O Despertar Cósmico - Capítulo 40
A maioria das pessoas já estavam ajoelhadas quando um homem cortou caminhou empurrando e se esquivando de quem estava na sua frente e se aproximou do Imperador.
O homem tinha um cabelo loiro curtinho com um degradê bem feito dos lados. O bigode da mesma cor do cabelo foi bem aparado, e na sua sobrancelha havia um pequeno corte vertical que parecia ser meramente estético.
Lojack retirou o óculos com lentes coloridas que usava e se ajoelhou a um metro ao lado esquerdo do Imperador.
— Boa noite, Majestade. — Sua voz soava trêmula e nada natural.
Estava tentando, sem êxito, disfarçar o seu medo. Um estrondo ecoou vindo do ringue e em seguida Alex xingou de forma irritada.
Lojack desviou o olhar para o ringue por um instante, viu um dos homens que o vilão enfrentava cair inconsciente no chão, e em seguida voltou a abaixar a cabeça.
— A que devo a sua visita nesta noite, Senhor? — perguntou o homem, fazendo o possível para conter as gírias e o sotaque.
Zen não respondeu de imediato, continuou lendo seu livro despreocupadamente, até que bem lentamente abaixou o livro.
— Aquele cuja a própria mente é o pior inimigo não temerá mal algum, pois leva consigo o maior dos perigos.
A voz monótona do Imperador ecoou nas paredes do cômodo silencioso.
— Você, Bart, deveria se lembrar dessa citação. Acredito que ela se encaixa quase perfeitamente a você. Pois afinal, por que está com tanto medo?
Lojack ergueu o rosto, apenas por um instante, e viu o Imperador o observando de canto de olho com frieza. Abaixou a cabeça instantaneamente, sentindo um nó se formar na sua garganta.
Pigarreou, se sentindo extremamente desconfortável, e respondeu:
— Eu não estou com medo, Senhor. Eu só…
— Então é um tolo — Zen o interrompeu sem levantar o tom de voz. — Ou acha que eu sou um tolo. Qual dos dois, Bart?
O homem não respondeu, mas se estremeceu quando o Imperador disse:
— Se não teme mal algum, Bart, por que a sua mente o perturba tanto?
Ele fez uma pausa, como se aguardasse por uma resposta, mas quando Lojack fez menção de lhe dar uma, ele voltou a falar:
— Eu sei, sei exatamente o que lhe causa tanto medo. É porque eu sou absoluto, Bart. Eu sei de tudo, escuto e vejo tudo, e diante desse fato você percebeu que cometeu um erro irreversível; Você traiu o Imperador.
— Não. Não, Senhor. Eu…
— Então além de me achar um tolo, também me vê como um mentiroso, Bart? — o Imperador questionou em um tom frio e ameaçador.
— Não, Senhor, essa não foi a minha intenção…
— Não vim aqui para saber sobre suas intenções, Bart. Vim porque queria ouvir da sua boca o que você fez. E devo dizer que estou desapontado que a primeira coisa que saiu da sua boca não foi uma confissão. Realmente desapontado, Bart.
— Peço perdão, Majestade. Eu não queria! Juro que não queria! Eu não trairia o Senhor por nada, você sabe disso! — Lojack ergueu o rosto e fitou o Imperador, o desespero falando mais alto que o medo que sentia.
— Eu sei… — O olhar do Zen era frio, mas poderia ser considerado gentil e atencioso se comparado ao seu tom de voz. — E mesmo assim cá estamos nós.
— Senhor, eles me ameaçaram! Teriam me matado se eu não tivesse ajudado!
— E aí você sobreviveu por medo. Me traiu por medo.
— Eu sobrevivi para lhe contar o que planejam! Sobrevivi para te contar quem estão procurando! — Ele soava cada vez mais desesperado. Suor escorria do seu rosto.
— Traição é traição, Bart — Zen mais uma vez abaixou o livro e olhou para o homem ajoelhado e desesperado. — Me diz muito do que pensar das pessoas que frequentam o seu bar.
