O Diário do Começo - Capítulo 6
Ponto de vista de Eduard Harley
— Morto!? — Eu o indaguei olhando minhas mãos ensanguentadas devido a enorme ferida em meu peito.
Voltei minha atenção ao misterioso homem que me encarava ainda surpreso, pensei que ele poderia me dar respostas contudo, tenho apenas mais e mais perguntas. Ficamos nos encarando até que ele começou a se aproximar.
— Deixe me ver sua ferida… — O desconhecido falou enquanto esticava seu braço em minha direção.
Instintivamente, recuei com medo, pegando um gálio próximo onde eu estava caído, o apontando para o homem em minha frente.
— N-Não se aproxime! — Tentei afastá-lo.
“Ele vai me matar…”
O homem se levantou dando um suspiro decepcionado antes de começar a falar:
— Escute, se eu quisesse você morto eu não o teria salvo em primeiro lugar, sei que esta confuso, porém nesse momento você está exausto só de esta sentado e acho que você entende que não duraria muito mais sozinho nessa floresta, então, se não quiser morrer me deixe ver essa ferida.
“Ele estava certo, eu estaria morto se não fosse ele e por mais que eu não goste, é minha única opção no momento…”
Ainda relutante, abaixei o graveto e tirei a mão da minha feriada que jorrava sangue pelo chão, o homem se aproximou mais uma vez e começou a examiná-la.
— É profunda… não dá para tratá-la aqui, eu apenas posso estancar o sangramento. — Ele disse rasgando a manga de sua camisa e a colocando sobre o meu ferimento.
Levantou-se virando de costas para mim, agachando novamente e colocando suas mãos para trás me erguendo em suas costas.
— Está tudo bem? — Ele me questionou como se estivesse preocupado.
— Sim… — Respondi com as poucas forças que me restavam.
— Tente descansar um pouco agora. — Escutei o desconhecido disser enquanto fechava meus olhos.
O homem começou a andar enquanto eu perdia minha consciência, o calor era reconfortante e pude sentir o mesmo acelerando seus passos.
“Qual era mesmo o nome dele? Yole…? Eu tenho a sensação de ter escutado esse nome em algum lugar…”
Tudo se apagou… e depois não me lembrei de mais nada. Eu estava gravitando em um espaço vazio e escuro… a sensação era agradável.
“Eu adormeci…?” Provavelmente eu apaguei nas costas daquele homem. Tudo aconteceu muito rápido.
“Espera… ESPERA!” Yole, esse nome… eu já escutei uma vez.
Eu tinha uma vaga lembrança desse nome, contudo minha mente estava confusa, e quanto mais eu tentava me recordar, mais embaralhada minha memória ficava…
“Merda….” Amaldiçoei.
Continuei a vagar pelo espaço vazio, as lembranças vinham e iam aleatoriamente como em um sonho. Memorias sobre o castelo, meus pais, amigos e tudo que perdi…
“É isso!”
Eu preciso me concentrar, preciso recapitular tudo oque aconteceu até agora. Comecei a tentar me lembrar de tudo, refiz cada passo tentando conectar minhas memórias confusas.
“O diário…” Um clique em minha mento me levou até o livro. Eu estava quase lá, eu sentia as memórias se ligando lentamente. E por um momento eu consegui me lembrar…
— Yole! — Gritei abrindo meus olhos rapidamente.
* Silêncio *
Olhei em minha volta e tudo que vi foi oque parecia ser uma cabana de madeira. Uma grande mesa redonda estava no centro e sobre ela uma lamparina, ao canto havia uma espece de balde com madeiras cortadas e um machado apoiado a parede e ao lado, uma grande lareira que ainda soltava fumaça.
Voltei minha atenção a mim mesmo que estava em uma cama no canto da cabana com cobertores velhos e remendados, em minha testa estava um pequeno pano úmido e quente que parecia acabar de ser trocado. No lugar do ferimento em meu peito, estava uma atadura improvisada que a cobria, ao meu lado uma pequena mesa e sobre ela um balde com água e ataduras ensanguentadas. Apoiado a pequena mesa, estava a longa espada que havia visto com Yole na cerejeira.
