O Despertar Cósmico - Capítulo 11
O primeiro a se aproximar tentou atingir a garota com uma barra de ferro, mas ela conseguiu se esquivar para o lado e contra-atacar com um soco no peito do inimigo.
O estrondo ecoou por toda parte e uma pressão esmagadora foi liberada do impacto do punho da Elena contra o peito do alvo.
A pessoa — homem ou mulher, fosse o que for — foi jogado para trás com uma força tão absurda que todos que estavam na sua frente foram arrastados e derrubados com ele.
Elena hesitou por um momento depois de golpear, olhando confusa para a própria mão.
Ela não estava conseguindo usar seus poderes direito, mas, por sorte, sua força não havia sido afetada completamente.
A garota ainda estava distraída com o fato de sua força ter retornado quando viu um homem fantasiado parando ao seu lado e golpeando com um facão na mão.
Elena conseguiu recuar para trás e escapar da lâmina, cambaleando com passos inseguros. Mas quando começou a se recompor, uma pancada na cabeça fez seu mundo virar uma confusão de dor e sangue.
Tropeçando em uma pedra no chão, Elena caiu, ralando os braços e pernas nos destroços espalhados no chão. Quando tentou se levantar, assustada, seus pés deslizaram nas pedras e ela quase caiu, mas conseguiu se recompor e se erguer cambaleando.
A primeira coisa que viu foi o homem que tinha lhe atingido, e a arma que ele tinha usado, uma barra de ferro. Elena sentiu o sangue escorrendo do ferimento na parte de trás da sua cabeça enquanto observava o homem parar ao lado do outro — que estava segurando um facão.
O homem do facão ria de forma insana, e o mais insano era sua voz ser de uma mulher quando falou:
— Pouco. Pouco. Falta pouco. Vou te dividir em duas, garota. Pouco, falta pouco.
Quando terminou de falar os dois abruptamente saíram correndo na direção dela ao mesmo tempo, mas dessa vez Elena estava preparada.
A barra de ferro desceu em sua direção e ela saltou para o lado, se esquivando do golpe e colocando o homem entre ela e o maluco do facão.
Elena firmou os pés no chão e fechou os dedos em um punho firme. Dobrou um pouco os joelhos e se preparou para golpear.
Nesse momento, um terceiro homem se aproximou sem que ela notasse e saltou com os dois pés nas suas costas. Elena foi jogada para frente com tanta força que trombou no homem com a barra de ferro antes de sair rolando para longe.
A dor queimava suas costas — assim como ferimento na sua cabeça latejava e ardia — mas mesmo assim ela se obrigou a ficar de pé no mesmo instante.
Olhou ao redor, vendo cada vez mais daqueles homens fantasiados se aproximando e cercando ela. A desvantagem dela era muito grande, então ela decidiu mudar de tática.
Usando toda a sua força ela saltou.
O chão embaixo dos pés dela afundou quase um metro para baixo, e uma corrente de ar varreu para longe os inimigos que estavam próximos naquele momento.
Uma pontada de dor quase insuportável percorreu o seu pé machucado, e se espalhou por sua perna, parecendo queimar seus músculos por dentro. Mas, cerrando os dentes para não gritar, ela se obrigou a resistir à dor.
A garota continuava ganhando cada vez mais altitude, e agora as centenas de pessoas fantasiadas lá no chão não passavam de pequenos pontinhos brancos.
Não representavam mais ameaças. Mas por outro lado, dessa altitude Elena pode ver toda destruição causada ali.
Dante continuava avançando com um mar de plantas perseguindo Alan, que estava revezando entre se esquivar dos ataques enquanto voava e às vezes disparar esferas de energia contra o seu inimigo.
As plantas haviam passado a destruir o quarteirão seguinte, e não havia nenhuma casa ou construção que resistisse às plantas e permanecesse de pé.
Alan podia estar conseguindo fugir dele por enquanto, mas isso também estava levando ele cada vez mais para longe — o que só resultava em mais destruição.
Elena tentou conter seu medo, mas suas mãos já começavam a tremer. Seu coração batia acelerado em seu peito. E ela tinha que se concentrar para tentar não deixar isso tomar o controle.
