Naruto Renegado - Capítulo 13
Capítulo 13: Orochimaru e Anko!
A floresta estava escura, a luz da lua pouco ultrapassava as folhas das árvores. Anko parou, tentando controlar a respiração. Ao olhar para o lado, em um galho pouco distante, estava Orochimaru.
Ele vestia as roupas pertencentes aos genins da aldeia do som, de uma cor cinza claro, calça preta e uma corda roxa amarrada na cintura a parecer um sinto. E, pela surpresa de Anko, não estava usando o rosto roubado.
— Há quanto tempo, Anko. — Abriu um sorriso de escárnio.
— Fico surpresa que ainda se lembre do meu nome. — Anko se concentrou, há muito esteve se preparando para esse momento.
Algumas memórias navegavam por sua mente naquele momento, memórias do passado. Sentiu uma dor ardente no pescoço, no mesmo ponto que aquela marca foi colocada.
A Marca da Maldição foi um presente deixado por Orochimaru quando ele ainda era um ninja de Konoha, embora não fosse mais ético do que atualmente. E Anko sabia por sua própria experiência o motivo do seu banimento.
— Você era uma das melhores genins sob meu comando. É uma pena que esse potencial tenha sido desperdiçado. — Havia um certo tom de sarcasmo em sua voz, fingindo pena.
— Eu era só uma de suas cobaias — retrucou Anko, com a voz mais neutra que conseguiu.
A marca doía, as lembranças voltavam. De repente, olhando para seu antigo mestre, se viu no passado, quando ainda era uma garota inocente com sonhos altos e distantes.
Ela caminhava hesitante em direção à uma cadeira grande demais para seu tamanho, “Fique calma” dizia Orochimaru, “Isso não vai doer nada”, outra de suas mentiras. Ele amarrou os seus braços impedindo seu movimento.
Anko ainda se lembrava da sensação da agulha perfurando sua artéria naquele dia. Tentou chutar, se debateu, lutou. Nada impedia a dor de se propagar pelo seu corpo. Gritou até não poder mais.
E quando pensou que havia acabado, percebeu que era apenas o começo. Mais de quinze vezes levara a mesma injeção, e se lembrava de cada uma delas. Mas naquele tempo, pensava que era para o seu bem.
— Você foi uma decepção. Uma falha. Eu te preparei para a Marca da Maldição e você jogou tudo fora.
— Você me drogou, não me preparou. — Anko sentiu sua veia pulsar. — E isso tudo pra me amaldiçoar.
— Seu corpo devia estar preparado para a Marca da Maldição. — Olhou para suas unhas como se estivesse com desgosto. — Coisa que atualmente não é necessário, pois até uma falha como você serviu para coleta de dados e melhorar a adaptação da marca no corpo.
— Não quero saber dos seus experimentos. — Era verdade, estava farta demais com tudo.
Por grande parte da sua vida aquela marca significava o inferno que a prendia ao passado. Mas hoje em dia era diferente, pois havia superado seu medo e suas dores. Ainda assim, estar de frente com Orochimaru não era nada agradável.
“Fique calma”, dissera ele, “Agora só falta alimentar a marca”, depois de morder o seu pescoço. Agarrou-a pela mão e a acompanhou até um dos corredores. As paredes eram escuras, e a luz pouco iluminava.
“Mas… Não podemos entrar aí”, dissera quando ele a guiou até uma porta de ferro. “Você já está preparada, pode entrar”, ele respondera. Não estava. Não estava preparada e nunca estaria, não para aquilo.
Dentro da sala estavam vinte e três corpos pendurados por correntes nas paredes. Cadáveres humanos, cadáveres de companheiros, cadáveres de ninjas, cadáveres e mais cadáveres.
Alguns já haviam sido abertos e seus órgãos estudados. Dados coletados. A marca precisava ser testada, para isso as cobaias. E aquela era apenas um dos diversos experimentos que fazia escondido.
Aquela visão assustou a garotinha, que se virou para fugir. Na frente da porta, bloqueando-a, permanecia Orochimaru. “Reconhece algum deles? Vamos, diga-me, o que você vê, Anko?”, a visão era muito para ela.
— Você era fraca demais. Não porque não era uma boa genin, mas porque não tinha ódio. Era tudo o que faltava naquele momento para ser a cobaia perfeita.
“A cobaia perfeita”, o Orochimaru do passado repetiu. “Só precisa de um pouco de ódio para alimentar a marca”. Mas quando Anko viu aquilo, ela caiu de joelhos e chorou, e berrou, e caiu. E, sentada, com a cabeça entre os joelhos, chorou mais.
