O Despertar Cósmico - Capítulo 41
O tempo estava fechado, e nuvens escuras se acumulavam no céu. As viaturas estacionaram um quarteirão antes do local da ocorrência, e os policiais corriam freneticamente pelas ruas da cidade.
Demétrius sentia o coração bater acelerado e, acima de tudo, a respiração se tornando mais pedaço a cada metro percorrido. Estava tenso e suando, e esperava não ter que usar a arma que levava em seu coldre na cintura.
Virou em uma esquina e seguiu pela avenida, desviando dos civis que corriam na direção oposta.
Pelo canto do olho ele conseguia observar a Vanguarda — unidade especializada em controlar as cenas de crime antes da chegada dos heróis — avançando ao seu lado.
Em suas mãos eles levavam fuzis de Nullifier Pulse.
Confiava mais na sua antiga Taurus GX4. Era adepto à ideia de que se a situação necessitava de sacar uma arma, então chegou ao ponto em que apenas matar resolveria.
A ocorrência que recebeu nesta manhã foi de um incidente escolar, onde um dos alunos teria ficado descontrolado. Um código 20506.
Demétrius nunca recebera um código 20506 antes, por isso estava tão tenso.
Cada passo que avançava parecia mais pesado e difícil que o anterior.
Uma onda de alívio percorreu seu corpo — como se cada célula do seu corpo relaxasse um pouco — quando ativou seus poderes e expulsou a fadiga e o cansaço, e, assim sendo, aumentou um pouco o ritmo em que corria.
Demétrius virou a última esquina e trombou com um homem que corria com uma garotinha nos seus braços.
O homem se apoiou no portão da casa da esquina para não cair e praguejou, amaldiçoou Demétrius, olhou para trás preocupado e só depois saiu correndo novamente, virando a esquina e correndo para longe.
Demétrius se recompôs e se preparou para avançar pela rua. Parou ao observar o cenário à sua frente.
Os carros capotados e amassados se espalharam pela rua, que por sua vez possuía rachaduras enormes e profundas.
Entretanto, a maioria das pessoas estava tão desesperada, que não se decidiam entre entrar em suas casas para se esconder do desespero e terror que tomava conta de sua vizinhança ou se corriam para longe dela.
Mas pareciam igualmente decididas a se ocupar dessas tarefas enquanto berravam e gritavam em desespero.
O ônibus escolar cheio de crianças chamou a atenção de Demétrius antes de qualquer coisa.
Os alunos se amontoavam uns em cima do outro na ponta da frente do veículo, o medo e o terror estampados em seus rostos enquanto observavam o garoto do lado de fora do ônibus pela porta dos fundos.
Demétrius desviou o olhar na direção do garoto bem quando um carro foi arremessado para cima e atingiu os trilhos de trem que passavam por cima deles.
Era um garoto negro, vestindo uma camiseta azul-escuro com um colete laranja por cima. Demétrius não conseguia ver a mochila dele em lugar algum, contudo, ele sabia ser um dos estudantes do ônibus.
Com um movimento rápido com a mão, Demétrius ordenou que a Vanguarda flanqueasse o garoto, pegando cobertura nos carros espalhados pela rua, enquanto ele próprio caminhava diretamente na direção dele pela rua.
Deixou escapar um suspiro desanimado enquanto se aproximava e retirou seu capacete, passando a mão pelo cabelo castanho para massagear o couro cabeludo dolorido.
O garoto se virou para Demétrius e esticou a mão para frente. O manto Invisível de telecinesia recaiu sobre o policial. Um poder puro e invisível.
Mas uma luz azul foi emitida em localizações estratégicas no traje do policial, de modo que, instantaneamente, ele sentiu o manto Invisível sobre ele relaxar.
Ergueu as mãos em sinal de rendição no mesmo instante.
— Está tudo bem, garoto! Eu não vim machuca-lo! — Demétrius gritou e jogou o capacete para o lado.
Seus olhos se desviaram para um casal que tentava passar escondido por trás de uma vã, mas logo voltaram a se fixar no garoto.
— Eu só quero conversar. Me conte o que está acontecendo.
— SAÍ! SAÍ DAQUI! — ele gritou, jogando toda sua Telecinese contra o policial.
