez concordar com Konohamaru, já que parecia longe demais para seu nível de habilidade. Sugou o catarro de volta para seu nariz, e disse:
— Acho que… Acho que devemos falar com o Ebisu, não sei, talvez dizer a ele para nos treinar mais pesado.
— Tem razão — disse Konohamaru. — Eu vou ir conversar com ele agora mesmo!
O garoto se levantou rapidamente, sem dar tempo para mais conversa, e correu em direção à saída, abandonando de vez o seu dango. Moegi levantou e ficou ao lado da sua cadeira.
— Espera Konohamaru, ainda faltam três meses para o exame genin! — mas era tarde, seu amigo já havia saído do local.
“Como vou achar ele?” pensou, “Já sei”. O garoto correu em direção ao prédio do Hokage, um dos mais altos de toda a vila. Seu plano era subir e encontrar seu sensei, o Ebisu, do alto.
Ao chegar lá escalou a parede e subiu até o telhado do segundo andar, perto da Sala do Hokage. Do alto ele pôde ver grande parte da vila, e diversas pessoas caminhando pela rua, mas nenhum sinal de Ebisu.
O que chamou sua atenção foi um dos ninjas elites correndo em sua direção, na verdade, corria na direção do prédio do Hokage. O ninja parecia apressado demais e sua velocidade fez com que chegasse em apenas alguns segundos.
Tomado pela curiosidade, o garoto engatinhou devagar até as grandes janelas quadradas da Sala do Hokage. Tentando não ser visto, observou com apenas um olho o que confirmou suas suspeitas: o ninja elite que viu correndo estava ali.
Konohamaru apoiou a orelha na madeira para tentar ouvir e, embora o barulho da vila do lado de fora atrapalhasse, conseguia entender grande parte da conversa.
— Senhor Hokage, tenho uma mensagem de Anko para vossa senhoria. — A voz do ninja parecia apressada.
— O que aconteceu? — perguntou o Hokage, com a voz neutra.
— Um time de genins da aldeia da grama foi morto durante o Exame Chunin e seus rostos foram roubados. Anko tem certeza de que era Orochimaru, que se infiltrou entre os genins e partiu para a Floresta da Morte.
“Orochimaru? Quem é Orochimaru?”, o garoto se perguntou enquanto se coçava para entender a conversa. O silêncio durou alguns segundos e logo foi quebrado pelo Hokage.
— Se for realmente verdade, não poderemos ignorar isso. Temos que descobrir o que ele quer e porquê voltou.
Hiruzen, o terceiro Hokage, apoiou seus cotovelos na mesa e se inclinou para frente, logo se dirigiu à um ninja que estava ali ajudando-o com as tarefas diárias.
— Dupliquem a quantidade de ninjas de elite no exame, analisem os documentos de todos os cidadãos que entraram em Konoha, e você, espere o retorno de Anko e mantenha-me informado da situação.
— Entendido — disse o ninja e sumiu dali.
Quando o ajudante do terceiro Hokage notou a ausência do ninja de elite, virou-se para ele e perguntou: — Senhor Hokage, devemos nos preparar para um eventual ataque?
— Ainda é cedo demais para isso, porém devemos nos manter alertas. — A voz do Hokage começou a ficar distante, pelo que Konohamaru deduziu que estava indo embora.
O garoto desceu rapidamente do telhado, eufórico e um pouco assustado. Toda essa nova informação o fazia querer treinar ainda mais, então começou a caminhar para voltar a sua busca por Ebisu.
Quando sentiu uma mão pesada apoiando em seu ombro. Um arrepio passou por seu corpo e ele se virou lentamente para confirmar suas suspeitas: era seu avô, Hiruzen, o terceiro Hokage.
— Konohamaru, sei que estava ouvindo a conversa do outro lado.
— Eu não estava! — disparou Konohamaru, sem deixar seu avô terminar o que ia dizer. — Quer dizer… Eu ouvi, mas não foi de propósito!
O garoto não havia estranhado a velocidade com o qual o Hokage havia chegado ali, pois conhecia a fama do seu avô e sua incrível habilidade, mesmo estando em uma idade avançada.
