O Despertar Cósmico - Capítulo 30
Alan recuou para trás e Zen soltou o punho dele. Escutou Amanda cochichar alguma coisa para a Elena, mas decidiu não prestar atenção.
Não era algo que ele gostaria de saber, e — com a ajuda do seu olho esquerdo — era fácil encontrar algo para ocupar a sua atenção.
O hospital possuía vinte e cinco andares, e espalhado por todos os andares, em seus corredores e até mesmo nos quartos e salas, haviam por volta de cinquenta e oito vilões.
Era um pouco difícil saber exatamente de quem era a presença que Zen conseguia sentir com o poder do olho, mas ele confiava que era um número bem aproximado.
No primeiro e no segundo andar as primeiras batalhas dos heróis começavam. Não estava muito favorável.
Zen não saberia dizer quem estava lutando, mas conseguiria reconhecer as presença que sentia com frequência, então podia dizer com certeza que nenhum dos Grandes estava lutando nas proximidades do hospital ainda.
Na verdade, um dos Grandes estava em cena, mas não em luta. A velocista de Classe Alta, Celeritas, estava usando sua velocidade para evacuar os últimos civis do hospital.
Mas ainda restavam quinze pessoas no prédio, sem contar Elena, Alan e Amanda.
Entretanto, o que realmente estava preocupando o garoto era a luta no terraço. As coisas não estavam favoráveis para Diebus.
O terraço estava coberto pelo o que ele imaginava ser colunas de gelo com de cinco metros de altura. A luta parecia pender para o lado do Diebus, mas não iria permanecer assim por muito tempo.
Demorou apenas alguns segundos para analisar tudo aquilo, e apenas mais um instante para decidir o que fazer a seguir.
Mas para sua percepção acelerada devido ao olho esquerdo, aquilo parecia ter durado muito mais tempo.
A mesma coisa aconteceu quando abaixou o rosto e olhou para a Elena e a garota olhava para ele de volta.
Zen sentiu um nó se formar na sua garganta quando viu a expressão no rosto dela. Ela parecia triste e com raiva. Frustrada e também um pouco confusa. Furiosa e chateada. Prestes a chorar ou a soca-lo.
Viu — em câmera lenta — ela fechando seus olhos ao piscar, e quando se abriram novamente, e ele poder ver o verde esmeralda dos seus olhos, o Imperador saiu caminhando na direção da Elena.
Manteve a cabeça erguida e sua melhor postura de arrogância. Sua melhor máscara.
— Temos que sair daqui. Vamos pela janela — ele falou enquanto passava pelos três. Seus olhos permaneceram fixos nos dela.
— Pela janela?! — Amanda perguntou, sem se mover.
— Pensei que o musculoso de antes tava subindo por ela — Alan falou, ainda soando calmo. Calmo demais para ser normal.
— E tá, mas agora não é mais um problema.
— E por que? O que tem de diferente agora? — Amanda insistiu.
— Agora eu não preciso ficar mentindo mais.
Os três amigos ficaram observando as costas do Zen enquanto o garoto se afastava em direção ao quarto sem se moverem nem um centímetro.
Amanda perguntou a Elena o que ela queria fazer, mas Alan não esperou por uma resposta, bastou olhar para trás e ver os vilões ajoelhados no chão.
Agora que conseguia analisar tudo calmamente — e era só assim que ele conseguia analisar as coisas — ele sabia que a melhor forma de sair daquela situação era seguindo o Imperador.
“Isso se ele também não estiver fingindo que gostava da Elena esse tempo todo”, Alan pensou.
— Bora com ele — ele decidiu, enquanto caminhava em direção ao quarto. — Pelo menos até algum lugar seguro.
— Espera, tem certeza? Ele não é diferente desses outros vilões que estão atrás de nós! — Amanda protestou.
— Ele é o Imperador — Elena respondeu, de forma monótona, mas como se isso fosse o suficiente.
— É isso. — Alan deu de ombros, que estavam tensos como aço, e soou calmamente.