Zen não olhou para as outras pessoas ajoelhadas na sua frente, apenas para o Lojack, mas mesmo assim sentiu a onda de medo que emanou deles.
Era quase como um cheiro ou um gosto, algo que ele sentia apenas por causa do poder do seu olho. E era horrível. Os sentimentos se misturavam em um turbilhão de desespero, raiva e medo.
Se tornava impossível distinguir quem era o dono de cada sentimento, e poderia até mesmo se tornar difícil distinguir os seus próprios sentimentos, por isso Zen mantinha a frieza em relação a tudo.
— Além disso, Bart, você diz que sobreviveu para me passar informações… mas até agora eu só ouvi desculpas esfarrapadas de um homem desesperado para não morrer.
O homem engoliu seco e cerrou os punhos com força. Respirou fundo, para ganhar tempo e coragem, e então abriu a boca para dizer algo.
Os olhos do Imperador o encararam intensamente, um amarelo como o sol e o outro escuro como um buraco negro.
Lojack voltou a fechar a boca e repensou no que iria dizer.
Ele piscou algumas vezes e por um momento pareceu que ele começaria a chorar e a implorar, mas ele não fez, pelo menos não ainda.
— Morfeu esteve aqui, junto do Dupla Face e quatro outros homens que eu não conhecia…
Ele fez uma pausa, como se esperasse que o Imperador falasse algo ou reagisse aquilo, quando percebeu que ele não iria fazer e nem dizer nada, ele voltou a falar:
— Queria que eu encontrasse uma garota para eles. Me deu um punhado de cabelo dela e eu comecei a trabalhar, mas quando disse que a garota não podia ser encontrada, Morfeu não ficou nada satisfeito com o Dupla Face. Brigou com ele, dizendo que a garota provavelmente tinha morrido de hemorragia e a culpa era dele. Depo…
— Direto ao ponto, Bart — Zen interveio.
— Claro, Senhor. Me desculpe, Senhor. Depois eles me mandaram localizar um homem, um policial. Esse eu consegui localizar, está na Nova Zelândia. Mas o interessante mesmo é que tanto o homem quanto a garota tinham o mesmo poder, mas não sei dizer qual. Eles estão aprontando alguma coisa, Senhor. Alguma coisa grande. Acho que estão fazendo algo para tirar o Iluminus da prisão.
Quando acabou de falar a voz dele pareceu ecoar por um segundo a mais no cômodo silencioso.
O choque atingiu todos diante daquela possibilidade e até mesmo — e inclusive — o Imperador ficou sem reação por um segundo.
Um estrondo ecoou vindo do ringue e o chão estremeceu, despertando todos do transe que o choque os deixou.
Mikey olhou para o ringue e viu Alex xingando e golpeando um homem no chão, suas mãos envolvidas por uma grossa camada de terra.
O herói suspirou e resmungou enquanto saia caminhando em direção ao ringue para segurar Alex antes que ele matasse o homem.
— Onde exatamente esse homem está? Em que cidade da Nova Zelândia? E qual o seu nome? — quis saber o Imperador.
Lojack se permitiu respirar aliviado por um instante ao perceber que tinha conseguido a atenção do Imperador, mas isso não diminuiu a tensão na sua voz quando voltou a falar:
— Ele é um policial na cidade de Alcukland e se chama Demétrius Nortbreack. Acho que deve ter por volta de vinte e oito anos, trinta no máximo.
Zen assentiu lentamente com a cabeça e refletiu por um momento.
Estava investigando A Mão desde que eles começaram a agir novamente, o que foi por volta de dois ou três anos atrás, mas nunca havia chegado a uma conclusão do que eles estavam procurando.
Não até Maria Helena, a Rainha Pathykinese, ser sequestrada. Naquele momento Zen soube que estavam planejando soltar o Iluminus.
Desde então ficou empenhado em impedir isso. Concentrou todas as suas forças em descobrir e encontrar todos os Telepatas do mundo.