Levantei lentamente e me coloquei sentado na cama que fazia vários barulhos com meus movimentos. Ao olhar para o chão, percebi uma cama improvisada que estava bagunçada como se alguém estivesse acabado de sair.
— Como se sente garoto? — Uma voz ecoou na pequena cabana.
Olhei rapidamente para porta que estava fechada sem sinal de qualquer movimento, observei novamente a cabana a procura da voz contudo, apenas eu estava ali.
“Devo estar ouvindo coisas!” Dei dois tapinhas em minha cabeça enquanto resmungava mentalmente.
— Onde estão os modos garotos!? — Novamente a voz se propagou.
Olhei assustado por toda cabana me protegendo com a roupa de cama, a porta continuava fechada e a cabana estava vazia. O silêncio reinou novamente.
— Quem tá ai?! — Tomei coragem e decidi confrontar oque quer que seja.
Pude escutar a voz resmungando palavras que eu desconhecia, eu não conseguia distinguir de onde o barulho ecoava. De repente a voz apareceu novamente:
— Na mesinha garoto…
Comecei lentamente a me virar para a mesa ao meu lado, na minha visão periférica eu vi a espada, a mesa o balde e as ataduras, contudo ao me virar totalmente, a espada que estava em sua bainha, levantou-se deixando um pouco de sua lâmina visível e a voz misteriosa me indagou mais uma vez.
— Você está bem garoto? — A voz misteriosa que agora veio da espada…
Ponto de vista de Yole
Paz era oque eu sentia naquele momento, de baixo da cerejeira observando as pétalas lentamente caindo ao chão enquanto o vento as dava caminhos aleatórios para seguir. Era um bom lugar para pensar e se acalmar, calma que meu coração precisava. Desde que o garoto chegou, um pouco dessa paz foi roubada de mim, estou cuidando dele fazem 5 dias e ele ainda não acordou. Estou preocupado e ao mesmo tempo apreensivo…
“Se o garoto chegou aqui então….”
— AHHHHHHHH — Um grito me interrompeu que pode ser escutado ao longe por toda a floresta.
— Esse grito… Eduard! — Levantei assustado e comecei a correr em direção a cabana que ficava a poucos minutos da li.
“Mas que droga If, oque aconteceu!?” Resmunguei mentalmente enquanto corria o mais rápido que eu podia.
Adentrei a floresta com os passos apertados. A floresta era densa e homogenia, um novato nunca conseguiria se movimentar direito, contudo, estou aqui a muito tempo…
Passando pelas grandes árvores, finalmente pude ver a cabana, corri em direção a porta e a abri rapidamente…
— EDUARD… — Fui interrompido por algo vindo em minha direção.
Desviei do objeto e olhei para Eduard com seus olhos vermelhos e lágrimas escorrendo de suas bochechas, se protegendo com os cobertores. O garoto parecia assustado e levou um tempo até que me reconhecesse e tentasse vir em minha direção.
— Y-YOLE! — O garoto disse se levantando da cama, contudo parou no caminho e colocou a mão em seu peito. A ferida parecia ter se aberto.
Corri até Eduard preocupado e o coloquei de volta na cama. Comecei a retirar as ataduras e examinar sua ferida. Parte dela havia se fechado contudo, ela acabou se abrindo devido a euforia do garoto. Voltei minha atenção para Eduard, que parecia estar assustado enquanto palavras incompletas saim de sua boca.
— Se acalme Eduard! — Eu ordenei. — Me conte, oque aconteceu? — Olhei fixamente para o garoto que parecia estar se acalmando, e quando finalmente parecia pronto para falar, If interferiu.
— O garoto parece não saber como tratar os mais velhos. — Resmungou.
Quando olhei para Eduard, toda sua calma havia ido em bora e sua cara ficou pálida novamente, ele me olhava com espanto antes de começar a berrar.
— T-TEM UMA ESPADA FALANDO!
O garoto se levantou e agarrou a manga da minha camisa com sua mão direita enquanto apontava para If. Demorei alguns segundos para entender a situação e quando finalmente me dei conta do que estava acontecendo… comecei a rir. Eduard parecia inconformado com aquela situação e começou a me balançar pelo braço.
