O Conselheiro da Rainha - Ato 3
— Deixe-me explicar de novo… eu não sou um monstro — disse uma voz um pouco mais grave porém semelhante a de Nhomuhcsiah.
— Para mim você é, você tem a mesma aparência que eu! Mas tem me dito cada coisa horrível! — respondeu Nhomuhcsiah.
Os dois estavam em um lugar totalmente negro, a unica luz que tinha eram seus corpos naquele lugar. Ambos tinham a mesma aparência, mas o outro havia algo a mais, eram orelhas e uma cauda de gato.
— O que eu digo é verdade, sim você vai ter de matar este rei, sim, você vai morrer! E eu peço a ti menino, faça do jeito que eu te pedir! — o semelhante batia o pé e apontava para Nhomuhcsiah.
— Eu não vou! Eu não sou obrigado a isso! Matar o rei? Morrer pelas mãos do meu irmão? O que você tanto fala não é real! Eu nunca mataria o rei e meu irmão nunca me machucaria, mesmo com motivo! — Nhomuhcsiah estava estressado, ele rangia os dentes e cerrava os punhos, sua magia logo ficava à mostra.
— Você não sabe de nada, por isso é arrogante perante seus ideais! Logo vais acordar, mas eu te digo uma última vez, obedeça ao que te pedem, e isso se aplica a mim!
— Nunca! — dizendo aquilo, o menino começou a cair.
A queda foi longa, e Nhomuhcsiah pôde ver algo que não tinha naquele pesadelo de antes; durante a queda, alguma imagens foram mostradas, como alguns corredores do castelo totalmente destruídos, mas ainda de pé, fora isso foi mostrado também um grande deserto, por fim… um grande golem de pedra que aparentemente iria atacar uma cidade.
Finalmente o menino acorda num susto, o mesmo estava sozinho no quarto, havia amanhecido e todos já haviam se arrumado e saído, eles foram para seus trabalhos; Csisál como costureira, Cecília como uma pequena comerciante, e por fim, Nhomuhcsiah se arrumou e foi trabalhar como o conselheiro da rainha.
Já Muhimoketsu, resolveu apenas treinar, já que ele não tinha um trabalho de verdade, o dia estava livre por completo, dando um liberdade inacreditável, mas o mesmo não sabia como gastar esse tempo, já que seu irmão agora tem responsabilidade. Seu pai arrumou um jeito de ajudá-lo, ele chamou o capitão da guarda real para treinar ele, e assim ensiná-lo para poder entrar na guarda real, o menino ficou alegre e resolveu se empenhar ao máximo, mesmo com dez anos.
Dentro do castelo, no quarto da rainha, a alteza pede para Nhomuhcsiah trazer o café da manhã dela na cama, a mesma disse que estava meio adoentada e que não podia fazer muitas coisas, ela não se aguentava em pé naquele dia. O menino então vai para a cozinha e pede o café da manhã, voltando com a bandeja que tinha pão, vinho, café e chá para assim a rainha escolher o que mais lhe agradava.
Durante a ausência do conselheiro, a rainha pediu para que um de seus criados colocasse uma corda pregada na parte de cima da maçaneta com um apoio para o pé na parte de baixo, para que seu conselheiro pudesse abrir a porta caso estivesse carregando coisas, ele era jovem e a mesma queria ajudar, nem que isso fosse uma das últimas coisas boas de sua vida.
Nhomuhcsiah pisa naquele apoio e logo entra no quarto enquanto anunciana entrada, após entrar ele se arrepia, sua pupila se dilata e sua reação mais forte foi deixar a bandeja cair no chão, sujando com as bebidas e fazendo barulho com os copos quebrando. O menino havia visto aquele ser de antes, o mesmo igual a ele, de pé parado e olhando para a rainha, apontando uma haste feita de energia azulada diretamente para o pescoço da mulher — ela parecia não ver — e em um piscar ele some quando a realeza se assusta com o barulho;
— Garoto, o que houve? — a rainha se levanta assustada, mas logo se preocupando com a roupa que poderia ter sido manchada pelas bebidas.
Ela logo chega perto de Nhomuhcsiah, que aparentava ter voltado ao normal após o susto, mantendo a respiração e tentando não tremer bastante, mas é bem notável a tremedeira;
— Perdão, perdão vossa alteza, perdão, eu vi algo e me assustei a bessa… — começou a chorar baixo, ele se agacha bem perto do portal da porta.
Com as lágrimas caindo de seus olhos, a velha mulher com aquele pano vermelho, enxugou as lágrimas dele enquanto sorria, não só abaixo dos olhos, como também nas bochechas.