A Justice Angels ficou mais ativa do que nunca.
E agora aqui está ele, tentando não demonstrar a surpresa de perceber que Telepatas não são os únicos na lista da Mão.
— Mais alguma coisa da qual eu deva saber… Lojack?
O Imperador usou o codinome dele como se estivesse pronunciando um xingamento, e o tom frio e ameaçador dele fizeram com que Bart hesitasse em responder.
Ele olhou nos olhos do Imperador, e aquele olho amarelo o encarou de volta. O silêncio se estendeu pelo que pareciam ser horas, até que o homem finalmente respondeu:
— Não, Majestade. Mais nada. — A hesitação não era perceptível em sua voz, pelo menos não para as pessoas normais, mas para o Zen sim.
O Imperador deixou escapar um pesado suspirou e fechou os olhos por um segundo.
Lojack engoliu seco, se sentindo tenso.
Quando abriu os olhos novamente, Zen olhou diretamente para onde estava o barman que o atendeu assim que chegou.
— Roger, me traga uma bebida. Whisky, três pedras de gelo de coco, e traga a garrafa também.
Roger se levantou e correu para fazer o que lhe foi ordenado.
Pegou a garrafa de whisky no bar daquele cômodo mesmo, para não deixar o Imperador esperando. Por sorte achou dois copos limpos e depois de colocar as três pedras de gelo nele o levou para o Imperador.
Zen bebeu o conteúdo do copo todo de uma vez, e em seguida pediu para Roger enchê-lo novamente, só para logo em seguida esvaziá-lo mais uma vez.
Repetiu o mesmo processo mais três vezes, e por fim, após Roger encher seu corpo pela sexta vez, dispensou o barman enquanto brincava distraidamente com o copo em sua mão — girando as pedras de gelo lá dentro.
— A desvantagem e, ironicamente, também uma das vantagens de manipular a Energia Cósmica é que a energia também queima a maioria das impurezas no organismo. O álcool tem que ser consumido em grandes quantidades para fazer algum efeito…
Suspirou e balançou a cabeça, como se para espantar algum pensamento.
— Mas não vamos divagar demais, não quero entediá-los com algo que não os interessa.
O Imperador fez mais uma longa pausa e olhou para o ringue de luta.
Mikey e Alex discutiam fervorosamente.
Ou, mais especificamente, Alex xingava e esbravejava por sua briga ter sido interrompida enquanto Mikey tentava — com uma calma que demonstrava a regularidade com que aquilo acontecia — tranquilizar o amigo e o fazer desistir de correr até o homem e espancá-lo novamente.
Zen observou aquela cena por um tempo sem dizer nada.
— Acho estranho, Lojack, o fato de você julgar que não é importante me falar o fato deles terem capturado a Rainha Pathykines graças a sua ajuda — Zen falou de modo calma e repentino enquanto se levantava.
Voltou a falar assim que o olhar de espanto surgiu no rosto do Lojack:
— Mas ainda assim eu sinto muito, de verdade. Deixo que vocês vivam suas vidas com, modéstia parte, bastante incentivos para que não tenha que matá-los por causa dos seus crimes… e é assim que você me retribui.
— Senhor, por favo…
— Não se mova — o Imperador ordenou, enquanto se virava abruptamente para o homem e lhe dirigia um olhar assustadoramente frio.
O corpo do Lojack enrijeceu e o homem ficou completamente imóvel, como se estivesse prestes a se levantar, mas algo o tivesse impedido.
E esse algo era a ordem absoluta do Imperador.
— Senhor, tenha piedade! Por favor! Pense bem! Eu cumpri o meu papel! Os homens que trabalham pra mim são os melhores rastreadores do mundo! Por favor não me mate!
— A morte por si só não quer dizer nada, Bart. Apenas ao ser esquecido é que se está verdadeiramente morto. Por isso, não tema. Seu trabalho foi perfeito e viverá eternamente, seu nome viverá eternamente, e na morte encontrará redenção.
