O Despertar Cósmico - Capítulo 57
— Zen? — Elena chamou, quase que sussurrando, e sua voz soava hesitante e insegura.
O olho esquerdo do Zen brilhava intensamente, a íris amarela enxergando mais do que um olho comum seria capaz, e lentamente ele desviou a sua atenção para ela.
Zen puxou a agulha presa em seu braço e olhou para Alan, buscando uma confirmação, e quando o garoto meneou positivamente com a cabeça, ele se virou para a Amanda, que respondeu do mesmo jeito. — Ótimo, ligaram um Nullifier Power na região.
— Nullifier Power!? — Alan questionou em um tom incrédulo. — Nem fodendo! Vilões tem acesso a esse tipo de equipamento?
— O que é isso gente? — Amanda perguntou com urgência, se levantando da cadeira e caminhando de forma cautelosa até os amigos.
— Um inibidor de poderes — Zen respondeu, caminhando em direção a janela.
Quando afastou a persiana e olhou para o lado de fora, se deparou com quatro homens armados, ainda apontado as armas para a casa a espera do mínimo sinal de vida para atirar — e muito provavelmente já havia recarregado suas armas.
Um deles estava mais próximo, e Zen poder ver o sorriso no rosto que surgiu no seu rosto quando ele o viu. Gritou um aviso para os amigos e apontou sua metralhadora para a janela.
O olho esquerdo do Zen brilhou intensamente e ele viu em câmera-lenta o momento em que o homem puxou o gatilho, e no mesmo instante ele recuou um passo para trás.
Moveu-se o mais rápido que pode, mas sem a energia cósmica seu tempo de reação fora ridiculamente prejudicado. Por isso, ainda estava tentando se esquivar quando a bala atravessou a janela e o atingiu no ombro.
Zen cambaleou para trás, sentindo o sangue morno escorreu do seu ombro, e quando bateu com as pernas na cama, caiu de costas no colchão.
As primeiras balas atravessaram a janela, contudo, passaram todas por cima do garoto.
O susto foi coletivo, e todos se encolheram, assustados com o som dos disparos. Exceto por Elena, que avançou na direção dele para ajudá-lo.
Mas Zen não deu essa oportunidade a ela.
Assim que bateu com as costas no colchão, ele se aproveitou do movimento das molas para se impulsionar pro lado, e interceptou o avanço da Elena bem quando ela estava se aproximando.
O garoto caiu sobre a garota, envolvendo seus braços ao redor dela, mas, ainda assim teve tempo de projetava um chute na direção do Alan.
Seu pé atingiu Alan no braço, o fazendo cambalear para o lado e trombar na Amanda, resultando na queda dos dois. Zen ainda bateu com as costas na estrutura da cama, antes de ir para o chão levando Elena consigo.
No mesmo instante uma saraivada de tiros atingiu a casa, atravessando as paredes e as janelas como se fossem de papelão.
As estantes e prateleiras atingidas pelas balas caíram destruídas e cheias de furo. A lâmpada no teto do quarto foi estourada por uma bala perdida. O colchão foi todo furado, as molas estourando e o enchimento vazando para fora.
Durante longos segundos o quarto foi preenchido pelo som de tiros e das mobílias sendo alvejadas.
Zen abraçou Elena contra o chão e posicionou seu corpo de forma protetora sobre o dela, as balas atingindo o chão a poucos centímetros deles.
Amanda transformou seu corpo em fumaça, mesmo que não estivesse sendo atingida, e Alan encostou no canto da parede, cobrindo a cabeça com as mãos e torcendo para não ser atingido.
Quando os tiros pararam, uma nuvem de poeira fina havia se espalhado pelo quarto. As paredes pareciam uma peneira, cheias de furo por onde a luz dos postes na rua passavam.
Conforme se levantava, Zen usou seu poder do olho esquerdo para sentir as presenças do lado de fora. Quatro pessoas, todas armadas e observando as janelas do quarto a procura do mínimo movimento que lhes desses a desculpara para disparar outra saraivada.
— Temos que sair daqui… — Zen sussurrou, saindo de cima da Elena, mas sem se levantar do chão. — Devagar, sem chamar a atenção. Existem quarto pessoas do lado de fora e…
Zen parou de falar repentinamente, sentindo uma quinta presença se aproximando em alta velocidade.