Amanda sabia que tinha algo de errado com o amigo. A calma com a qual ele falava e agia não era real. Parecia um robô, programado para agir calmo e normal.
E do outro lado estava Elena, sensível como um caco de vidro, prestes a se partir em milhares de fragmentos brilhantes. O rosto tão inexpressivo quanto o do Z… Imperador.
Não tinha com quem falar, com quem discutir as melhores opções. Alan talvez estivesse em melhor estado para julgar a situação, já que estava sendo obrigado a pensar calmamente.
“Isso se as ordens do Imperador forem literais também”, Amanda pensou.
Mas Elena era um caso perdido. A garota parece estar em estado de transe, tentando assimilar o choque de agora a pouco. Mal parece saber o que está fazendo.
A única coisa que os dois têm em comum é que Amanda já não pode fazer eles voltarem atrás em suas decisões, por mais idiotas que parecessem.
Quando os três chegaram no quarto Zen estava parado em frente à janela, olhando para o outro lado de fora onde estava o homem com um dos braços pulverizado até acima do cotovelo, de pé na escada de incêndio.
No rosto do Muralha havia apenas uma expressão vazia. Zen parecia estar falando alguma coisa, mas parou quando eles se aproximaram.
— Vamos descer.
Ele olhou para trás por cima do ombro. Foi possível ver apenas um vislumbre do seu olho esquerdo, como se quisesse impactar ainda mais eles. Quando voltou a olhar para o Muralha ele ordenou:
— Destrua as escadas de incêndio.
O homem não hesitou nem por um segundo em usar seus músculos e seu poder de chamas para destruir as escadas de incêndio. As chamas explodiram de seu punho a cada soco que ele dava nas escadas.
Zen teve que se afastar para não ser queimado. Mas Amanda não conseguia tirar os olhos do homem, que obedecia cegamente as ordens dada a ele.
Ela se lembrou de como falaram dos poderes do Iluminus, mas por algum motivo não ficou com medo ou com raiva de ver aquele poder sendo usado.
Só conseguiu pensar; “É isso. Se esse poder existe, é assim que ele deve ser usado. Em vilões!”
Não demorou muito para os suportes da escada de incêndio cederem e tudo desabar.
O vilão não emitiu um grito sequer, mas quando o estrondo das escadas atingindo o chão ecoou pelo beco lá em baixo ouve gritos, não muitos, mas os que foram possível ouvir eram de dor e de morte.
— Diebus, como está aí? — Zen perguntou.
Amanda demorou alguns segundos para ver que ele estava pressionando um fone de ouvido sem fio que estava em sua orelha.
Depois de um tempo, e de uma resposta que só ele ouviu, ele voltou a falar.
— Ótimo. Vou fazer a Troca Equivalente. C4, está me ouvindo? — Houve mais uma pausa, bem pequena dessa vez. — Desça até o beco que está à sua esquerda.
O garoto nem se deu ao trabalho de falar alguma coisa ou de dizer para seguirem ele, apenas começou a flutuar e lentamente passou pela janela, e depois ele — literalmente — despencou.
Alan olhou para a Elena, mas a garota já estava caminhando em direção a janela. Esse foi o único momento em que sua expressão esboçou algo além de calma.
Ele ficou surpreso.
Surpreso ao ver a amiga franzir as sobrancelhas, parecendo irritada, e saltar pela janela. Eles estavam, no mínimo, no vigésimo segundo andar, e, o mais importante, Elena tinha medo de altura.
— Cacete! — Amanda tinha um sorriso no rosto, meio surpresa e meio chocada. — Ela tá puta! Nem quero ver o que vai fazer com ele quando essa confusão passar.
— Ela me parece mais atordoada do que irritada — Alan comentou, caminhando até a janela e acenando para Amanda segui-la.
— Eu sou a melhor amiga dela, confia em mim, eu sei dessas coisas. Ela tá puta da vida! — Amanda parou ao lado dele e olhou para baixo.
Agora que parte da escada de incêndio havia desabado era possível ver mais claramente o beco lá embaixo, onde havia um grupo de cinco pessoas em volta das ferragens que caíram.