— Por favor! Por favor, não…! — As lágrimas escorreram dos olhos do homem. Seus lábios tremendo enquanto implorava por sua vida em meio a soluços que tornavam tudo inaudível.
— Shadow, Sowrd, please — a voz do Imperador carregava um estranho pesar.
Tudo aconteceu tão rápido que poucas pessoas viram o que aconteceu.
A sombra embaixo do Imperador oscilou e uma espada emergiu do chão, subindo de encontro com a sua mão — a lâmina prateada refletia o brilho das luzes do cômodo.
Zen efetuou um giro sobre os calcanhares, pegou e agitou a espada no ar.
A lâmina dançou com leveza e graça, como se cortasse até mesmo o ar que lhe causava resistência, e quando parou o Omea brilhante da lâmina tinha dado lugar ao vivido carmesim.
As pedras de gelo se deslocaram dentro do copo de whisky e o som quebrou o silêncio que se seguiu.
Gostas de sangue pingaram da lâmina e mancharam o chão do cômodo. Em algum lugar um suspiro foi abafado de forma tensa e temerosa.
Lojack gorgolejou com o sangue que fluía do corte horizontal em seu pescoço, de onde o sangue esguichava sem parar , os olhos se reviraram em agonia.
Mas nem mesmo durante seus poucos segundos de vida ele se moveu. Porque a ordem do Imperador era absoluta, e não podia ser contrariada.
Quando parou de engasgar com o próprio sangue e seus olhos perderam a vida, ele tombou para o lado e atingiu o chão com um baque seco, que soou de forma ensurdecedora no cômodo silencioso.
— Roger, a partir de agora você assumirá o cargo que Bartholomeu ocupava.
Todos olharam surpresos para o Imperador, que nem sequer olhava para o corpo. Para ele aquela morte parecia irrelevante, e por isso foi direto ao assunto.
— Deverá liderar a equipe de rastreadores e cuidar das finanças do bar. Quero que mude o nome do bar para Lojack Pub e enviei para o Remote uma lista com o estoque do bar, os funcionários, a margem de vendas e os nomes de todos os clientes. Fique à vontade para fazer quaisquer mudanças que achar necessário.
O barman estava observando em estado de choque o corpo ensanguentado do seu antigo chefe estirado no chão, até que foi disperso dos seus pensamentos pela voz calma e serena do Imperador.
Ouviu pacientemente o que o garoto dizia e não pensou, em nenhum momento, em interromper ou se queixar de algo, e quando o Zen terminou de falar, Roger fez uma reverência desajeitada e se ajoelhou.
— É uma honra, Majestade. Eu não vou desapontar o Senhor.
— Mais uma coisa, Roger. A Telepata que eu mencionei antes, Maria Helena, precisa ser encontrada o quanto antes e, para isso, vou precisar que você prepare a melhor equipe de rastreadores e os coloque responsáveis por isso.
— Será feito, Senhor. Tem a minha palavra.
— Entrarei em contato.
O Imperador se virou e começou a guardar a espada de volta na sua sombra, como se enfiasse a espada no chão.
— Para o restante de vocês nada mudou, mas que entendam uma coisa que Lojack não entendeu; O que temos aqui não é uma fraternidade ou um grupo de amigos.
Deixou suas palavras ecoaram pelo calabouço. Deixou que elas ganhassem o peso e a seriedade certa. E só depois acrescentou:
— A única coisa que temos em comum é que nós somos a escória da sociedade. Vocês são vilões da pior espécie, que cometeram os mais diversos crimes, e eu sou a porra do Imperador. Se estão vivos agora por um mero capricho meu.
Quando a espada submergiu completamente nas sombras, Zen ergueu o rosto e passou o olhar por todos de joelhos na sua frente.
— Não se esqueçam disso. Eu enfrentei cada um de vocês aqui nessa sala e derrotei, mas ao invés de matá-los, como talvez devesse ter feito, eu dei-lhes uma segunda chance. Dei a vocês o ponta pé inicial para que pudessem viver suas vidas sem ter que roubar ou matar.
