O Despertar Cósmico - Capítulo 12
O campo de batalha estava completamente imóvel diante do Imperador. Seus inimigos o observavam de joelhos no chão, completamente impotentes.
Elena não moveu sequer um dedo, com medo do que aconteceria. Sabia que podia se mover. Sabia que não estava mais presa por aquela ordem dele. Mas não sabia se devia.
Mas então o homem abruptamente se moveu na direção da Elena e a empurrou para o lado.
A garota cambaleou e caiu no chão, e no mesmo instante um raio vermelho passou a centímetros de lhe acertar.
Antes que Elena pudesse assimilar o que estava acontecendo, outro raio foi disparado, dessa vez na direção do Imperador.
Ele girou sobre os calcanhares e o raio vermelho passou direto, atingindo o chão e abrindo um buraco com a força do impacto.
Assim que completou o giro, e o raio vermelho atingiu o chão, o Imperador apontou a mão para frente e, na palma de sua mão, uma esfera de energia roxa foi gerada.
Elena pensou que ele iria disparar a esfera novamente, mas então ela viu algo que nunca havia presenciado antes: A esfera de energia oscilou e se transformou em um raio que percorreu quilômetros de distância.
A garota viu o feixe de luz roxo brilhar em meio a multidão de clones e então ouviu um grito de dor logo em seguida.
— Usou um clone de escudo. Inteligente. Evitou boa parte do raio de energia… Mas não evitou ele completamente — o Imperador falou, o tom frio e monótono.
Assim que ele terminou de falar Elena viu um homem se erguendo em meio aos clones ajoelhados.
O homem vestia uma regata preta e possuía um corpo musculoso. Dos seus braços uma fraca luz vermelha era emitida, e em seu peito, um pouco acima do coração, estava o ferimento causado pelo raio de energia.
Um buraco enegrecido com todo o seu interior carbonizado. O sangue coagulado e formando uma crosta seca devido a alta temperatura da energia.
“Centímetros. Por centímetros o raio de energia não o atingiu no coração e o matou.” Elena percebeu, observando a distância entre os dois, que não podia ser menor do que oito metros.
Quando se levantou, o homem apontou as duas mãos para trás e disparou dois raios vermelhos. Os raios atingiram o chão e no mesmo instante o homem foi impulsionado para cima.
A velocidade com a qual o homem avançava na direção do Imperador era impressionante. Ele passava por cima dos clones voando e sempre ganhando mais altitude.
Porém no processo ele começou a perder velocidade, e logo em seguida começou descer em direção ao chão também.
Até que, abruptamente, o homem praticamente despencou, mirando diretamente na direção do seu inimigo enquanto concentrava um raio vermelho em suas mãos.
O Imperador só precisou se esquivar para o lado, com indiferença, como se estivesse apenas se desviando de um obstáculo na rua.
Quando o homem atingiu o chão, disparou seu raio vermelho e provocou uma explosão que criou uma cratera, arremessando destroços para todos os lados e levantando uma nuvem de poeira.
Em meio a nuvem de poeira Elena quase não conseguia enxergar nada além do Imperador se movendo e se esquivando dos raios vermelhos que eram disparados na direção dele.
Mas então o Imperador efetuou um giro sobre os calcanhares, se esquivando de um raio vermelho, e logo em seguida disparou um feixe de raio de energia.
A poeira se dissipou a tempo da Elena ver o raio atingir a barriga do homem.
O sangue começou a jorrar no mesmo instante. Um sangue diferente de tudo o que Elena já viu. Mais escuro. Mais denso. Um sangue que precedia a morte.
O homem cambaleou para o lado, mas se manteve firme de alguma forma, ergueu a mão para frente e disparou um raio vermelho.
Mas bastou o Imperador chegar um pouco para o lado, e foi o suficiente para que não fosse atingido.
Quando ele começou a caminhar na direção do homem, ele exalava confiança. Sabia exatamente o que iria fazer e como fazer. Não tinha o que temer.
Raios vermelhos eram disparados na sua direção, mas ele mal mudava a direção em que caminhava e estava fora do caminho deles.
Como se simplesmente andasse em ziguezague, algumas vezes chegando um pouco para a esquerda para desviar do raio e outras chegando para a direita.
Seus movimentos sempre fluidos e constantes, como se soubesse, antes mesmo do raio ser disparado, de que direção o ataque viria.
O outro homem parecia mais fraco a cada raio que disparava.
Ele tentava pressionar com a mão a sua ferida, em uma tentativa desesperada de conter o sangramento, mas era óbvio que não funcionava. Mesmo que o ferimento estivesse carbonizado no interior, o sangue era tanto que vazava por entre seus dedos.
A sua pele estava pálida, seus olhos brilhavam com o medo mais profundo. Ele sabia que estava prestes a morrer. A morte em pessoa caminhava na sua direção, com manto negro e olho amarelo.