Orochimaru não viu nenhum sinal de mudança na marca em seu pescoço e, ao invés de atacá-lo como havia previsto que Anko faria, ela apenas se escondeu. É claro que ele sabia onde ela estava, mas não tinha diferença, coletados os dados, Anko não tinha mais nenhum propósito.
— Eu não falhei, Orochimaru — disse Anko, finalmente controlando sua respiração e batimentos cardíacos. — Muito pelo contrário, eu venci. Eu venci você e os seus experimentos detestáveis.
Finalmente as lembranças abandonaram a sua mente, não sentia mais medo, nem ódio. Porém tinha um senso de justiça e até mesmo culpa que a faziam querer derrotá-lo.
Agarrou a sua kunai, girou algumas vezes na ponta do dedo indicador e se colocou em posição. Anko estava de olhos bem abertos e sabia que teria que atacar primeiro se quisesse ter vantagem. Pressionou seu pé contra o galho e saltou em direção ao seu oponente.
— Eu poderia ter te tornado forte. — Orochimaru nem sequer havia se colocado em posição de batalha.
A faca passou perto de seu pescoço quando finalmente decidiu desviar. Sua mão passou reto, girou seu corpo e usou seu outro punho para atacar, que segurava uma segunda kunai.
O ninja renegado saltou para o galho de trás, e sua oponente jogou a faca, que passou perto de sua cabeça. Do mesmo braço, mais especificamente de sua manga saiu uma cobra branca, pequena, que atacou como um chicote.
Esse ataque passou ainda mais perto do que os anteriores, e diversos outros o seguiram. Ele apenas desviava, pulava para outro galho e começava tudo de novo. Porém, a cada galho que saltava para trás, Orochimaru atacava mais vezes.
Um soco no estômago, um chute em direção à cabeça que foi defendido com o antebraço, um soco no estômago. Ainda assim, seus ataques não paravam. Até que o ninja renegado agarrou a cobra branca pela cabeça e, arrancando da manga de Anko, a jogou para longe.
Porém, ao mesmo tempo, mais sete cobras saíram da manga de Anko e atacaram todas ao mesmo tempo em locais diferentes. As presas se prenderam no seu corpo, e com um impulso forte, a ninja elite jogou-o para o outro lado.
O impacto foi forte o suficiente para rachar o tronco atrás dele. Sem perder tempo, Anko foi até lá e cravou a kunai em sua mão, prendendo-a na árvore. Juntou a sua outra com a dele.
— Eu vou te levar ao inferno junto comigo. — Fez um selo usando as mãos dos dois. Ambos reconheceram o que ela estava fazendo. — Com um jutsu que você mesmo me ensinou.
— Eu te ensinei bem — respondeu ele e sorriu. Logo, sua voz foi ouvida novamente, porém atrás de Anko. — Mas não te ensinei tudo.
Quando a ninja elite olhou para trás, estava Orochimaru, caminhando lentamente. Olhou para frente de novo e viu o corpo se desfazendo em lama negra. “Droga, não pude fazer o jutsu da morte mútua das cobras gêmeas”.
O ninja renegado, o real, abriu a boca, saindo de dentro dela uma serpente grande, fazendo seu maxilar parecer de borracha. Em um piscar de olhos ela bateu com força contra Anko, mandando-a contra o tronco e rachando ainda mais.
— Maldito… — Sem forças, Anko o observou. — Por que você voltou para Konoha? — A serpente ainda a pressionava contra o tronco.
— Meu assunto com o terceiro Hokage ainda não terminou. E também acabo de deixar a Marca da Maldição no garoto Uchiha, ele vai me procurar em busca de poder.
— Ele pode morrer muito antes disso, como os outros morreram.
— Você ainda se orgulha por ter sido a única sobrevivente da marca naquela época, não é mesmo? — Orochimaru se aproximou. — Mas vieram outros depois de você.
Anko esticou o braço, de sua manga as cobras saíram novamente, rodeando a serpente que a prendia contra o tronco. Elas tinham a metade do tamanho desta outra, e se moveram até Orochimaru.
Ele estendeu a mão e espelhou o movimento de Anko, saíram serpentes de sua manga, porém ainda mais e ainda maiores. Elas estraçalharam as cobras de Anko e a atacaram.
Tornozelo, braço, pescoço, coxas, em cada parte presas diferentes perfuravam a sua pele. A dor era horrível, Anko fechou seus olhos, tentando ignorá-la. Se lembrava da injeção, a dor da serpente não era comparada a ela.
— Você vai me ser útil novamente. — Orochimaru se virou lentamente enquanto falava. — Diga ao meu sensei, o velho Hokage, que seu tempo liderando Konoha acabou. Chegou a hora de eu tomá-la.
Anko sentiu seus músculos adormecerem e um cansaço enorme tomou conta de seu corpo. Seus olhos se fechavam sem conseguir controlá-los, até que desmaiou.