O Conselheiro da Rainha - Ato 5
Um bom tempo se passa, Nhomuhcsiah havia se recuperado daquele pesadelo e o ser havia parado de persegui-lo. Tudo voltava a caminhar normalmente na vida dele.
Os dias de trabalho como conselheiro também o ajudaram bastante já que a rainha era bem cuidadosa e dava bons conselhos a ele; por que era criança.
Muhimoketsu ficou treinando esse tempo todo com o líder do exército do reino, sua melhora era constante.
— Muito bom menino, sua melhora realmente é boa e digna de um guerreiro da elite — esse era o líder do exército do reino.
Um homem alto e magro, uma roupa de placas douradas que começava no pescoço e terminava no início da costela. Ombreiras que tinham pontas que lembram penas, ele possui uma saia também feita de placas, mas a maioria era pano.
Havia braceletes de ouro com a linguagem local gravada nela, o mesmo também usava um cetro de ouro cujo a ponta era torta e lembrava a cabeça de um pássaro. Fora uma máscara que também usava e que tinha o formato da cabeça de pássaro.
— Bem, descanse bastante por agora, volte só daqui três noites, você merece.
— Hm? Tudo bem mestre! — suspirou — obrigado por tudo até agora, estou me retirando.
Respirando de maneira pesada, ele se curva perante o mestre e se retira da arena enquanto o líder também se despedia.
Na volta para o quarto, Muhimoketsu passa por muitos dos criados da rainha e do rei, o castelo estava meio movimentado naquele dia, isso abriu um sorriso no menino.
Chegando no quarto ele se joga na cama com um sorriso no rosto por tudo estar indo muito bem nesses dias, mas algo o deixa com uma pulga atrás da orelha; a portinhola. Aquela portinhola ainda estava ali, e o puxador a mostra.
— Aquilo ainda está ali, me pergunto o que de verdade tinha naquele livro pra deixar meu irmão daquele jeito, talvez o descanso vá demorar um pouco para começar.
Muhimoketsu salta da cama para o chão, e do chão ele usa seu poder de vento para abrir a portinhola, e voa para o quarto.
Lá em cima ele pega o livrinho sem temor e volta para baixo, deitando novamente na cama e agora olhando para o livro. Ele era mole, a capa era fina e preta, tinha o tamanho de uma mão bem aberta. As folhas eram finas nas laterais das folhas parecia ter a cor de ouro.
Muhimoketsu viu a semelhança do livro com um hinário evangélico.
Abrindo o livro ele pôde ver uma anotação na linguagem local, nela dizia:
“A profecia de uma vida fútil, o início de um fim iminente para dois irmãos, e a negação de Deus”.
— Estranho, não me parece algo que teria numa biblioteca, deve ser algo feito a mão, a letra é pouco cursiva e difícil de entender melhor; uma mistura de arial com letra de mão, ele escreveu certas partes numa digitadora mecânica e terminou à mão?
Disse o menino virando a página, vendo um símbolo agora. Era um desenho curvado para baixo, formando um meio círculo, na parte de baixo, voltando para cima uma ponta que terminava mais fina, formando um desenho oval, as cores até então do desenho era um azul claro.
Muhimoketsu então continuou a ler o livro e, em certas páginas ele parou para analisar melhor o que havia ali, algo bastante curioso.
— Por que esse desenho? E por que ele se parece tanto com meu irmão? O tamanho descrito, o cabelo, o poder… o único diferente aqui é a tal lâmina de eletricidade e os olhos.
Na mesma página dizia que esse ser pode ter muitas aparências, mas a desenhada é a principal para o momento, nele é dito ser um demônio que manipula o corpo da pessoa, e as forçam a fazer coisas que comumente não fariam, tal como assassinato e prostituição. Esse ser sempre vai ter essas características felinas, o rabo e as orelhas.
Ele se chama segundo o texto: Cain, mas não o mesmo do livro sagrado, a Bíblia.
— O que !? — gritou para si, assustado com lágrimas nos olhos — o meu irmão… está sendo pertubado por um demônio!? Eu tenho que avisar ele, espera melhor não, pode ser pior, eu tenho que ficar de olho; virar o guardião do meu irmão — disse convicto do que iria fazer, mantendo agora uma promessa permanente.
Ele deitou na cama por um tempo, olhando o teto, o livro foi colocado debaixo do travesseiro, onde raramente alguém mexe, já que o menino sempre arruma a cama antes de sair.
Muhimoketsu ficou olhando para o teto, refletindo por um tempo, antes de cair no sono.