Demétrius trincou os dentes quando o seu traje esquentou e as luzes azul brilharam mais intensamente.
O peso sobre seu corpo duplicou, talvez triplicou, e ele sentiu seus joelhos protestarem em resposta.
Se permitiu um segundo para olhar em volta, percebendo que toda a telecinése se concentrava no seu corpo, e só não suspirou aliviado ao perceber aquilo, pois fechava a mandíbula com força o suficiente para seus dentes doerem.
“Um pouco mais de força e eu vou ser jogado para longe como uma bola de baseball”, Demétrius pensou, enquanto puxava a arma do coldre, mas ao invés de empunha-la, ele jogou a arma para o lado.
— Olha aqui! Eu estou desarmado! Só quero conversar, me escute! Vamos nos acalmar e conversar antes dos heróis chegarem!
A mera menção da palavra herói fez o manto Invisível sobre Demétrius afrouxar um pouco. O policial aproveitou para tentar avançar um passo para frente.
No entanto, ele não conseguiu.
A telecinese daquele aluno não era tão forte assim, mas estava no limite entre fraca demais para atravessar as barreiras do ADPGT da armadura, e forte o suficiente para impedir que ele se movesse.
Mas Demétrius quase suspirou aliviado ao reparar nas mãos hesitantes do garoto se abaixando lentamente.
— Não! Sem heróis…! — O garoto olhava ao redor, tenso. Como se meramente mencionar heróis fizesse com que algum brotasse de algum lugar.
Alguém gritou no ônibus e o garoto voltou a sua atenção para o veículo, praguejando e ameaçando os alunos lá dentro.
A lataria do ônibus amarelo se amassou um pouco quando ele fechou a mão.
O alarme de algum carro disparou, preenchendo a rua com seu som.
O aluno voltou a sua atenção para Demétrius, mas por pouco tempo antes de desviar novamente, dessa vez para os soldados da Vanguarda, que o flanqueavam escondidos pelos carros e deveriam passar despercebido.
O semblante do garoto ficou tenso, assustado
— Eu falei para não se aproxi…
O garoto se encolheu quando chamas azuis atingiram uma barreira invisível que estava a sua volta.
As labaredas beijaram cada centímetro do escudo invisível, tornando visível por um instante a ondulação do domo telecinético que o protegia.
Quando as chamas se extinguiram, novas chamas surgiram, ainda que, essas ardessem nos olhos do aluno.
A onda de telecinése se espalhou pela rua da mesma forma que a raiva se espalhou pelo peito do garoto quando ele se virou e viu um aluno de cabelos pretos vestido com um casaco laranja na entrada do ônibus.
Ele estava parado no ônibus com o corpo inclinado para fora da porta traseira do veículo, e chamas azuis dançavam em sua mão esquerda, prontas para um próximo ataque.
Não ouve uma troca de palavras, xingamentos ou ameaças. Nada além de olhares.
Os dois se encararam por meio segundo. A tensão pairou no ar por mais um segundo, a Vanguarda avançando de forma cautelosa e organizada.
Então toda aquela tensão explodiu.
O garoto gritou em uma explosão de raiva. Rugiu como um leão.
Uma pressão esmagadora empurrou tudo a sua volta contra o chão, inclusive o aluno que estava no ônibus, que foi abruptamente puxado para fora do veículo e arremessado contra o chão.
Rachaduras finas se espalharam pelo asfalto em baixo do aluno, pouco antes de as mesmas serem pintadas pelo sangue escarlate do garoto.
Demétrius avançou um passo para frente, hesitante e atento ao seu redor. Conseguia sentir o suor frio em seu corpo por baixo do seu traje. Engoliu seco e se preparou para dar outro passo.
Mas o garoto olhou na sua direção.
— EU MANDEI VOCÊS FICAREM LONGE!
A explosão telecinética que ele liberou em seguida foi como um tornado que surgiu do nada para destruir tudo. Um ranger metálico ecoou pela rua momentos e, da mesma forma, os carros serem arremessados para o ar.
Os fios dos postes em volta romperam, estalando no ar conforme eram jogados para cima.
As pessoas corriam e gritavam, se debatiam e esperneavam, tentando com todas as suas forças ir contra a força invisível e esmagadora que recaía sobre eles.
