O Alquimista - Capítulo 4
Capítulo 4 – Monstro!
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Após o convite do velho mago, Miguel aceitou sem pestanejar, e assim os acompanhou até o acampamento. Quando chegou viu várias fogueiras e em volta delas vários homens, eram todos robustos e usavam a mesma vestimenta que os dois guerreiros de antes usavam, no centro do acampamento havia duas carruagens uma era totalmente coberta como se tivesse algo a esconder e a outra era branca, parecia espaçosa e totalmente confortável, nas laterais havia um brasão com um sol.
— Garoto! chegamos, não se importe com os olhares você ainda é um desconhecido, vamos eu vou te apresentar a todos— falou Dimitri chamando a atenção de Miguel.
— Ah! sim claro!
Desde que ele chegou todos aqueles guerreiros estavam desconfiados e não deixava de manter a atenção no novo sujeito.
— EI CAMBADA! chega aí — rugiu o velho e num piscar de olhos todos aqueles guerreiros apareceram em sua frente — Eu vou lhes apresentar um novo colega, a partir de hoje ele virá conosco e também será meu aprendiz.
No momento em que ouviram que aquele garoto que parecia ser mais frágil que uma pena era aprendiz do velho, não estavam acreditando, o velho feiticeiro que nunca aceitou aprendizes agora tinha um, e ainda por cima era um garoto que parecia mais um palito com pernas.
— Ótimo, voltem a suas patrulhas — o velho ordenou e sem nenhuma objeção todos acataram — E gêmeos, levem o garoto para comer e depois o leve-o à minha tenda.
— Sim senhor! — responderam em uníssono, obedecendo o comando
Em seguida, Miguel foi levado para perto de uma fogueira, nela havia um tipo de panela e dentro dela uma sopa que exalava aquele cheiro que quase o matou, foi servido por um dos gêmeos, e com prazer levou a primeira colher a boca. Aquela textura úmida e quente se espalhou pela boca, as batatas desmanchavam ao encostarem na língua, as cenouras eram suaves e a carne suculenta e macia, o proporcionou uma mistura de sabores inesquecíveis, por mais simples que eram os ingredientes, esta refeição lhe trouxe uma sensação de prazer que o fez se sentir mais feliz por ter sobrevivido.
— Terminei! — avisou aos gêmeos que assistiam-no do outro lado da fogueira
— Venha conosco, iremos levá-lo à tenda do velho Dimitri— respondeu um dos gêmeos
Ambos eram muito parecidos, tinham a mesma altura, mesmo tipo de cabelo e eram robustos, mas havia algumas diferenças, um tinha barba e olhos verdes enquanto o outro não tinha barba e possuía olhos azuis, Miguel não havia percebido antes porque estava preocupado demais em salvar a própria vida.
— Chegamos… — avisou o outro
Eles deixaram Miguel na frente da tenda e simplesmente saíram num piscar de olhos, eram como vultos tão rápidos que deixavam um rastro de sombra a cada passo. “Não acredito que ainda estou vivo, o que será que vai acontecer lá dentro?” Depois de ver a velocidade insana dos gêmeos novamente Miguel voltou a si, e começou a pensar no que aquele velho iria ensinar a ele.
— Vai ficar parado aí fora por quanto tempo, jovem? entre logo! — a voz rouca saiu de dentro da tenda
— Ah! sim… estou entrando… — respondeu com surpresa, afinal como o velho sabia de sua presença se nada disse desde que chegou ali?
Hesitante, abriu a porta e entrou, lá encontrou o velho sentado numa mesa e nela havia alguns objetos, alguns pergaminhos e nos cantos da tenda tinha também alguns baús, ela era dividida em dois cômodos o que Miguel estava e o outro que parecia ser o quarto de Dimitri.
