O Despertar Cósmico - Capítulo 44
A porta para o terraço se abriu produzindo um rangido estridente, e Elena hesitou por um momento, sentindo o metal da porta frio em sua mão e o ar gelado que vinha do terraço do prédio.
Se sentiu uma idiota por sair apenas com o pijama ridículo que estava usando para dormir, mas não havia volta mais. Conseguia sentir ele do outro lado daquela porta, e sabia que ele também conseguia sentir ela ali.
Reuniu toda a coragem que lhe restava para terminar de empurrar a porta e avançar os primeiros passos e sair pro terraço.
Em sua mente só conseguia se preocupar em ser fitada por aqueles olhos penetrantes dele. Não sabia como reagiria. Não sabia o que veria naqueles olhos.
Será que veria o Zen que ela conhecia olhando para ela?
Aquele que não se importava em ficar horas conversando com ela enquanto sua mãe trabalhava no escritório com outro cliente ou que sempre a acompanhava na caminhada de volta da escola e a ouvia desabafar?
Ou será que ela veria o Imperador?
Uma pessoa fria e manipuladora, procurado no mundo inteiro como um dos maiores vilões do mundo e líder da segunda maior organização terrorista de vilões?
Mas seu maior medo era ver aquela criança dos seus sonhos.
Um garotinho todo machucado e encolhido em uma arena de treinamento, com uma frieza que Elena não sabia se queria descobrir pelo que ele havia passado para tela adquirido tão novo.
Mas quando ela passou por aquela porta e saiu para o terraço, peito se encheu de alívio e frustração ao ver que o Zen estava de costas para ela, parado na beirada do terraço.
Por um momento cogitou a ideia de voltar para trás e fingir que não tinha visto ele ali — assim como sabia que ele fazia com ela agora — e tentar dormir até que tudo isso passasse.
Mas a simples ideia disso fez ela ter certeza de que precisava continuar.
Ela fugiu de seus sentimentos por ele desde que se conheceram a um ano atrás, e quando finalmente aceitou eles, tudo desmoronou de uma vez.
Se continuar fugindo como fazia antes, nada vai mudar. Sentia precisar aceitar tudo o que estava acontecendo para que assim pudesse entender as coisas melhor.
Precisava aceitar seus sentimentos e suas fraquezas para poder melhorar e evoluir, e precisava aceitar tudo o que vinha acontecendo para que as coisas pudessem ser finalmente resolvidas.
Quando começou a caminhar pelo terraço, cada passo estava mais decidido que o outro, mas mesmo assim ela manteve os olhos fixos no sol alaranjado que desaparecia no horizonte, e não no Zen parado na beirada do terrado.
Quando estava se aproximando, ele lentamente virou o rosto para trás e a fitou por sobre o ombro.
O olho esquerdo brilhava intensamente na cor amarela.
Sentiu que ele havia feito aquilo deliberadamente, para mostrar a ela que estava com seu poder ativo e prevenir que ela se assustasse.
Elena decidiu caminhar de forma ainda mais confiante e encara-lo de volta para mostrar que ela não se assustaria. Mas conforme se aproximava ela se assustou.
“Por que você veio aqui, sua idiota? E vestida só de pijama? Está quase dezenove graus aqui” — a voz dele soou na mente dela, e logo em seguida uma imagem dela mesma vestindo um pijama azul surgiu na sua cabeça.
A garota parou de andar no mesmo instante, franzindo as sobrancelhas e sacudindo a cabeça para afastar a voz.
— Tá tudo bem? — ele perguntou.
Mas quando Elena olhou para ele, prestes a responder, a voz dele voltou a soar dentro de sua cabeça:
“Claro que não está, imbecil. Olha só para ela. Está magra, provavelmente não come á dias. Talvez desde… Não. Não pense nisso agora. Ela veio aqui por algum motivo. Ela quer me encontrar por algum motivo. Pode ter acontecido algo. Não. Eu saberia se tivesse…”
— Para! Para com isso! Só para de pensar! — Elena só percebeu que estava gritando quando parou, e só nesse momento se tocou estar com os olhos fechados também.