Mas se chocavam contra os carros e objetos conforme tudo era jogado para o céu em um turbilhão de raiva e destruição.
O ônibus atrás do garoto pareceu receber toda a atenção dele, pois foi o primeiro a disparar para cima, com os gritos de desespero ecoando dentre dele.
O caos tomou conta da rua.
Um turbilhão de carros e pessoas subiu girando em direção ao céu, se chocando uns contra os outros, destruindo e matando tudo e todos que tivessem o azar de estarem no caminho.
O ônibus atingiu os trilhos do trem a cima e três garotos saíram voando da porta de trás. Apenas um deles conseguiu se segurar na lataria.
Demétrius observou o momento exato em que um carro que voava de forma desgovernada atingiu uma garotinha e os dois foram ao encontro do chão.
Quando o estrondo da queda chegou aos seus ouvidos, o policial não conseguiu evitar se fechar os olhos e trincar os olhos.
Ele fechou as mãos com força e se obrigou a abrir os olhos novamente, e então observou o caos na sua frente.
Eles estavam perdidos. Não havia o que ser feito mais.
Viu a Vanguarda sendo pega no meio do caos, carros atingindo os soldados e os amassando contra o chão. E percebeu ara eles o dispositivo ADPGT se tornou apenas um empecilho.
Algo que os matinha no chão enquanto os destroços voavam a sua volta — tudo que podiam fazer, era rezar para não serem atingidos.
Então um som distinto ecoou no céu. Algo semelhar a uma explosão, e Demétrius instintivamente olhou para cima.
Não viu nada além dos carros e pessoas rodopiando descontroladamente pelo céu. Estava prestes a desviar o olhar quando outra vez o som ecoou acima dele.
As nuvens no céu se abriram, formando um buraco por onde uma silhueta saiu voando em alta velocidade. A capa verde esvoaçando contra o vento conforme ele cruzava o céu como um jato.
“Heróis”, Demétrius percebeu aquilo com um misto de alívio e frustração, apesar de que nunca admitiria isso pra ninguém.
Os gritos e sons de carros se colidindo tomavam conta da rua a ponto de Demétrius não conseguir mais distinguir um de outro.
Entretanto, teve um som que ele conseguiu ouvir perfeitamente. Um som estranho, como um ranger que estranhamente parecia se aproximar dele.
Olhou para trás assustado, e congelou ao ver o objeto que se aproximava; um carro vermelho e amassado, provavelmente devido a colisões com outros veículos.
Sentiu suas pernas formigando conforme seu poder se espalhava pelo corpo para lhe conceder agilidade e força, mas fez tudo isso pensando na impotência de tal ato.
No quão sem sentido era fazer aquilo. Não havia tempo para desviar, usando seus poderes ou não.
A lataria de metal bateu de leve no asfalto produzindo faíscas e um ruído estridente que fez Demétrius se encolher um pouco, e isso ruiu com toda a sua concentração em usar seu poder.
Então a silhueta surgiu na sua frente.
Não registrou quando ele desceu voando e pousou, apenas sentiu o impacto que fez o chão estremecer em baixo dos seus pés e viu de relance a capa branca a poucos metros.
Perdeu o equilíbrio por um momento, e foi o suficiente para não registrar o momento em que o carro colidiu com o homem na sua frente e se dobrou em volta do seu corpo.
Novamente só registrou o som, mas dessa vez era de aço se retorcendo e quebrando. Escutou as partes que atingiam o chão a sua volta, e por sorte não foi atingido.
Quando se recompôs e prestou atenção no que havia acontecido, viu o homem na sua frente empurrando as ferragens do carro para se livrar das partes que se prendiam em sua roupa — ou na enorme capa branca.
Vestia um uniforme verde-escuro com detalhes branco no abdômen e nos antebraços, além de pequenos adornos dourados ao longo do peitoral que combinavam com seu cinto dourado — que parecia ser pura estética.
Megaman se virou para trás e olhou para Demétrius.
Marcos Santana, o Megaman, era um homem negro de vinte e quatro anos com um rosto sério e intimidador, mas que rapidamente se suavizou e ofereceu um sorriso contido ao velho amigo.
