Naruto Renegado - Capítulo 20
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- Capítulo 20 - Naruto Finalmente Acorda, Uma Batalha Inesperada!
Capítulo 20: Uma batalha inesperada!
Sakura viu em seus olhos um poder vindo de um ódio descomunal. Ela pôde sentir a aura maligna no chakra vermelho da raposa vindo de Naruto.
Aquele não era ele. Não parecia. Mas ao mesmo tempo, Sakura também percebeu que não havia apenas ódio em seu olhar.
No fundo encontrou lágrimas saindo de seus olhos. E talvez tenha sido por isso que o soco demorou tanto para vir, pois por alguns segundos Naruto apenas a observou.
Uma mão apertava o pescoço de Sakura, impedindo-a de falar e até de respirar. Com a outra mão ele preparou o golpe, e centímetros antes de acertar em cheio em seu nariz, Sasuke interveio.
O Uchiha entrelaçou seu braço com o de Naruto e, usando sua perna contra a raíz para se impulsionar, o jogou contra o chão.
Sakura caiu de joelhos, mas não parou para respirar antes de se jogar em cima do braço esquerdo de Naruto, enquanto Sasuke segurava o direto com uma das mãos.
Com a outra mão ele socou fortemente o rosto de Naruto, fazendo retumbar na terra.
— Não! — gritou Sakura. — Para!
Quando Sasuke vacilou no próximo soco, Naruto, tomado pelo ódio da raposa, chutou a garota para longe e socou no estômago de quem o segurava.
Sakura havia percebido que Naruto estava chorando, e por mais que seus golpes fossem fortes demais, sabia também que ele não queria machucá-los.
Sasuke cuspiu sangue no chão e ativou seu Sharingan, prevendo o ataque de Naruto. Desviou facilmente e o derrubou no chão novamente, como haviam acabado de se levantar foi fácil de perder o equilíbrio.
Porém Sasuke caiu junto, e Naruto não pareceu ser afetado pelo golpe. Ele se jogou em cima de Sasuke e quando foi socá-lo, Sakura gritou.
— Naruto!
Naquele momento seus olhos vacilaram entre o vermelho e azul claro. Sua aura também ficou instável.
Ele se levantou e se jogou para o lado, esperneando e gritando, tentando controlar a raposa. Sua barriga ardia, e foi a primeira sensação antes de entrar em si.
A cabeça latejando foi a segunda, depois os outros sentidos voltaram de a poucos, e junto com a sua consciência, as lembranças do que havia acontecido.
— Mas que… droga… — Sasuke estava ofegante, olhando raivoso para Naruto, sem entender o que de fato estava acontecendo. — O que merda aconteceu com você?
Sakura se aproximou, atenta e ao mesmo tempo preocupada. Os dois ficaram em pé observando paralisados enquanto Naruto se encolhia com a cabeça nos joelhos.
— Naruto… O que aconteceu?
O garoto se sentou, fungando.
— E-eu, meus, meus pais. O demônio… — Naruto sequer ergueu a cabeça, apenas soluçava.
— O que tem? — perguntou Sakura.
— Eu tinha pais. Eu sempre tive… Mas aquele monstro… Aquele, aquele demônio… — Logo sua voz passou de chorosa e triste para áspera e com raiva. — Ele os tirou de mim.
Os dois apenas olharam. Ambos sabiam do que se tratava aquilo, por mais que não compreendessem de fato.
Naruto sempre foi um órgão, a criança maldita por carregar um demônio dentro de si. Mas era um tabu falar sobre isso na vila, visto os traumas que gerou em todos.
— Então você sabe… — Sakura não completou sua frase, não queria.
— A raposa matou meus pais — disse Naruto, com a voz abafada. — E agora ela está dentro de mim.
— Como sabe disso? — Sasuke perguntou, estranhando o comportamento imprevisível do companheiro.
— A raposa me mostrou como ela os matou. Ela me mostrou meus pais serem mortos na minha frente, e depois zombou disso.
Sasuke lembrou-se de suas visões. Sua família ser morta na sua frente enquanto o assassino ria, tudo era familiar para ele.
Com certeza entendia aquele sentimento. Mas para ele era diferente, ambos eram diferentes. Naruto nunca conheceu seus pais, enquanto Sasuke perdeu as figuras que mais amava na vida.
Ele com certeza não entendia o que era aquilo, segundo Sasuke, e isso o deixou com raiva. Como Naruto poderia chorar por algo que nunca teve? Como poderia perder algo que nunca experimentou?
Aquilo era obra de uma visão mostrada pela raposa, mas o que aconteceu com Sasuke era real, e isso os diferenciava. Pensando nisso, Sasuke apenas bufou e caminhou para o outro lado, ficando de costas.
— Que cruel — disse Sakura. Ela se aproximou mais, desfazendo a distância que antes tinha por medo de um possível ataque.
A cabeça de Naruto latejava, e as imagens da raposa partindo seus pais ao meio vinha diversas vezes em sua mente enquanto ele tentava dispersá-las.
“Eu vou matar…”, pensou, mas o som o fez quebrar a linha de raciocínio, quando ergueu seu olhar viu Sakura estendendo sua mão para ele.