— POR QUE VOCÊ ESTA RINDO ?! — O garoto exclamou. — FAÇA ALGUMA COISA !!
Fazia muito tempo que eu não ria assim, talvez Eduard não tenha roubado a minha paz, mais sim, complementado ela… Limpei as lágrimas dos meus olhos e voltei minha atenção a Eduard.
— Se acalme Eduard, primeiro vamos cuidar de suas feridas pode ser? — O garoto parecia relutante contudo, acenou com a cabeça positivamente.
Comecei a estancar o sangramento e enfaixar novamente sua ferida. Durante todo processo, Eduard não tirou os olhos de If, que ficou em silêncio após todo acontecimento.
“Isso vai se tornar uma grande cicatriz.” Pensei terminando de enfaixar o ferimento.
— Acabei! — Informei Eduard tirando sua atenção de If. — Tente descansar agora ok? — Disse me levantando da cama.
Eduard de repente pareceu se lembrar de algo e levantou rapidamente agarrando meu braço olhando fixamente para mim.
— Você estava no diário ! — O garoto disse eufórico.
Eu olhei confuso para o mesmo que esperava algum tipo de confirmação, contudo eu trai suas expectativas por não me lembrar de nada no momento. O garoto não desistiu e continuou.
— Melhor dizendo, você era amigo da Cecily? — As palavras de Eduard me paralisaram e por um momento eu me desliguei do mundo por um instante. Olhei abismado para Eduard e comecei a questioná-lo.
— O-Onde você ouviu esse nome?!
— No diário dela, seu nome estava lá, ela sempre o citava de maneira carinhosa. — O garoto concluiu.
Eu corei…
— Por que se tá vermelho? — O garoto me indagou.
Quando me dei conta minhas emoções transpareceram. O garoto ao perceber meu momento de fraqueza soltou um sorriso malicioso antes de começar a me chantagear
— Eu posso te contar mais no que está escrito no diário se você me contar oque é esse lugar. — Seu sorriso inocente escondiam suas verdadeiras intenções.
“Ora seu….”
— HAHAHA, O garoto te pegou em, HAHAHA ! — If disse zombando de mim. Eduard riu junto como se não estivesse gritando por causa do mesmo a instantes atrás.
Abaixei minha cabeça em sinal de derrota. Naquele momento, os papéis pareceram se inverter. Eu parecia ser a criança, confuso e cheia de duvidas, enquanto Eduard parecia ter todas as respostas. Já estava na hora de contar a ele oque estava acontecendo ali.
— De qualquer forma, creio que lhe devo explicações. — O garoto olhou fixamente esperando pela minha fala.
— Eduard, primeiro, você se lembra de como chegou aqui? — Questionei o garoto que abaixou a cabeça como se não quisesse falar sobre aquilo.
— Não precisa responder se… — Fui interrompido pelo garoto.
— Eu estava no castelo… algumas pessoas invadiram e eu cai do andar de cima, depois me lembro de um sonho estranho, tudo ficou preto e eu apareci num riacho onde encontrei você dormindo.
“Ele parece ser um nobre, isso explica suas roupas com o tecido caro.”
— De que família nobre você é? — Indague o garoto que pareceu estranhar minha pergunta.
— Eu sou da família real… o príncipe.
Me surpreendi inicialmente contudo, isso explicava muita coisa. É por isso que ele sabe quem é Cecily… mais por que ele? Por que 100 anos depois? Olhei para Eduard que ainda esperava minha fala, puxei o ar o mais forte que consegui antes de começar a falar.
— Eduard… a verdade é que você está morto. — O garoto me olhou confuso e supresso.
Eduard começou a passar a mão em seu corpo e após acabar, o garoto me indagou.
— Eu pareço bem vivo não acha? — Ele disse com sarcasmo. — Eu sinto dor, e essa ferida enorme no meu peito…
Interrompi o garoto…
—Isso não é uma brincadeira Eduard, se você está aqui você…— Deu uma pausa antes de continuar. — Você está morto ! — Conclui.
O garoto abaixou sua cabeça, ele parecia desacreditar no que eu o afirmava, eu não o culpo, quando cheguei aqui tudo era confuso e, diferente dele, não havia ninguém para me auxiliar. Decidi então contar para ele como eu cheguei aqui, assim ele poderia entender melhor.