— Não se preocupe, tá perdoado menino — ela sorria.
— Tudo bem, mas eu estraguei o café da manhã da senhora com o meu susto, derrubei as bebidas e molhei o pão com elas, fora que o chão agora está uma bagunça. Vou limpar tudo, não se preocupe alteza, eu sei como fazer isso.
— Calma, escute, você vai voltar para a cozinha e vai pedir para a cozinheira um vinho e um chá de camomila, o vinho você trás para mim e o chá você bebe, depois descanse, seu pai nos contou que você teve um pesadelo na noite passada, ainda deve estar apavorado então beba o chá, o fará bem; é uma ordem — disse a mulher segurando os ombros dele.
Ela tinha uma voz suave, calma, quase nem era ela — só de ouvir dava um bom conforto.
As pupilas do menino voltaram ao normal, ele saiu e agora estava a caminho de relaxar o corpo;
— Tudo bem senhora… obedecerei a tí — ele falou isso para si, andando pelos corredores e respirando fundo.
O mesmo estava abalado visualmente, apenas olhava para o chão vendo seus passos e um andar lento, mesmo vendo seu reflexo, ele sentia um medo de ver aqueles apetrechos de gato em sua imagem como aquele ser também tem.
“O medo me parece uma boa arma, sempre conseguem algo quando alguém abaixa a cabeça ou se ajoelha”.
A rainha chama uma de suas criadas para limpar os vidros e os líquidos do chão, enquanto ela comia calmamente aquele pão molhado das bebidas — ela gostou.
Nhomuhcsiah chegava à cozinha e pedia mais uma vez as bebidas, especificando apenas o chá e o vinho, sua fala aparentava estar trêmula e a cozinheira ficou preocupada, a mesma perguntou o porquê e ele respondeu que por um erro acabou derrubando a bandeja no chão, ela se comoveu um pouco e fez tudo o que lhe foi pedido de maneira rápida, logo entregou ao menino.
Após pegar as bebidas ele voltou ao quarto da rainha entregando o vinho, ela já havia comido o pão e deixado um pedaço para Nhomuhcsiah poder comer também.
“Humph… é um pedaço bem grande de pão, ela realmente gostou dele”.
Após terminarem, Nhomuhcsiah levou os copos para a cozinha e de lá ele foi ao quarto ter o descanso que a rainha o deu, durante o caminho ele pensou em pedir uma substituição temporária de seu trabalho com algum outro parente, principalmente seu irmão, a rainha negou esse pedido e que se cuidaria sozinha mesmo sem o apoio dele.
Passando pela porta de seu quarto, logo a fechando, em um suspiro o mesmo se vira e segue para a cama, antes de se deitar na cama ele vê o ser mais uma vez, agora parado e em pé no meio do quarto, olhando para Nhomuhcsiah que começa a ficar com medo.
— O que tanto você quer comigo, já não basta nos sonhos, agora na realidade? — Nhomuhcsiah apenas suspirou depois de se cobrir com os lençois.
— Eu já disse o que eu quero, só preciso que entenda de uma vez que não vai adiantar fugir de seus pensamentos sobre mim, e do que eu te disse nos sonhos — falou em um tom amedrontador para o garoto na cama.
— Mas eu vou continuar tentando até você parar de persistir! Eu não vou matar ninguém, e meu irmão não vai me matar! — olhava com fúria.
— Ingênuo, então, irei fazer a seguinte coisa: não irei te perturbar com a minha presença, mas no momento certo as garras irão se mostrar, agirei por fora, então suspeite de mim na primeira oportunidade. Você irá me encontrar no jardim de lagos se quiser satisfação.
— Se tem uma coisa que eu não vou querer é as suas satisfações sobre algo! — falava em um tom quase de grito.
Após essa discussão, o ser some num piscar de olhos, deixando Nhomuhcsiah aliviado, ele se deita e se cobre com o lençol, mesmo com o calor, ele se cobre dos pés a cabeça.
Um bom tempo se passa, Nhomuhcsiah havia se recuperado daquele pesadelo, mesmo que tenha demorado, e o ser havia parado de persegui-lo, assim como ele disse. Tudo voltava a caminhar normalmente na vida dele, eram apenas alguns dias mas já dava para ver a diferença na vivência do menino. Os dias de trabalho como conselheiro também o ajudaram bastante já que a rainha era bem cuidadosa e dava bons conselhos a ele; por que era uma criança.