Dentre eles estavam Zen e Elena, pois foi possível ouvir a voz da garota gritando alguma coisa.
— Quer ajuda? — Alan perguntou.
— Eu consigo sozinha — Amanda falou, respirando fundo e prendendo a respiração.
Relaxou o corpo e deixou que ele se tornasse fumaça. Ou como ela gostava de falar; estava deixando seu corpo evaporar.
Sua visão ficou escura e embaçada, mas ainda conseguia ver e discernir as coisas claramente, então ela fluiu em direção a janela.
A fumaça negra, que agora era o seu corpo, tocou nos cacos de vidros e nas armações da janela, mas mesmo sentindo perfeitamente a superfície por onde passava, não se feriu, pois não tocava nelas de verdade. Passava através.
Flutuou como fumaça em direção ao chão, passando por cada andar e vendo a destruição que os vilões deixaram neles. Nos últimos andares começou a ver sangue e a ter vislumbres de corpos.
Foi ao ver os corpos que ela perdeu a concentração e voltou ao seu estado normal. Por sorte estava a menos de um metro do chão quando caiu, e por isso não se machucou.
Quando conseguiu se levantar, limpando as pedras da roupa e esfregando as mãos — que doíam um pouco — ela olhou em volta e pode entender melhor o que estava acontecendo ali.
Zen estava parado em frente a um grupo de pessoas enquanto eles, cuidadosamente, retiravam os que estavam presos debaixo dos escombros e ferragens da escada de incêndio.
O Muralha estava entre as pessoas embaixo das ferragens, mas ninguém fazia o menor esforço para tirá-lo de lá.
Elena estava um pouco mais afastada do garoto, observando de forma irritada aquela cena, com os braços cruzados e as costas escoradas no muro da construção.
Amanda estava caminhando na direção da amiga quando um vulto passou voando por cima dos prédios.
A garota se sobressaltou, assustada, e olhou para cima, bem a tempo de ver o vulto passar voando novamente, dessa vez bem mais baixo.
Parecia uma massa disforme, grande e pesada, que, indo contra ao que sua aparência sugere, voava em alta velocidade entre o hospital e a construção.
Quando aquela massa voadora começou a se aproximar Amanda percebeu que ela era feita de terra. Um amontoado de terra, de onde ocasionalmente se desprendiam pedras e farelos de terra que caíam no beco.
E parado em cima do amontoado de terra havia não um, mas dois homens usando mantos negros e máscaras de caveira.
A Justice Angels.
O amontoado de terra passou voando por Amanda e continuou voando mesmo quando os homens saltaram de cima dele e aterrissaram no chão.
Um deles caiu de pé, mas despencou sobre os joelhos e bateu com o peito no chão. O outro efetuou um rolamento quando caiu ao lado do amigo e conseguiu amortecer a queda.
Quando o segundo homem estava se recompondo, o primeiro também se levantou, como se nada tivesse acontecido, mas havia sangue no seu manto — e no chão embaixo dele também.
— Ei, viu um moleque com a pele branca-morto e olhos assustadores? — Um deles perguntou, começando a caminhar na direção da Amanda, em um tom alegre e empolgado que não podia ser disfarçado nem mesmo pela voz robótica.
Amanda não conseguiu pensar em uma resposta, e provavelmente estava olhando com cara de boba para o homem, então simplesmente apontou para Zen por cima do ombro.
O homem parou ao lado da Amanda e deixou escapar uma risada, como se estivesse procurando algo que sempre esteve em sua mão e só percebesse agora.
O amigo dele simplesmente caminhou até Zen em silêncio.
Amanda notou que o segundo deles tinha o corpo todo enfaixado por baixo do manto negro.
Tinha a vaga lembrança de um dos membros possuir faixas pelo corpo, mas não conseguia pensar naquilo nesse momento.
— Valeu, eu sou meio lerdo assim mes..
Mas antes que o homem na frente da Amanda terminasse de falar o Alan despencou do céu e caiu no chão, dobrando os joelhos e amortecendo a queda.