Quando Elena começou a perder altitude ela usou um bater de palmas para provocar um impacto que empurrasse ela alguns metros para o lado.
A garota então girou o corpo e mergulhou em direção ao chão, mantendo os olhos fechados para não ver a altura em que estava.
O vento batia com força no rosto dela, fazendo o seu cabelo se agitar como chicotes no ar. O frio na barriga e a sensação de tensão estava presente o tempo todo.
Os segundos pareciam se estender e a queda parecia interminável. O arrependimento foi inevitável, e ela se amaldiçoava por ter tido essa ideia estúpida.
Até que os instintos da garota a fizeram abrir os olhos.
Agora estava a menos de dez metros do chão e bem debaixo dela, Alan perseguia Dante voando em alta velocidade enquanto o homem surfava para longe em cima do caule de uma flor gigantesca.
A situação parecia ter sido revertida, mas Dante não demonstrava preocupação alguma com aquilo, estava desviando dos ataques e sorrindo o tempo todo.
Elena estava caindo bem na direção deles e, com sorte, conseguiria cair bem em cima de Dante. Mas então uma nova flor brotou no caule em que Dante surfava, e dessa flor foram cuspidas dezenas de espinhos.
A garota automaticamente esticou a mão para frente, usando toda sua força telecinética para empurrar os espinhos de volta, mas nada aconteceu.
O desespero apertou no peito da garota, e então ela percebeu que nunca havia sentido tanto medo na sua vida. Estava a vários metros de altura, sem poder voar e com espinhos gigantes prestes a matá-la.
“Eu vou morrer”, ela pensou, com os olhos arregalados de medo.
Instintivamente pensou na sua mãe, em seu pai, na Amanda e em Alan que estava lá embaixo. Pensou no Zen e nas coisas que queria ter dito ou perguntado a ele.
As lágrimas brotaram novamente em seus olhos e o desespero floresceu em seu coração quando percebeu que não poderia ver mais nenhum deles novamente.
Conseguiu ouvir o grito de Alan quando mudou a rota em que voava para tentar interceptar os espinhos, mas ele nunca chegaria a tempo.
E foi nesse momento que o som estridente de gelo se formando ecoou por toda parte.
Um vulto preto com asas azuis passou voando e agarrou Elena no mesmo instante em que os espinhos congelaram.
O frio que o homem emanava era quase insuportável, mas o que realmente surpreendeu Elena não foi a aura fria dele, era a aparência assustadora.
Ele vestia um longo manto negro com um capuz sobre a cabeça, usava também uma máscara de caveira feita inteiramente de metal, e em sua costas um par de asas de gelo se projetavam graciosamente.
O homem começou a planar lentamente em direção ao chão, e quando falou, sua voz soava robótica e distorcida:
— Noli commoveri. Quod angeli hic sunt. — Ele virou o rosto e olhou para a Elena, e então completou: — O Imperador veio lhe salvar, a vitória é garantida.
Assim que o homem terminou de falar, os pés da Elena tocaram o chão. A garota olhou surpresa para baixo, e só então percebeu que os dois haviam pousado.
— Quem é você? — Elena perguntou, voltando a olhar para o homem na sua frente.
— Nós somos a justiça e a maldade. O bem e o mal. Os heróis e os vilões. Somos tudo, e não somos nada. Simplesmente somos… A Justice Angels.
Antes que ela pudesse falar alguma coisa, um galho de uma árvore se ergueu do chão e cresceu na direção da Elena e do homem.
Mas neste momento a terra debaixo dos escombros explodiu para cima, como se o chão tivesse ganhado vida decidido se colocar na frente dos dois para protegê-los.
— Sem tempo para ervas daninhas, galera, os Dupla Face tão vindo, e são mais que uma dupla. — Um homem, vestindo o mesmo manto negro e máscara, passou voando perto deles em um amontoado de terra flutuante.
Assim que ele terminou de falar Elena começou a ouvir os disparos.
Ao se virar viu um homem vestindo o mesmo manto negro e a máscara que os outros, as únicas diferenças desse para os outros é que ele parecia ter o corpo todo enfaixado.
