O Conselheiro da Rainha - Ato 3
Pela parte da tarde, barulhos de tempestades eram ouvidos por todos do castelo e por parte das pessoas do lado de fora também.
Depois do almoço real a rainha voltou para seu quarto, nisso Nhomuhcsiah estava agora sem nada para fazer, sem ordens a receber. Nisso ele resolve checar o que causava tais barulhos amedrontadores.
— Hum… vem da arena, como é vento deve ser Muhimoketsu treinando — falou isso após uma longa busca pela origem do som.
A arena foi o último lugar checado, quando percebeu isso ele sorriu. Chegando na arena, viu seu irmão utilizando de seus poderes de vento para treinar, ele usava socos, chutes, todos imbuídos pelos ventos que se misturavam com a areia mágica da arena.
Muita poeira subia com tais golpes do menino.
— Irmão? Está a treinar claramente! — disse da pequena parede da arquibancada.
— Nhomuhcsiah? Haha, estou sim, ser soldado agora me parece uma boa opção! — respondeu Muhimoketsu parando de lutar e parando com o fluxo da ventania.
— Por que não lutamos um pouco? — saltava a pequena parede e descia até a arena.
Em passos calmos se aproximava de seu irmão.
— Como assim, você nunca lutou, tem certeza? — disse o de cabelo curto.
— Claramente que sim, eu aposto que posso te bater facilmente — fazendo uma expressão risonha e desafiadora enquanto se encaminha para o outro lado da arena.
— Ah malvadinho, então irei te derrubar com um só golpe! — posicionou-se em pose de luta.
Com um punho fechado na cintura, e a palma aberta apontada para o inimigo, nisso a luta a se inicia, Muhimoketsu dobra seus dedos e com um golpe, aparentemente de garras, ele fez uma onda de poeira bem forte direcionada a seu irmão.
Que por sua vez apenas desviou para o lado, manteve o pé no chão e começou a correr, ele era muito rápido.
Os dois então colidiram punhos, porém de alguma forma o impacto mais forte foi o de Nhomuhcsiah.
Seu soco estava secretamente imbuído por uma energia estática, o que causou a quebra da integridade de Muhimoketsu, o jogando ao chão.
Seu irmão após isso se afastou em um longo salto para o seu lado da arena.
— Minha nossa, irmão, que força é essa!? — riu alto — tem um rostinho bonito e um corpo macio, mas uma força nos punhos.
Se levantando tentando mexer melhor o braço acertado, no caso, o direito.
— Na realidade, esse é o meu poder
Levantando a mão nela surgia eletricidade corrente, linhas trêmulas com imenso brilho mesmo pequenas.
— Eu consigo controlar os raios dos céus, incrível né irmão? — sorria abertamente.
— Nossa, conseguir controlar os raios é algo tremendamente assustador Nhomuhcsiah — recuperava o braço da leve dormência por conta da eletricidade — e como deves saber, eu controlo os ventos, então tecnicamente controlo todo o deserto! — gritava aos ares.
— Bem irmão… Sem mais conversa pois vejo que está apto para lutar, agora vamos sem hesito.
Após um suspiro, se posicionou novamente para lutar.
Nhomuhcsiah por sua vez não disse nada e apenas sorriu enquanto de seu corpo emanava seu semblante mágico; energia estática e bem brilhante.
E seu irmão se imbuia com seu poder que fez a poeira da arena circular como um turbilhão.
Nisso, avançam um no outro.
Do lado de fora as pessoas ficaram um pouco assustadas pelos barulhos dos ventos e dos trovões, que no caso eram utilizados pelos irmãos.
Muitos moradores e comerciantes colocaram suas cabeças nas janelas para ver o que ocorria, olhavam para o céu e apenas viam o azul.
Logo todos ficaram curiosos para saber de onde vinham tais sons assustadores.
Na arena, os irmãos ferozes trocavam golpes e parcelas de seus poderes de vento e trovão.
Na entrada para a arena, o rei, a rainha e Muhtidis apareceram para ver o que estava acontecendo e o motivo de tanto barulho.
O homem vendo seus filhos lutando entre si com sorrisos nos rostos, o fez sorrir também como motivo de alegria.
— Nhomuhcsiah, Muhimoketsu, eles estão… treinando?! — disse o pai com um largo sorriso no rosto.
Descendo as escadas da arquibancada rapidamente para chegar na parede que separava a arena.
— Que belo, as crianças estão treinando, um deles é justo meu conselheiro — disse a rainha sorridente e um pouco cansada.
— Claro minha rainha, ele vai ser um dos melhores que você já teve, irá te manter segura — disse o rei que puxa a rainha, logo afagando levemente seus cabelos ruivos.
— Eu espero — respondeu.
A luta entre os irmãos se estendeu até ambos caírem no chão após um soco trocado no rosto.
Os dois riram da situação em que terminaram a luta, Muhimoketsu sorriu e elogiou Nhomuhcsiah, que não respondeu direito, ele apenas riu.
Muhtidis apareceu e, disse estar alegre por eles dois, nisso os pega nos braços e pede licença ao rei e a rainha, já que iria levar os dois “moleques” para o quarto descansar.
Após serem colocados por seu pai em suas camas, Nhomuhcsiah e Muhimoketsu após a saída dele se sentam em suas respectivas camas e se entreolham.
— Sabe irmão, mesmo se tornando um conselheiro você daria um bom soldado — disse sorrindo.
— Obrigado irmão, e você agora trilhando o caminho dos guerreiros, mesmo assim daria para ser um bom conselheiro, com certeza!