Muhimoketsu ficou treinando esse tempo todo com o líder do exército do reino, sua melhora era constante e era bem notável a evolução dele; do físico e do mágico.
— Muito bom menino, sua melhora realmente é boa e digna de um guerreiro da elite deste castelo, mas ainda está longe de se tornar um, basta se empenhar um pouco mais — falava o homem.
Esse era o líder do exército do reino: um homem alto e magro, com uma roupa de placas douradas que começava no pescoço e terminava no início da costela. Ombreiras que tinham pontas que lembram penas, ele possui uma saia também feita de placas de ouro, mas a maioria era um pano meio dourado.
Havia braceletes de ouro com a linguagem local gravada nela, o mesmo também usava um cetro de ouro cujo a ponta lembrava a cabeça de um pássaro, fora uma máscara que ele usava e tinha o formato da cabeça de gavião.
— Hm? Tudo bem mestre! — suspirou — obrigado por tudo até agora, nesta minha ascensão até o topo! — fazia uma pose de convicção.
— Haha! Bom objetivo — se aproximou de Muhimoketsu, e afagou seus cabelos — seu pai claramente vai ficar orgulhoso. Bem menino, pode ir descansar, é o máximo por hoje.
Respirando fundo para retirar o cansaço, Muhimoketsu se curva frente a seu mestre e se retira da arena, enquanto o líder também se despedia com acenos.
Na volta para o quarto, Muhimoketsu passa por muitos dos criados da rainha e do rei, o castelo estava meio movimentado naquele dia, isso abriu um sorriso no menino, pois provavelmente seu irmão estaria tendo um dia de muitas tarefas. Chegando no quarto ele se joga na cama com um sorriso no rosto por tudo estar indo muito bem nesses dias, a alegria do irmão e o treino ficando cada vez menos frequente, mas algo o deixava com uma pulga atrás da orelha; a portinhola, aquela portinhola ainda estava ali no teto, e o puxador bem a mostra.
— Aquilo ainda está ali, me pergunto o que de verdade tinha naquele livro, pra deixar meu irmão daquele jeito claramente não é lá muito bom, talvez o descanso irá demorar um pouco.
Muhimoketsu salta da cama para o chão, e do chão ele usa seu poder para puxar a portinhola com uma garra de vento, logo após ele voa para dentro do quarto com um fraco turbilhão. Lá em cima, engatinhando, ele segue para pegar o livrinho sem temor, logo voltando para baixo, após deitar na cama e agora olhando para o livro, notava-se mais detalhes: ele era mole, a capa era fina e preta, tinha o tamanho de uma mão adulta bem aberta, as folhas eram finas e nas laterais das folhas parecia ter a cor de ouro.
Muhimoketsu viu a semelhança do livrinho com um hinário evangélico, apenas um pouco mais grosso. Abrindo o livro ele pôde ver uma anotação na linguagem local, nela dizia: “A negação de Deus”, isso causou um arrepio, boa coisa não era — só pelo título o julgamento é feito pela negatividade.
— Estranho, não me parece algo que teria numa biblioteca, o título já diz muito, deve ser algo feito a mão, a letra é pouco cursiva e difícil de entender, melhor; uma mistura de uma escrivania mecânica com letra de mão, ele escreveu certas partes numa digitadora mecânica e terminou à mão? — disse o menino virando a página, e vendo um símbolo: era um desenho de um sol ao centro de um círculo;
Ao redor dele havia nuvens, era colorido e dava para ver que era uma paisagem simples;
— Coisa tosca — disse ele em reação ao desenho;
Muhimoketsu então continuou a ler o livro e, em certas páginas ele parou para analisar melhor o que havia ali, algo realmente curioso;
— Por que esse desenho? E por que ele se parece tanto com meu irmão? O tamanho descrito, o cabelo, o poder… o único diferente aqui é a tal lâmina de eletricidade e os olhos, esta última parte não bate!
Na mesma página dizia que esse ser pode ter muitas aparências, mas a desenhada é a principal para o momento, nele é dito ser um demônio que manipula o corpo da pessoa que ele desejar possuir, e as forçam a fazer coisas que comumente não fariam, tal como assassinato e prostituição. Esse ser sempre vai ter essas características felinas, o rabo e as orelhas, e claramente as pupilas fendidas. Ele se chama, segundo o texto: Cain, mas não o mesmo do livro sagrado a Bíblia, mas o que mais chamou a atenção, foi que traduzindo para a linguagem local; “Cain” seria o mesmo que “Nhomuhcsiah”.
