O Despertar Cósmico - Capítulo 52
Alan voou em volta da Elena e da mulher desenhando no ar no céu, observando atentamente a sua inimiga e a destruição causada por sua própria energia cósmica que passou direto pelo corpo dela e atingiu o asfalto.
A fumaça negra dançou no ar, e quando se aproximou do chão Amanda se materializou, se aproximando da amiga caída no asfalto e a ajudando a se levantar.
Quando a mulher começou a caminhar lentamente pela rua, os olhos permaneceram fixos nele, com uma atenção desconcertante. Parecia um animal observando sua presa e esperando pelo momento certo.
— Eu fui instruída a não lutar com você, garoto.
A hostilidade no olhar na voz dela dizia o contrário. Seus movimentos pareciam cautelosos e sutis.
— Mas vou admitir, tô torcendo para tu me forçar a isso. Sempre quis lutar com o seu pai, mas o Júnior vai ter que servir.
“Arrogante como aquele babaca”, Alan pensou, franzindo as sobrancelhas e bufando de desdém.
Um estrondo ecoou pela rua e Alan viu a Elena usar sua telecinese para empurrar para longe um grupo que se aproximava dela e da Amanda.
De onde estava, ele conseguiu ver que mais pessoas estavam prestando atenção nas garotas agora.
Mas a luta do Zen ainda estava exigindo a atenção total deles, pois a vantagem numérica deles continuava diminuindo ridiculamente rápido.
— ALAN!! — O grito ecoou pelo quarteirão inteiro, e uma onda de explosões de energia roxa iluminou a extremidade da rua.
Alan conseguiu ver a oscilação na explosão de energia quando alguém se deslocou em alta velocidade em seu interior, e segundos depois Zen saiu voando em direção às nuvens no céu, sendo seguido por um grupo de seis homens que voavam atrás dele.
— SE VIBRAR A ENERGIA CÓSMICA EM SEU PUNHO EM UMA CERTA FREQUÊNCIA PODERÁ ATINGI-LA! NÃO SUPERESTIME ELA! VOCÊ PODE VENCER! — ele gritou enquanto realizava uma manobra no ar e se esquivava de um raio de calor.
Alan arqueou as sobrancelhas surpreso, e quando a compreensão lhe atingiu um sorriso se formou em seus lábios.
Nunca admitiria isso, mas estava considerando pegar a Elena e a Amanda e fugir.
Não fazia ideia de como enfrentar a mulher intangível. Odiava aquela situação tanto quanto odiava a si mesmo por ser fraco demais para lidar com ela, mas agora ele poderia lutar.
Agora ele não precisaria fugir.
Voltou a sua atenção para a mulher, mas, por um segundo o tempo pareceu estar congelado, quando ele se deparou com ela voando á apenas um metro de distância.
Ele se sobressaltou e inclinou o corpo para trás, bem a tempo de evitar o seu punho da mulher, quando ela passou voando por ele.
Antes que se distanciasse, a mulher efetuou uma pirueta elegante no ar e se virou para o garoto novamente, já projetando um chute na direção dele.
Alan fluiu energia para o seu punho o mais rápido que conseguiu, e quando viu uma luz opaca quase imperceptível se formar ao redor da sua mão, ele investiu com um soco, visando atingir a perna dela antes que fosse atingido pelo golpe.
Mas o punho dele passou direto pelo corpo da mulher e todo o ar nos pulmões dele foi expelido para fora quando o golpe atingiu sua barriga, praticamente esmagando suas tripas.
Alan disparou em direção ao chão como um míssil, e quando atingiu o asfalto abriu uma cratera grande o suficiente para sumir em seu interior.
Elena e a Amanda gritaram seu nome, e suas vozes ecoaram no interior da cratera.
Quando as garotas começaram a correr na direção do amigo, a mulher descreveu um arco no céu e aterrissou no caminho delas. O sorriso no seu rosto fez às duas congelarem onde estavam, os dedos da Amanda apertando com força a mão da amiga.
— Onde pensam que estão indo? — ela perguntou, seus olhos se desviando na direção da cratera de forma receosa antes de voltar a ficar nelas. — Seu amigo não vai mais…
O asfalto estremeceu e escombros foram arremessados de dentro da cratera quando Alan saiu voando lá de dentro.
A mulher se virou para trás e arregalou os olhos ao ver o punho do garoto se aproximando do seu rosto.