O homem parou de falar e gritou. Ele gritou. Um grito escrachado e obviamente exagerado.
— Eita porra! Cê me mata de susto, caralho! — Ele levou a mão ao peito e respirou fundo, de forma dramática. — Nós que somos os Anjos e são ocêis que caem do céu. Que irônico, hein?
Alan apenas encarou o homem com seriedade, mas não disse nada.
O homem encarou o garoto de volta por um instante, mas por fim deu de ombros e saiu andando na direção do Zen — mas Amanda notou que ele olhou para a Elena antes de ir.
Alan olhou para a Amanda e depois para a Elena, verificando se alguma delas estava ferida. Quando constatou que todas estavam bem, ele também saiu andando na direção do Zen.
— Por que toda vez que algo sério acontece ela tá no meio? Tá ligado o B.O em que isso me coloca? — o Anjo da Justiça perguntou enquanto se aproximava do Zen.
Zen virou o rosto para o lado e olhou para ele de canto de olho. Ficou em silêncio até que os dois se aproximassem e parassem próximos a ele, e só então resolveu responder:
— Acha que eu queria isso?
— Não, claro que não. Porra, se tem uma pessoa que não quer ela envolvida nessas merda é ocê, mas, caralho, ela vai me jantar com arroz e feijão hoje. — O homem esfregou a cabeça e suspirou resignado.
— O que cêis vai fazer agora? — Alan perguntou quando se aproximou dos dois.
Ambos se viraram para Alan no mesmo instante. O garoto congelou no lugar ao ver aquele olho amarelo lhe encarando. Engoliu seco e se obrigou a continuar andando.
Nos últimos passos que deu para se aproximar dos dois, Alan sentiu um alívio indescritível tomar conta do seu peito. Como se um peso fosse retirado dos seus ombros.
Foi quando estava parando na frente dos dois que percebeu que a calmaria estranha e artificial que tomava conta dele antes havia desaparecido.
“Ele desfez a ordem que me deu”, Alan concluiu, olhando para Zen, que aparentava estar olhando para o garoto de volta mas na verdade observava Elena, que continuava parada no mesmo lugar conversando com Amanda.
— Eu perguntei o que vai fazer agora? — Alan repetiu impaciente.
— Calma lá, garoto! Nós somos vilões, não surdos. Não precisa ficar repetindo, a gente só gosta de fazer um draminha antes de responder — o homem de manto negro respondeu. Provavelmente estava sorrindo debaixo da máscara.
— Não gostei dele. Mas o dia foi entediante hoje, pode ser isso. Quero matar. Se puder ser ele me avisa, Z — o outro homem, com o corpo enfaixado por baixo do manto, falou.
Ninguém, além do Alan, sequer olhou para ele. Dava para ver que encarava Zen com atenção, como se esperasse por uma aprovação.
— Acabamos, Senhor — um dos homens anunciou, parando lado a lado dos outros e olhando para Zen, quebrando o silêncio tenso que se estendia.
— Agora quero que vão para a frente do hospital e ajudem os heróis a resgatar os civis que ainda estão no prédio. Amanhã, assim que o sol nascer, vocês vão até a polícia e irão se entregar — o Imperador ordenou, sem nem ao menos olhar para eles.
Os homens concordaram com a cabeça e saíram correndo pelo beco, todos ao mesmo tempo.
Zen encarou Alan com a cabeça erguida, como se dissesse; Viu? É isso que eu sou capaz de fazer. Se ponha no seu lugar.
— Tire sua máscara, C4. Ela pode acabar incomodando nossos convidados. — Zen saiu andando, passando por Alan a passos lentos.
O homem de manto preto que parecia o mais alegre e divertido obedeceu e retirou sua máscara.
Era um homem de olhar sério e intimidador, com uma barba bem aparada, mas ao mesmo tempo densa, da mesma cor escura que seu cabelo, que por sua vez estava uma bagunça total — talvez por causa da máscara.
Mas apesar da aparência intimidadora, ele sorriu e isso suavizou completamente suas expressões, o que o deixou mais bonito e até um pouco elegante.