Na manhã de um certo dia, Nhomuhcsiah acordou de seu sono, sendo arrumado pela sua irmã mais velha, ele então parte para a cozinha, pegando o café da rainha e levando-o.
Abrindo a porta, lá estava ela esperando apenas seu conselheiro aparecer, vendo que já estava servida à rainha então começa a comer e tomar o seu café.
O menino enquanto isso já corria pegando a escova e escovando o cabelo dela, depois fazendo um belo penteado ao qual sua irmã lhe ensinou na noite passada.
— Minha nossa menino, você está bem precavido neste dia, houve alguma coisa boa? — perguntou bem curiosa.
— Não muita, mas eu estou assim após algumas coisas que meu pai e meus irmãos andaram me falando, isso aumentou o que chamamos de astral — terminava o penteado — que acho minha senhora?
— Ho ho ho, achei uma maravilha; você anda fazendo um ótimo trabalho! — dando um retoque a mais no cabelo.
— Obrigado alteza! — alegre.
Logo ele segue para pegar a bandeja com os copos.
— Tão prestativo, só não sei se está pronto para o trabalho de hoje, mas não custa tentar… — suspirou.
— Hmm, e o que seria minha rainha? Estou pronto para tudo! — disse alegremente.
Deixava a bandeja em cima de uma cadeira que havia ali.
— Eu acabei descobrindo que meu marido está me traindo; levando outras mulheres para seu quarto e cama — um ar triste.
Ela mantinha a pose, logo colocava a mão dentro de suas roupas.
— Minha nossa, mas… isso é inaceitável, melhor tomar providências minha rainha — disse com o puro arrependimento expresso em seus olhos infantis.
— Eu já tomei minha providência, eu quero, por favor meu conselheiro, que mate o meu marido, o rei.
A velha mulher então puxou de dentro de suas roupas, uma adaga simples porém bem brilhosa e claramente afiada.
— Espera, o que, matar o seu marido, senhora, não acha meio radical de mais!? — expressando medo ele dava um pé atrás enquanto via a rainha se levantar da cama enquanto segurava a adaga.
— Não acho garoto, preciso que faça isso, mate ele e me faça acabar com essa angústia em meu coração — ela entregou a adaga na mão de Nhomuhcsiah, o fazendo depois segurá-la com as duas — por favor Nhomuhcsiah…
Um olhar triste.
— Eu nunca pensei em matar alguém, ainda mais a mando de outra pessoa — desesperado, ele só conseguia ver a adaga em suas mãos e nada a mais — eu não sei se eu consigo minha alteza.
— Está tudo bem, tome o tempo que for possível, mas por favor; mate ele. — Ela implorava por aquilo.
Não tinha ninguém mais que seria fiel a ela, do que seu conselheiro.
Por uma última vez o menino olhou para a adaga em suas mãos, em um suspiro ele apenas disse que pensaria sobre tal coisa.
Pegando a bandeja e saindo do quarto com um olhar cabisbaixo, a rainha olhou para ele, tendo a mesma expressão. Nhomuhcsiah então devolveu a bandeja para a cozinha e se retirou indo para seu quarto, claramente pensando no que fazer em relação ao que a alteza pediu para ele; sobre matar o rei por adultério.
Ele pensou friamente sobre essa questão durante o resto do dia, até mesmo durante suas ações em ajudar pessoas e principalmente a rainha.
Ficando aéreo muitas vezes, Muhimoketsu que acompanhou ele durante algumas coisas se sentiu alegre por ele estar o mais normal possível.
A noite chegou e todos estavam dormindo, menos Nhomuhcsiah, devido aos seus pensamentos e imaginações sobre como ele faria isso, no caso matar o rei, chega em um momento e finalmente ele dorme para o alívio.
Mas, aquele ser que antes o perturbava notou a situação, o semelhante de Nhomuhcsiah o encarava dormindo, com um olhar de desprezo.
Ele desviou o olhar e saiu do quarto atravessando a porta por ser um espectro.
Andando pelos salões e corredores de cerâmicas vermelhas e paredes de pedras tingida de mesma cor pela metade.
O mesmo seguia para o quarto do rei, onde só passou pela porta e viu ele, aos atos sexuais com uma mulher que não era a rainha, o ser olha isso com nojo, sua expressão de raiva crescia, seus olhos mudam para vermelho, não só suas íris, mas seus olhos por completo.
Estendendo seu braço direito, na mão aparecia uma espécie de lança feita puramente de energia elétrica, por um instante ele apareceu e rapidamente jogou a lança, perfurando ambos os dois no coração.
— Odeio adúlteros — disse o ser vendo aqueles dois morrendo eletrocutados, e ao mesmo tempo empalados.