Primeiro ouviu os sons do lado de fora. Estrondos sônicos de velocidade e gritos de dor. Sentiu quando a energia cósmica voltou a fluir por seu corpo, e depois o som que ele ouviu foi do teto da casa sendo atingido.
A casa inteira estremeceu quando alguém atravessou o teto em alta velocidade e aterrissou no quarto com força o suficiente para fazer a cerâmica rachar.
A capa esvoaçou com o vento, laranja como o pôr do sol, e o uniforme de couro, preto com detalhes vermelhos, se ergueu de forma imponente na frente dos quatro amigos.
Quando ergueu o olhar, Zen observou os olhos severos de uma mulher lhe encarando, contudo, quase comemorou, aliviado, ao ver a letra “V” dourada, com um anel vermelho em volta, no peito dela.
— Zen Snyder… — A mulher pronunciou o nome como se fosse um xingamento. Os olhos observando o garoto com desprezo. — Você tem um minuto para me explicar o que está acontecendo aqui.
Antes de responder, Zen voltou a sua atenção para o lado, notando que as presenças que cercavam a casa estavam todas no chão, provavelmente inconscientes, ou, pelo menos, incapacitados.
Quando voltou a encarar a heroína na sua frente, Zen se levantou e ofereceu a mão para ajudar a Elena.
— Raquel — Zen falou, mas só depois que a Elena se levantou que ele foi olhar para a heroína. — Que situação mais complicado a que estamos, hein?
— O que exatamente tá acontecendo aqui? Eu tava fazendo uma ronda quando vi os tiros, nada esperava te encontrar aqui. Você tem algo haver com as explosões? — a mulher perguntou, em um tom sério e profissional.
Confuso, Zen não respondeu de imediato. Encarou a mulher na sua frente com seriedade, tentando ver através do uniforme que usava, tentando enxergar além da heroína de Classe Superior, Vénus.
O cabelo ruivo cacheado e volumoso combinava com o seu batom vermelho, e os olhos verde-esmeralda ganhavam um destaque estonteante — principalmente com a seriedade e profissionalismo contidos neles.
Não sabia muito sobre a heroína, mas havia pesquisado sobre ela. A mulher entrou no ramo para arrecadar dinheiro para a mãe, mas infelizmente ela faleceu antes que sua filha concluísse a Academia.
Contudo, mesmo assim Raquel continuou se esforçando, e trabalhou duro até receber a Classificação Superior e a posição de décima quinta no ranking do país.
Hoje em dia é casada com o herói Capitão Energia e tem uma filha pequena, cujo a identidade é mantida em segredo graças a União dos Heróis.
— Estou sendo atacado. Bom, mais precisamente, nós estamos. — Zen gesticulou na direção da Elena, e a garota lhe lançou um olhar surpreso em resposta.
— Eu… — Elena hesitou, sem saber o que dizer em uma situação dessa. — Meu nome é Elena… acho que isso tudo meio que é por minha causa.
A heroína olhou para a Elena e sua expressão se suavizou, os lábios vermelhos formando um sorriso gentil e o olhar severo se tornando acolhedor.
No entanto, a atenção dela foi atraída para Amanda e Alan, que estavam se levantando do chão naquele momento. Quando reconheceu o rosto do garoto, não conseguiu esconder a surpresa que aquilo lhe causou.
Voltou a olhar para a Elena boquiaberta, se perguntando como pode deixar aquilo passar despercebido.
— Você é ela. A Telepata. A filha da Grande Rainha — ela falou, sussurrando cada palavra como se não conseguisse acreditar nelas.
— A minha mãe nunca foi Grande Rainha — Elena falou, franzindo as sobrancelhas em confusão.
— Ah, claro, desculpa. Não tava falando do título, é que a gente apelidou ela assim na UDH, já que todo mundo acreditava que ela merecia o título — Vénus explicou, ainda olhando para ela com surpresa, mas também um sorriso divertido agora.
— Se você já conhece ela, facilita muito as cosias. Fomos atacados quando estávamos na casa do Alan. Aposto que reconhece ele também, então vamos pular as apresentações.
Zen se sentou na cama e tocou cautelosamente no ferimento no seu ombro. Ficou satisfeito por perceber que Vénus havia destruído o Nullifier Power quando chegou, e agora ele podia fluir energia para o machucado e amenizar a dor.
