O Conquistador de Torres - Capítulo 5
Terror encheu o rosto das pessoas. Eu estreitei meus olhos conforme uma luz dourada surgia no ar. Meus joelhos tremiam e o suor frio escorria sem parar pela minha testa. Essa sensação… ela era a mesma que senti na caverna!
— AAAAAAAHHHH!!!
Sua pele queimava enquanto o homem era cercado pela luz. Um cheiro forte de carne queimada se espalhava pelo ar em meio a gritos de dor e desespero. Eu não poderia nem sequer imaginar o nível da dor que aquela pessoa estava sentindo.
— V-Vamos sair daqui!
O que raios estava acontecendo?
Da multidão de pessoas, uma mulher bastante idosa se aproximou de mim. Ela devia ter por volta de uns setenta anos. Vê-la até me fez imaginar o porquê de tal pessoa estar na Torre.
— Com licença, meu jovem.
Vestia um elegante vestido marrom, uma roupa bem peculiar para a torre. Além disso, ela era uma pessoa muito educada e atenciosa, e logo descobri o motivo de ter vindo se encontrar comigo.
— Então você quer dizer que eu posso ficar na sua estalagem de graça?
— Sim, mas apenas por um dia. Fazemos isso para todos os novatos, é uma forma de dar as boas vindas e ajudá-los a ter tempo de se estabelecer.
— Obrigado.
A senhora sorriu em resposta.
— Acho que você não vai querer ficar aqui por muito tempo.
Eu segui seu olhar em direção ao corpo no chão. Sua aparência era tão bizarra que chamar aquilo de humano não seria mais correto.
Ficar aqui me dava calafrios, então concordei com suas palavras e a deixei guiar o caminho.
Não muito tempo depois, nós chegamos numa construção de madeira. Dentro era bem confortável. Haviam algumas pessoas comendo enquanto outras se serviam de bebidas.
— Os quartos ficam no andar de cima. Esta é a sua chave, depois desçam e irei lhes servir uma refeição.
Peguei a chave de sua mão e subi.
Não havia nada de muito impressionante no quarto. Eu talvez estivesse esperando algo um pouco diferente, mas não reclamei muito e me acomodei.
Por sorte, haviam algumas ataduras numa gaveta, o que serviu para colocar nos ferimentos do garoto. Ele não havia falado nada deste o momento em que o encontrei. Bem, eu não podia fazer nada, apenas esperar que ele se recuperasse logo.
Acho que já estava na hora de verificar o que mudou. Tudo que aconteceu hoje, aquela habilidade era algo que eu nunca poderia imaginar.
— ۞ —
『Janela de Informações』
Nome: Kayn Sypher
Idade: 18 anos
Raça: Humano
Nível: 2
Classe: Nenhuma
Estigma: ???
Atributos Gerais:
Força: 9
Resistência: 6
Agilidade: 7
Poder Mágico: 10
Pontos de atributo: 4
Habilidades: Arsenal Sombrio (E)
— ۞ —
— O quê? Meus atributos subiram sozinhos?
Parando para pensar, eu realmente me sentia mais forte. Acho que foi devido a isso que consegui matar aquele barbros.
Isso devia ser por causa daquele ser dentro de mim. Se aquilo me fortaleceu em vez de me matar, o que diabos isso queria?
Eu fiquei um tempo encarando aquelas interrogações. Não fazia sentido eles estarem ocultando isso.
Acho que deveria deixar para pensar nisso depois. Primeiro eu tinha que distribuir os pontos que consegui.
Mas onde eu os uso? Os analisando, os menores são resistência e agilidade… Devo colocar tudo em resistência?
No fim, decidi colocar 2 pontos em força, e o resto coloquei em resistência e agilidade.
Força acaba sendo o que eu mais precisava agora.
— Acho que assim está bom.
Quase me esqueci de checar a habilidade que me permitiu derrotar o barbros. Se não fosse por ela, eu já estaria morto.
— ۞ —
『Habilidades』
Arsenal Sombrio (E): O usuário manipula a escuridão que toma a forma de uma arma. Quanto maior a arma, mais energia é consumida. A duração da habilidade aumenta 10 segundos para cada ponto de Poder Mágico. Atualmente o nível do usuário só permite a criação das seguintes armas:
+ Espada
+ Adaga
Cooldown: 3 horas
— ۞ —
Arsenal Sombrio! Em pensar que eu conseguiria uma habilidade como essa. Se eu evoluir mais meu nível isso significaria que isso poderia evoluir para níveis ainda maiores.
Com essa habilidade eu finalmente poderia me vingar daqueles malditos!
Mas algo que me incomodava era que para subir de nível eu precisaria sair por aí. No meu nível atual, andar por essa floresta sozinho era suicídio. Matar aquela besta foi sorte, certeza que foi. Ela já estava ferida e só foi atrás de alguém mais fraco para devorar.
Droga…
— É melhor eu descer e procurar mais informações sobre esse lugar.
Eu desci as escadas e me sentei no balcão. O bartender parou de limpar os copos e olhou para mim com olhos curiosos.