O medo brilhou em seu olhar e o desespero atingiu a mulher de forma tão repentina que ela deixou escapar um grito assustado enquanto levantava os braços para tentar bloquear o ataque.
Mas para a surpresa dela — e do próprio Alan — o punho dele passou direto por seu corpo.
Por um segundo os dois se encararam incrédulos, até que Alan se recuperou da surpresa e projetou outro ataque, seguido por outro e por outro.
Cada golpe era mais rápido que o primeiro, e ele sempre modificava sutilmente como manipulava a energia cósmica em seu punho, mas nenhum golpe tocou a mulher.
Uma risada histérica escapou da mulher quando ela percebeu que ele não sabia usar a energia cósmica da forma instruída pelo Imperador.
Entretanto, talvez fosse apenas questão de tempo até ele aprender e começar a atingi-la, mas, foi cogitar essa possibilidade que fez ela agir.
Quando o punho dele passou através do seu rosto, a mulher segurou o seu braço e girou, o que fez o garoto desestabilizar seu voo e o obrigou a colocar os pés no chão para não cair.
Nesse momento a mulher acrescentou um soco que atingiu em cheio o rosto do Alan.
Ele cambaleou para o lado, momentaneamente atordoado. A mulher apertou sua mão em volta do pulso dele e o puxou para perto novamente.
Alan cambaleou descontrolado, mas ainda conseguiu projetar um soco ao mesmo tempo em que ela fazia o mesmo.
O punho dele passou direto pelo corpo da mulher, mas o dela arrancou sangue da boca dele.
A mulher emendou o soco com uma joelhada, que atingiu a barriga do garoto e o ergueu do chão alguns centímetros.
Alan caiu esparramado no chão quando ela soltou o seu braço, e a mulher se deleitou com a imagem do garoto caído na sua frente.
A respiração dela estava acelerada e as pernas tremiam um pouco, mas seus olhos brilhavam em êxtase.
— Você me assustou, Júnior. Não achei que fosse levantar. Pensei mesmo que fosse morrer…
Ela suspirou profundamente, se sentindo aliviada.
Quando se curvou para agarrar Alan pelo cabelo e o ergueu com um puxão, ignorando seus grunhidos em protesto, estava com um meio-sorriso no rosto.
A visão do rosto ensanguentado e cheio de ferimentos dele foi como uma obra de arte na visão dela.
— E eu adorei. É sempre muito satisfatório ver um pouco de brutalidade em uma luta de rua.
— Nesse caso você vai me amar. — A voz fria foi quase um sussurro no ouvido da mulher.
Um calafrio percorreu a espinha dela e a ordem ecoou na sua mente:
— Não use seus poderes.
O aço cintilou no ar e a espada desceu em alta velocidade, se tornando apenas um borrão. A mulher soltou o garoto e tentou recuar.
Contudo, não foi rápida o suficiente. O sangue espirrou no ar e ela gritou. O cabelo castanho do garoto ainda estava entrelaçado nos dedos da mulher quando a lâmina passou pelo seu pulso.
Quando desabou com os joelhos no chão, ela tentou conter o sangramento, mas o sangue parecia fluir como uma cachoeira, e em questão de segundos uma poça de sangue havia se formando embaixo dela.
Quando ergueu os olhos furiosos, ela viu Zen Snyder parado em frente ao Alan — a espada de Omea em sua mão ainda pingando sangue — seus olhos observando ela de forma entediada.
— Você acreditou mesmo que era possível te atingir somente vibrando a energia cósmica um pouquinho?
Um sorriso cruel se formou nos lábios do Imperador.
— Se desesperou com o meu blefe, e no fim toda essa sua arrogância se mostrou inútil.
— SEU DESGRAÇADO! SEU FILHA DA PUTA DO CARALHO! VOCÊ TÁ MORTO, PORRA! MORTO! — ela gritou e socou o chão, com lágrimas escorrendo dos seus olhos.
Estava desesperada, e Zen observava aquilo com indiferença.
Quando ela começou a se levantar, Zen ignorou os xingamentos e ameaças e se preparou para um possível ataque suicida da parte dela.
Estava considerando dar outra ordem para ela, quando Elena parrou voando por ele como um jato e bateu os pés no chão, parando ao lado deles de forma tão repentina que o asfalto rachou embaixo dela.
Os gritos da mulher foram interrompidos pela surpresa e seu olhar recaiu sobre a garota.
A mulher arregalou os olhos e deu um passo para trás.