— Cecily era minha amiga… — O garoto levantou sua cabeça. Essa foi minha deixa para continuar. — Mesmo eu sendo plebeu ela sempre me tratou como da família. Nos conhecemos quando ela fugiu de casa e se meteu em encrenca com alguns bandidos locais. Eu a salvei e depois disso ela sempre me chamava para ir ao castelo. A maioria das pessoas me olhavam com desprezo, “Oque um plebeu esta fazendo no castelo!” enfim… O rei parecia não gostar muito de mim, já a rainha sempre apoiou minha relação com a senhorita e para acabar com os protestos entre os nobres ela decidiu me contratar como mordomo no castelo. Tudo ia bem, eu ganhava dinheiro e ainda conseguia ficar perto da Cecily, contudo, havia uma pessoa que me odiava mais que todos no castelo… o concelheiro real. — Quando disse isso, Eduard pareceu se sentir desconfortável, como se uma lembrança ruim viesse em sua memoria. Eu continuei. — Ele não aprovava minha relação com a senhorita. Ele sempre tentou me prejudicar de alguma forma, no entanto nessa dia ele passou dos limites.
…
Naquele dia eu estava limpando os talheres como me foi ordenado, Dilibor, o conselheiro entrou na sala e começou a me observar. Seu olhar era afiado e pensativo como se estivesse me julgando, contudo eu já estava acostumado.
— Precisa de algo meu senhor? — Decidi indagá-lo. — Posso preparar um chá caso seja de seu agrado… — Dilibor me deu um olhar que arrepiou a minha espinha.
— Eu o permiti falar? — O nobre retrucou.
—N-Não senhor ! — Me curvei e continuei. — Peço desculpas.
“Desgraçado….”
Eu sabia que não poderia confrontá-lo já que era exatamente oque ele queria. Essa era mais uma de suas tentativas de me prejudicar. O conselheiro vendo que fracassou começou a vir em minha direção parando ao meu lado. Ele pegou um dos talheres que eu acabara de limpar e começou a examinar.
— Esta suja, limpe novamente. — O homem ordenou.
Eu olhei o talher que havia passado minutos limpando brilhando como diamante. Ele não estava sujo porém apenas concordei e comecei a limpá-lo novamente. Sua raiva era evidente e confesso que isso me deu uma sensação agradável , o vendo fracassar. O homem não desistiu, pegando mais um dos talheres com sua mão, contudo ele fez algo que eu nunca imaginei que ele seria capaz… Ele entortou a faca com sua mão.
— Oque você fez moleque?! — Sua atuação era quase perfeita. — Você estragou um precioso talher de prata, não tenho opção se não reportar a sua majestade e cancelar seu pagamento. — Ele concluiu.
“Esse cara….”
Nesse momento era como se uma pedra estivesse presa em minha garganta, minha boca ficou amarga e eu estava preste a explodir. Me lembre que caso fizesse, não poderia mais ver Cecily e então decidi me acalmar e comecei a me desculpar com o homem. Em seu rosto estava estampado o ódio por mais uma vez falhar.
— Tente arrumar. — O homem ordenou estendendo o talher em minha direção.
Eu inocentemente tentei pegar o talher até que…
— AHHHHHH — O conselheiro gritou. — COMO VOCÊ OUSA SEU PLEBEU DE MERDA! GUARDAS!! — O homem disse segurando seu pulso que sangrava com um enorme corte. Corte que foi feito por ele mesmo.
O conselheiro disse que me pegou roubando e que eu o ataquei. Tentei negar porém era minha palavra contra a de um nobre. Após isso, os guardas me expulsaram do castelo, não antes de me baterem e me torturarem, eu fui para casa revoltado, com hematomas por todo corpo. Quando cheguei em casa… tive uma grande surpresas.
— Yole! — Uma garota de cabelos prateados veio em minha direção.
Arregalei meus olhos quando vi Cecily em minha humilde casa, ela me abraçou e minhas feridas pareceram parar de doer.
— Senhorita oque você faz aqui. — Disse surpresos. — Esse não é o lugar ideal para você princesa.