Ao se aproximar o Imperador parou em frente ao homem e apontou a mão na direção do rosto dele, fazendo uma pistolinha com a mão, e na ponta de seu dedo indicador uma esfera de energia roxa se formou.
No mesmo instante a esfera se converteu em um raio de energia que atravessou a cabeça do homem.
Não havia sangue dessa vez, mas por um momento Elena jurou ter escutado o som do raio de energia atravessando o crânio do homem, e ela com certeza ouviu quando ele atingiu o chão com baque seco e não levantou mais.
Elena levou a mão na boca assim que sentiu seu estômago revirar, mas tudo que conseguiu foi colocar sua mão no caminho quando começou a vomitar.
A cena daquela pessoa morrendo se repetia diversas vezes em sua mente, e cada vez mais ela sentia seu coração acelerar e o pânico a dominar.
Foi quando ela viu, a vários metros de distância, uma explosão que chamou a sua atenção.
Quando ergueu o olhar viu várias silhuetas voando e atacando de diversas formas diferentes as dezenas das árvores enormes que cresciam sem parar e avançavam pelas ruas da cidade, destruindo tudo em seu caminho.
“Os heróis”, Elena pensou. “Mas…”
Tudo o que um dia foi familiar havia sido destruído.
Casas que Elena passou perto, ou que nunca sequer tinha visto, pois pegava um atalho para ir para a escola. Vizinhos amigáveis ou fofoqueiros. A padaria da região ou a sorveteria onde ela sempre passava com a Amanda na volta da escola.
Todo o seu bairro não passava de escombros de um grande massacre.
A garota não ousou olhar na direção das casas onde pessoas que ela conhecia morava. Sejam clientes regulares da floricultura, que sempre cumprimentava ela com um sorriso no rosto, ou amigos da família dela, todos naquele bairro tiveram o mesmo fim.
Elena presenciou o momento em que um dos heróis que ela viu voando foi atingido por um galho — ou alguma outra coisa que ela não pode reconhecer daquela distância — e foi jogado nas casas em volta, causando ainda mais destruição.
“Estamos perdidos”, ela pensou. “Se nenhum dos grandes vier nós vamos todos morrer.” Foi quando ela se tocou de algo, e isso a abalou ainda mais; “Ninguém aqui tem nada haver com isso, eles vieram me capturar. Tudo isso aconteceu por minha culpa.”
— Você está bem? — aquela voz fria e robótica perguntou.
Elena virou um pouco para o lado e viu o Imperador, imponente e superior, parecendo medir centenas de metros. Crescendo sobre ela com toda sua superioridade.
O ar abandonou os pulmões da Elena, ela abriu a boca, mas não disse nada. Ficou travada no lugar.
O medo a impedia de raciocinar, mas ainda havia, lá no fundo, aquela resistência em seu subconsciente, que parecia querer se impor contra a pressão intimidadora que aquele homem impunha.
Então ela teve uma espécie de epifania e compreendeu o motivo dessa resistência.
Aquela ordem que soou tão irresistível, só podia ser um poder mental — e muito provavelmente tem alguma coisa relacionada com o olho esquerdo dele, que brilhava na cor amarela mesmo através da lente da máscara.
E o motivo de seu subconsciente tentar resistir é óbvio, a telepatia.
— Meus poderes tão voltando — ela comemorou inconscientemente, aliviada por poder se livrar daquele sentimento horrível.
— Não era bem o que eu esperava ouvir, mas isso é uma coisa boa — o Imperador falou, assustando Elena, que não havia se tocado que tinha falado em voz alta. Mas o homem não ligou e continuou a falar: — Significa que o Dante já deve ter dado início ao seu plano B. A fuga.
A garota quase questionou o motivo dele pensar isso, mas ela sabia qual seria a resposta.
— Porque ele não conseguiu me capturar.
O Imperador não concordou, mas não precisava. Mais uma vez Elena percebeu que aquilo tudo era sua culpa.
— Seu amigo tá voltando — o Imperador avisou.
Elena olhou para ele e percebeu que ele parecia estar encarando para um lugar específico no céu, mas ela não conseguia ver nada.
Ficou confusa a princípio, mas então algo surgiu no seu campo de visão, mas estava tão distante que ela mal conseguia enxergar. Aos poucos ela percebeu que era alguém voando.
O alívio que Elena sentiu ao ver Alan se aproximar voando foi imenso, ele estava machucado, suas roupas rasgadas, porém estava vivo — e só agora ela se permitia aceitar que aquela era uma de suas preocupações.
Mas tudo foi sobreposto pelo alívio de quando percebeu que ao lado do garoto sua irmã mais velha, Ester, voava com ele.
Os dois posaram com cuidado no destroços, e Ester disparou correndo na direção da irmã no mesmo instante, praticamente se jogando em cima dela, e a abraçando.
— Graças aos Deuses cê está bem! Eu fiquei tão preocupada quando recebi o alerta!