— Ei! Eu falei com tu, não vai me responder?! — Alan tentou segurar o braço do Zen.
Mas quando o garoto olhou para ele de canto de olho, com o olho amarelo, ele hesitou, e isso foi o suficiente para Zen se afastar e ele perder a chance.
— Teremos um convidado especial hoje a noite. Diebus deve estar lhe servindo vinho e petiscos nesse exato momento, então cabe a nós preparar o banquete — Zen continuou falando com os homens que caminhavam ao seu lado.
Alan praguejou em silêncio e correu atrás dos três. Os alcançou bem quando se aproximavam da Elena e da Amanda.
As duas amigas estavam conversando sobre alguma coisa, mas pararam quando viram eles se aproximando.
Elena fuzilou Zen com seu melhor olhar de julgamento, mas se isso o abalou, ele não demonstrou.
— Preciso que faça uma coisa para mim.
Ele parou em frente da Elena, mantendo uma distância entre eles. Foi essa distância a primeira coisa que a garota notou.
— Quero que você me acerte no rosto com o soco mais forte que você conseguir.
Houve um momento de silêncio desconfortável, que foi quebrado pelo homem de manto negro que, enquanto jogava a máscara de metal no chão, explodiu em gargalhada.
Todos olharam para ele surpreso, mas ele não se importou com os olhares, continuou rindo. Riu tanto que chegou um momento em que teve que se apoiar no ombro do Zen para não cair no chão.
— Isso eu posso fazer, Zen — ele falou em meio a risos. — Na real, conheço umas vinte pessoas que fariam isso. E a Ester tá lá no topo.
Um sorriso vacilante se formou no rosto do garoto, mas por apenas um instante e logo aquela máscara de inexpressividade voltou a tomar conta de seu rosto.
— Mas nem você e nem ninguém que entraria nessa lista causaria tanto impacto quanto ela.
— Se a questão é o impacto cê já causou, isso não é algo normal de ouvir. Principalmente se levar em consideração que tu tá cercado por pessoas que adorariam fazer isso.
— Eu estou falando sério aqui, C4, deixe suas piadas para depois — ele falou, e então voltou-se para a Elena, aguardando uma resposta.
— Cê quer… que eu te bata? Por que? — ela perguntou confusa.
— Eu estive mentindo pra você esse tempo todo, Elena.
A garota franziu as sobrancelhas quando ouviu aquilo. Zen acertou dois tapinhas discretos no C4 e ele se afastou um pouco para o lado.
— Fiquei, durante esse um ano inteiro em que nos conhecemos, usando máscaras e falando mentiras, e você acreditou perfeitamente.
Amanda viu a amiga fechar os punhos com força e trincar os dentes. Olhou para Zen, que mantinha a inexpressividade no rosto, e não acreditou no que ele estava falando. No que estava fazendo.
— Me aproximei de você, única e exclusivamente, para ficar perto de sua mãe. Queria saber do que uma Telepata era capaz, então mantive você perto também. Mas no fim não adiantou de nada, não é?
Ao ouvir sua mãe sendo mencionado, Elena avançou um passo para frente, mas não disse nada. Apenas encarou Zen, deixando a ameaça bem clara.
Mesmo assim ele continuou falar serenamente:
— Sua mãe foi sequestrada ou talvez até mesmo morta, e tudo que me sobrou foi uma inútil que nem sabe usar seus poderes. Eu sinceramente não sei porque me dei ao trabalho de continuar fingindo, por tanto tempo, que gostava de você. Quer um motivo melhor que esse? Consegue ser tão inocente e ingênua assim? Isso já não basta?
O garoto mal proferiu as últimas palavras e o punho da garota já tinha disparado na direção do rosto dele.
Ela sentiu seus olhos arderem em lágrimas e nem ao menos mirou onde queria acertar. Só queria acertar algo, e com muita força.
Então foi o que ela fez.
Mas quando seu punho atingiu o alvo ela sentiu sua pele queimar e ferver de formas indescritíveis.