E ele avançava freneticamente contra as pessoas fantasiadas, ignorando a clara vantagem numérica deles. Ele saltou de um inimigo pro outro, disparando com uma arma e golpeando com um facão.
“Esses são os membros da Justice Angels, o segundo maior grupo de vilões do mundo?”, Elena pensou.
O homem que estava voando no monte de terra caiu tranquilamente ao lado de Elena e do outro homem de manto, deixando a nuvem de terra seguir seu caminho sozinha.
Assim que se levantou ele olhou na direção do Dante, que estava a vários metros de distância, porém se aproximando lentamente em cima das plantas que serpenteavam pelos escombros.
— Cê tá ligado que a parada vai ser mais complicado com esse daí, né? De qual vai ser, Mikey? O que vamo fazer?
O homem com asas de gelo, aparentemente chamado Mikey, não respondeu de imediato.
As asas de gelo em suas costas começaram a se desfazer rapidamente, sua aura de gelo parecia se espalhar cada vez mais ao seu redor.
Quando ele falou sua voz também soava fria, mesmo com a distorção que a máscara causava:
— Nada. Ele vai.
Algo atingiu o chão a apenas um metro à frente da Elena e dos outros. Uma nuvem de poeira se ergueu no ar, cobrindo completamente a visão de todos.
Algumas pedrinhas e pequenos escombros foram jogados neles, mas a garota pareceu ser a única que se incomodou com isso.
Elena conseguiu ver uma silhueta se erguer em meio a poeira. Ele também usava o manto negro característico dos membros da Justice Angels.
Quando a nuvem de poeira se dissipou completamente Elena viu o homem de manto negro parado a sua frente com uma postura imponente. Uma aura assustadora parecia rodeá-lo.
O homem se virou para trás, olhando na direção de Mikey e caminhando até ele enquanto dizia com a voz calma e serena,:
— Mikey, existem pessoas vivas debaixo dos escombros. Eu vou incapacitar os clones do Dupla Face. Você lida com o Floricultor e C4 vai ficar responsável por limpar a bagunça dessas crianças.
— Droga, se eu soubesse que hoje era dia de faxina teria vindo preparado — respondeu o homem ao lado de Mikey, chamado C4
— Tem algo errado. Você percebeu? — Mikey perguntou.
— Sim — O Imperador respondeu, fez uma pausa e, parecendo contrariado, ele admitiu: — Eu fui enganado. Esse não é o ataque principal, alguém sabia que eu viria salvá-la, provavelmente fizeram isso para que eu tivesse que escolher entre uma e outra. O Gama deve estar indo atrás da mãe dela enquanto isso acontece.
A mão da Elena agarrou o braço do Imperador no mesmo instante. O homem virou lentamente o rosto na direção da Elena e observou a garota.
Por trás da lente vermelha da máscara a garota viu um brilho amarelo no olho esquerdo do homem. O medo atingiu ela de forma repentina.
Mas mesmo assim ela engoliu seco e criou coragem para perguntar:
— O que cê quis dizer com isso?
Ele não respondeu de imediato, ficou encarando a Elena sem dizer nada, parecendo refletir sobre a pergunta. Mas por fim ele decidiu que a garota merecia uma resposta.
— Estou de olho em você e na sua mãe a muito tempo, Elena Rodrigues.
O peso que ouvir seu nome ser dito por aquele homem teve na Elena foi como se algo esmagasse suas entranhas. Sentiu um desconforto indescritível ao saber que alguém como ele tem espionado ela e sua mãe.
— Um grupo estava observando você e por isso fui notificado desse ataque e pude chegar a tempo — ele falou de uma forma monótona, como se pra ele aquilo não fosse nada. — Outra divisão estava encarregada de vigiar a sua mãe, mas perdi contato com eles. Acredito que ela tenha sido alvo do ataque principal.
— A minha… A minha mãe…? Ela… também foi atacada…? — questionou Elena, de forma lenta e confusa, o medo que sentia se tornando mais nítido a cada palavra.
— Sim — ele respondeu com indiferença.
O Imperador estava começando a caminhar na direção dos homens fantasiados — que eles chamam de clones do Dupla Face — quando ela segurou, com ainda mais força, o seu braço.