— Me diga Nhomuhcsiah, por que você… é assim? — deitou na cama que logo rangiu
— Assim como?
— Quieto e muito “misterioso”.
— Quer mesmo saber, irmão?
— Claro, me conte!
— Eu sou desse jeito porque penso demais, eu aprecio cada parte deste castelo, os céus, as nuvens, sempre estou pensando algo, fazendo perguntas para mim mesmo, sabendo que não receberia resposta — ele se deitava na cama calmamente.
Foi se embrulhado com os lençois mesmo no calor que estava fazendo. O sol passava bem brilhante pela pequena janela do quarto.
— Então você é aqueles que chamam de pensadores, como é que era o nome certo?
— Filósofo? Os pensadores que mudam a sociedade ao nosso redor? Não, eu não sou isso, eu não me expresso tanto como eles — se sentava — veja irmão, no teto existe aquela portinhola, não sei como vocês ainda não viram.
Apontou para o teto, onde não havia nenhuma marcação, mas um relevo redondo.
— Hmm? Portinhola? Não vejo onde está? — perplexo enquanto buscava pela tal portinhola.
— Foque mais irmão, naquela parte você vai ver!
Olhando melhor pelo teto, Muhimoketsu viu o relevo e pensou o mesmo que o irmão na primeira vez.
Antes de falar algo, suas irmãs entram no quarto, os meninos se deitam rapidamente para que elas pensem que estão dormindo.
Ambas comentam sobre algumas coisas de seus trabalhos, alguns garotos que elas estão interessadas e por aí vai, os irmão davam sussurros de risadas pelos assuntos das irmãs que após um tempo saem do quarto levando algumas coisas.
Após a saída delas, eles rapidamente se levantam e pegam alguns bancos e cadeiras para poderem alcançar o teto pelo menos, mas não conseguem por ser bem alto.
Muhimoketsu então teve uma ideia, compartilhando com o irmão que logo concordou.
Após um tempo, Nhomuhcsiah era levado pelos ventos do irmão até aquele relevo onde com algumas batidas ele conseguiu quebrar uma fina casca de pedra, fazendo o puxador cair.
O menino puxa aquilo e revela a porta para uma parte superior do cômodo, Nhomuhcsiah era colocado para dentro do tal cômodo, nisso seu irmão usa o poder para se elevar ao quartinho.
Olhando ao redor, o lugar era baixo, cerca de um metro de altura ao qual os dois irmãos tinham de engatinhar para se locomoverem pelo lugar totalmente empoeirado.
Nhomuhcsiah olhava atentamente cada ponto daquele quartinho, a madeira que serviu de sustento agora praticamente deteriorada pelos cupins e podres pelo tempo.
Mas de alguma forma o lugar não cedeu, as paredes eram de pedras e o verdadeiro teto também.
— Estranho, como podem ter feito esses suportes de madeira sendo que o teto é feito de pedra e que não cairia? — disse Muhimoketsu fungando por causa da poeira.
— Talvez seja de enfeite… olhe
O de cabelo curto então aponta para uma pequena janela quadrangular com madeiras em cruz no meio, estranhamente eram azuis.
Os irmãos curiosos se aproximam da janela, abaixo dela havia uma caixa, tal caixa era pequena como no tamanho de um livro.
Ela tinha uma fivela, mas sem cadeado, a caixa era de madeira, que por sinal o tempo não parecia ter a afetado, muito menos as bordas de ouro que brilhavam intensamente.
— É… abrimos? — Nhomuhcsiah estava um pouco receoso.
Ele se sentia estranho, seu coração batia forte e sua respiração estava pesada, cada vez mais perto da caixa ele sentia isso mais forte.
— Acho melhor sim, já chegamos aqui então, vamos abrir — respondeu o irmão.
Estendendo a mão, receoso, puxava a fivela abrindo a caixa.
Após abrir a caixa, viu-se um livro, era fino, tinha uma capa preta e sem nenhuma inscrição nela, apenas um quadrado no centro, era de um azul bem claro.
Desse quadrado se partia linhas retas, como um labirinto, pela frente e verso.
O pequeno livro era mole, o de cabelo curto pegava enquanto olhava para seu irmão que parecia sentir bastante medo.
Sem dizer mais nada, ele abriu o livro e começou a ler.
Muhimoketsu ficou surpreso, mas também assustado com as informações que tinham ali, que o ajudaria bastante, também o alertava sobre coisas futuras.
Nhomuhcsiah então se aproxima do irmão para ver o livro também, e em uma das páginas, se vê a forma de um garoto, que possuía a mesma roupa que eles dois, o cabelo longo do menino, porém a expressão era de seriedade, com o braço esquerdo levantado.
Havia uma coisa estranha com uma das inscrição que dizia ser uma lâmina feita de trovões com um formato curvado, tal lâmina estava ao lado.
— Irmão, eu to com medo… — Nhomucsiah tinha uma voz tremula, ele tremia e suava bastante — vamos sair daqui mano, esse livro me traz arrepios, vamos! — choramingando ele puxava a camisa do irmão.
— Oh hey, calma, calma maninho, vamos então… — disse o consolando.
Nisso ambos saem daquele cômodo, o primeiro era o irmão aterrorizado, depois Muhimoketsu que fechou a portinhola.
Os dois foram para a mesma cama, se deitaram, um se aconchegou bem perto ao peito do irmão, que o fez carinho para acalmá-lo, assim dormindo com dificuldade.