— O que!? — gritou para si, assustado com lágrimas nos olhos — o meu irmão… pode estar sendo pertubado por um possível demônio!? Ou se é o demônio? — falou tapando a boca — eu tenho que avisar ele o mais rápido possível… — parou um pouco para pensar — melhor não, pode ser pior para ele, já bastou aquele pesadelo, eu tenho que ficar de olho nele — disse convicto do que iria fazer, mantendo agora uma promessa permanente.
Não lhe era comum fazer promessas, mas algo que provavelmente possa ser verdade pela veracidade dos fatos, isso pode sim virar comum, promessas e mais promessas.
Depois de guardar o livro embaixo do travesseiro, ele deitou na cama por um tempo, e olhando para o teto ele ficou pensando sobre sua nova responsabilidade, isso até cair no sono.
“Mais um… isso vai ser divertido”
Na manhã de um certo dia, Nhomuhcsiah acordou de seu sono, sendo arrumado pela sua irmã mais velha mais uma vez, ele então segue para a cozinha a passos largos e animados, pegando o café da rainha e levando para ela com muito cuidado, mas ainda sim rápido.
Abrindo a porta, lá estava ela, sentada na cama e esperando apenas seu conselheiro aparecer, com a bandeja colocada em sua cama a mesma começa a comer e tomar seu chá, dividindo também com o garoto. O menino antes de terminar o pedaço do pão, ele correu para pegar a escova de cabelo para fazer um penteado, um ao qual sua irmã lhe ensinou na noite passada.
— Minha nossa menino, você está bem precavido neste dia, né? Houve alguma coisa boa e eu não estou sabendo? — perguntou a realeza bem curiosa.
— Não, não aconteceu muita coisa, mas eu estou assim após algumas conversas que tive com meu pai e meus irmãos, isso aumentou o que chamamos de “astral”, e posso dizer, eu tava precisando… — terminava o penteado, uma mistura de tranças com liso, com as tranças segurando o resto dos fios — que acho minha senhora?
— Hohoho, achei uma maravilha, você anda fazendo um ótimo trabalho, me impressiona mesmo sendo sua primeira semana! — dando um retoque a mais no cabelo, mexendo nele para ficar mais confortável.
— Obrigado alteza, eu aprendo rápido, por isso a minha alta eficiência! — alegre e corado;
Após deixar a escova na penteadeira, ele segue para a cama para pegar a bandeja com os copos.
— Tão prestativo, só não sei se está pronto para o trabalho de hoje, tem de ser à noite, mas não custa tentar… — suspirou enquanto olhava para Nhomuhcsiah.
— Hmm, e o que seria minha rainha? Estou pronto para tudo, pode mandar! — disse alegremente já com a bandeja em mão.
— Eu acabei descobrindo que meu marido, o vosso rei, está me traindo, levando outras mulheres para seu quarto e cama, é triste para mim — um ar triste paira sobre o tom de suas voz e sobre os seus olhos;
Ela mantinha a pose, logo colocava a mão dentre seus seios;
— Minha nossa, mas… isso é inaceitável, melhor tomar providências minha rainha, como um pedido de divórcio, ou ele sai ou você sai — disse com um puro arrependimento expresso em seus olhos, o brilho do olhar infantil sumia aos poucos.
— Eu já tomei minha providência, eu quero, por favor meu conselheiro, que mate o meu marido, o rei, é difícil, mas eu preciso…
A velha mulher então puxou de dentro de seus seios, uma adaga simples porém bem brilhosa e claramente afiada, uma lâmina reluzente com o cabo de madeira vermelha e o pomo dourado.
“Ora ora… o que temos aqui…”
— Espera, o que!? Matar o seu marido!? Senhora, não acha meio radical de mais? — expressava medo ele dava um pé atrás enquanto via a rainha se levantar da cama enquanto segurava a adaga;
Ele logo se lembra do que aquele ser felídeo havia dito sobre matar alguém, e que seria inevitável, já que essa pessoa morreria de qualquer forma — seria algo impossível de não acontecer.
— Não acho garoto, preciso que faça isso por mim, mate ele e me faça acabar com essa angústia em meu coração, eu já não me aguento ficar sabendo disso — ela entregou a adaga na mão do garoto, o fazendo depois segurá-la com as duas mãos bem forte enquanto ela esboçava um olhar triste — por favor Nhomuhcsiah… não me decepcione.
— Eu nunca pensei em matar alguém, não é da minha natureza, ainda mais matar a mando de outra pessoa, é bem pior… — desesperado, ele só conseguia ver a adaga em suas mãos e nada a mais, mas após uma respiração funda ele lembra daquele ser — eu não sei se eu consigo minha alteza.