— Espera! Então nós temo que ajudá-la! Cêis podem voar, eu vi! Eu posso mostrar o lugar para onde eles foram! Se formos agora podemos ajudar ela!
O desespero na voz da Elena era nítido. Sua mão tremia sem parar, e ela segurava o braço do Imperador com força, em uma tentativa falha de disfarçar sua tremedeira.
O Imperador colocou a mão sobre a mão da Elena e, gentilmente, fez ela soltar seu braço.
— Confie nos meus homens. Nós vamos manter sua mãe segu…
Antes que terminasse de falar, um espinho de quase um metro disparou na sua direção. Ele virou o rosto para o espinho e, sem fazer qualquer menção de que iria tentar se esquivar, aguardou.
Quando o objeto estava a pouco menos de três metros dele, a sua superfície começou a se congelar em uma velocidade impressionante.
Estava a menos de um metro do Imperador quando a grossa camada de gelo que havia se formado em volta do espinho explodiu, destruindo ele completamente.
— Perdoe-me, Ó Pai, pois eu pequei — Dante falou, caminhando lentamente da direção deles, a voz soando casual, e isso causou arrepios na Elena.
O Floricultor parou a seis metros do Imperador e dos outros. Estava com o semblante sério, sem nenhum sinal do sorriso de divertimento que possuía antes.
— Disse-me que teu filho viria a nós, cego pelos seus ideais, e disse-me que, como irmão, deveria ajudá-lo, apoiá-lo e guiá-lo pelo caminho certo.
Ele fez uma pausa. Os olhos verdes encarando atentamente o seu inimigo. Raízes e plantas de todos os tipos serpenteavam aos seus pés em um fluxo lento.
— Não possuo sua sabedoria para saber o que é certo ou sua bondade para perdoar os pecadores. Então perdoe-me, não poderei cumprir com seu desejo. Perdoe-me Ó Pai, pois eu pecarei.
No mesmo instante em que terminou de falar, o fluxo de plantas em volta de Dante começou a se agitar novamente. Os caule e raízes começaram a se erguer debaixo dos escombros e avançaram contra seus inimigos.
Assim que Dante atacou, o Imperador e Mikey também agiram.
O Imperador passou a mão por baixo das costas e das pernas da Elena e ergueu a garota em seus braços, no mesmo instante em que se impulsionou para frente e saiu voando na direção dos Clones.
Elena pode sentir a Energia Cósmica do homem impulsionando eles para frente.
— Espere! Cê não falou que tinham mais gente soterrada aqui?! — Elena perguntou.
Olhou por sobre o ombro do Imperador e observou as casas destruídas, os carros espalhados pelas ruas que, por sua vez, também estavam cheias de buracos por onde saiam todo os tipos de plantas, desde cipós à raízes ou plantas que Elena nunca sequer havia imaginado.
O Imperador não respondeu de imediato, teve que desviar de uma planta carnívora de quase quatro metros.
— Mikey sabe o que está fazendo — ele responde depois de esquivar da planta.
Elena estava prestes a contestar, mas então viu Mikey correndo na direção de Dante, e percebeu que ele não pisava nos escombros das casas do chão nem se aproximava das poucas estruturas ainda de pé.
A cada passo que ele dava uma plataforma de gelo formava em baixo do seu pé, deixando ele cada vez mais longe do chão, e assim ele avançava desviando dos espinhos que Dante disparava na sua direção.
Mas, além disso, ele também congelava todo espinho que passava perto dele, só para logo em seguida o gelo se partir em vários pedaços, destruindo completamente os espinhos antes mesmo que eles atingissem qualquer coisa.
“Que controle absurdo”, Elena pensou.
Ela sabia que não seria capaz de afetar, com a sua telecinése, todos os espinhos de uma vez como Mikey estava fazendo.
“Ele tem um controle absurdo sobre o gelo que cria! E pode fazer isso em um raio de alcance ridículo. Até os espinhos que estão errando a mais de 3 metros estão sendo congelado”, ela pensou, tentando em vão não ficar impressionada com um vilão.
Mas então a atenção da Elena foi abruptamente interrompida quando o Imperador repentinamente parou de voar e, no mesmo instante, soltou a garota.