— Ester… — Elena murmurou, ainda sem reação, mas abraçando a sua irmã de volta automaticamente.
— Quem está aqui além dele? — o Imperador perguntou.
Nesse momento Ester girou Elena no braços, posicionando a irmã atrás de si e assumindo uma posição ofensiva, apontando a mão direita na direção do homem na sua frente.
Não houve uma pergunta ou qualquer tipo de diálogo. Uma luz verde brilhou na mão da Ester e no mesmo instante um raio verde disparou para frente.
Mas o Imperador apenas se moveu um pouco para o lado e saiu do caminho do raio, assim como bastou apenas poucos movimentos para desviar do segundo e do terceiro raio disparado.
— Pare com isso — ele ordenou, antes que Ester tivesse a chance de atacar novamente.
E foi o que aconteceu. Não houve mais nenhum ataque.
Ester parou de se mover no mesmo instante, ainda apontando a mão que estava envolvida por um brilho verde na direção do homem, mas sem efetuar nenhum ataque.
— Não estou com tempo para lidar com suas implicâncias fúteis, Ester. Sei que é comovente, e você está muito feliz com esse nosso encontro, mas você pode me agradecer por salvar a sua irmã mais tarde. Por enquanto vamos focar em-…
Uma esfera de energia cósmica azul passou a centímetros do rosto do Imperador, não o atingindo apenas por ele ter desviado no último segundo.
Quando se virou para o lado viu Alan criando mais uma esfera de energia na mão direita.
— Foi mal cortar sua onda, mas se a Ester tem motivos para te atacar, para o teu azar eu também tenho — Alan falou, com um sorriso confiante no rosto.
— Isso é sério? Acha que tem, sequer, o direito de cogitar me atacar? — o Imperador questiono friamente.
Alan hesitou. Todos os seus sentidos o mandaram correr, como se ele fosse ser atacado a qualquer momento. Como se ele pudesse ser morto a qualquer momento.
Atrás da lente da máscara que o homem usava, especificamente no olho esquerdo, uma luz amarela fraca brilhava.
Alan se sentia atraído por aquele olho, não conseguia desviar a sua atenção dele, por mais que estivesse ficando cada vez mais assustado com aquele olho.
— Vamos logo, garoto. Tome alguma decisão. Vai me atacar ou fugir? — o Imperador perguntou. E foi como se ele estivesse perguntando se Alan preferia morrer ou sobreviver.
Dizer que Elena achava que o amigo não faria nada seria mentira. Mas ela queria que ele não fizesse nada. Sabia que o garoto não tinha a menor chance de vencer.
Mas ela conhecia o seu amigo muito bem, e quando ele desfez a esfera de energia em sua mão e saiu voando na direção do homem, Elena nem ficou surpresa.
Alan se aproximou em questão de segundos, não disparando esferas de energia para não causar uma explosão tão perto dele, ao invés disso ele caiu sobre o homem com os dois pés apontados na sua direção.
Mas o Imperador saltou para trás, deixando Alan atingir o chão, provocando um estrondo que ergueu uma nuvem de poeira.
De trás da nuvem de poeira, uma luz azul brilhou, e então Alan disparou voando na direção do Imperador novamente — os olhos brilhando com energia azul — enquanto projetava uma sequência de golpes na direção do inimigo.
Cada soco era mais forte que o anterior, cada chute mais preciso que antes. Mas todos os golpes eram esquivados ou rebatidos para o lado pelo Imperador.
Um dos socos passou a centímetros do rosto do seu inimigo, sem o atingir, e aproveitando essa pequena abertura o Imperador avançou.
Um único passo foi o suficiente para ele se colocar a centímetros de Alan.
O garoto tentou recuar para trás — assustado e surpreso com a aproximação repentina — mas o punho do Imperador atingiu a região das costelas dele antes que tivesse a chance.
A dor o atingiu como uma lança, mas quando ele abriu a boca para gritar o outro punho do homem praticamente explodiu em sua cara.
O gosto de sangue veio no mesmo instante, mas ele tentou se recompor, e teria conseguido se não fosse aquela ordem.
— Agora se ajoelhe. — A voz do Imperador penetrou a mente do Alan como um vírus se infiltrando em uma computador.
Antes mesmo de processar aquelas palavras o garoto já estava ajoelhado no chão.
Sangue escorria de sua boca e nariz, e ele tinha certeza que havia fraturado uma costela.
Quando começou a erguer o rosto a primeira coisa que viu foi o manto negro, que parecia se estender infinitamente até que Alan também poder ver o rosto mascarado que o observava de cima.
Aquele olho amarelo e hipnotizante o observando de perto. Uma aura assassina e intimidadora envolvia o homem.
O Imperador esticou a mão para frente, apontando sua palma bem na direção do rosto do garoto, e criou uma esfera de energia roxa.
Foi então que Alan teve certeza do que iria acontecer.
“Eu vou morrer”, ele pensou, sentindo a mão do desespero apertar seu peito.