Abriu os olhos a tempo de ver a confusão no rosto do Zen, e isso lhe proporcionar um pouco de satisfação. Não era fácil causar mudanças nas expressões dele.
“Hã? Do que ela está falan…” — a voz dele ecoou mais uma vez na mente da Elena, e então veio um silêncio abrupto.
Por um momento Elena se permitiu apenas escutar o som do vento soprando a sua volta e os carros ao longe.
Mas a forma como a que o Zen a olhava era tão intensa que ela se sentiu magnetizada por seu olhar. Os dois se encaram por um momento sem dizer nada.
Olhos negros e amarelo encarando os verdes.
— Valeu… — ela murmurou, se sentindo obrigada a quebrar aquele silêncio desconfortável.
— O que está acontecendo? — ele perguntou.
O silêncio se prolongou por mais um momento quando Elena esperou que a voz do Zen voltasse a soar em sua cabeça, mas quando não aconteceu ela soltou um suspiro e sorriu, sentindo a estranheza de perceber que não forçará aquilo.
— Você é mesmo um idiota. Como alguém consegue ficar sem pensar em nada? — ela perguntou, ainda sorrindo enquanto olhava para o Zen.
“Cacete! Eu não aguento esse sorriso. Ela é linda” — voz dele foi quase um murmuro em sua mente dessa vez, mas a imagem que veio seguida dela fez com que Elena corasse instantaneamente.
E para sua surpresa, a reação do Zen foi a mesma, exceto que quando seu rosto começou a ficar vermelho ele se virou para frente novamente.
“Aí droga! Aí droga! Aí droga! Ele estava pensando em me beijar! Aqui! Agora! E ele corou! Eu nuca vi o Zen corando!”, ela pensou, e fosse possível gritar em pensamentos, Elena com certeza estaria gritando.
Mas era possível ficar aliviada, e era assim que ela estava se sentindo pelo Zen ter se virado e não estar vendo como ela estava vermelha naquele momento.
— Eu… — sua voz soou fraca e hesitante, então ela pigarreou antes de voltar a falar. — Eu não sabia que cê podia corar. Pensei que era uma coisa só das pessoas normais.
A risada que o Zen soltou transmitiu um sentimento tão caloroso, que por um momento Elena pensou que eles fossem seus.
— Não. Às vezes… algumas coisas escapam sem querer — ele respondeu, no tom de voz brincalhão e provocativo que sempre usava com ela antigamente.
“Antigamente” — ela pensou. “Parece algo que aconteceu á tanto tempo atrás.”
Outra risada escapou do Zen, mas dessa vez veio carregada de um divertimento que Elena conhecia muito bem e sempre temeu. O divertimento que ele sentia quando descobria alguma vantagem que tinha sobre ela.
— Sabe que está transmitindo pensamentos para mim também, não é?
Elena se sobressaltou e, ao mesmo tempo, Zen caiu na gargalhada, principalmente depois que ouviu ela praguejando mentalmente e receber sua confirmação.
A risada dele ecoou pelo terraço silencioso de forma tão honesta que Elena percebeu toda a sua tensão se esvaindo. As preocupações que sentia antes de ir até ali pareciam terem simplesmente desaparecido.
Caminhou tranquilamente até o Zen, mas parou a alguns metros dele, mantendo uma distância segura da beirada do prédio e garantindo que não pudesse ver a rua lá em baixo ou a altura em que estavam.
— Hoje eu sonhei com você — ela falou.
Mas quando se deu conta de como aquilo só fazia sentido para ela, e poderia, e iria, se interpretado de outra forma pelo Zen, ela rapidamente se corrigiu, já sentindo o rosto corar:
— Quer dizer, eu acessei memorias suas quando fui dormir.
A garota aguardou por uma resposta, mas estranhou quando demorou para receber uma, então olhou para o Zen.
Ele continuava olhando para frente, de forma que era difícil ver completamente o seu rosto, mas ainda assim era nítida a sua concentração.