“Eu sei quem pode fazer isso, o rei vai morrer de qualquer forma né? Eu não preciso de nada, apenas esperar” pensou ele.
— Está tudo bem, tome o tempo que for possível, mas por favor; mate ele para tirar esse peso de mim — ela implorava por aquilo enquanto soltava a mão de Nhomuhcsiah.
Não tinha ninguém mais que seria fiel a ela, do que seu conselheiro, era a última chance, um último recurso — desespero total.
Por uma última vez o menino olhou para a adaga em suas mãos, em um suspiro ele apenas disse que pensaria sobre tal coisa antes de fazer qualquer outra. Pegando a bandeja e saindo do quarto com um olhar cabisbaixo, a rainha olhou para ele, tendo a mesma expressão, ela sabia que o menino não iria fazer isso, e pediria para alguém com mais atitude, alguém de confiança… talvez o irmão?
Nhomuhcsiah então devolveu a bandeja para a cozinha e se retirou indo para seu quarto, claramente pensando no que fazer em relação ao que a rainha pediu a ele, sobre matar o rei por adultério, o mesmo parecia abalado por ter de decidir isso.
Ele pensou friamente sobre essa questão durante o resto do dia, quase nem comendo a comida de forma habitual, até mesmo durante suas ações em ajudar pessoas e principalmente a rainha, ficando aéreo muitas vezes.
Muhimoketsu que acompanhou ele durante algumas coisas, se sentiu alegre por ele estar o mais normal possível, pensativo e de cabeça baixa.
A noite chegou e todos estavam dormindo, menos Nhomuhcsiah, devido aos seus pensamentos e imaginações sobre como ele faria isso, no caso matar o rei, chega em um momento em que ele teve uma ideia, uma lembrança do que o meio gato havia dito o fez levantar de sua cama, e silenciosamente saindo.
Após andar pelos corredores iluminados pela lua, mesmo longe ele chega finalmente em um lugar especial do castelo. O castelo possuía um total de quatorze jardins diferentes, e o de lagos era o mais calmo e mais estranho, pois as lagoas pareciam rasas… mas não eram.
Há um lago bem grande ao centro do jardim, e ao redor dele possui alguns bancos, Nhomuhcsiah se aproxima de um deles e se senta calmamente, esperando algo. A lua estava linda refletindo naquela água, o brilho era forte e claramente dava para ver uma caminho em meio a floresta.
— Veio conversar? Sabia que lembraria do que falei… — dizia aquele ser.
O mesmo estava pairando com a ponta dos pés sobre as águas do enorme lago, de braços cruzados atrás das costas e com o vento balançando suas vestes, os olhos azuis claramente ofuscaram o brilho da lua.
— Sim, vim conversar contigo… — disse o menino.
— Sobre a rainha ter te pedido para matar o rei, sim, o assunto é válido, muito interessante você vir aqui para tentar me convencer a não fazer isso — interrompeu Nhomuhcsiah.
— Você sabia que eu iria te pedir isso? Então lê mentes…
— Eu sei de muita coisa menino, e não, eu não iria voltar nesta ideia de matar ele, pouco importa se você quer ou não.
— Humph… de qualquer forma, quer matar? Quer perturbar? Vá em frente! Só não atrapalhe a minha vida e a vida da minha família! — apontava para o meio gato antes de dar as costas e seguir caminho de volta para o quarto.
— Não garanto nada — suspirou e logo sumiu.
“Eu sei o que devo fazer, quanto mais rápido melhor. Quantos capítulos já foram? Três? Não, dois, este é o terceiro, o rei morre aqui, nestas palavras finais”.
Cain, o meio gato, andava pelos corredores a passos lentos enquanto fazia suas unhas crescerem, elas estranhamente pareciam ser feitas de ferro, o brilho era bastante refletido nelas.
Ele logo chegou no quarto da rei, entrando nele sem abrir a porta, ele só atravessou como um espectro e logo se deparou com os lençois bagunçados e a cama balançando, eram os adúlteros tendo uma “diversão”.
Estendendo seu braço direito, na mão aparecia uma espécie de lança feita puramente de energia elétrica, por um instante ele apareceu, se materializando, e rapidamente jogando a lança, perfurando ambos os dois no coração, com uma alta precisão.
— Odeio adúlteros, prometem ficar juntos até o momento da morte, mas quando vê uma tábua da cerca quebrada, eles logo fogem para outro sítio — disse Cain vendo aqueles dois morrem eletrocutados, e ao mesmo tempo empalados.