Demétrius mal teve tempo de retribuir o sorriso antes de Marcos pedir que ele se afastasse e deixasse o resto com ele, e, logo depois, o herói disparou voando rumo ao céu.
Demétrius ficou imóvel por um momento. Repentinamente ciente dos xingamentos do garoto e dos gritos dos outros estudantes.
Assim como também ouvia os estrondos sônicos quando Megaman passava voando ou parava repentinamente para pegar um carro ou uma pessoa no ar.
Até que chegou a vez do ônibus, e a telecinése se concentrou totalmente naquele veículo.
Uma batalha de força começou a ser travada entre o Megaman tentava voar com o ônibus, e a telecinése do garoto tentava puxar-lo para baixo.
O herói parecia estar avançando gradualmente para cima, quando o chassi do ônibus estremeceu nas suas mãos e ele teve que reduzir a força, mantendo tudo em equilíbrio como um verdadeiro cabo-de-guerra.
Foi nesse momento que Demétrius desativou o ADPGT do seu traje e mandou uma ordem para os soldados da Vanguarda pelo comunicador:
— Vamos recuar! — Quando desligou o comunicador deixou escapar um suspiro pesado. — Eu não sou pago para me envolver numa merda dessa.
∆
A Vanguarda não demorou nem trinta minutos para conter a cena. Aqueles com super-força ou com algum poder capaz de mover um carro foram encarregados de limpar a rua, para que o trânsito voltasse a fluir, enquanto os outros conversavam com os civis envolvido.
Demétrius supervisionava ambos os grupos, mas agora estava conversando com uma mulher cuja a casa fora destruída por um carro que atingiu o telhado durante o incidente.
Dizia para a mulher que a Union of Heros iria cobrir os custos da reforma, e que até lá ela seria realocada para um hotel de sua preferência, exatamente como mandava fazer o protocolo.
Mas a mulher, uma senhora com cerca de quarenta e cinco anos, com um cabelo castanho-escuro preso em um coque firme, franziu a sobrancelhas e balançou a cabeça, lágrimas surgindo repentinamente nos olhos, e falou que o problema não era esse.
Quando ela falou do casal que estava dentro do veículo quando ele foi arremessado no telhado da sua casa, Demétrius não soube como reagir por um segundo.
O policial mandou uma equipe da Vanguarda lidar com a situação, se amaldiçoando mentalmente por ser um covarde inútil. E quando recebeu a notícia de que o motorista e a passageira estavam mortos Demétrius se sentiu pior ainda.
Seu estômago revirou e por um momento pensou que iria colocar pra fora o almoço, mas conseguiu se conter quando uma sombra pairou sobre a sua cabeça, e a curiosidade o obrigou a olhar para cima.
A capa amarela esvoaçante foi a primeira coisa que Demétrius viu. Não conseguiu se e conter meneou com a cabeça em reprovação, assim como não conseguiu conter o sorriso quando pensou;
“Ela continua usando a maldita capa. Aposto que é para me implicar”
A heroína que voava na sua direção era a Katrina. Uma heroína novata de Classe Média.
Nas Demétrius sabia que seu nome verdadeiro era Kátia, assim como sabia que ela havia escolhido o nome Katrina devido à primeira letra do seu nome e do furacão de vários anos atrás.
Kátia voava em alta velocidade, seu longo cabelo castanho esvoaçando com o vento tanto quanto a capa amarela, e sorria de forma animada por estar usando o seu uniforme — que era preto e branco, com detalhes dourados para combinar com a capa — em uma cena de crime pela primeira vez.
E ela voava direto na direção de Demétrius.
Quando Kátia descreveu um arco próximo ao chão e pousou abruptamente, uma corrente de ar atingiu Demétrius como um chicote.
O policial recuou um passo para trás, quase perdendo o equilíbrio por completo, contudo, conseguiu se recompor antes que caísse e passasse vergonha.
A capa amarela nas costas de Katrina parecia dançar a cada passo que a mulher dava na direção de Demétrius, e o largo sorriso no rosto da heroína apenas aumentou conforme ela se aproximava.
— Você tinha razão quando falou para eu não usar a capa.
Ela parou em frente ao Demétrius e agitou sua capa com a mão, parecendo extremamente feliz com ela, apesar do comentário.