Elena foi pega totalmente de surpresa e quando ele a soltou, não conseguiu evitar de perder o equilíbrio e cair sentada no chão.
Mas não perdeu tempo e se levantou no mesmo instante. O medo não a permitia ficar tranquila, ela estava o tempo todo alerta, o tempo todo procurando um ataque que pudesse a matar.
Mas assim que se levantou, viu o Imperador avançar um passo para frente e uma esfera de energia cósmica roxa surgir na sua mão.
Quando disparou e a esfera atingiu o primeiro clone uma enorme explosão de energia se expandiu em um raio de quase seis metros de diâmetro, pulverizando todos os inimigos no caminho.
— Ineficaz — o Imperador murmurou, de forma quase inaudível em meio ao caos que o local estava naquele momento.
Os clones continuaram avançando sem hesitar, a pequena abertura criada quando o Imperador matou dezenas dos clones foi rapidamente preenchida por outros clones que surgiram no lugar.
Ele estava certo. Por mais que as explosões da sua esfera de energia fossem maiores que quaisquer outras que a garota tenha visto antes, ainda eram ineficazes.
Ele nunca conseguiria derrotar um número significativo deles antes que mais tomassem seus lugares.
Mas então o Imperador parou na frente da Elena, de costas para a garota, e retirou a máscara do seu rosto. Por um momento Elena cogitou se levantar para ver o rosto dele, mas a aura do homem era assustadora.
Ela sabia, mesmo sem ele falar nada, que se tentasse ver o seu rosto ele a mataria na mesma hora.
Os clones correndo foi o único som que Elena ouviu por um tempo. Sentia sua mente sonolenta e sua visão nublada. Sabia que os efeitos do pó que o Dante a fez respirar estava voltando à tona, por isso tentou se focar nas ameaças presentes.
Começou a observar o Imperador, quase hipnotizada, analisando sua postura imponente, com um ar de superioridade.
A presença que o Imperador possuía era inigualável. Elena estava tremendo de medo, e ele nem sequer estava olhando para ela. Mas nada disso se compara a quando ele falou:
— Se ajoelhem! — a voz dele soou fria, mas penetrante. Ecoou na mente da Elena diversas vezes, e a garota percebeu, em seu âmago, que queria obedecer àquela ordem.
Era irresistível.
Foi como se todo o mundo desaparecesse e apenas a voz dele existisse. Nada mais importava, apenas obedecer àquela ordem.
E lá no fundo, escondido, porém sempre presente e impossível de se ignorar, estava o medo. O terror absoluto.
Quando Elena se deu conta estava ajoelhada no chão, olhando para os próprios joelhos em cima do asfalto rachado.
Ficou repentinamente consciente do seu próprio corpo e de tudo que acontecia à sua volta, e foi então que ela percebeu: o efeito do pó utilizado por Dante desapareceu.
“Aquele poder… Aquela ordem do Imperador também desapareceu”, ela pensou, tentando se lembrar da sensação que havia desaparecido tão repentinamente que parecia ridículo pensar que tal sentimento existiu algum dia.
Mas uma coisa ficou para trás, como um lembrete do que havia acontecido: O medo que Elena sentiu. O terror absoluto, diante do qual ela não conseguiu raciocinar.
A garota começou a se levantar lentamente, ainda parecendo um pouco atordoada com o que havia acontecido. Mas quando se levantou outra coisa chamou a sua atenção.
Os clones do Dupla Face estavam todos ajoelhados no chão, com o mais próximo deles parado a dois metros do Imperador.
Observando aquela cena, Elena percebeu que aquilo era o real significado de imponência. O Imperador não estava lutando, ele estava dominando completamente seu inimigo.
Aquele era o poder absoluto. Ordens que não podem ser ignoradas.
O Imperador voltou a colocar a máscara em seu rosto e se virou para trás, na direção de Mikey.
Elena sentiu um calafrio percorrer a sua espinha quando viu que o olho esquerdo dele emanava um brilho amarelo mesmo por trás da lente da máscara.
Foi então que ela percebeu que naquele momento, ela tinha mais medo do Imperador do que do Dante.
Ela tinha mais medo da pessoa que estava salvando sua vida do que do homem que estava tentando matá-la.