— Bem vindo. Apesar deste lugar ser meio difícil de se lidar, não somos um lugar ruim pra ficar. Quer alguma coisa?
— Sim, eu…
— Ah! Eu já sei quem é você. A senhora Minerva falou que tem dois novatos no andar de cima. Só um segundo, vou trazer a refeição.
Não demorou dois minutos e o homem voltou com um prato na mão.
— Aqui está.
Eu sorri brilhantemente e aceitei a refeição: uma espécie de sopa e um suculento pedaço de carne. O chefe parecia ser bem habilidoso porque o cheiro da comida me dava água na boca. Já fazia um tempo que eu estava com fome, então comi tudo rapidamente.
Eu passei por tanta coisa nessas últimas horas que não era ruim sentar um pouco.
— Você pode me falar mais sobre esse lugar? Existe algum tipo de líder por aqui?
— Ah, claro. Se você pensar em Victor como um líder. Sim, nós temos um.
— Quem é ele?
— Ninguém sabe direito, a única coisa que sei é que ele veio de alguns andares superiores e ficou por aqui.
Andares superiores? Isso queria dizer que as pessoas poderiam transitar livremente pelos andares? Eu não pude resistir a minha curiosidade e perguntei.
— Bem, sim. Mas só é possível subir se completar as missões. Você não sabia disso?
Balancei a cabeça.
— Por que vocês estão aqui? Por que não continuam a subir?
— Garoto, você é curioso. Tudo bem, por hoje vou responder qualquer pergunta, mas da próxima vez terá que pagar.
— Entendido.
— É uma pergunta difícil, nem todos querem morrer só para alcançarem algo que nem sabem o que vão encontrar. Então ficamos aqui. Por outro lado, mais da metade das pessoas aqui querem continuar a subir. O problema começa quando a Fortaleza de Nero monopolizou o acesso ao segundo andar, cobrando uma taxa absurda por isso.
Então era por causa disso que essas pessoas estavam aqui…
Se o que ele falou for verdade, eu teria que dar um jeito de invadir aquele lugar sem ser capturado, mas como? Não acho que levar aquele garoto comigo iria ajudar… O mais sensato seria abandoná-lo aqui.
Não, eu estava esquecendo de alguma coisa importante. Para chegar a outra fortaleza eu precisaria de uma escolta. Uma habilidade e alguns atributos a mais não me ajudariam contra aqueles monstros.
— Você tem alguma ideia do porquê existem essa quantidade de monstros de nível alto do lado de fora?
— Aqueles macacos? Não faço ideia, mas você tem razão, eles não deveriam estar aqui.
— Nenhum palpite?
— Agora que você está falando, alguém deve ter pegado eles de algum lugar e jogado aqui. De qualquer forma, é isto que está alimentando a cidade agora. Deveríamos todos agradecer a quem fez isso!
— Quer dizer que o que eu comi…
— Hahaha! Não se assuste, a carne é saborosa, não é? Eles se multiplicam rápido. É perfeito!
C-Como… Como eu tinha vindo parar num lugar como esse?
— Falando nisso, de onde você é, garoto? Você não parece ser de onde eu vim.
— Horik.
— Não sou desse país, então não conheço nada mesmo que você me fale.
Então porque perguntou?
— Nasci em Zephyrus. Ótima terra.
Parece que me encontrei com um tagarela. Eu mudei de assunto antes que ele começasse a falar coisas desnecessárias.
— Você disse que a outra fortaleza está monopolizando o círculo?
— Sim. Aconteceu tem uns três anos. Agora temos que ficar aqui e esperar.
— A Torre não faz nada?
— Você acha que aqueles anjinhos vão se importar com a gente? Eles só querem se divertir e ver nosso sofrimento.
Não sabia se isso era verdade, mas devia ter algum motivo por trás disso.
Eu estava prestes a perguntar alguma outra coisa quando ouvi gritos do lado de fora. Então o homem no balcão declarou para todos ouvirem.
— Eles estão aqui de novo!
Com essas palavras, todos se levantaram de seus assentos e se dirigiram para fora. O que quer que estava acontecendo não poderia ser algo bom. Eu me levantei e olhei pela janela.
Assim que meus olhos pousaram no exterior da estalagem, vi dois grupos se confrontando. Era como se toda a cidade estivesse se reunido só para ver essa cena.
Haviam quatro homens bem equipados na entrada da fortaleza. Eles pareciam discutir com o maior homem que já vi na vida.
— Espero que Victor não faça nada de errado desta vez.
— Não acho que isso vai acontecer.
— Quando Victor se estressa algo ruim sempre é acontece, ou vocês se esqueceram da última vez?
As pessoas fofocavam do meu lado. Pelo que disseram, aquele homem musculoso parecia ser Victor. Eu pude ouvir os vidros da janela tremendo quando ele apontou um enorme tridente para a garganta do líder do outro grupo.
Todas as pessoas prenderam a respiração.
Seus lábios estavam prestes a se separar, porém, uma pessoa parou em sua frente.
— Espera! Aquela não é…
A dona da estalagem sorriu enquanto encarava o rosto raivoso de Víctor.
— ۞ —
Vou estar mudando a data de publicação para Sexta-Feira