Quando saiu andando e passou pelas pessoas ajoelhadas, nenhum olhar o seguiu, todos estavam fixos no chão e não ousavam olhar para ele.
— São livres para irem embora, se quiserem. Mas quando saírem por aquela porta, quando estiverem lá fora, lembrem-se de que os Anjos da Justiça caçam aqueles que cometem crimes, sejam eles heróis ou vilões. Todos merecem uma segunda chance, mas nem todos sobrevivem para receber uma terceira.
∆
Mikey encontrou o Zen no terraço de um prédio na Zona Norte da cidade. Estava começando a amanhecer, mas o garoto ainda usava o mesmo manto negro que usou quando eles foram encontrar o Lojack.
As asas de gelo se retraíram em suas costas e ele despencou, aterrissando com força no terraço do prédio. O som de sua aterrissagem nem um pouco sútil fez com que o Zen se virasse para trás abruptamente.
O olho esquerdo dele brilhava na cor amarela, mas mesmo assim ele tinha uma expressão surpresa no rosto e suspirou aliviado ao ver que a origem do som era o Mikey.
— Parece que eu te assustei, Zen — Mikey provocou enquanto caminhava na direção dele.
Zen revirou os olhos e ele deixou escapar uma risada.
— Qual é, cê podia ter gritado um pouquinho ou sei lá.
Parou ao lado do amigo esperando que fizesse alguma piadinha sem graça ou, pelo menos, xingasse ele e o mandasse embora.
Mas Zen ficou em silêncio, com o semblante sério e indecifrável enquanto observava o apartamento de dez andares na sua frente.
— É a primeira vez que eu consigo te surpreender quando você tá com o Emperor’s Eye ativado…
Mikey fez uma pausa e escorou as costas na grade de proteção do prédio, dando as costas para o prédio que o Zen observava, e olhando para o amigo com seriedade.
— Vai ficar aqui pensando ou vai falar com ela?
Zen não respondeu de imediato, antes apoiou as mãos na grade de proteção e se reclinou para frente, deixando escapar um logo e desanimado suspiro.
— Eu não sei o que fazer, Diebus.
A voz do Zen soou trêmula e frágil, de uma forma que Mikey nunca tinha visto antes, e justamente por isso o herói não soube o que dizer.
Zen respirou fundo, parecendo refletir sobre algo, e então acrescentou:
— Um homem chamado Samuel Butler uma vez disse: é melhor ter amado e perdido do que nunca ter amado nada.
Ele se virou e fitou Mikey, mas em seu rosto não havia nenhum sinal da frieza habitual. Seus olhos brilhavam com uma melancolia que Mikey nunca tinha visto demonstrar antes.
— Mas eu acredito que ele era um tolo que nunca teve o amor em suas mãos e o viu ir embora. Pois a felicidade de tê-la não se compara, nem um pouco, com a dor de perdê-la.
Mikey grunhiu prolongadamente, deixando claro sua impaciência e frustração, e revirou os olhos. Impulsionou o corpo para frente e se virou, apoiando com o antebraço na grade de proteção e olhando para o Zen de volta.
— Cara, cê tá agindo do mesmo jeito que fica quando fala do seu pai.
A surpresa ficou visível no rosto do Zen, mas Mikey não parou por aí.
— Cê tem que falar com ela logo. Resolver isso de uma vez por todas. Ela tá puta contigo agora, isso é óbvio. Mas se você não falar com ela, isso não vai mudar nunca. Conta a verdade para ela, sei que a Elena vai entender. A única questão é se você quer ou não fazer isso.
Ele suspirou e olhou para o apartamento na sua frente. O mesmo apartamento que ele vem visitando desde o incidente no hospital sempre que tem um tempo livre mas nunca entra. O apartamento da Elena.
— Cê tem que parar de achar que todo mundo pode ser feliz menos você…