— Provavelmente foi porque eu estava aqui perto e estava com o poder do meu olho ativado
— Ele fez uma pausa pensativa e então acrescentou:
— Eu sabia que haveria uma conexão entre o seu poder e o meu, mas nunca imaginei que isso poderia acontecer.
Houve mais uma pausa, dessa vez carregada de tensão, e então ele se virou para a Elena com uma expressão indecifrável.
— O que você viu?
— Acho… Acho que vi a sua mãe. — A imagem da mulher de olhos amarelos veio a sua mente. — Quer dizer, ela tinha o mesmo olho que tu, então obvio que era a sua mãe…
Zen ficou em silêncio por um momento e quando estava prestes a dizer algo, escutou Elena soltar uma risadinha. Se virou para ela bem a tempo de vê-la escondendo o sorriso com a mão.
O olhar dela foi atraído até o dele, e quando se encontraram ela ficou séria rapidamente.
— Tenho até medo de perguntar, mas… do que você está rindo?
— Você e sua mãe — ela respondeu. — Cêis são iguaizinhos. A diferença é que sua mãe tem os dois olhos amarelos. Mas você puxou a pele pálida e os cílios longos dela.
A primeira reação do Zen foi arregalar os olhos de surpresa, e Elena o encarou confusa, então ele esboçou um sorriso e ela sentiu seu estomago formigar ao ver aquilo.
Abaixou a cabeça e olhou para os próprios pés no mesmo instante, sentindo suas orelhas esquentando.
— Obrigado.
A voz dele era quase um sussurro. Como se pedisse que ela olhasse para ele. Elena não resistiu ao convite.
A intensidade presente naqueles olhos de duas cores fez a garota prender a respiração por um momento. Sentiu e viu a satisfação que brilhava em seus olhos quando falou:
— Provavelmente você não percebeu, mas você acabou de me enviar uma imagem mental dela… Eu nunca tinha visto seu rosto antes.
Zen voltou a se virar para frente, mas não observou a cidade. Olhou para as primeiras estrelas que surgiam no céu noturno, e se relembrou da imagem da mulher que havia surgido em sua mente.
Não conseguia entender o caloroso sentimento de conforto que sentiu ao ver aquela mulher, mas pela primeira vez não se incomodou em não entender alguma coisa.
Estava feliz em poder ver, pelo menos uma vez, o rosto de sua mãe. Ele sempre acreditou que não se importava. Que não era necessário pensar nos mortos.
Estava errado, e só percebeu agora, que se pegou desejando conhece-la.
— Obrigado — ele repetiu, percebendo que precisava, e queria agradecer por aquilo.
Elena não soube o que falar ao ouvir, e sentir, a melancolia que a voz dele carregava. Ficou encarando as costas dele e se perguntando o quanto ele deve ter suprimido aqueles sentimentos.
Conseguia sentir a presença do sentimento de culpa que ele sentia por ser afetado pela imagem da mãe, e quase teve vontade de pergunta-lo porque ele fazia aquilo.
Porque fingia não sentir nada. Fingia ser uma pessoa que ele não é.
Mas antes que ela tivesse a oportunidade, uma onda de raiva e medo fez Elena se sobressaltar.
A garota viu as costas do Zen ficarem tensas e ele fechar os punhos com força antes de se virar e fita-la com seriedade.
Ele abriu a boca e se preparou para dizer algo, mas voltou a fecha-la e desviou o olhar para a cidade novamente, e por alguns segundos ficou em silêncio.
Elena queria falar algo, mas conseguia sentir a batalha interna que ele estava travando consigo mesmo naquele momento, por isso deu tempo a ele.
Após um momento ele soltou um pesado suspiro, e por fim se virou e a encarou novamente.
— Você viu o meu pai também? — Dessa vez sua voz era pura tensão.
Ele parecia com medo, mas Elena não conseguia imaginar um motivo para isso. Não conseguia nem imaginar ele sentindo medo de algo.
— Eu vi — ela murmurou em resposta, quase como se temesse a reação dele. — Vi que ele te treinava em uma arena branca.