Aceitou a ajuda e se levantou. Quando percebeu o que tinha feito, ao ver o nariz e a boca de Sasuke manchadas de sangue, pediu desculpas.
Sasuke bufou em resposta e Sakura disse que não foi nada, embora seu pescoço ainda doía. Ela estava exausta, não havia dormido bem na noite passada, por ter que cuidar dos dois.
Além de que perdeu muito sangue na batalha anterior, e seu corpo doía em muitas partes. Os cortes e machucados não haviam sido devidamente tratados, ela apenas apertou algumas faixas para parar os sangramentos.
— Vocês estão bem mesmo? — perguntou Naruto, novamente, se sentindo culpado. Sasuke percebeu isso.
— Não foi nada. — Sasuke limpou o sangue do nariz com a mão.
— E você, Sakura, parece cansada. — Quando olhou para ela, notou algo estranho.
— Não, tudo bem — disse ela. — Vamos, não temos tanto tempo a perder, podemos nos atrasar. — Caminhou até o pergaminho junto da sua pochete e o guardou, saindo do meio das raízes.
— O que aconteceu com seu cabelo, Sakura? — perguntou Naruto, finalmente percebendo o que tinha de errado. Os longos cabelos rosas de Sakura agora não chegavam no ombro, estava repicado e torto.
— Nada. — Apenas seguiu andando, sem esperar os dois.
Sasuke a parou, colocando a mão em seu ombro. Percebeu que ela estava tremendo, talvez fungando.
— Espera, Sakura, não precisa se cobrar tanto. — Sasuke percebeu a situação. Desde quando acordou sabia que ela estava protegendo eles.
— Eu estou bem. — Sakura cambaleou para o lado, e Sasuke a segurou para ela não cair no chão. — Me desculpa… Eu não queria atrasar vocês.
A noite mal dormida e a exaustão da batalha finalmente a fez cair no sono. Sakura praticamente desmaiou, e os dois a colocaram nas folhas para descansar.
Passou alguns minutos enquanto ela dormia, mas foi o suficiente para Sasuke explicar o que aconteceu desde quando ele acordou para Naruto.
Quando ela acordou, ajeitou as rendas da ferida e se prepararam para ir embora. A maior parte do tempo ficaram calados.
Todos tinham muito o que pensar. Inclusive Naruto, conhecido por ser tagarela, não falou muito. Esporadicamente alguém fazia algum comentário sobre a direção que iriam ou algo do tipo.
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Passado algum tempo chegaram a um rio, lavaram as feridas e a sujeira. Sakura aproveitou para tirar os fios de cabelo que ficaram em suas roupas e soltos em sua cabeça.
Naruto arrancou suas roupas, ficando apenas de calça, pensando que isso o alegraria como todas as outras vezes em que tomava banho nos rios.
Não funcionou. No meio da água, quando esta atingia seu umbigo, o que ele via era o sangue em suas mãos, sangue ao invés da corrente do rio.
A água voltava a sua cor natural depois de alguns segundos, ou depois de esfregar os seus olhos. Mas era como se o lugar em que estava na visão da raposa estivesse consumindo sua mente.
“O desenho tá diferente também”, pensou Naruto, olhando para o selo em sua barriga. “O que foi que aquela mulher estranha fez em mim?”.
Sasuke apenas lavou o rosto e as mãos, depois se levantou e observou a floresta enquanto uma brisa fraca passava.
— Tem alguém vindo — disse. Nenhum dos dois ouviram, pelo barulho do rio. — Tem alguém vindo — falou mais alto desta vez.
— Hã? — Naruto começou a se aproximar da beira.
Sakura saiu da água e foi até a bolsa, tirando uma kunai. Os dois ficaram preparados, esperando para ver que tipo de inimigo sairia da floresta.
— São vocês — disse Shikamaru, também segurando uma kunai. Ele saiu das folhas e a tensão no ar se dissipou rapidamente. — Podem sair, vocês dois.
Chouji e Ino saíram também, cada um por um lado.
— O queeeee?! — exclamou Ino quando viu Sakura. — Você estragou todo seu cabelo!
— Não grita no meu ouvido — reclamou Shikamaru. — E você deveria ser mais sensível.
Ino ignorou e correu até Sakura, que guardou sua kunai. As duas começaram a conversar e Ino reclamava de como sua rival tinha a coragem de fazer isso.
Naruto se animou um pouco ao ver Shikamaru, e ambos trocaram ideias sobre suas aventuras no Exame. O jovem Nara contou sobre o assustador Gaara, quem assassinou genins na sua frente.
Com isso, Naruto percebeu, ou pensou, que todos ali eram fortes como Gaara ou como a genin — que era Orochimaru disfarçado — que havia enfrentado.
Chouji apenas ofereceu batatas fritas para Sasuke, que aceitou. Até que todos se juntaram, e decidiram que seguiriam juntos até a Torre Central.
Mas não antes de Ino, com uma kunai, ajeitar o cabelo de Sakura, deixando com um corte curto, ao invés de torto e sem forma como estava antes.
— Então — disse Naruto, já seco e com suas roupas, novamente se empolgando com o exame. — Vamos seguir!