— Ainda assim você ouviu.
— Eu… Eu quero ser forte — disse Konohamaru, alto demais. — Quero ser forte para derrotar Orochimaru e todos os ninjas como ele que ameaçam Konoha!
“O que foi isso de repente?”, pensou Hiruzen. Talvez seu neto estivesse apenas mudando de assunto, mas ainda assim o garoto parecia dizer a verdade. Então respirou fundo e disse:
— Você sabe quem é Orochimaru?
— Eu… não sei. Um ninja do mau?
— Ele foi o meu aluno há muito tempo. — O garoto pareceu chocado com a informação, e o Hokage continuou: — Ele fazia parte do antigo time 7, junto de Jiraya e Tsunade.
Ele se lembrou vagamente desses nomes, já havia estudado sobre isso na escola ninja, embora não desse a devida atenção as informações que passavam, pois para Konohamaru, o que importava era a força.
— Os três se tornaram grandes ninjas — continuou seu avô. — E foram chamados de “Os três sannins lendários”. Porém Orochimaru começou a fazer experimentos desumanos e mais tarde virou um ninja renegado.
“Sua ganância por poder o levou à perdição. Konohamaru, escute bem o que vou te dizer: mais importante do que ser um ninja forte ou poderoso, é ser um ninja leal. Leal à Konoha, leal ao Hokage, leal ao povo.”
— Hum… — Konohamaru começou a refletir sobre isso. Mas no fim, aquelas palavras pouco profundas pareciam para ele, já que era óbvio que nunca trairia Konoha. Seu objetivo era se tornar forte e derrotar ninjas poderosos.
Seu avô respirou fundo e disse: — Falarei com Ebisu, ele irá te treinar mais rigorosamente.
— Obrigado vovô! — disse Konohamaru e saiu correndo.
— E não espie a conversa na Sala do Hokage novamente — repetiu, mas o garoto já estava correndo.
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Ao cair da noite, quando o Sol recém havia desaparecido do céu, Anko se aproximava ainda mais da Torre Central. Ela havia partido para a Floresta da Morte com o objetivo de encontrar Orochimaru, cuja presença ameaça a aldeia da folha.
Saltava de árvore em árvore enquanto buscava por alguma pista da localização do ninja renegado. Sentiu um arrepio no pescoço ao pensar que poderia encontrá-lo ali mesmo. Tentou afastar o medo e prosseguiu.
Quando ouviu um som de folhas se mexendo observou alguns arbustos, preparada para um possível ataque. Os galhos foram empurrados para o lado e saiu três genins da aldeia do som caminhando juntos.
— Vamos montar acampamento logo, não estou conseguindo ver quase nada — reclamou a garota de pele escura e tranças.
— A Nai tem razão, Kairou. — O genin com a prótese concordou.
— Espera, aquela ali não é a coordenadora? — disse o terceiro, apontando para Anko.
— Será um jutsu de transformação? — A genin agarrou três agulhas por entre os dedos.
Anko desceu da árvore, tentando não demonstrar sua preocupação com a situação. Aconteceu o que não queria: se encontrar com alguma equipe. Como não era normal um coordenador entrar junto no exame deveria inventar alguma desculpa.
— Está tudo bem, sou eu mesma, só estou indo para a Torre Central. — Anko observou os genins em guarda. — E se vocês acham mesmo que eu sou uma inimiga…
Em uma velocidade mais alta do que os olhos dos genins pudessem acompanhar, Anko foi para atrás deles e com a ponta da unha raspou na nuca de Nai. — Deveriam prestar atenção atrás de vocês.
A garota arrepiou da ponta do dedo até os fios de suas tranças e quando se virou, não havia mais ninguém atrás de si. Os três garotos tiveram certeza naquele momento de que era a real coordenadora.
— Boa sorte — falou Anko, de cima de um galho. O olhar dos três a encontraram, e ela sumiu novamente.
Após alguns minutos, Anko passou por uma árvore qualquer, e ao passar por ela sua nuca se arrepiou, sentiu uma leve dor no pescoço e teve a certeza de que sentiu a sua presença. Quando parou de correr ouviu uma voz áspera, vindo de trás de si.