Os pés da Elena se arrastaram no asfalto e ela curvou levemente o corpo. Os olhos verdes da garota brilhavam com uma fúria que parecia estar se acumulando dentro dela há muito tempo, e quando projetou seu punho para frente concentrou tudo isso naquele único golpe.
O punho dela atingiu a lateral do corpo da mulher e uma pressão esmagadora foi expelida com o impacto. O som foi como de uma granada explodindo.
E quando a mulher saiu voando, estava em uma velocidade tão alta que atingiu a parede de um prédio sem que alguém conseguisse ver ela percorrer aquela distância.
Zen foi o único que conseguiu ver exatamente o que acontece.
A mulher atravessou a parede de um dos prédios e sumiu no seu interior.
Contudo, enquanto os outros só conseguiram ouvir quando ela atravessou todas as paredes do prédio e saiu do outro lado, Zen pode ver até mesmo ela disparar em direção a parede da casa atrás do prédio.
E, além disso, o mais importante; ele viu a pessoa que estava do outro lado da parede, no interior de sua casa, sem ter a mínima noção do que estava prestes a demolir a parede naquele momento.
Quando Zen desapareceu, Alan e Amanda foram os únicos que notaram a mulher que apareceu no seu lugar antes dela gritar. Mas quando ouviu o grito, Elena se virou para trás a tempo de ver o cabelo loiro esvoaçante e os olhos azuis assustados olhando ao redor.
E assim como apareceu subitamente, ela desapareceu, e Zen voltou aparecer no seu lugar.
— O que… O que você fez? — Elena perguntou confusa, lançando um olhar para onde a mulher que ela havia golpeado foi arremessada.
— Quem era aquela mulher? — Amanda perguntou.
Alan abriu a boca para perguntar alguma coisa também, mas ao seguir o olhar da Elena e ver o buraco na parede do prédio o seu olhar se encheu de compreensão.
Zen observou o rosto do Alan como se estivesse lendo um livro. Soube exatamente quando a teoria se formulou na cabeça dele, e percebeu também quando ele considerou uma teoria válida.
Quando Alan percebeu que Zen o estava observando e seus olhos se encontraram, ele voltou a abrir a boca, mas Zen respondeu antes que ele fizesse a pergunta:
— A mulher que a Elena socou iria atravessar a parede de uma casa e iria cair em cima dela. Eu usei a Troca Equivalente nela para tirá-la do caminho e depois usei novamente para levá-la de volta — ele falou, em um tom casual, como se não fosse nada importante.
Mas quando viu a expressão de culpa no rosto da Elena, ele rapidamente se apressou a acrescentar:
— Não se preocupe, não foi sua culpa. Não tinha como você saber.
— Claro que foi… Ela podia ter morrido…
A voz dela morreu em um sussurro e seus olhos se arregalaram. Ela olhou para o Zen e havia medo em seus olhos quando perguntou:
— E a mulher intangível? Acha que… Acha que eu matei ela? Quer dizer, foi um soco com toda a minha força… Eu estava com raiva e…
— Ela tá viva, Elena. Você não matou ela. Eu matei. — A voz dele era desconcertantemente fria, assim como os olhos. — Arranquei o pulso dela, vai morrer por hemorragia. Mas não temos tempo para discutir isso agora. Temos que…
Zen parou de falar abruptamente e se virou para trás, movendo a espada com agilidade.
A lâmina de Omea foi envolvida por um brilho verde quando atingiu uma esfera de energia em pleno ar e partiu ela ao meio. Duas pequenas explosões de energia verde ergueram uma nuvem de poeira atrás deles.
Mas ninguém viu, pois a atenção deles estava totalmente focada no raio de energia que o Zen disparou logo em seguida, derrubando o homem que havia disparado a esfera verde.
— Merda. Estão chegando mais — ele constatou, enquanto se virava para a outra extremidade da rua, de onde um grupo de cerca de vinte pessoas corria na direção deles, e mais uma dezena os acompanhava voando.
— Que merda tá acontecendo, Zen? — Alan exigiu sabe, também olhando na direção do grupo que se aproximava.
— Eu não faço ideia.
— Bom, então chama a droga dos seus Anjos para nos ajudar. Não é para isso que eles servem?
Zen continuou encarando os inimigos que se aproximavam por um tempo, até que por fim olhou para o Alan e respondeu:
— Eu não estou conseguindo entrar em contato com nenhum Anjo no momento… Seja lá quem estiver por trás desse ataque, parece ser algo bem-planejado.