Zen emitiu um estalo insatisfeito com a língua e se sentou na beirada do prédio, olhando para as estrelas como se fazer aquilo pudesse lhe acalmar.
Por um instante os dois ficaram parados sem dizer nada.
O Zen sentado na beirada do prédio e a Elena parada a um metro atrás dele, raspando o pé no chão sem saber o que fazer.
Mas por fim o garoto se virou para trás, bateu com a mão no chão ao seu lado, indicando que a garota se sentasse ao seu lado.
Elena hesitou por um momento, olhando da beirada do prédio para o Zen, inconscientemente calculando a altura — e se relembrou quantos andares o prédio tinha.
O seu pai tinha sugerido um dia, repentinamente, que eles se mudassem para um prédio melhor, e agora eles moravam em um prédio muito maior. Muito maior. Quarenta andares.
Elena sentiu um frio na barriga quando deu o primeiro passo e parou.
Mas o olhar do Zen fez com que ela voltasse a caminhar. Em seus olhos havia uma súplica silenciosa a qual ela não conseguiria ignorar.
Ela praticamente arrastou os pés pelo chão enquanto se aproximava da beirada, e nos últimos passos ela se sentou no chão e foi, literalmente, se arrastando até parar ao lado do Zen.
Arriscou colocar as pernas para fora da beirada do prédio, mas ao sentir seus pés pendendo no ar, ficou com o medo e encolheu as pernas.
Isso provocou uma risada no Zen, mas apenas um olhar afiado da Elena o fez se silenciar no mesmo instante.
Os dois ficaram sentados lá em silêncio por um longo momento, mas foi um silêncio reconfortante, até mesmo um pouco acolhedor.
Elena teria aproveitado isso mais, se não estivesse morrendo de frio e fosse obrigada a abraçar as próprias pernas contra o corpo em uma tentativa de se aquecer.
Zen percebeu isso, então retirou sua blusa de frio e jogou sobre os ombros da garota. Ela não teve tempo de agradecer, pois, antes que fizesse isso o garoto começou a falar:
— O meu pai me criou para ser o melhor.
O rosto do Zen era indecifrável enquanto falava, mas sua voz estava carregada de uma raiva mais fria que a brisa da noite. Elena olhou para ele com atenção e curiosidade.
— Me ensinou tudo o que sabia. Antes dos doze eu já era fluente em mais de 10 línguas. Treinei para dominar as mais diversas artes-marciais, de vários países e culturas diferentes.
Ele parou de falar, como se as palavras fossem difíceis demais de se pronunciar. Mas após um longo suspiro, ele disse:
— Fui instruído por especialista em armas até me tornar mestre no domínio de qualquer uma, desde uma adaga cega até um fuzil com o pente cheio.
Zen lançou um olhar de esguelha para a garota, como se quisesse confirmar que ela ainda estava ali, e depois voltou a olhar para o céu estrelado.
— O que você viu foi uma memória da sala de treinamento mais avançada do mundo. Meu pai a chamava Sala Branca.
O cérebro da Elena pareceu parar de funcionar por um momento, e tudo que ela conseguiu fazer foi ficar chocada com que acabara de ouvir.
Uma criança de doze anos sendo ensinada a lutar e usar armas? Sendo forçada a aprender mais de dez línguas diferentes? Ela não sabia dizer se achava aquilo ridículo ou cruel.
Mas tudo o que disse foi:
— Que criativo.
Zen deixou escapar uma risadinha baixa, que Elena percebeu estar carregada de ironia, e se virou para ela, encarando-a com seriedade.
— Ele me ensinou sobre o mundo e sobre as pessoas. Me mostrou como as pessoas são cruéis e hipócritas… E me mostrou como manipula-las.
Nesse momento sua voz hesitou e ele engoliu seco. Ficou em silêncio um bom tempo antes de, enfim, voltar a falar:
— Ele dizia que as pessoas eram como peças ou ferramentas, e que, nas mãos certas, todas podiam ser usadas para algo. Todos tinham alguma utilidade… uma utilidade para ele. Ou, no caso, para mim.