— Essa coisa só atrapalha. Fica enrolando nas minhas pernas enquanto eu voo. Quase bati em um prédio quando estava vindo.
— Olha só. — Demétrius cruzou os braços e olhou para a heroína com surpresa. — É um evento raro que eu estou presenciando aqui? Você está dizendo que eu estava certo, Katrina?
Ouvir seu nome de heroína ser pronunciado daquela forma provocativa fez ela sorrir, mas ainda assim não impediu o tapa que ela acertou no braço de Demétrius quando falou:
— Para com isso, a capa é linda. É um símbolo. Não é para ser útil ou bonito, é um símbolo de… — ela parou de falar abruptamente e levou o dedo até o pequeno fone em sua orelha esquerda. — Para onde?… Entendido, já estou indo.
Um sorriso triste se formou nos lábios de Kátia quando ela abaixou a mão e olhou para Demétrius.
— Já entendi. Tudo bem. Vai lá. Trabalho de heroína, não precisa explicar — ele falou antes que Kátia tivesse a chance de começar com as desculpas.
Kátia suspirou e se virou para trás, mas ao invés de sair andando a heroína estreitou os olhos e observou o arredor atentamente.
Ainda havia muitas pessoas pela rua, nas portas de suas casas observando com curiosidade como tudo se desenrolava, e, principalmente, se aglomerando no epicentro da luta.
Onde agora o ônibus escolar e vários carros estavam tombados e amassados.
E também era onde Megaman estava. O que por si só já gerava uma aglomeração de seus fãs.
Mas as pessoas eram, em sua maioria, policiais da Vanguarda que estavam ocupados demais em seu trabalho para prestar atenção nos dois.
Quando ela se virou para trás e começou a caminhar na direção de Demétrius, ela não conseguiu esconder o sorriso malicioso que moldava seus lábios.
Seus olhos pareciam brilhar de expectativa, ao contrário dos de Demétrius, que se arregalaram de compreensão e descrença.
— Não, Kátia. — Ele ergueu os braços e tentou parar o avançou dela.
Entretanto, Kátia viu o esboço de um sorriso divertido no rosto dele, e isso apenas a incentivou mais.
A heroína se aproveitou que era um pouco menor que ele e usou da sua agilidade para se mover ligeiramente para baixo, e ao invés das mãos do policial segurarem seus ombros, ela fez com que passassem sobre eles.
A surpresa tomou conta do rosto de Demétrius e isso arrancou uma risada de Kátia, mesmo quando ele disse:
— Kat, não na frente da Vagua…
Antes que ele terminasse de falar os lábios dela já estavam grudados nos dele.
Depois disso Demétrius não conseguiria resistir aos seus desejos mesmo se quisesse.
Na verdade, não conseguia pensar em qualquer coisa que não fosse a macies dos lábios da mulher em seus braços enquanto sua boca se movia por vontade própria.
E quando as mãos de Kátia se apoiaram no seu peito, ele não esperava que fosse para empurra-lo para longe.
— Te vejo no bar do Moe’s mais tarde? — O sorriso travesso brincava nos lábios de Kátia enquanto ela se afastava de forma deliberadamente lenta.
Mas quando a resposta de Demétrius foi envolver suas mãos em sua cintura e a puxar para perto, Kátia arquejou de surpresa enquanto seus lábios se encaixavam nos dele.
A pegada das mãos do Demétrius na cintura de Kátia se suavizou ao lembrar da esperança que ela carregava agora, mas isso não fez a veracidade com que sua língua explorava a boca dela diminuir.
Contudo, quando interrompeu o beijo, e observou Kátia, ainda com seus lábios roçando nos dela, ficou satisfeito ao ver seu rosto corado enquanto os dedos dela brincavam com seu cabelo.
As pálpebras dela tremeram levemente antes que seus olhos se abrissem e fitassem os dele.
— Vou estar te esperando lá, como sempre — Demétrius respondeu, e teve que se conter para não ressaltar que dessa vez não seria como sempre, pois havia preparado uma surpresa especial.
— Você ficou mais ousado, Demi. — Ela o beijou novamente e sorriu daquela forma provocativa de sempre.
— É a capa. Acho que eu finalmente entendi pra que ela serve — ele comentou de forma brincalhona.