— Oque são esses ferimentos?! — Ela disse aterrorizada, ignorando meu comentário. — Quem fez isso com você?
Eu comecei a explicar tudo que havia acontecido enquanto ela cuidava de meus ferimentos mesmo eu insistindo que estava bem. Ela escutou tudo fazendo caras e bocas com minha versão da história.
— Eu não acredito que ele chegou a esse ponto… — A garota disse desacreditada. — O que mais me intriga é que ele me ajudou a vir aqui visitá-lo as escondidas de meu pai e não citou em nenhum momento sobre esse acontecimento.
Olhei para Cecily que estava tão confusa quanto eu. Nós nos encaramos e eu corei por um momento. Voltei minha atenção para a janela de minha humilde cabana e percebi que a noite se aproximava.
— Senhorita. — Tomei sua atenção. — Você não deveria voltar, esta ficando tarde? Eu ficarei bem, a senhora já fez de mais por mim.
— ME CHAME DE SENHORA NOVAMENTE E EU TE MATO ! — Ela ordenou continuando. — Contudo você tem razão, eu devo retornar ao castelo antes do pôr do sol.
Eu me levantei assustado e a acompanhei até a porta, quando a abri fui surpreendido por uma forte pancado no estômago. Eu cai enquanto vários homens de capuzes pretos entravam agarrando Cecily que gritava desesperadamente.
Até que um homem com um capuz vermelho entrou parando em minha frente que estava indefesso no chão. Ele começou a tirar o capuz e meu rosto ficou pálido quando ele se revelou ser Dilibor.
— OQUE VOCÊ ESTA FAZENDO DILIBOR! — Cecily exclamou. — ISSO É LESA MAJESTADE, VOC… — Ela foi interrompida por um soco em seu delicado rosto que fez seu sangue respingar na parede.
— Cale-se sua putinha! — Dilibor ordenou.
Vendo aquela cena, tente me levantar, amaldiçoando-o com todas as palavras que eu conhecia. Fui impedido por seus capangas. Eu queria matá-lo e contudo eu era incapaz de me mover. Ele ria enquanto tirava uma faca de baixo de seu manto exclamando junto a seus capangas.
— POR ALBA! — Eles repetiram varias vezes enquanto Dilibor me esfaqueava pelas costas. A senhorita gritava pedindo para Dilibor parar.
Minha consciência foi se esvaindo e só me lembro do rosto desesperado de Cecily ao me ver sendo morto.
…
O rosto de Eduard estava aterrorizado, mais ao mesmo tempo eu senti que ele havia se equiparado com minha história.
“Pelo oque esse garoto passou?”
— Está tudo bem Eduard? — Eu questionei, o garoto apenas balançou a cabeça positivamente. — Certo, eu continuarei.
— Após isso, eu tive um sonho estranho que me dizia para descansar, porém eu lutei e consegui achar uma saída. — Eduard pareceu se identificar. — Eu acordei em uma espécie de prisão. Não sei exatamente onde , contudo era sujo e escuro, com uma pequena iluminação vermelha, eu escutava gritos de dor e desespero que ecoavam de longe até minha cela… — Parei um momento antes de continuar. — E por algum milagre eu consegui escapar. Guardas estavam me perseguindo e quando eu estava encurralado eu encontrei If. Nós fizemos um contrato e eu consegui me livrar dos guardas.
Ao terminar Eduard demorou um pouco até digerir tudo oque havia revelado. Eu apenas podia esperar e torcer para ele acreditar em mim. O garoto que estava com sua cabeça abaixada se levantou e me questionou.
— Oque é esse contrato? —O garoto me indagou.
— Oque você sabe sobre magia Eduard? — Eu o olhei confuso e perguntei.
— É algo que os humanos não podem usar. Fora isso, nada! — O garoto disse com firmeza.
Me questionei sobre oque havia acontecido nesses 100 anos para ele só saber isso sobre magia. Vi ali uma ótima oportunidade de quebrar aquele clima pesado e decidi então mostrá-lo do que eu estava falando na pratica. Me levantei da cama pegando If e o colocando em minhas costas. Olhei para Eduard e disse:
— Vamos lá pra fora, eu quero te mostrar uma coisa.