— Sente-se garoto, irei lhe explicar — convidou o velho
Miguel, então, se sentou no lado oposto da mesa, examinando os objetos. Ele viu várias pedras lapidadas e cinzentas, e ao lado uma esfera que era de um material transparente tão perfeito semelhante ao próprio ar que só foi perceptível devido à distorção da luz do ambiente. Vendo os olhos examinadores de Miguel, Dimitri então falou:
— Eu vou lhe explicar o que são esses objetos — começou — Antes de tudo, você sabe o que é mana?
— Não — respondeu com um olhar sério
— Bom, mana não é nada mais nada menos que energia, essa energia está no ar, na terra, na luz, na escuridão está em tudo, existem dois tipos, miasma e mana, o miasma é resultante da morte e de sentimentos ruins como ódio, ganância, vingança e desprezo, já a positiva é a energia da vida e de sentimentos bons como amor, felicidade entre outras… — explicou a Miguel — e ambas são usadas como “combustível” para magia. Eu lhe disse que seria meu aprendiz, então irei lhe explicar o mais brevemente possível, nós humanos nunca tivemos a habilidade de manipular mana como as outras raças e por isso elas nos viam como insetos, então um dia houve um desentendimento entre os grandes reis e a guerra começou, foi nessa guerra que um mago surgiu o nome dele era clay nordson, ele desenvolveu uma forma de fazer com que humanos conseguissem usar magia, o método de cultivação, onde nós magos armazenamos essa energia em nosso corpo, de forma que consigamos utilizá-la livremente na conjuração de feitiços— terminou olhando em seus olhos.
“Isso é diferente do que vi no livro… nele dizia que havia outra forma…” pensou com certa desconfiança.
Vendo a expressão confusa do jovem, Dimitri respirou fundo e apontou para os objetos na mesa.
— Você vê essas pedras? — indagou
— Sim
— Elas são pedras de afinidade, basicamente elas medem sua afinidade com alguma classe. Existem Magos Elementais, de Batalha, Divergentes e Não Elementais e têm as classes de combate que são Espadachim, Lanceiro, Arqueiro, Escudeiro, Bárbaro e Lutador e todos eles podem ser divididos em elementais, divergentes e não elementais cada uma com suas peculiaridades. — esclareceu — antes de te ensinar algo sobre magia preciso descobrir sua afinidade, então pegue uma dessas duas pedras a segure por um tempo.
Miguel olhou para a mesa, e pegou umas pedras que Dimitri apontou, eram duas quase idênticas pois ambas eram lapidadas e tinham a cor de âmbar, depois de um tempo a pedra começou a cintilar, surpresa inundou sua mente.
— HA HA HA! garoto parece que você tem afinidade para virar um mago — gargalhou Dimitri ao ver a cara de surpresa do garoto — Vamos, pegue a outra agora… — ordenou
Ao pegar a outra, aconteceu o mesmo procedimento, só que dessa vez ela não brilhou como a anterior, essa por sua vez teve um brilho fraco,”Isso foi um pouco decepcionante, eu queria saber como é ser um guerreiro” uma expressão desanimada apareceu em sua face, mas diferente dele isso fez que o velho levantasse uma das sobrancelhas, era raro alguém ter afinidade em ser um guerreiro e ao mesmo tempo mago, mesmo que mínimo.
— Vamos para os próximos testes, as próximas pedras irão lhe mostrar se você é um mago elemental, divergente ou não elemental— disse apontando para outras três pedras.
Essas ao contrário das outras, eram brancas e pesadas, dessa vez ao segurá-la sentiu que a temperatura dela começou a cair. Ele começou com a pedra elemental, ela não brilhou, a próxima foi a divergente, nada ocorreu, porém a última alcançou uma luz resplandecente. O queixo de Dimitri caiu, ele sentiu a temperatura da sala cair, quando saiu do choque fez um movimento rápido e pegou a pedra, ao examiná la viu que ela tinha trincado, “se eu demorasse um pouco mais acredito que minha tenda teria ido pelos ares…” suor escorria em seu rosto ao pensar nisto, depois olhou incrédulo para Miguel, que parecia não entender e sorriu.
“ACHEI UM MONSTRO…”