— Elena, pode me ajudar em coisa? — Ele sinalizou para que ela se aproximasse, e depois olhou para a heroína e perguntou: — E aí? Vai me prender?
Elena parou na frente do Zen, contudo, estava congelada, olhando assustada para ele.
Não tinha considerado essa possibilidade. Tinha esquecido completamente que o garoto na sua frente era um vilão mundialmente procurado.
Sentiu a tenção tomar conta da sala quando a heroína não respondeu à pergunta, apenas começou a olhar ao redor, observando o quarto e mobiliá.
Elena olhou de esguelha para Alan e Amanda, e notou que os dois olhavam para o Zen com a mesma tensão que ela sentia. Todos pensando a mesma coisa.
Se ela escolher prende-lo, o Imperador vai mata-la também.
— Onde tá o jovem que mora aqui? — Vénus apontou para um quadro na parede. Um jovem de cabelo castanho posava de beca, mas os buracos de bala haviam estrado a foto. — Esse quarto é dele, né?
Elena engoliu seco, sentindo seu coração bater acelerado em seu peito. Se aproximou do Zen e se abaixou na frente dele, fingindo olhar o seu ferimento.
Quando Zen olhou para ela, aqueles olhos frios se prenderam nos dela com intensidade, como se quisessem se comunicar com ela. Se o garoto fosse um telepata, estaria tentando enviar um pensamento para ela nesse momento.
Contudo, ele não disse nada, e não era telepata para enviar pensamentos — nem Elena controlava seus poderes para ler a mente dele.
— Não estão aqui, óbvio. Pensou o quê? Que eu tinha sequestrado uma família para usar de escudo? — Zen falou, ainda olhando para a Elena com a mesma intensidade.
Quando uma mão pousou no seu ombro, Elena se sobressaltou e quase deixou escapar um grito. Virou lentamente para trás até olhar para a dona da mão.
Vénus a encarava com seriedade, sem nenhum sinal da gentileza e bondade demonstrada antes. Elena percebeu estar prendendo a respiração, mas seu corpo inteiro parecia assustado demais para funcionar normalmente.
— Foi isso mesmo, Elena? Quando chegaram aqui não tinha ninguém? Ou ele fez algo com eles?
A insinuação estava oculta nas suas palavras, mas principalmente no seu olhar.
Lavagem cerebral, era o que ela estava pensando, e Elena não precisava da telepatia para saber disso.
— Foi… — Elena respondeu, mas sentiu um aperto no peito no mesmo instante, a insegurança e o medo da mentira ter soando obvia demais tomando conta dela.
A mão dela apertou um pouco mais forte o ombro da Elena e seus olhos se estreitaram em desconfiança. Elena engoliu seco e aguardou.
— Tem certeza disso?
— Com todo respeito, Raquel, mas você pode deixar essas perguntas pra depois? Aposto que Elena vai amar responder isso quando não estiver preocupada em ser atacada a qualquer momento.
A heroína desviou o olhar para o Zen e o encarou em silêncio por um segundo, a tenção entre os dois sendo tão grande, que era quase palpável.
Quando soltou o ombro da garota, Vénus se virou para a porta do quarto e saiu andando.
— Se não tem ninguém aqui, você não vai se importar de eu dar uma olhada na casa, não é, Zen?
Elena lançou um olhar tenso para o Zen, mas, ainda assim, ele apenas disse, com toda tranquilidade do mundo, para ela fazer o que quiser, e em seguida a mulher abriu a porta e saiu do quarto.
— O que cê tá fazendo!? Ela vai ver a família lá de fora! — Elena segurou o braço do Zen e o olhou com urgência.
Zen esboçou um sorriso divertido no rosto e tocou gentilmente a mão em seu braço.
— Não se preocupe. Ordenei que eles fugissem ao menor sinal de perigo. Provavelmente foram embora quando a esfera metálica entrou pela janela. Agora me ajuda aqui.
Zen segurou a mão da Elena e a colocou sobre o ferimento em seu ombro. O sangue morno escorreu entre os dedos da garota e ela respirou fundo para se concentrar.
— Tá… O que eu tenho que fazer? — ela perguntou, e a hesitação era obvia em seu tom de voz.
— A bala ainda está alojada no meu ombro, preciso que tire ela pra mim com sua telecinése.