— Isso você aprendeu muito bem.
Elena se surpreendeu em como sua voz soou ríspida. Mas Zen, por outro lado, apenas esboçou um triste sorriso e concordou.
— Ele queria que eu o superasse. Queria que eu realizasse os sonhos e os objetivos que ele não conseguiu. Praticamente me criou para ser uma versão melhor dele… e não aceitava nada menos do que isso.
Zen voltou a olhar para a Elena, e em seus olhos ela viu um brilho que poderia muito bem ser confundido com lagrimas.
— E eu gostava.
As palavras pairaram entre os dois por um longo momento. Elena não tentou, e nem conseguiu, esconder o espanto que sentiu ao ouvir aquilo.
Como alguém poderia gostar de ser criado daquele jeito?
Mas lá estava o Zen, dizendo aquilo enquanto seus olhos e pensamentos transmitiam a mais profunda sinceridade e tristeza.
Quando ele falou, sua voz soou roca, como se tivesse falado muito ou gritado por muito tempo, apesar de estar praticamente sussurrando cada palavra:
— Não pense que ele me tratava mal. Não. Ele era um bom pai. Quando sobrava um tempo dos treinos e estudos, ele até brincava comigo. Assistia os filmes que eu gostava mesmo sendo bobos e infantis, e sempre me deixava ajudar na cozinha mesmo tudo sempre acabando em uma bagunçada…
— Isso nos intervalos entre uma arma e outra? E você ainda gostava? — Elena perguntou, incrédula.
Zen olhou para ela em silêncio por um momento, como se enxergasse algo que ela não podia, e após um momento em silêncio, ele soltou um longo suspiro e disse:
— Me diz, Elena, que criança não quer impressionar os seus pais?
Mas Elena não respondeu. Ela não ousou. Como poderia?
Entendia perfeitamente o que ele estava falando, principalmente naquele momento.
Ainda conseguia se lembrar de todas às vezes em que ela passou noites em claro tentando dominar sua telecinése para impressionar sua mãe, e foi a mesma coisa quando sua telepatia começou a ficar instável e ele tentou domina-la.
— Mas eu não era ele. — Zen se virou para frente novamente e soltou um longo e desanimado suspiro. — Eu nunca poderia ser como ele.
— Quem… — Ela hesitou.
Engoliu seco e reuniu coragem para perguntar o que, em seu amago, ela já sabia a resposta, só não queria admitir.
— Quem é o seu pai?
— Você já sabe a resposta para essa pergunta, Elena.
— Eu quero ouvir de você.
— E você está pronta para ouvir?
Elena abriu a boca para dizer que sim, mas ela não teve coragem de responder imediatamente.
Será que ela estava? Não saberia dizer.
Sabia que o rosto daquele homem era conhecido. Sabia que já tinha visto aquele rosto diversas vezes na televisão ou nos livros da escola. Cresceu ouvindo as histórias que sua mãe contava dele.
Porém, ainda não tivera sequer coragem de cogitar aquilo até aquele momento.
Foi justamente por essa hesitação que ela decidiu que queria ouvir ele falar. Tinha ido até lá para isso, afinal. Obter respostas. Deixar que ele falasse.
— Quem é o seu pai, Zen? — ela perguntou novamente, dessa vez decidida e determinada.
Zen fez um longo silêncio e permaneceu com os olhos fixos no horizonte.
Elena sentiu que ele estava evitando olhar para ela da mesma forma como evitava a pergunta, mas ainda conseguia sentir o turbilhão de sentimentos que o atormentava, por isso não o apressou.
Os carros buzinavam e circulavam pelas ruas da cidade. Um grupo de pessoas passou falando alto logo abaixo deles, e suas vozes ecoaram pela noite silenciosa.
Quando parecia que o Zen não iria mais responder à pergunta, ele se virou para ela e a encarou no fundo dos olhos com uma intensidade que fez Elena esquecer de respirar.
— O meu pai é Edward Snyder, conhecido pelo mundo inteiro como Iluminus, o Deus da Verdade.