Elena arregalou os olhos em surpresa e olhou assustada para o ferimento dele. Quando abriu a boca para dizer que não conseguiria fazer aquilo, Zen a interrompeu:
— Você consegue, Elena. Não tá tão difícil quanto você pensa. Você só precisa puxar, a bala tá solta aqui dentro. — Ele tocou com os dedos no ombro e pressionou o músculo, grunhindo de dor. — Deixei ela bem fácil pra você, só precisa puxar.
Elena hesitou, olhando temerosa para o garoto. Contudo, a seriedade no olhar dele não vacilou. Gentilmente envolveu a mão dela com seus dedos e acenou positivamente com a cabeça.
A garota fechou os olhos e respirou fundo, tentando acalmar seu coração, que batia acelerado em seu peito. Quando abriu os olhos novamente, estava decidida.
— Tudo bem, eu vou tentar.
Zen meneou com a cabeça e se preparou. Usou o poder do seu olho para ordenar ao próprio cérebro que desligasse sua sensibilidade a dor.
O campo telecinético envolveu o braço do garoto e ele grunhiu de dor. Por um segundo Elena hesitou, deixando o manto telecinético vacilar e se desfazer, mas quando o garoto lhe lançou um olhar sério, ela voltou a se concentrar no ferimento.
A telecinése fluiu para dentro do ferimento como se fosse uma brisa gelada passando através de uma brecha na janela, provocando calafrios agonizantes no Zen.
O músculo do seu ombro foi se abrindo como a garota estivesse enfiando o dedo no ferimento e o abrindo a procura da bala. O fluxo de sangue começou a aumentar, e Elena começou a se desesperar ao ver o mar rubro que escorria do ombro do Zen.
Zen, por outro lado, permanecia concentrado. A boca fechada em uma linha reta e as sobrancelhas franzidas. Suor escorria por seu rosto e a dor começava a sobrepor a ordem que dera ao próprio cérebro — mas ainda assim ele se esforçava para não demonstrar dor.
Quando a telecinése tocou a bala dentro do ferimento, Zen se remexeu na cama e Elena o olhou cautelosa, mas quando ele sinalizou para continuar, ela fez.
A bala se soltou do músculo e foi de encontro a palma da mão da garota como se tivesse sido puxada por uma linha, e Zen não aguentou de dor, deixando escapar um gemido entredentes.
Elena abaixou a mão e observou a bala retorcida na sua palma ensanguentada suspirando de alívio ao perceber que tinha conseguido.
O lençol da cama estava completamente manchado com seu sangue, mas Zen não se importou com isso quando soltou um longo suspiro e se deitou na cama.
— Agora que tu se livrou da sua balinha, pode falar porque caralhos tu achou que era uma boa ideia me chutar? — Alan questionou, esfregando o braço dolorido.
— Agi antes de pensar — Zen respondeu, virando o rosto para poder olhar para o Alan. — Tinha que tirar vocês do caminho e não sabia se conseguiram se abaixar a tempo se eu simplesmente avisasse, então eu achei melhor agir ao invés de ficar pensando em como ser gentil.
— Aposto que gostou de me chutar, babaca do caralho.
— Não vou mentir, foi um dos melhores salvamentos que eu já realizei. — Zen abriu um sorriso provocativo no rosto, o que fez Alan apontar o dedo do meio para ele.
A porta do quarto se abriu e todos se viraram na sua direção para ver Vénus entrar no quarto. Os olhos severos da heroína se fixaram no Zen assim que ela entrou no quarto, e, sem delongas, ela disse:
— Vou precisar comunicar a UDH sobre o nosso encontro, mas não estou conseguindo fazer isso agora, então vou focar em proteger a garota. Como você tem mais noção do que está acontecendo, posso contar com sua ajuda?
— Claro. — Zen grunhiu enquanto se esforçava para se levantar e sentar na beirada da cama, e então acrescentou: — Mas, com todo respeito, Raquel, você terá que fazer exatamente o que eu disse se quisermos que isso funcione.
— Garoto, eu sou uma heroína profissional. Acredito que você quem deveria seguir meus comandos.
— Garota — Zen se levantou, assumindo uma postura imponente e arrogante enquanto dizia: — quando você entrou na Academia de heróis, eu já tinha matado mais vilões do que você viu de pornô na adolescência.
— Não me trate como uma amadora, Snyder. Não sou obrigada a tolerar sua arrogância. Desde que me formei, quantos vilões acha que eu já prendi?
— Não sei, mas dos vilões que você prendeu, quantos você acha que foram soltos e comentaram crimes parecidos ou piores depois? E quantos desses você acha que eu tive que matar pra salvar vidas, só porque você é uma heroína certinha demais para sujar as mãos?
— Escuta aqui, moleque!
Vênus avançou na direção do Zen e o agarrou pela gola da camisa, quase o derrubando na cama novamente. Os olhos carregados de raiva.
— Eu não faço isso por puro capricho como você, tá?! Eu faço pra colocar comida no prato para meus filhos! Faço pra pagar as contas da minha casa! Ser certinha demais é o que me permite ficar de consciência limpa quando coloco meu filho pra dormir, então não me julgue por isso!
— Eu não faria isso — Zen murmurou, e tanto seu tom de voz quanto seu semblante havia suavizado, sem nenhum sinal da arrogância de antes.
O garoto calmamente segurou os braços da heroína e, gentilmente, os afastou para que ela lhe soltasse.
— Você é uma das poucas heroínas que eu respeito nesse país e é uma mãe mais incrível ainda.
Vênus franze a sobrancelha em confusão, mas, ao perceber que ela estava visivelmente mais calma, Zen continuou:
— É um fato que eu tenho mais experiência que você, e não falo isso pra me exibir, Raquel. Quero que siga o meu comando, mas não para provar que eu sou melhor, apenas quero garantir que a Brunhinha seja acordada pela mãe essa manhã.
Os olhos da heroína se arregalaram de surpresa, depois se estreitaram de forma séria. Sua mão se moveu como um borrão, mas parou na frente do rosto do garoto.
Elena soltou a respiração ao ver Vénus apontar o dedo na cara do Zen, pois, por um segundo pessoa que ela estava prestes à soca-lo, e quase usou sua telecinése nela.
— Você…
— Eu sei tudo sobre as pessoas que o Iluminus atacou. — As palavras do Zen ecoaram na mente da Elena, e seu primeiro instinto foi olhar para a sua amiga.
Entretanto, quando processou o que o garoto tinha dito, voltou a olhar para a heroína, se surpreendendo com a expressão espantada em seu rosto. Seu corpo tremendo tanto que abaixou a mão com a qual apontava para o Zen.
— Como… Como você sabe disso?
Zen suspirou e abaixou a cabeça, olhando para o chão com pesar. Suas mãos deslizaram lentamente para dentro dos bolsos da calça.
— Eu preciso saber esse tipo de coisa, caso contrário, como eu iria enviar a remuneração monetária que você recebe pelas coisas que ele lhe fez passar?
— Do que tu tá falando? Como assim cê envia a remuneração? — Amanda perguntou, avançando alguns passos pra frente e se aproximando dos dois.
Zen olhou para a garota e hesitou por um momento, pensando em quão inoportuno era revelar aquela informação no meio da situação atual.
— Talvez você não saiba, já que não é tão divulgado assim, mas algumas pessoas que foram prejudicas pelo Iluminus começaram a receber uma grande quantidade de dinheiro depois que ele foi preso.
Vénus fez uma pausa e olhou para Zen, que também escolheu esse momento para desviar seu olhar para ela.
— Tá querendo dizer que você quem tá por trás dessa remuneração? — Seus lábios se curvaram em um sorriso hesitante, incerta se era aquilo era uma piada ou não. — Tá brincando, né? Onde cê conseguiria tanto dinheiro?
— Ora, de onde mais? — Zen esboçou um sorriso travesso. — Da conta bancaria secreta do meu pai, claro. Afinal, nada mais justo que ele mesmo pague pelo que fez.
— Cacete! — Alan falou, mas tampou a boca no mesmo instante em que todos o olharam, e ele percebeu que tinha falado alto demais.
O garoto desviou o olhar para a Amanda, e viu a amiga olhando Zen com os olhos arregalados. Seus lábios tremeram levemente e ela franziu as sobrancelhas antes de dizer:
— Seu… pai? Então… Seu pai é o Iluminus?
Zen olhou para a garota e forçou um sorriso fraco, com pesar, como se lhe doesse fazer aquilo. Quando falou, sua voz soava tão melancolia que foi quase um sussurro:
— Lembra do que eu disse? Se orgulhe dos seus pais e da causa pela qual eles lutavam… porque eu não posso fazer o mesmo.